FORUM ABEL VARZIM CIDADANIA: O que é? Para que se possa falar acerca do que é a Cidadania, é necessário, em primeiro lugar, ter em conta as seguintes considerações: o sentido de liberdade e envolvimento pessoal, a participação individual e colectiva sob vários níveis da sociedade, e, ainda o papel da representação, principalmente política, na construção e transformação da «cidade dos homens [e mulheres]». É o que se espera que aconteça na Sociedade Civil, mas não só, também no seio das Igrejas, nomeadamente no seio da Igreja Católica. Procurando, portanto, abarcar duas realidades, a humanidade em concreto e a pessoa de Jesus Cristo, assim, só por meio desta conjugação é que se torna possível anunciar de forma viva a presença do Reino de Deus. A melhor forma que cada cristão dispõe para dele ser testemunho é vivendo, quotidianamente, os valores que emanam do Evangelho, como a verdade, o amor, a justiça e a paz, de um modo coerente. Hoje, mais do que nunca, torna-se urgente que tal coerência se verifique. Tal como o autor nos apresenta, poder-se-á pensar o «mundo de hoje», integrando-o assim neste duplo significado de Sociedade e Pessoa de Jesus, partindo de três aspectos: o que é e como nasceu a chamada Doutrina Social da Igreja (DSI); Algumas considerações da DSI no nosso país, a partir da história do século XX; E, por último, qual o contributo dos cristãos para o desenvolvimento de uma cidadania responsável. Centrarnos-emos, somente, neste último ponto, onde, antes de mais, o mesmo pretende mostrar alguns desafios colocados aos crentes católicos de forma a viverem e, assim, testemunharem a sua fé em Jesus Cristo na realidade do «mundo de hoje». O primeiro desafio remete para a necessidade de um maior aprofundamento na relação espiritual com Cristo, quer no interior do Cidadania: O que é? 1 FORUM ABEL VARZIM catolicismo quer no diálogo inter-religioso. Pois, é de salientar, o facto de se verificar actualmente na sociedade a marca de valores como a realização individual e a pluralidade cultural. Questiona-se, portanto, ao dizer: - “Será possível aos cristãos e à Igreja Católica continuar a pensar a sua presença e missão ainda a partir de uma «perspectiva integral»? As recomposições sociais e as reformulações de identidades e modelos de compreensão do ser humano não convidam antes e exigiriam, sobretudo, um aprofundamento espiritual e um alargamento do horizonte crístico a todas as dimensões e formas de realização humana, pessoal e social para além de cartilhas doutrinais?” Posto este desafio, parte para um segundo onde apresenta a responsabilidade individual e a iniciativa social como uma forma de procura de uma nova racionalidade económica e de uma ordem internacional de justiça e paz. Torna-se, pois, necessário apontar um caminho, despertar as consciências para as desigualdades sociais que se verificam de forma crescente, de forma crescente, não sejam alheias aos cidadãos. O que se procura é responsabilizar, cristãos e não cristãos, para este pensamento económico e para esta nova forma de procura de justiça social e de combate à pobreza. Várias são as Organizações Não-Governamentais que são reflexo disso mesmo, com maior visibilidade sobretudo no Terceiro Mundo, o autor, a título de exemplo apresenta as seguintes: a OIKOS – Cooperação e Desenvolvimento, os Leigos para o Desenvolvimento, ou ainda sugestões para uma «economia de comunhão» e o Microcrédito, apresentado pela Associação Nacional de Direito ao Crédito. Quanto ao terceiro desafio faz menção aos Direitos Humanos como gramática Universal e a não-violência como paradigma civilizacional. Assim sendo, é dito que as formas de exercício de autoridade são benéficas uma vez prestando um serviço à comunidade, à sociedade, tendo em conta o respeito e a promoção dos Direitos Humanos, e não como formas de afirmação de poder. É necessário, portanto, para que não se caia num relativismo, domínio ou mesmo exclusão, riscos em relação aos quais a sociedade hoje atravessa, que haja uma responsabilização. Que os Cidadania: O que é? 2 FORUM ABEL VARZIM projectos e iniciativas sejam levados à prática e que ao mesmo tempo possam ser sinal de inclusão, de forma a que a lógica de domínio e exclusão não se instaure nas sociedades. Por fim, é exposto um quarto desafio, respeitante à leitura dos «sinais dos tempos», valorizando a vivência de cada um. Parte-se da questão da necessidade de integração e acolhimento do outro percebendo que a vivência de cada um é algo a valorizar, rico, que deve ser tido em conta. Estes são, portanto, alguns desafios deixados às sociedades contemporâneas, para que não se corra o risco de se viver numa atitude de indiferença face às questões sociais eminentes. (adaptado do original de Paulo Fontes, “O que é a Cidadania? – Principais conclusões da IV Semana Social” – Marinha Grande, 15-17 Novembro de 2001) Cláudio Cid Amigo do Forum 11 de Outubro de 2016. Cidadania: O que é? 3