Aula – Escola Paulista de Sociologia

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Aula - Escola Paulista de
Sociologia – a questão racial no
Brasil; desigualdade; a revolução
burguesa no Brasil; dependência
• Como explicar o dinamismo da economia brasileira que mesmo com
autonomia continua com seu centro definido externamente? em comparação
aos outros países da AL (dinâmica)
• Porque esse dinamismo mesmo tendo gerado uma base produtiva
diversificada reitera a exclusão social? Pobreza, desigualdade
regional(estrutura)
• Como compreender a presença de elementos arcaísmos e modernos na
estruturação da sociedade brasileira? (estrutura e dinâmica)
• Historia + totalidade
• Dar conta das peculiaridades da formação social brasileira; forma particular
de realização do capitalismo
• Pensamento social brasileiro (1880-1950)
• 1880-1950. O atraso brasileiro em relação à Europa Ocidental.
• 1890-1930: Determinismo racial (Oliveira Vianna).
• 1930-50: Culturalismo: Modernistas, Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto
Freyre.
• Gilberto Freyre (1936): o mestiço é a síntese do Brasil. Ele traz á contribuição
civilizatória do português, somada a contribuição cultural dos indígenas e
negros. Esta seria a nossa democracia racial. No Brasil, não haveriam raças
mas “etnias”, que se toleram e se misturam sem limitar direitos e
oportunidades as “pessoas de cor”.
• Década de 1950: Nacional-desenvolvimentismo: crença no capitalismo
nacional.
• Principais expoentes 1930-60
• Expoentes do pensamento social brasileiro pós-1930: Gilberto Freyre, Caio
Prado Junior, Celso Furtado, Sergio Buarque de Holanda, Alberto Guerreiro
Ramos.
• Fundadores da Escola Sociológica Paulista:•Florestan Fernandes (19201995)•Fernando Henrique Cardoso (1931) •Octávio Ianni(1926-2004)
• O atraso como eixo
• Florestan: razões, perfil e efeitos do atraso: analise diferente, recusa visão
dualista, a mudança não supera o atraso – explicação não linear. Os extremos
se encontram
• Padrão teórico=metodológico:
• Os princípios que orientam o centro não se aplicam mecanicamente a periferia
• Macrointerpretação e analise de conduta individual: o negro – seu lugar
denúncia limites de uma verdadeira participação democrática
• Limites na constituição de sujeitos políticos em uma sociedade com heranças
autocráticas
• A analise a partir da periferia permite indagar sobre os princípios que articulam
o sistema
Os Negros como objeto-chave na compreensão totalizante sobre o Brasil
• Análise não se restringe somente à questão racial.
• A Escravidão é tomada como instituição essencial da formação social
brasileira
• Ênfase na integração dos negros na sociedade capitalista brasileira
• Desprivilegiados pelas desvantagens históricas da escravidão
O meio rural como objeto-chave na compreensão totalizante sobre o Brasil
• Identificar e interpretar as raízes agrárias da formação nacional
• “O rural é o ponto nevrálgico que permite perceber o padrão de realização do
capitalismo brasileiro”
• É o estudo do mundo rural que permite mostrar o funcionamento da sociedade
como um todo. Relações entre capitalismo e tradicionalismo no Brasil (Weber)
• Concepção do capitalismo brasileiro > estrutura fundiária > relações de
produção no campo > desenvolvimento desigual do capitalismo > relações
entre agricultura e indústria > transformações na estrutura produtiva >
mudanças na sociedade
Tensão social como elemento constitutivo da sociedade brasileira
• Visão anterior: tensão social como expressão de anomia (Durkheim), como
ameaça à ordem social
• Escola Sociológica Paulista: a tensão social sempre presente na sociedade
brasileira tem valor heurístico, isto é, tem importância para a compreensão
do objeto, é parte constitutiva do problema (Marx)
• A tensão caracteriza a dependência brasileira como uma categoria múltipla,
não apenas vinculada à subordinação externa
• Capitalismo dependente = heteronomia/autonomia polarização
• A tensão caracteriza a dependência
• Tese: a rigidez da estrutura social brasileira é impeditiva de um relacionamento
social (moderno) fundado em direitos
• Problemas em diferenciar claramente a esfera pública da esfera privada
(corrupção; “jeitinho brasileiro”)
• Crise social é interpretada como reflexo das tensões existentes
• Oferece possibilidades ao sociólogo(a) de ver além das aparências
• Necessidade de distinguir no momento contemporâneo a presença viva e ativa
de estruturas fundamentais do passado (“Sociologia da história lenta”)
• É um desafio para a sociologia brasileira explicar nossa sociedade a partir de modelos
e conceitos distintos dos clássicos (europeus, norte-americanos, etc)
• A construção da nossa sociabilidade se dá através de processos de acomodação,
assimilação, adaptação e competição que são particulares ao Brasil
• A modernidade continha um grande potencial de emancipação humana na sua
origem (esperança)
• Esse potencial não se realizou completamente em nenhum lugar do mundo
(desilusão)
• No Brasil, é preciso entender como esse potencial deixou de se realizar, e
• Qual é a sociedade resultante desse processo? Quais são suas dinâmicas e estruturas
específicas?
