SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR

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SEMIOLOGIA
CARDIOVASCULAR
ANAMNESE
O paciente inicialmente deve ter oportunidade de
relatar seus problemas primeiramente sem
interrupções. Apesar de consumir tempo e de
parecer produzir um enorme número de informações
irrelevantes a entrevista inicial é o momento em que
o paciente tem para ser ouvido e causa uma melhor
interação médico paciente
Após o relato inicial então tentamos dirigir a
entrevista para determinarmos a cronologia dos
sintomas e suas características, tipo, local, fatores
agravantes e de melhora.
ANAMNESE
A queixa do paciente vai orientar a entrevista para
alguns dos sintomas cardinais da doença cardíaca,
que seguem:
– Precordialgia - Dor torácica
– Dispnéia - Cansaço / Falta de ar / Ortopnéia / DPN
– Síncope ou pré Sincope - Desmaio, lipotímia,
ausência, distúrbios visuais
– Palpitação - Sensação de taquicardia, falhas nos
batimentos
– Edema - Inchaço dos membros e/ou face
– Cianose - Coloração azulada da pele
ANAMNESE
Nem sempre ao iniciarmos a anamnese com
o paciente cardiológico seremos os
primeiros a entrevistá-lo
É fundamental nessa situação, chegar a
cronologia inicial do caso
Como exemplo: "Vim porque me disseram
que tenho pressão alta, me passaram um
remédio e vim para saber se preciso
continuar"
ANAMNESE
Termos como "HAS", "Doença Coronariana"
ou "Arritmia" devem ao máximo ser evitadas
na Queixa Principal
Mesmo que o paciente diga essas palavras,
devemos ter em mente que não foi o
paciente que criou esses termos, sendo
palavras produzidas por terceiros no
decorrer de seus atendimentos
ANAMNESE
Fatores de risco - necessariamente
deve ser perguntado sobre a presença
de:
– Diabetes
– Dislipidemia
– Tabagismo
– Obesidade
– Hipertensão Arterial
– Fatores de risco familiares
ANAMNESE
Fatores de risco
A presença de mais de um dos fatores de
risco aumenta de forma importante o risco
cardiovascular do paciente
O diabetes isoladamente é um fator de risco
importante, mesmo na ausência de outros
ANAMNESE
Fatores de risco
O fator de risco familiar deve ser considerado como
presente quando há história pregressa de doença
coronariana precoce (antes dos 50 anos), em algum
familiar direto (pai, avô, tios, irmãos)
A história de um IAM em um familiar com mais de 70
anos não influencia de maneira importante o risco
individual daquele paciente
ANAMNESE
Fatores de risco
Em relação aos tabagistas descrever: a quanto
tempo fuma, nº de cigarros, se já tentou parar, se
parou a quanto tempo foi e quanto tempo fumou
Outro dado de interesse que influencia o fator de
risco global do paciente é o seu grau de atividade
física / sedentarismo
Medicações de uso
cardiovascular
Descrever o uso de qualquer fármaco e a quanto tempo a
medicação está em uso
Uma causa precipitante importante de descompensação de
insuficiência cardíaca é o abandono da medicação prescrita.
