“A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO SOCIAL DA IGREJA PARA O AGIR” VI ENCONTRO NACIONAL DO CNLB 06.06.15 O Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a preocupar-se com a construção dum mundo melhor. É disto mesmo que se trata, pois o pensamento social da Igreja é primariamente positivo e construtivo, orienta uma ação transformadora e, neste sentido, não deixa de ser um sinal de esperança que brota do coração amoroso de Jesus Cristo. Ao mesmo tempo, «une o próprio empenho ao esforço em campo social das demais Igrejas e Comunidades eclesiais, tanto na reflexão doutrinal como na prática» (EG, 183) Origem da DSI Por que a DSI é importante “É o resultado de uma atenta reflexão sobre as complexas realidades da vida do homem na sociedade e no contexto internacional à luz da fé e da tradição eclesial” (SRS 41g) “A DSI se desenvolve por uma reflexão madura ao contato com situações em mudança deste mundo, baixo o impulso do Evangelho” (OA 42) “O ensinamento social da Igreja nasceu do encontro da mensagem evangélica e de suas exigências... com os problemas que emanam da vida da sociedade.” (LC 72a) “A DSI se articula à medida que a Igreja interpreta os acontecimentos ao longo da história, à luz do conjunto da palavra revelada por Jesus Cristo e com a assistência do Espírito Santo” (CIC 2.422) Estes textos explicitam a origem constitutiva dos documentos sociais da Igreja. Manifestam que não são outra coisa mais que o resultado do julgamento da situação social de cada momento à luz da revelação e da concepção cristã do mundo. Identidade da DSI: o que é “De novo afirmamos, e acima de tudo, que a doutrina social cristã é parte integrante da concepção cristã da vida. ” (MM 221) “Ela constituiu-se como uma doutrina, usando os recursos da sabedoria e das ciências humanas, diz respeito ao aspecto ético desta vida e leva em consideração os aspectos técnicos dos problemas, mas sempre para julgá-los do ponto de vista moral”. (LC 72c) “A DSI não é, ante todo, uma doutrina política nem muito menos econômica... chamada a propor opções técnicas..., nem um sucedáneo do capitalismo..., nem uma terceira via entre o capitalismo e o comunismo...” (Discurso Universidade de Riga em 9-9-1993) “A sua finalidade principal é interpretar estas realidades, examinando a sua conformidade ou desconformidade com as linhas do ensinamento do Evangelho sobre o homem e sobre a sua vocação terrena e ao mesmo tempo transcendente; visa, pois, orientar o comportamento cristão. ” (SRS 41g) “Ela pertence, por conseguinte, não ao domínio da ideologia, mas da teologia e especialmente da teologia moral. ” (SRS 41) Conteúdo da DSI: Se distinguem, ademais, três dimensões na DSI: Uma dimensão teórica, porque está formada por princípios teóricos de raíz teológica, moral ou racional, derivados do evangelho e da experiência humana da Igreja. Uma dimensão histórica, porque os documetnos da DSI estão em conexão e fazem referência à situações históricas determinadas e porque os princípios de reflexão, critérios de juizo e diretrizes para ação que contém usam-se neles para iluminar e julgar essas situações e as ideologias sociais, políticas e econômicas vigentes em cada época. Uma dimensão prática, porque se dirige à orientar a ação humana o que exige a aplicação efetiva desses princípios na praxis, traduzindo-os concretamente na forma e na medida que as circunstâncias permitem e reclamam. O A Doutrina Social da Igreja é o resultado do DISCERNIMENTO que a Igreja faz, da história enquanto esta se desenvolve. O Tem como objetivo ILUMINAR as consciências e oferecer elementos úteis para esse discernimento, O Que é um processo sempre ABERTO (continuidade e renovação) O Para levar a cabo esta missão, é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas. É, por isso, necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes dramático. (GS,4) A PRÁTICA DA DSI = O AGIR CRISTÃO A DSI não se limita a um enunciado de princípios ou a uma exortação ao compromisso social, essencialmente está orientada para a AÇÃO: “Para a Igreja, a mensagem social do Evangelho não deve ser considerada uma teoria, mas sobretudo um fundamento e uma motivação para a ação.” (CA 57a) “A par desta dimensão interdisciplinar, aparece depois a dimensão prática e em certo sentido experimental desta doutrina. De fato, ela situa-se no cruzamento da vida e da consciência cristã com as situações do mundo e exprime-se nos esforços que indivíduos, famílias, agentes culturais e sociais, políticos e homens de Estado realizam para lhe dar forma e aplicação na história.” (CA 59d) “Essencialmente orientado para a ação, esse ensinamento desenvolve-se em função das circunstancias mutáveis da história” (LC 72b) A PRÁTICA DA DSI = O AGIR CRISTÃO A DSI exige ser traduzida em PROGRAMAS de ação: “Finalidade direta de tal reflexão em profundidade é a elaboração e atuação de programas de ação audaciosos, em