• Debate sobre o mito da democracia racial
• uma nova geração de cientistas sociais, estudando as relações raciais no Brasil,
chegou a conclusões bastante diferentes. Estes cientistas acumularam uma
nova quantidade de evidências de que os brancos no Brasil foram
preconceituosos e de que os negros, apesar de não terem sido legalmente
discriminados, foram “natural” e informalmente segregados. A maioria da
população negra permaneceu numa posição subalterna sem nenhuma chance
de ascender na escala social. As possibilidades de mobilidade social foram
severamente limitadas aos negros e sempre que eles competiram com os
brancos foram discriminados.
• No Brasil, o mito da democracia racial obscureceu as diferenças raciais. Em
ambos os casos, a “verdade” das gerações passadas tornou-se o mito da
geração atual.
• Como puderam os brasileiros cultos, fossem eles brancos ou negros, ignorar a
discriminação racial quando esta estava claramente demonstrada pelas
estatísticas oficiais amplamente divulgadas?
• É importante explicar não apenas como os brasileiros puderam ser cegos a tais
realidades sociais, mas também por que eles intencionalmente definiram o
Brasil como uma democracia racial. O que os levou a negar que seriam
preconceituosos? Que funções tinha esse mito? Como era usado? A quem
beneficiava?
• Após a Independência, com a criação das formas representativas de governo, a
necessidade de a elite controlar o eleitorado deu nova força ao sistema de
clientela e patronagem. A relativa expansão do mercado internacional e a
abertura de novas carreiras na burocracia, no direito, no jornalismo e na
engenharia tiveram o mesmo efeito. A expansão, entretanto, foi limitada e
continuou sendo possível à elite manter as tradicionais formas de controle
sobre o processo de mobilidade social.
• No século XX, entretanto, com o incremento da urbanização, o crescimento da
população (a população brasileira aumentou de 14 milhões para mais de uma
centena de milhões desde 1890) e a relativa distribuição da riqueza, tornou-se
difícil para a elite tradicional conservar sua posição. Houve divisões no interior
da elite. Setores “progressistas” opuseram-se a grupos tradicionais. As
emergentes classes médias urbanas tiveram uma chance de escolher entre
permanecer como clientela das oligarquias tradicionais ou seguir os novos
grupos. Puderam até mesmo sonhar com o desenvolvimento de uma visão do
mundo autônoma e de uma ação política independente.
• durante esse período que uma série de levantes e conspirações envolvendo
militares, setores da classe média e trabalhadores ameaçou a ordem política,
culminando numa revolução em 1930, que colocou um fim à hegemonia
política das oligarquias tradicionais
• A geração de Gilberto Freyre foi surpreendida por esse processo de rápidas
mudanças. Seus representantes viram o crescimento das novas usinas que
substituíam os tradicionais engenhos de açúcar. Observaram um grande
número de outras indústrias sendo construídas no sul. Descobriram um novo
problema social: a classe operária. Viram os filhos de imigrantes tornarem-se
empresários e os membros da “aristocracia” tradicional ocuparem posições
insignificantes.35 Confrontaram um novo estilo de vida e de política e não
ficaram muito satisfeitos com o que viram.
• Nada parecia mais oportuno do que falar a respeito da democracia racial
brasileira,
• O problema era que, com a gradual derrocada do sistema de clientela e
patronagem e com o desenvolvimento de um sistema competitivo,
tornava-se mais difícil para negros e brancos evitar situações em que o
preconceito e a discriminação tornar-se-iam visíveis. Se a manifestação de
preconceito era basicamente incompatível com o velho sistema de
clientela e patronagem, numa sociedade competitiva ela transformava-se
num instrumento natural usado pelos brancos contra os negros. Os
brancos tornaram-se mais conscientes de suas atitudes preconceituosas,
uma vez que tinham que confrontar os negros em lugares que eles
raramente freqüentavam antes (clubes, teatros, universidades e hotéis da
classe superior) ou em momentos em que tinham que tratar, face a face,
com um negro “agressivo”, “arrogante”, que não cumpria seu papel de
acordo com as expectativas tradicionais de humildade e subserviência.
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