Sabe-se que menos de 20% dos hipertensos fazem o tratamento
medicamentoso de forma regular e eficaz. Assim é muito
importante perguntar não somente a medicação prescrita pelo
médico que deveria estar em uso, mas insistir se de fato ela
estava em uso e se não houve falha na continuidade ou se a
dose está correta ou se está ocorrendo o uso por conta própria
de medicação não prescrita
Medicações de uso eventual também devem ser pesquisadas
Revisão sistemática
cardiovascular
Independente do paciente estar ou não com queixa
de origem cardiovascular, durante a revisão
sistemática devemos sempre perguntar caso não
tenha sido citado na HDA:
–
–
–
–
–
–
–
Existência de dor torácica
Cansaço ou falta de ar
Edemas
Presença de Palpitações
Passado de síncope, lipotímia ou desmaios
Episódios de Cianose
Se sabe ser portador de sopro, alteração estrutural cardíaca
ou hipertensão arterial
ANAMNESE
Em pacientes cardiopatas, que serão
submetidos a procedimentos diagnósticos
em hemodinâmica, cirurgia cardíaca ou
sabidamente portadores de sopro/alteração
estrutural cardíaca é importante perguntar
sobre alterações dentárias, tratamentos
odontológicos em curso, presença de cáries
importantes, extrações ainda não realizadas
e necessidade de tratamentos endodônticos,
como prevenção da endocardite bacteriana
ANAMNESE
Stress e sedentarismo são fatores de risco
cardiovasculares. Ao orientarmos modificações de
estilo de vida, precisamos primeiro conhecer o
modo atual de vida do paciente. Pessoas confinadas
a escritórios, submetidas a pressão constante de
trabalho devem receber orientações compatíveis
com sua profissão e horário de trabalho
Tendo em vista as repercussões da doença na vida
diária do cardiopata, devemos ter conhecimento da
situação atual de trabalho do paciente: se ativo,
assalariado, autônomo ou aposentado. Ele deve
estar ciente do tempo necessário para sua
recuperação e de seus direitos de amparo legal em
situações de incapacidade física
Sinais e Sintomas
Dor torácica
Como qualquer dor devemos definir: localização,
irradiação, duração, intensidade, qualidade, fatores
precipitantes ou desencadeantes, fatores que
melhoram a dor, manifestações associadas
No caso da dor torácica, em que se suspeita de
origem cardíaca é fundamental a determinação da
referência temporal. A quanto tempo começou, como
se iniciou (se súbito ou gradativo), quanto tempo
dura a crise, como melhora (se súbito ou gradativo),
se é continua ou intermitente. Sendo intermitente,
quanto tempo demora entre as crises
Dor torácica
Localização:
uma polpa digital, bem limitado a um único ponto
é pouco provável de se relacionar com
cardiopatia, sendo mais provável uma origem
ósteo-muscular.
A dor cardíaca é geralmente indicada com a mão
esfregando o peito, ou com o punho cerrado,
indicando uma região grande e imprecisa.
Dor torácica
Irradiação:
deve se determinar bem o limite de distribuição
dessa irradiação, principalmente em relação ao
território próprio para a dor de origem cardíaca:
dor que inclua a CICATRIZ UMBILICAL e se irradia
para baixo, não é de origem cardíaca.
Dor na região cervical que inclua a FACE acima
da mandíbula ou o couro cabeludo, NÃO é de
origem cardíaca.
Dor torácica
Qualidade:
A opressão, queimação ou o mal estar torácico mal
definido são típicos da doença coronariana.
Pontadas e fisgadas apesar de serem mais
inespecíficas também podem representar doença
coronariana.
A dor pontual, bem localizada, súbita e de curtíssima
duração (segundos), não se relaciona com doença
coronariana.
Dor torácica
Fatores precipitantes / desencadeantes:
Fatores precipitantes: relação com o esforço. O fato
da dor ocorrer com o esforço não impede dela surgir
também em repouso, devendo ser questionado
também. O infarto e a angina instável ocorrem
geralmente com o paciente em repouso. A angina
estável tem relação direta com determinado grau de
esforço
Fatores de piora: alimentação, movimentos
musculares, palpação do local da sede da dor,
devem ser questionados, para que possa pesquisar
relação com causas não cardiovasculares que sejam
diagnóstico diferencial de dor torácica
Dor torácica
Fatores de melhora:
O repouso como fator de melhora e o uso de
nitratos gerando alivio da dor são marcas
sugestivas de dor coronariana. No entanto
dor de origem esofagiana pode melhorar
com nitrato
Dor torácica
Início e duração:
A dor típica da doença coronariana crônica é de
inicio relacionado com esforço, piorando de forma
progressiva, durando cerca de 5 a 10 minutos,
geralmente não menos de 2 e não mais que 20
minutos.
A dor prolongada, maior que 30 minutos se for de
origem cardíaca se relaciona com IAM
Dor com horas de duração não é provável que seja
uma dor anginosa, caso não se comprove o IAM
Dor lancinante súbita fala a favor de dissecção
aórtica
Dor torácica
Manifestações associadas:
Sudorese, extremidades frias, palidez,
náuseas são comemorativos importantes
para a dor torácica sugestivos de síndrome
coronariana aguda.
