Eleições nos Estados unidos

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As eleições presidenciais nos Estados Unidos (EUA) acontecem
somente em 8 de novembro, mas a campanha eleitoral já está
a todo vapor. Desde o início de fevereiro, os pré-candidatos à
sucessão de Barack Obama na Casa Branca estão disputando as
primárias, que irão percorrer os 50 estados norte-americanos,
além do distrito federal, até junho.
Vamos começar falando sobre quem disputa a eleição. Costumase dizer que a política norte-americana é dominada por dois
partidos: o republicano, de ideologia conservadora, e
o democrata, alinhado com ideais mais progressistas. De fato,
são os dois partidos que tradicionalmente disputam o poder. Mas
as eleições também envolvem candidatos independentes e de
partidos menores. Com visibilidade menor, eles têm acesso
restrito ao financiamento de campanha e à participação em
debates. Além disso, o sistema de votação indireta limita o
crescimento desses candidatos
Democratas
Hillary Clinton: 68 anos, ex-primeira-dama e secretária
de Estado.
Bernie Sanders: 74 anos, senador independente por
Vermont, autointitula-se “socialista”.
Republicanos
Donald Trump: 69 anos, ultraconservador magnata do setor imobiliário.
Ted Cruz: 45 anos, senador pelo Texas, de origem cubana.
Marco Rubio: 44 anos, senador pela Flórida, também tem origem cubana.
Ben Carson: 64 anos, neurocirurgião aposentado.
As primárias são as eleições prévias realizadas em cada um dos
50 estados norte-americanos e no distrito federal, nas quais os
partidos escolhem os seus candidatos ao pleito presidencial.
Têm direito a voto apenas os cidadãos com registro nos
partidos.
A votação é indireta e funciona assim: ao votar em um dos précandidatos, o eleitor, na verdade, está definindo os delegados
de seu estado que irão participar da convenção nacional do
partido, em julho. São essas reuniões que definem o candidato
oficial do partido nas eleições presidenciais.
Vamos tentar entender com um exemplo mais concreto: na primária de
Iowa, em 1º de fevereiro, Hillary derrotou Sanders com uma vantagem
de 0,3%. Assim, Hillary conquistou 23 delegados para a convenção dos
democratas. Em tese, esses 23 delegados devem votar em Hillary na
convenção. Já Sanders levará 21 delegados de Iowa para essa mesma
convenção.
Ao final das primárias, em junho, todos os delegados que terão direito
a voto nas convenções partidárias estarão definidos – o número de
delegados por estado varia proporcionalmente ao número de
habitantes. Em julho, acontecem as convenções de democratas e
republicanos, nas quais os delegados oficializam suas escolhas e
definem os candidatos de cada partido nas eleições presidenciais de
novembro.
Definido os candidatos, começa a disputa eleitoral. O sistema de
votação para presidente é similar ao das primárias, baseado na
votação indireta para os delegados.
Ao votar para presidente, em novembro, o eleitor norteamericano estará elegendo os delegados de seu estado para
compor o Colégio Eleitoral nacional, formado por 538
representantes. Cada estado levará para esta reunião um número
de delegados proporcional à sua população – dessa forma,
estados mais populosos contam com mais delegados no Colégio
Eleitoral.
Na grande maioria dos estados, funciona o sistema “o
vencedor leva tudo”. Ou seja, independentemente da
margem de vitória, se um candidato vencer na Califórnia, por
exemplo, ele levará para o Colégio Eleitoral todos os 55
delegados a que o estado tem direito. As exceções são Maine e
Nebraska, onde a representação é proporcional ao número de
votos.
Com a definição dos 538 delegados após as eleições, eles se
reúnem no Colégio Eleitoral. O candidato que somar pelo
menos 270 votos é eleito presidente dos Estados Unidos.
Este sistema particular de votação gera algumas distorções. A
principal delas é que nem sempre o candidato que recebe mais
votos da população é eleito. Isso acontece por causa desse
sistema pelo qual o vencedor em um estado garante todos os
delegados, independentemente da margem de diferença. Ou
seja, se um candidato obtiver uma vantagem de 0,1% na
Califórnia, ele conquistará 55 delegados – mais de 10% da
composição total do Colégio Eleitoral. A última vez que o
candidato mais votado perdeu foi nas eleições de 2000, quando o
republicano George W. Bush derrotou Al Gore no Colégio Eleitoral
mesmo conquistando menos votos em nível nacional.
Outro problema desse sistema é que, como dito anteriormente,
ele restringe o avanço de candidatos menores no Colégio
Eleitoral. Isso porque os candidatos que não conseguem vencer
em nenhum estado, ainda que com uma votação popular
expressiva, acabam ficando sem representação no Colégio
Eleitoral. Por isso, o sistema favorece a polarização entre
democratas e republicanos.
Por fim, esse sistema eleitoral escancara uma das maiores
contradições entre o discurso e a prática na política norteamericana. Apesar de se autodefinir como “a maior democracia
do mundo”, os EUA não permitem que sua população escolha
diretamente o presidente do país.
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