Relatório Rotação Mental - Fafich

Propaganda
UFMG – FAFICH – D Psi
Psicologia Experimental 3
Experimento Rotação Mental
Pesquisas sobre imagens mentais remontam aos primórdios da psicologia e ao
uso da introspecção formal para explorar o conteúdo da consciência. O método
introspectivo passou por maus momentos no século XX, particularmente pela ascensão
do behaviorismo à posição de principal ponto de vista na psicologia (o que, por sua vez,
deveu-se parcialmente a problemas com o próprio método introspectivo). Para os
behavioristas, a psicologia deveria ser restrita ao estudo das relações entre estímulos e
respostas, definidos como eventos aparentes, observáveis no mundo físico e que
podem ser medidos de uma forma física. Os behavioristas baniram o estudo dos
processos mentais de sua psicologia por acreditarem que tais eventos são
fundamentalmente privados – eles não podem ser observados diretamente por nenhuma
outra pessoa e, portanto, não podem ser medidos por observadores externos. Com a
rejeição do estudo do conteúdo da consciência é também rejeitado o estudo das imagens
mentais.
A volta do interesse pela cognição e a ascensão da psicologia cognitiva a um
patamar proeminente dentro da psicologia experimental refletiram a rejeição aos
argumentos mais fortes dos behavioristas. No entanto, a ênfase em eventos públicos
(estímulos e respostas observáveis por mais de uma pessoa) e a rejeição da introspeção
como uma ferramenta de pesquisa, continuam. Os cognitivistas desejam utilizar as
medidas de estímulo e resposta para tentar inferir como funcionam os processos
cognitivos, incluindo como imagens mentais são manipuladas. Vários problemas
complicados continuam a existir a respeito de imagens mentais, mas uma abordagem de
estudá-las foi consideravelmente bem sucedida. Essa abordagem consiste no estudo
sobre como as pessoas manipulam imagens mentais. Esses estudos preocupam-se
especificamente com a rotação de imagens mentais.
Se imagens mentais são, de alguma forma, análogas à percepção direta de
objetos, então imagens deveriam seguir as mesmas regras que governam a
percepção de objetos físicos. Por exemplo, se eu lhe mostrar uma fotografia de alguém
e lhe perguntar quem é a pessoa na foto, mas lhe entregar a fotografia de cabeça para
baixo, você provavelmente teria que virar a fotografia para a posição normal para
reconhecer o rosto. Esta operação (a rotação da fotografia) iria levar algum tempo.
Imagens mentais operariam da mesma forma?
Uma série de estudos sugere que sim. Cooper e Shepard (1973) apresentaram
brevemente, a sujeitos, gravuras de letras que sofriam rotação para a esquerda ou direita
em graus variáveis entre a posição normal e a de “cabeça para baixo”. As letras também
variavam, sendo algumas “imagens refletidas” (como no espelho) de letras reais. A
tarefa dos sujeitos era relatar se a letra era normal ou uma imagem-espelho (reflexo da
letra). A principal questão era descobrir se os sujeitos levariam mais tempo para realizar
o julgamento quando as letras sofriam maior rotação em relação à vertical. O resultado
foi que, quanto maior era a rotação da letra a partir da vertical, maior era o tempo que o
sujeito levava para decidir se a imagem se tratava de uma letra normal ou de uma
imagem espelhada.
Questões para o relatório
1. Qual é a variável dependente deste experimento?
2. Qual é a variável independente?
3. Que outras variáveis são controladas neste experimento? Se elas não fossem
controladas, como elas poderiam afetar os resultados?
4. Quão nítidas são suas imagens mentais? Discuta com seus colegas. Você pode
encontrar algumas pessoas que afirmem que vêem suas imagens quase tão claras
como se elas estivessem olhando para o objeto. Outros relatarão que têm apenas
imagens vagas. Estes relatos são como a introspecção utilizada pelos primeiros
psicólogos. Que tipo de problemas existe em interpretar estes relatos?
5. Este experimento é sobre imagem visual. A imagem mental pode ocorrer para outros
sentidos? Lembre-se que Beethoven compôs sua Nona Sinfonia após ficar surdo.
Você pode também consultar um experimento feito por Carpenter e Eisenberg
(1978). Eles relataram achados muito similares àqueles obtidos por Cooper e
Shepard (1973), com sujeitos com cegueira congênita, para os quais as letras foram
apresentadas hapticamente (por toque).
6. Tem havido algumas objeções levantadas a respeito da noção de imagens mentais,
especialmente em relação à idéia de que armazenamos imagens na memória.
Pylyshyn (1973) argumentou que nós estocamos em nossa memória algumas
proposições abstratas ou descrições, ao invés de imagens. Existem aspectos de
imagens que você evoca da sua memória cujo armazenamento em forma de
proposições parece improvável? A respeito desta questão, você deve considerar
novamente a tarefa enfrentada por um compositor surdo, ou como você calculou
quantas janelas há em sua casa.
Download