Indicações de crise ansiosa não devem
descartar a hipótese de doença coronariana
até que se prove ao contrário, já que a dor
anginosa pode desencadear o quadro
ansioso
Dor torácica típica
Características da dor anginosa:
a) Dor opressiva ou sensação de pressão
b) Localização - mão sobre o precórdio.
c) Irradiação típica - para a região cervical e região medial do MSE,
mas pode acontecer em qualquer localização do tórax, mesmo a
direita, região epigástrica e dorso.
d) A piora ou seu início com o esforço é uma marca importante da
angina típica.
e) Melhora com repouso ou com uso de nitratos
f) As crises são intermitentes, com duração geralmente superior a
2 minutos (nunca inferior a 1 minuto) e geralmente chegando até
10 ou no máximo 20 minutos. Crises de dor de tempo superior a 20
minutos ou são devido a angina instável / IAM ou não são
coronarianas.
No IAM ou na crise de angina instável a dor geralmente se inicia
em repouso, sem relação com esforço, é mais prolongada, não
melhora completamente com nitratos ou repouso, é acompanhada
de sudorese, palidez e falta de ar
Dor torácica não coronariana
a) Duração fugaz (< 1 minuto)
b) Dor relacionada a movimento respiratório ou dos
membros superiores ou a palpação
c) Dor que não respeita a topografia da dor
anginosa. Eventos dolorosos abaixo da cicatriz
umbilical e superiores ao ramo da mandíbula não
são relacionados a evento isquêmico coronariano
d) Dor pontual, com área não maior que uma polpa
digital, mesmo sobre a região mamária
e) Dor prolongada, com horas de duração, sem
comprovação de isquemia miocárdica através dos
exames complementares
Dispnéia
O desconforto respiratório é normal em
indivíduos saudáveis submetidos a esforços
de grande intensidade, ou mesmo de menor
intensidade se não forem treinados para
atividade física.
A dispnéia é anormal quando ocorre em
repouso ou quando desencadeada por
esforço de grau em que não seja esperado
este sintoma. A etiologia da dispnéia é
diversa, incluindo doenças pulmonares,
cardíacas, da parede torácica e ansiedade.
Dispnéia
A dispnéia cardiogênica está associada com a
congestão veno-capilar pulmonar, que ocorre na
insuficiência cardíaca. Exceção são as cardiopatias
congênitas com baixo fluxo pulmonar (ex: tetralogia
de Fallot).
O início súbito sugere embolia pulmonar,
pneumotórax, edema agudo cardiogênico,
pneumonia e obstrução de vias aéreas.
A dispnéia inspiratória sugere obstrução de vias
aéreas superiores. A dispnéia expiratória sugere o
comprometimento das vias aéreas mais inferiores.
Dispnéia
A dispnéia relacionada com o esforço sugere a
presença de alteração orgânica como IC ou DPOC.
A dispnéia em repouso sugere pneumotórax, embolia
pulmonar e ansiedade.
A dispnéia que só ocorre em repouso e melhora com
a atividade física é invariavelmente de origem
funcional. Também sugere esta etiologia a associação
com dor na região da ponta do coração de curta
duração relacionada com a respiração ou dor de
duração prolongada (mais que 2 horas)
Sibilos podem estar presentes tanto na asma quanto
na IVE (asma cardíaca)
Dispnéia
A dispnéia cardiogênica ocorre tanto em repouso
como ao esforço. Em repouso se relaciona com a
posição do paciente, surgindo ao assumir decúbito e
melhorando com a posição sentada (ortopnéia).
Nos casos de Insuficiência cardíaca a dispnéia pode
estar acompanhada de edema de MMII, dor abdominal
(por distensão da cápsula hepática) e noctúria, que é
o aumento noturno da diurese.
Dispnéia
Dispnéia paroxística noturna - evento onde após
algumas horas de sono o paciente acorda com
dispnéia súbita. O paciente assume posição sentada e
melhora em cerca de 30 minutos. Geralmente
acompanham tosse, sibilos e sudorese.
OBS:Os pacientes portadores de DPOC também
podem ter episódios noturnos de dispnéia. A
diferenciação pode ser feita quando os sintomas
de tosse e expectoração precedem a crise de
dispnéia, melhorando de forma mais consistente
com a eliminação de secreções do que com a
posição sentada em si
Dispnéia
A dispnéia súbita acompanhada de dor torácica e
hemoptise é típico do tromboembolismo pulmonar.
O pneumotórax causa dispnéia aguda e dor torácica
de forte intensidade.
