ACONSELHAMENTO PASTORAL INTRODUÇÃO • Aconselhamento Pastoral encontra-se na área da Teologia Prática. • O Aconselhamento Pastoral já existia muito tempo antes das descobertas de Freud e James. • Ao longo da história da Igreja, os pastores tem sempre se preocupado com os problemas dos crentes. • O verdadeiro pastor deve estar onde estão as ovelhas. • Além de enriquecer o ministério pastoral, o aconselhamento proporciona muitas oportunidades de se levar almas angustiadas aos pés de Cristo. O alvo do aconselhamen to é nos levar a um ponto de maturidade. “Teleios”: plenitude, maturidade, fato de ser inteiro, completo e maduro em Cristo. Cl 1.28; Hb 5.14; I Jo 2.5. “Parákletos”: ideia de consolação (II Co 1.3,4 / At 13.15); exortação (Hb 3.13); oração (Fp 1.9) Estar ao lado define bem o aconselhamento bíblico. Construir um relacionamento de ajuda. É animar, encorajar, confortar e trazer a esperança que mudança é possível. “Nouthésis”: Admoestar; Exortar; ensinar e repreender. Esta palavra indica um obstáculo que há e que deve ser vencido. (Tt 2.15; I Ts 5.11) MÉTODOS DE ACONSELHAMENTO • Criada por FREUD, defende que o homem é um animal que age por instintos. • O homem não tem nenhuma responsabilidade sobre suas ações. • O sentimento de culpa é fruto de padrões impostos pelo próprio homem. TEORIA PSICANALÍTICA • Criada por ALFRED ADLER. • Para ele o homem é um animal socialmente governado e seu problema é o complexo de inferioridade. • Só que a responsabilidade não é do indivíduo, mas da sociedade. • O homem precisa buscar a superioridade e controlar seu próprio destino. TEORIA DA PSICOLOGIA INDIVIDUAL • Criada por SKINNER. • Vê o homem como um animal que pode ser condicionado. • Defende a ideia de “tábula rasa”. • O grande problema do homem é a falha ambiental. • O homem é amoral e que não há mal absoluto. • O homem é vítima. TEORIA BERAVIORISTA • Criada por CARL ROGERS. • Cria que o homem poderia transformar toda a sociedade em redor. • Via o homem como bom e com muito potencial. • A responsabilidade pelos problemas da sociedade não é o homem já que é apenas uma vítima do meio ambiente. • A culpa humana não era importante. TEORIA HUMANISTA “SOMENTE EM DEUS DESCOBRIREMOS NOSSA ORIGEM, NOSSA IDENTIDADE, NOSSO SIGNIFICADO, NOSSO PROPÓSITO, NOSSA IMPORTÂNCIA E NOSSO DESTINO. TODOS OS OUTROS CAMINHOS LEVAM A UM BECO SEM SAÍDA”. (RICK WARREN). O ACONSELHAMENTO É PARTE IMPORTANTE DO MINISTÉRIO PASTORAL • O próprio Deus estabelece esse perfil do pastor como conselheiro. (Isaías 40.11; Ezequiel 34.16). • Jesus nos ensina na parábola do bom samaritano que o nosso próximo é aquele que necessita de nossa ajuda. •Muitas pessoas ao nosso redor estão feridas e despojadas de paz e de alegria. •Tensões, insegurança, ansiedade, desvios morais, infelicidade matrimonial, e os mais diversos problemas. •Não podemos seguir o exemplo do sacerdote e do levita, precisamos socorrer as pessoas que estão sofrendo. ALGUNS TERMOS CORRELATOS: Aconselhamento Cristão Aconselhamento Pastoral Clínica Pastoral Poiêmica UMA PROPOSTA MULTIDISCIPLINAR MEDICINA, TERAPIA E BÍBLIA Espiritualidade Libertação Bíblia Medicina Medicação DSM-V Aconselhamento Psicologia Terapia Testes QUALIFICAÇÕES DOS CONSELHEIROS EFICAZES TER CARÁTER INTEGRO. O caráter é a nossa “marca” pessoal distintiva, vista aonde estamos, e deixada aonde passamos; ESPIRITUALIDADE GENUÍNA. Isto é ter a vida cheia do Espírito Santo, ser cheio, guiado, movido pelo Espírito. BÍBLIA. Conhecimento bíblico sistemático e não apenas aleatório, conhecimento abalizado da doutrina bíblica; AUTOCONHECIMENTO. Sócrates, ilustre filosofo grego (468-400 a.C.): “Conhece-te a ti mesmo”. SINCERIDADE. O conselheiro sincero é “real” – uma pessoa aberta, franca, que evita o fingimento ou uma atitude superioridade. CUIDADO. Com sua higiene pessoal, da sua apresentação pessoal, da sua linguagem em geral, e do ambiente físico do local do aconselhamento. AMOR AO PRÓXIMO. Ou melhor: amor de Deus pelo próximo; ORAR SEMPRE. Orar mais. O conselheiro precisa ser um homem de oração, sempre deve depender de Deus em oração para o Espírito operar. TÉCNICAS UTILIZADAS ATENÇÃO Contatos visual. Postura relaxada, não tensa e interessada. Gestos naturais. OUVIR Isso significa muito mais do que uma recepção passiva da mensagem. OUVIR ENVOLVE: Percepção suficiente. Evitar expressões verbais e não verbais dissimuladas de desprezo ou juízo antecipadas. Aguardar pacientemente o funcionamento do aconselhando. Ouvir não somente o que o aconselhando diz, mas as suas reais necessidades. Estar atento à fala e ao comportamento. Analisar as reações do aconselhando diante das suas intervenções. RESPONDER Orientar ou liderar dialogicamente. Refletir conjuntamente de maneira presente. Perguntar com o objetivo único de buscar informações úteis. Confrontar ideias ou comportamentos que não sejam percebidos. Informar de maneira abrangente fatos relevantes. Interpretar comportamentos e eventos. Apoiar e encorajar sempre. ENSINAR Todas essas técnicas acima são verdadeiras formas especializadas de educação psicológica. Nesse contexto: O conselheiro é um educador. O aconselhando é aprendiz. O aconselhamento é um espaço para a discussão. O aconselhamento é um espaço para uma relação sincera e honesta. O PERFIL DO CONSELHEIRO CRISTÃO O primeiro deles é EMPATIA. A palavra vem da mesma raiz de “simpatia” e de “antipatia”. Simpatia é sentir na mesma direção, sentir com. Antipatia é sentir contra. Sobre empatia, o prefixo grego en nos esclarece: é “sentir dentro”, “sentir como se fosse a pessoa”. O conselheiro cristão deve ter este sentimento bem aguçado. Ele não é juiz nem um crítico, mas um ajudador. É um ajudador com compaixão. O segundo é RESPEITO. Respeito significa valorizar a pessoa, não a vendo como uma coitadinha ou uma leprosa moral ou espiritual. É vê-la como sendo uma pessoa, imagem e semelhança de Deus, valiosa aos olhos do Senhor, que no momento passa por uma crise e veio lhe pedir ajuda. O terceiro é SIGILO. O que um conselheiro ouve deve morrer com ele. Um conselheiro deve ser sigiloso. Por isso que deve ser uma pessoa que cuide de sua vida espiritual e se fortaleça, sempre, com o Grande Conselheiro, Deus. É a vinha dele que ele deve guardar. O quarto é SOBRIEDADE. Há líderes que amam holofotes ou são pouco discretos. Sobriedade tem a ver com discrição. Não se faz alarde de que estamos ajudando alguém. O trabalho do conselheiro é um trabalho de bastidores, que se faz nos bastidores, e não em público. O quinto é DESPRENDIMENTO. Isso significa que o conselheiro não deve levar vantagem na tarefa de aconselhar. O levar vantagem, neste contexto, significa que o conselheiro não usa as informações que recebe, nem antes nem depois do processo de aconselhamento. O sexto é CAPACITAÇÃO. Trata-se da capacitação para o serviço a desempenhar e da capacitação espiritual para poder desempenhar o serviço. Precisamos ter em mente que nenhum de nós, como líder cristão, é um produto acabado. No que se presume ser sua última carta, já idoso, Paulo pede a Timóteo: “Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade, em casa de Carpo, e os livros, especialmente os pergaminhos” (2Tm 4.13). Os especialistas distinguem entre “livros” e “pergaminhos”. O