vista da libertação sócio-econômica de milhões de homens e mulheres, cuja situação de opressão econômica, social e política é intolerável”. (LC 81b) “A estimulante preocupação pelos pobres — os quais, segundo a fórmula significativa, são «os pobres do Senhor» — deve traduzir-se, a todos os níveis, em atos concretos até chegar decididamente a uma série de reformas necessárias. Depende de cada uma das situações locais individualizar as mais urgentes e os meios para as realizar. ” (SRS 43a) “A este respeito, desejo recordar em particular: a reforma do sistema internacional de comércio, hipotecado pelo protecionismo e pelo bilateralismo crescente; a reforma do sistema monetário e financeiro mundial, hoje reconhecido insuficiente; a questão dos intercâmbios de tecnologias e do seu uso apropriado; a necessidade de uma revisão da estrutura das Organizações internacionais existentes, no quadro de uma ordem jurídica internacional.” (SRS 43b) A PRÁTICA DA DSI = O AGIR CRISTÃO A DSI exige ser traduzida em PROGRAMAS de ação: “E o que faz ela -a Igreja-, então? Ela procura suscitar cada vez mais nos ânimos de numerosos cristãos a generosidade para se dedicarem à libertação dos outros. Ela dá a estes cristãos ‘libertadores’ uma inspiração de fé e uma motivação de amor fraterno, uma doutrina social a que o verdadeiro cristão não pode deixar de estar atento, mas que deve tomar como base da própria prudência e da própria experiência, a fim de a traduzir concretamente em categorias de ação, de participação e de compromisso”. (EN 38) "Soou a hora da ação: estão em jogo a sobrevivência de tantas crianças inocentes, o acesso a uma condição humana de tantas famílias infelizes, a paz do mundo e o futuro da civilização". (PP 80) Escolher as opções concretas e imediatas; as opções políticas e ideológicas; os melhores meios e as melhores opções técnicas, políticas e econômicas; os melhores programas de governo e projetos de desenvolvimento, é a tarefa dos cristãos em seus países, iluminados e inspirados no Ensino Social da Igreja. O O nosso compromisso não consiste exclusivamente em ações ou em programas de promoção e assistência; aquilo que o Espírito põe em movimento não é um excesso de ativismo, mas primariamente uma atenção prestada ao outro «considerando-o como um só consigo mesmo» (EG,199) obstáculos O 1- Formação em Doutrina Social da Igreja. O Não se pode ser discípulo de Cristo sem possuir uma interpretação cristã das realidades sociais, em toda a sua complexidade. O A DSI é pouco conhecida e difundida tanto na formação dos futuros presbíteros, como entre os leigos e educadores católicos. 2- Dissociação entre FÉ/VIDA – SAGRADO/PROFANO - o sagrado está no templo - rejeição de formação em campo social - aumento de novas comunidades de linha extremamente conservadora, sem acompanhamento e orientação - ausência de mediadores na decodificação 3- Novas mídias - volume absurdo de informações/desinformações que provocam confusão e conflito no conhecimento da realidade. -Despreparo dos cidadãos desde pequenos, por meio da deseducação e alienação, seguido do total desconhecimento do mundo em que vive e de sua realidade 4 – Crise de credibilidade nas instituições políticas e também nas pessoas 13 DSI CELAM CNBB CNLB DIOCESE FORMAÇÃO SEMINARÍSTICA PARÓQUIAS PASTORAIS MOVIMENTOS SOCIEDADE Orientações de Francisco para o AGIR em DSI O 1. Manter os pés na terra e evitar orientar os esforços no campo-especulativo sem incidência na realidade. O 2. Contribuir a mudança das estruturas sociais e não contentar-nos com ações de tipo assistencial. O 3. Estilo evangélico de fazer as coisas. O 4. trabalhar em REDE – método atual Orientações de Francisco para o AGIR em DSI O Atuar forte nos seguintes campos: O Dignificação do TRABALHADOR. O (contra o trabalho-escravo, trabalho informal, contra toda forma de exploração laboral, sobretudo de idosos (eutanásia social), jovens e imigrantes) O Economia: repensar a luz da DSI e abrir espaço em um mundo dominado pelo economicismo neoliberal depredador e concentrador, que gera uma cultura de descarte humano. O Atender a difícil condição juvenil: ocupá-los. O Trabalhar por todas formas de inclusão social CONCLUSÃO O Uma das tentações mais sérias que sufoca o fervor e a ousadia é a sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre. Ninguém pode empreender uma luta, se de antemão não está plenamente confiado no triunfo. Quem começa sem confiança, perdeu de antemão metade da batalha e enterra os seus talentos. Embora com a dolorosa consciência das próprias fraquezas, há que seguir em frente, sem se dar por vencido, e recordar o que disse o Senhor a São Paulo: «Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza» (2 Cor 12, 9). O triunfo cristão é sempre uma cruz, mas cruz que é, simultaneamente, estandarte de vitória, que se empunha com ternura batalhadora contra as investidas do mal. (EG,85) O [email protected]