O IAM também pode se apresentar com dor torácica
acompanhada de dispnéia.
O cansaço pode ser considerado como um
equivalente anginoso, tendo igual importância da dor
torácica típica. As características de piora ao esforço
e melhora com o repouso após alguns minutos são
idênticas as características da dor torácica típica.
Dispnéia
DISPNÉIA - CLASSIFICAÇÃO DA NYHA
(Classificação funcional e terapêutica para prescrição de atividade
física para pacientes cardíacos)
I – Pacientes sem limitações. Atividades ordinárias não causam
dispnéia
II – Limitação leve da atividade física – atividades ordinárias
causam dispnéia – confortáveis em repouso
III – Limitação marcante das atividades físicas. Atividades
menores que as ordinárias causam dispnéia – confortáveis em
repouso
IV – Incapacidade de realizar quaisquer atividades sem dispnéia –
sintomas mesmo em repouso
Diagnóstico Diferencial da
Dispnéia
Aguda
1) Edema agudo de pulmão
2) Asma
3) pneumotórax espontâneo
4) Trauma torácico
5) Pneumonia
6) Embolia Pulmonar
7) Derrame pleural
Crônica
1) DPOC
2) IVE / ICC
3) Fibrose intersticial difusa
4) Asma
5) Derrame pleural
6) Doença vascular pulmonar
7) Anemia severa
8) Ansiedade
Edema
O acúmulo de líquidos no tecido intersticial é
característica de condições onde ocorram alteração
ou da pressão hidrostática ou da pressão oncótica
dos tecidos
A insuficiência cardíaca, a doença renal a
hipoproteinemia podem causar edema e para maior
dificuldade, podem inclusive coexistir, dentro da
mesma síndrome
Antes de ser notado o edema é precedido por ganho
de peso de 3 até 5 Kg
Edema
O edema de origem cardíaca é normalmente
simétrico e progride desde as pernas chegando
coxa, genitália e parede abdominal. Em pacientes
cronicamente acamados, o edema pode se
concentrar na região sacra. A dispnéia geralmente
precede o edema e a ascite quando ocorre
associada a IC acontece após o edema do membro
inferior.
O edema pode ser generalizado (anasarca), podendo
ocorrer dessa forma na síndrome nefrótica, na
cirrose hepática e na IC severa.
Diversas drogas podem causar edema, devendo ser
pesquisado na história clínica.
Edema
O edema que acomete a face e envolta dos olhos
ocorre na síndrome nefrótica, na GNDA, na
hipoproteinemia, no edema angioneurótico e no
mixedema
Edemas unilaterais de extremidades indicam
trombose venosa ou edema linfático
Edema
Os sintomas acompanhantes servem para elucidar o
diagnóstico diferencial entre o edema cardiogênico e
outras etiologias, principalmente com o edema de
origem renal e hepático
No edema hepático a ascite precede o edema de
membro inferior e geralmente não há dispnéia a não
ser que haja restrição respiratória pela ascite
volumosa
O edema renal é acompanhado da disfunção renal e
suas alterações laboratoriais e sintomas de uremia
Edema
Etiologias de edema:
1) Insuficiência cardíaca
2) Insuficiência venosa crônica / trombose venosa
3) Doenças renais
4) Hipoproteinemia
5) Cirrose hepática
6) Hipotireoidismo
7) Edema cíclico idiopático (mulheres)
Palpitação
A palpitação é a sensação do batimento
cardíaco.
A etiologia clínica varia desde estados de
ansiedade até as mais variadas formas de
arritmias. A diferenciação pode ser auxiliada
com algumas informações.
Palpitação
1) A sensação é de batimentos fortes ou rápidos?
2) O início é súbito ou gradual? / O fim é súbito ou gradual?
3) Ocorre dor associada?
4) Acompanha alteração visual, lipotímia, tontura. . . ?
5) Durante a crise, qual a freqüência cardíaca?
6) Qual a freqüência de ocorrência da palpitação (diária , semanal,
eventual)?
7) Quanto tempo dura uma crise? Melhora espontaneamente?
8) Especificar fatores precipitantes e de melhora.
9) Uso pregresso de anfetaminas ou cocaína?
10) Passado de doença tireoidiana?
11) As palpitações se associação ao uso exagerado de tabaco,
cafeína ou álcool?
