Craving e Dependência Quimica

Propaganda
Craving (Fissura) e
Dependência Química
Felix Kessler - psiquiatra
Vice-diretor do CPAD - UFRGS
Conceito


Intenso desejo de utilizar uma substância
específica
Desejo de repetir a experiência dos efeitos
de uma dada substância (OMS)
– Desejo de experimentar os efeitos da droga
– Forte e subjetiva energia
– Irresistível impulso para usar droga
Brasil, R. J Bras Psiq. 2008, 57(1);57-63
Conceito
– Pensamento obsessivo
– Alívio para os sintomas de abstinência
– Incentivo para auto-administar a
substância
– Expectativa de resultado positivo
– Processo de avaliação cognitiva
– Processo cognitivo não-automático
Outras definições





Forte e subjetiva energia
Irresistível Impulso para usar
Estado motivacional subjetivo
influenciado pelas expectativas
associadas a resultado positivo (Marlatt)
Intenção de realizar o desejo
Kozlowski et al. não concordam com isso
Surgimento


Fases de consumo, abstinência ou após
longo tempo de uso da substância
Alterações no humor, comportamento e
pensamento
– Estado motivacional subjetivo influenciado pelas
expectativas associadas a um resultado positivo,
estado este que pode induzir uma resposta na
qual o comportamento desejado esteja
envolvido. (Marlatt e Gordon)
Classificação




Resposta à síndrome de abstinência
Resposta à falta de prazer
Resposta condicionada a estímulos
relacionados às substâncias
psicoativas
Tentativa de intensificar o prazer de
determinadas atividades
Modelos

Modelo comportamental

Modelo psicossocial ou cognitivo

Modelo neurobiológico
Modelo Comportamental

Primeiro modelo descrito

Condicionamento clássico

Expectativa de efeito de prazer a partir
de experiências anteriores
Modelo Comportamental

Reflexo de respostas condicionadas
estabelecidas pela aprendizagem da
associação entre determinado estímulo
e o prazer
Modelo Cognitivo



Expectativa antecipada que o indivíduo tem
quanto aos efeitos da substância
Interpretação cognitiva
Aspectos psicológicos na etiologia
–
–
–
–
Estresse
Personalidade
Aspectos motivacionais
Processos cognitivos automáticos e nãoautomáticos
Modelo Cognitivo

Expectativa de auto-eficácia
– emoções positivas e negativas
– restrição ao uso da droga
– reuniões sociais
– horários ociosos
– falta de prazer e craving
Modelo Neurobiológico


Diminuição da função do sistema de
recompensa cerebral na abstinência
Fenômeno de hipersensibilização que
ocorre na ausência da substância
A Busca
pelas
Drogas
Circuitos
Envolvidos
Na Adição
Controle
Inibitório
PFC
ACG
OFC
SCC
Motivação/
Drive
(saliência)
Hipp
NAc
c
Amyg
Recompensa
VP
Memória/
Aprendizado
Modelo Neurobiológico

Dopamina
– Indução de reforços positivos no centro
de recompensa cerebral e relação com o
craving

Serotonina
– Influência no sistema dopaminérgico
Modelo Neurobiológico



Neuroadaptação cerebral
Alteração na memória de estímulos
associados ao comportamento de usar a
droga
Regiões cerebrais associadas à excitação,
comportamentos compulsivos, memória e
integração de estímulos sensoriais são
ativadas
– Estruturas mesocorticolímbicas
cannabis
GABA
amphetamine
alcohol
DA
opioid
cocaine
ACh
nicotine
PCP
alcohol
5HT
Glu
hallucinogen
13-2
Stahl S M, Essential
Psychopharmacology (2000)
“Virtualmente, todas as
drogas de Abuso elevam
os níveis de Dopamina”
Nora Volkow
Diretora do National Institute
on Drug Abuse (Nida)
Vídeo Neuroquímica da
dopamina
Recompesas Naturais elevam níveis de DA
200
% of Basal DA Output
NAc shell
150
100
Empty
50
Box Feeding
SEX
200
150
100
15
10
5
0
0
0
60
120
Time (min)
180
ScrScr
BasFemale 1 Present
Sample 1 2 3 4 5 6 7 8
Number
Scr
Scr
Female 2 Present
9 10 11 12 13 14 15 16 17
Mounts
Intromissions
Ejaculations
Source: Di Chiara et al.
Source: Fiorino and Phillips
Copulation Frequency
DA Concentration (% Baseline)
FOOD
Efeito das Drogas na liberação de Dopamina
ETHANOL
Dose (g/kg ip)
0.25
0.5
1
2.5
150
400
% of Basal Release
Accumbens
200
100
0
1
2
3
Time After Ethanol
NICOTINE
250
200
Accumbens
Caudate
150
100
0
0
1
2
3 hr
COCAINE
Accumbens
DA
DOPAC
HVA
300
200
100
0
4hr
% of Basal Release
0
% of Basal Release
% of Basal Release
250
0
1100
1000
900
800
700
600
500
400
300
200
100
0
1
Accumbens
5 hr
CRACK
DA
DOPAC
HVA
0
Time After Nicotine
2
3
4
Time After Cocaine
1
2
3
4
Time After Amphetamine
Source: Di Chiara and Imperato
5 hr
Dificuldade em obter recompensa com estímulos leves
Tomada de Decisão
Risco X Recompensa
Menor envolvimento da córtex:
- Negação
- Escolhas erradas: gratificação imediata e
não
Avaliação das conseqüências negativas.
- Gambling Test
O pão quentinho agora
X
O corpo esbelto no próximo verão
Recompensa imediata
Recompensa adiada
Ah, se eu soubesse que fosse
morrer amanhã…