primeiro termo aludiria a obras seculares, e o segundo teria o sentido de livros canônicos, isto é, os escritos sagrados. Ele está detido na cadeia, e prestes a ser executado, mas ainda quer os livros. O PROCESSO DO ACONSELHAMENTO • O aconselhamento não é um processo tipo passo a passo como assar um bolo ou trocar um pneu. • Cada aconselhado é único, com problemas, atitudes, valores, expectativas e experiências peculiares. • O curso do aconselhamento pode variar de pessoa para pessoa. • Em toda relação de aconselhamento, porém, existem, ao que parece, vários estágios que incluem: • O estabelecimento e a manutenção de um relacionamento entre conselheiro e aconselhado; • A exploração de problemas a fim de esclarecer certas questões e determinar como os problemas podem ser tratados; • A decisão sobre um curso de ação; • Tarefa de casa no Aconselhamento (devocional, leituras, discos, cds, dvds, diários, testes, estudos, serviço cristão, etc.) • Ao final de cada sessão de aconselhamento: “De que modo posso aplicar o que conversamos em minha vida.” • O estímulo do aconselhado para que tome uma atitude; • Avaliação do progresso e decisão sobre ações subsequentes; • Término da etapa com o conselheiro. • Dependa de Cristo “em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos”. • O encaminhamento não significa necessariamente que o conselheiro seja incompetente ou que deseje livrar-se do aconselhado. • Os pacientes devem ser encaminhados quando não mostram sinais de melhora depois de várias sessões. ENCAMINHAMENTO • Precisam de atenção médica ou assistência jurídica. • Estejam severamente deprimidos ou com intenções suicidas. • Mostrem um comportamento extremamente agressivo. • Despertem sentimentos fortes de antipatia ou atração sexual no conselheiro. • Ou tenham problemas que se achem fora da área da especialização do conselheiro. • IMPORTANTE! • Estabelecer a frequência (semanal/quinzenal) o Local acolhedor, privado e seguro (evite aconselhar em casa e em horários inadequados) • Tempo das sessões • Horário • Sigilo (para ambos) • Limites (disponibilidade do conselheiro) • Termo de consentimento • Organização de um diário de notas (não tomar notas na frente do aconselhado) • Faça o atendimento em oração. ÉTICA NO ACONSELHAMENTO • Sigilo absoluto. • Não fale acerca de outros conselheiros. • Não fale de outras pessoas ao aconselhando. • O conselheiro não deverá tocar o aconselhando desnecessariamente, especialmente se for do sexo oposto. • A importância de marcar local e horários fixos para o Aconselhamento Pastoral. • Porta de vidro no Gabinete Pastoral. CUIDANDO DO CUIDADOR Em sua pesquisa o Dr. Pércio, psiquiatra e presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, identificou que algumas causas que levam pastores a depressão. São elas: -Problemas com lideranças de igreja; -Baixa remuneração; -Mudança constante de igreja; -Falta de apoio da igreja local, pastor tem expectativas que não são correspondidas pela igreja; -Estresse relacionado à atividade pastoral; -Também foram observadas as queixas das esposas com relação ao tratamento dado pela igreja; -Pecado e enfraquecimento na fé. EM PESQUISA REALIZADA PELO CENTRO DE PSICÓLOGOS E PSIQUIATRAS CRISTÃOS • 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, • 70% deles acreditam que não tem um amigo próximo, • 71% se dizem esgotados, • 72% dizem que só estudam a Bíblia, quando estão preparando sermões, • e 80% acreditam que o ministério pastoral tem afetado negativamente as suas famílias. SÍNDROME DE BURNNOUT • Esta síndrome é uma doença do trabalho, ou seja, começou a ser pesquisada justamente