12) Usa drogas como aminofilina, IMAO, hormônios tireoidianos?
Palpitação
A arritmia cardíaca pode ocorrer de forma assintomática,
detectada por monitorização cardíaca e sem manifestações
clínicas. A sintomatologia de palpitação por sua vez também
não significa que há alteração do ritmo cardíaco. Algumas
manifestações são mais características no entanto:
– Na extrassistolia o paciente descreve a sensação de que o
coração falha, ou pára, correspondendo ao período de
pausa compensatória.
– Taquicardias paroxísticas tem inicio e fim súbitos e o
paciente refere o aceleração do coração. Não há fator
desencadeante identificável geralmente, não havendo
relação com esforço. A sensação de batimentos no pescoço
é característico da taquicardia paroxística supraventricular
por reentrada AV nodal. A parada da palpitação após
manobras de estimulo vagal ( indução do vômito, prender a
respiração. . .) também é sugestiva de taquicardia
paroxística.
Palpitação
Sensação de irregularidade do ritmo com freqüência muito alta,
desencadeada após esforço não muito intenso para causar
cansaço, ou iniciada subitamente após excesso de uso bebida
alcoolica sugerem fibrilação atrial.
Palpitações em FC menor que 140 bpm e regulares sugerem
taquicardia sinusal. Se a freqüência cardíaca for próxima do
normal a crise ansiosa é um diagnóstico a ser considerado.
Síncope associada a palpitação é de prognóstico grave e
sugere arritmia ventricular. Bradiarritmias também se
acompanham de síncope.
O registro eletrocardiográfico no momento da crise é
fundamental para diagnóstico definitivo. O diagnóstico pode
ser complementado pela utilização do holter ou pela
monitorização de eventos.
Síncope
A perda da consciência é normalmente resultado de
baixa perfusão cerebral. A história clínica é
fundamental para o diagnóstico diferencial da
síncope.
A síncope pode ser classificada em sua etiologia
como sendo cardíaca ou não cardíaca. Dependendo
do estudo a causa cardíaca tem incidência de 10 a
40% dos casos de síncope. Vale ressaltar que quase
50% dos casos a etiologia da síncope não pode ser
comprovada, apesar de exaustiva pesquisa clínica.
Síncope
Uma exaustiva anamnese é pedra fundamental no
diagnóstico da síncope. O interrogatório deve incluir
as circunstâncias que precipitaram o episódio
sincopal, sendo fundamental o relato de
testemunhas do evento. Sintomas como palpitações,
náuseas, delírios, sudorese intensa e visão turva
devem sempre ser pesquisados. A história do uso de
drogas deve ser correlacionado quanto a possíveis
efeitos iatrogênicos.
A síncope que ocorre com sintomas súbitos de
perda inesperada da consciência e que se repetem
com freqüência sugerem arritmias ou alterações
neurológicas (tipo pequeno mal epilético).
Síncope
Sintomas de aparecimento mais gradual, sugerem
síncope neurocardiogência (vasovagal),
hiperventilação ou mais raramente hipoglicemia.
A síncope de origem cardíaca é súbita, sem
associação com aura, convulsões, liberação
esfincteriana ou estados pós ictais, típicos da perda
de consciência associada a estados neurológicos.
– A síncope associada a estenose aórtica é
geralmente associada ao esforço.
– A síncope na miocardiopatia hipertrófica pode ter
história familiar associada e pode estar associada
a esforço, movimentação súbita para posição de
pé ou permanecer de pé por longos períodos.
Síncope
A consciência retorna rapidamente na
síncope cardíaca, enquanto ocorre uma
demora maior nas síncopes de origem
neurológica.
Pacientes com síncope de origem em
distúrbios emocionais raramente apresentam
traumas de queda, ao contrário da síncope
associada a convulsão onde esta quase
sempre está presente.
Síncope
Para o diagnóstico diferencial entre síncope
neurocardiogênica (vasovagal) e arritmias
graves devem ser observados alguns
fatores:
– Estão mais associados a síncope por
arritmia: sexo masculino, idade > 55 anos,
episódio único ou apenas 2 episódios,
duração <5 segundos de perda de
consciência.
– Fatores associados a síncope
neurocardiogênica são: palpitações,
alterações visuais, náuseas, sudorese e
outros sintomas pré sincopais.