‘… aproveitaria para fazer isto,
aquilo, e tudo o mais, sem me
importar com nada…’
Vídeo Neuroquímica da
Recaída, memória e
craving
Querer não é gostar


Querer é
aprendizagem
– Dopamina
Gostar é prazer
– Sistema opióide
– GABA
Liking X Wanting
Desire Corresponds With
Drug Use
Craving
Liking
Non-problematic
use
Abuse
Dep
Avaliação

Medidas
– Não-verbais
– Psicofisiológicas
– Neurobiológicas
– Cognitivas

Expressões comportamentais
Avaliação


Diferentes conceitos e formas de
avaliar
Único fator : “desejo pela substância”
– Relatos espontâneos
– Sonhos
– Pensamentos disfuncionais
– Descrições de intensidade do craving

Construto multifatorial
Exemplos





“Falta de fissura” durante a internação
Fissura da maconha: às vezes vem
somente em pensamento
Sessões muito emotivas podem
desencadear fissura
Brigas em casa: raiva como gatilho
Tipo de música
Avaliação

Medidas objetivas
– Um ou dois itens em escalas likert,
escalas analógico-visuais ou sistemas
computadorizados,
– Questionários específicos de avaliação

Medidas retrospectivas
– Viés da memória
Método: Vídeos
Os vídeos neutros são
caracterizados por cenas
da natureza
Os vídeos para estimular
fissura mostram a compra,
preparação e consumo da
cocaína, por exemplo
Videos são mostrados 10 min antes da injeção
do radiofármaco até 40 min depois
Fissura por cocaína
Neutral Video
5.00
4.50
4.00
3.50
3.00
2.50
P < 0.01
5.00
4.50
4.00
3.50
3.00
2.50
Antes
2.00
Cocaine-Cue Video
2.00
Antes
(1-7)
Fissura por Cocaína
Auto-relatos de fissura durante vídeos
neutros e com coccaína
Os vídeos de cocaína aumentaram os autorelatos de fissura nos abusadores da droga
Source: Volkow, ND et al., Journal of Neuroscience, 26(24):6583-6588, 2006.
Indução de Fissura (PET)
Ligação Dopaminérgica em indivíduos com
fome durante estímulos neutros e com comida
1.5
(Bmax/Kd)
4
3.5
p < 0.005
3
Neutral
0
ml/g
2.5 Placebo/Neutral
MP/Food
Bmax/Kd decreased with
exposure to food-cues
presumably from DA increases
Food Cue
Source: Volkow, et al., Synapse 2002.
Cue-induced Craving Associated  in
BOLD fMRI
Dorsolateral
Prefrontal
Medial Prefrontal
Ant Cingulate
Post Cingulate
Garavan et al, 2000
Sonhos

Relação entre “sonhar com álcool” e
craving

Associação de quantidade ingerida a
um aumento na produção de sonhos
com álcool
Araújo, R. B. et al, 2004
Avaliação

Técnicas de imagem
– Ressonância nuclear magnética funcional
– Tomografia por emissão de pósitrons

Pesquisa com vídeos do uso de
substâncias e ativação de áreas do
sistema límbico subcortical
Fortuna & Smelson, 2008
Manejo


Fator importante na manutenção da
abstinência
Técnicas derivadas da teoria cognitivocomportamental
– Devem ser explicitadas desde o início do
tratamento
Manejo

Distração
– Deslocamento da atenção para o mundo externo

Cartões de enfrentamento
– Fichas portáteis com sentenças motivacionais

Relaxamento
– Respiração e tensão muscular
Manejo

Refocalização
– Focalizar o pensamento em imagem ou frase
não associada à substância

Substituição por imagem negativa
– Substituição de imagens positivas ligadas ao uso
da droga

Substituição por imagem positiva
– Enxergar a si mesmo como vencedor
Manejo

Ensaio por visualização
– imaginar-se em uma situação perigosa agindo
de uma forma assertiva, sem utilizar a
substância

Visualização de domínio
– Imaginar-se vencendo a situação geradora de
ansiedade, devendo ser quem decide os rumos
da ação fantasiada
Manejo

Outras técnicas
– Exercícios físicos
– Automassagem

Psicofármacos
– Combinação com técnicas cognitivas
proporciona os melhores resultados
O paradigma da reatividade
aos estímulos


A fissura e as respostas fisiológicas são
medidas antes e depois com a medicação
ou placebo.
As medicações diminuiriam as reações aos
estímulos, reduzindo as recaídas.
Panikkar et al., 1999
O paradigma da reatividade
aos estímulos



Postula-se que:
Estímulos associados às drogas causam um
forte desejo ou “fissura” (craving).
Servem para motivar o comportamento de
busca e a recaída.
Vania Modesto-Lowe et al, 1999
O paradigma da reatividade
aos estímulos


Esse paradigma tem
sido utilizado para
desenvolverem-se
novas medicações.
Repetição de estímulos
visuais, táteis e
auditivos em
laboratório.
Brian L. Carter et al, 1999
Farmacogenética
da Fissura



Polimorfismo do DRD4 VNTR
Uma das variantes pode estar associadas
com a resposta intracelular da dopamina
e/ou diferenças na expressão
Foi associado com risco para ADHD
– Perto do cromossomo 11 que está ligado à
dependência do álcool
Considerações




Aspecto multidimensional deve ser
abordado
Não existe uma forma única de medir
Integração de técnicas comportamentais,
cognitivas e psicofarmacológicas
Proporcionar aumento de auto-eficácia
Considerações



Fenômeno dinâmico
Repensar constante de estratégias
utilizadas
Terapeuta e cliente devem eleger o
melhor projeto e técnicas terapêuticas
MasBom
não almoço
comam a todos!!
sobremesa…
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