Pedagogia da Pesquisa-Ação • 1946 – Kurt Lewin aplicou a pesquisa-ação em seu trabalho junto ao governo americano, no período pós-guerra, com a finalidade de mudança dos hábitos alimentares e de atitudes da população frente aos grupos éticos minoritários. • A partir da década de 80, a pesquisa-ação absorve a perspectiva dialética, tendo como finalidade a melhoria da prática educativa docente. Destacam-se os trabalhos de Elliot e Adelman (1973-1976). De que pesquisa falamos quando nos referimos à pesquisa-ação> • Tem-se observado pelo menos três conceituações diferentes: 1. pesquisa-ação colaborativa: a busca de transformação é solicitada pelo grupo de referência à equipe de pesquisadores. 2. pesquisa-ação crítica: a transformação é decorrente de um processo que valoriza a construção cognitiva da experiência, baseada em reflexão crítica coletiva. 3. pesquisa-ação estratégica: a transformação é previamente planejada, sem a participação dos sujeitos, e o pesquisador acompanha os efeitos e avaliará seus resultados. • A pesquisa-ação crítica deve gerar um processo de reflexão-ação coletiva, em que há imprevisibilidade das estratégias; o sujeito fará parte da metodologia da investigação e deve tomar consciência das transformações que ocorrem em si e no processo. • Segundo Mailhiot (1970), a pesquisa-ação deve partir de uma situação social concreta a modificar e o pesquisador deve assumir os dois papéis: de pesquisador e participante do grupo. • Outros autores distinguem quatro variedades de pesquisa-ação: diagnóstica, participante, empírica e experimental. • Segundo Kurt Lewin (1946) a pesquisa-ação envolve três fases: 1. Planejamento - reconhecimento da situação, 2. Tomada de decisão, 3. Encontro de fatos sobre os resultados da ação. • Nos casos em que o foco desloca-se para o produto da mudança e não mais para o processo, perde-se o imbricamento entre pesquisa e ação. • A pesquisa-ação é uma pesquisa pedagógica, a partir de princípios éticos que levam à contínua formação e emancipação de todos os sujeitos da prática. • A pesquisa ação é incompatível com a abordagem positivista, que se apresenta neutra e autônoma em relação à realidade social. • Do ponto de vista metodológico, é importante que haja no grupo uma dinâmica de princípios e práticas dialógicas, participativas e transformadoras. Deve permitir ajustes e caminhar de acordo com as sínteses provisórias que vão se estabelecendo no grupo. De que ação falamos quando nos referimos à pesquisa-ação> • O grande interesse é permitir conhecer as ações necessárias à compreensão dos processos que estruturam a pedagogia da mudança da práxis na investigação. • A pesquisa-ação fundamenta-se no modelo do agir comunicativo, em que os participantes podem chegar a um saber compartilhado que vai tecendo uma estrutura interacional de confiança e comprometimento. • As ações devem ser readequadas e renovadas por meio das espirais cíclicas. • As ações do pesquisador devem caminhar dentro de um modelo de ação comunicativa, com foco na garantia de expressão e participação aos práticos e da intencionalidade de uma pesquisa ação. • As ações dos participantes devem ser voltadas à disponibilidade, cooperação e envolvimento. Como pesquisa e ação se integram> • Deve haver um associação da pesquisa a uma proposta coletiva, indicando a pesquisa com ação de intervenção, que imediatamente passa a ser objeto de pesquisa. • O processo deve ser caracterizado pela concomitância, intercomunicação e interfecundidade entre pesquisa e ação. Estruturando um processo pedagógico para a pesquisa-ação • Apesar da pesquisa-ação ser um processo dinâmico e flexível, os momentos a serem priorizados foram denominados “processos pedagógicos intermediários” e podem ser sintetizados em: - Construção da dinâmica do coletivo; - Ressignificação das espirais cíclicas; - Produção de conhecimento e socialização de saberes; - Análise e avaliação das práticas; - Conscientização das novas dinâmicas compreensivas. Estruturando um processo pedagógico para a pesquisa-ação • Construção da dinâmica do coletivo Propõe-se que haja uma fase preliminar constituída pelo trabalho de inserção do pesquisador no grupo, de autoconhecimento do grupo em relação às expectativas, possibilidades e bloqueios. Essa fase também é importante para que se estabeleça um contrato de ação coletiva. Estruturando um processo pedagógico para a pesquisa-ação • Ressignificação das espirais cíclicas De acordo com Barbier (2002), todo avanço em pesquisa-ação implica o efeito recursivo em função de uma reflexão permanente sobre a ação. É importante o registro de todos os dados do processo, com a participação de todo o grupo. Estruturando um processo pedagógico para a pesquisa-ação • Análise/redireção e avaliação das práticas Deve-se refletir sobre as mudanças na realidade que as ações práticas produzem, analisando e trocando suas compreensões. • Conscientização das novas dinâmicas compreensivas A pesquisa-ação deve produzir transformações de sentido, ressignificação ao que fazemos ou sentimos.