por envolver um adoecimento ligado ao labor ocupacional. • Os sinais e sintomas nos estágios iniciais são praticamente os mesmos do estresse e da depressão. SINTOMAS FÍSICOS: • Exaustão (esgotamento físico temporário); • fadiga (capacidade física ou mental decrescente); • dores de cabeça; • dores generalizadas; • alterações digestivas, do sono e sexuais, alergias. OS SINTOMAS PSICOLÓGICOS: depressão, irritabilidade; ansiedade; inflexibilidade; perda de interesse; descrédito na instituição e nas pessoas. SINTOMAS COMPORTAMENTAIS: Evita os irmãos e o contato social; usa críticas, reclamações, adjetivos depreciativos; resiste à mudanças, transfere responsabilidades; descuida de si mesmo, do lazer, faz auto medicação ou estimulantes, apresenta comportamentos de fuga (jogos, celular, internet, pornografia, etc.) e recusa ajuda. O termo “burnout” foi utilizado nos anos 70, para a chamada síndrome da desistência, de exaustão ou de consumição. Em 1986 Malasch e Jackson desenvolveram uma definição multidimensional que inclui três componentes: exaustão emocional, despersonalização e redução da realização pessoal. A EXAUSTÃO EMOCIONAL deixa a pessoa sem lastro, irritada, hipersensível, sem forças para fazer o que anteriormente fazia. É um cansaço maior que o cansaço físico, pois envolve lapsos de memória, ausências – brancos ou desconcentração. Uma enfermeira comentou: preparar uma injeção se tornou uma tarefa pesada demais e eu antes fazia dezenas por dia, como pode? A DESPERSONALIZAÇÃO no trato se refere a dificuldade de relacionamento com colegas de trabalho, familiares ou com as pessoas que seriam as que deveriam receber seus cuidados! Um médica que estava em Burnout disse: Quando eu dei por mim, estava gritando com a mãe de um paciente! Me desconheci e me assustei comigo mesma! A REDUÇÃO DA REALIZAÇÃO PESSOAL, faz a pessoa pensar em largar a profissão, mesmo depois de anos de estudo e investimento. Aparentemente há uma saturação que rouba a alegria. O trabalho antes prazeroso se torna um fardo, uma obrigação desagradável. Um pastor relatou: eu chegava perto da igreja, antes do culto e chorava de desespero, até que um dia disse pra minha mulher: nunca mais eu entro lá, nunca mais quero fazer isso! Os fatores desencadeantes são em geral, sobrecarga de trabalho e, ou, frustração por não atingir as metas propostas, dedicação excessiva ao trabalho (com dificuldade para ter um lazer ou ócio e estar com a família), e falta de autonomia em situações de grande responsabilidade. Na síndrome de Burnout, há um componente relacionado com o ambiente de trabalho, pois o fator gerador da síndrome está não apenas no volume, mas principalmente no ambiente de trabalho. Assim, o paciente que tem o estresse clássico pode se recuperar depois de um período de férias, mas não o portador de Burnout, porque os problemas voltam quando ele retorna ao trabalho. Em geral, tratamento medicamentoso além da psicoterapia. Trabalha-se dentro de uma visão multidisciplinar, que pode incluir outras ajudas, como a fisioterapia, nutrição e avaliação de personal trainer, mentoria, etc. Busque auxílio médico para proceder à avaliação e intervenção adequadas. OBRIGADO PELA ATENÇÃO! CONTATOS: E-mail: [email protected] Telefones: (77) 99997 2903 - 988482015 Davi Oliveira Boa Sorte Psicólogo CRP - 03/8095 REFERÊNCIAS • FRIESEN, Albert. CUIDANDO DO SER: Treinamento em aconselhamento pastoral. Editora Evangélica Esperança, Curitiba, 2000. • HOFF, Paul. O PASTOR COMO CONSELHEIRO. Editora vida, São Paulo, 2005. • COLLINS, Gary R. ACONSELHAMENTO CRISTÃO. Editora Vida, São Paulo, 2003. • A Bíblia Sagrada.