Cianose
A cianose é a coloração azulada da pele e
mucosas, resultado do excesso de
concentração de hemoglobina reduzida. É
mais bem observada por um membro da
família que pelo próprio paciente.
Existem 2 tipos de cianose:
– Cianose central - resulta de shunts direitaesquerda ou por deficiência da função
pulmonar.
– Cianose periférica - resulta de
vasoconstricção secundária a baixo débito
ou exposição ao frio.
Cianose
Cianose em uma única extremidade indica
obstrução arterio-venosa naquele membro.
Cianose localizada nas mãos se relaciona
com o fenômeno de Raynaud.
A cianose central relacionada com doença
cardíaca congênita aparece e piora com o
exercício, enquanto a cianose periférica do
baixo débito acontece desde o repouso e
piora apenas discretamente com o esforço.
Cianose
A cianose central aparece em geral após
uma concentração mínima de 4mg/dL de Hb
reduzida ou SO2 de 85% (pessoas de pele
pigmentada essa dessaturação tende a ser
necessariamente maior para que seja notada
pelo paciente).
Cianose restrita ao período neonatal fala a
favor mais comumente em doença pulmonar
parenquimatosa e depressão do sistema
nervoso central. No entanto pode ocorrer
shunts direita esquerda transitórios nos
defeitos do septo atrial.
Cianose
Cianose que se inicia ao primeiro mês até 3
meses fala a favor de fechamento de um
canal arterial patente em portador de
tetralogia de Fallot.
Cianose que surge após os 6 meses fala a
favor de alteração do fluxo pulmonar em
pacientes com defeito do septo ventricular.
Cianose
Pacientes portadores de doenças congênitas
e que desenvolvem cianose a partir dos 5
anos ou mais sugerem a presença da
Síndrome de Eisenmenger (inversão direitaesquerda do shunt).
A cianose secundária a fístula arteriovenosa
pulmonar costuma aparecer na infância.
Diagnóstico diferencial:
Metahemoglobinemia (raro).
EXAME FÍSICO
ROTEIRO
Pulso radial
Pulsos periféricos
Pulso venoso
Turgência jugular
Pressão arterial
Veias periféricas
Precórdio (exame do coração)
PULSO
Impacto do sangue contra a parede
arterial produzido pela contração
ventricular
PULSO RADIAL
Características semiológicas
Freqüência: 60-100 bpm. Na presença de alterações do ritmo
cardíaco, a freqüência será mais precisamente determinada,
aumentando-se o tempo de observação.
Ritmo: regular / irregular
Amplitude: grau de enchimento na sístole; normal, aumentada ou
reduzida
Tipos de onda (formato): normal, bisferiens, bífido, dicrótico;
devem ser pesquisados em pulsos proximais, como o pulso
carotídeo
Simetria: amplitude em comparação ao contralateral
PULSOS PERIFÉRICOS
Avaliar (comparando as artérias homólogas):
– presença ou ausência
– amplitude (+/++++)
Examinar os pulsos:
– Carotídeo
– Temporal
– Axilar
– Braquial
– Femoral
– Poplíteo
– Pedioso
– Tibial posterior
PULSO VENOSO
Pelo fato do sistema venoso estar submetido a um
regime de pressão muito menor, comparado ao sistema
arterial, a sua avaliação é realizada quase que
exclusivamente através da inspeção. Significa dizer que
o pulso venoso é visível, mas, na enorme maioria das
vezes, não é palpável
Também decorrente dessa característica é o fato de se
perceber o pulso venoso apenas próximo ao coração,
na região cervical
Além de não ser palpável, o pulso venoso pode
diferenciar-se de um pulso arterial por apresentar, em
cada ciclo cardíaco, mais de uma oscilação visível à
inspeção, enquanto apenas uma é identificada no pulso
arterial
PULSO VENOSO
A altura em que se observa o pulso, no pescoço,
guarda relação direta com o valor da pressão;
quanto maior a pressão, mais elevado o nível de
pulsação venosa, aproximando-se da mandíbula
Deve-se colocar o paciente em posição confortável,
com a cabeça relaxada e voltada para o lado E. O uso
de iluminação tangencial ao pescoço pode melhorar a
percepção do pulso venoso. A cama do paciente deve
ser colocada numa inclinação que permita perceber a
pulsação venosa (ângulo de 45o)
TURGÊNCIA JUGULAR
É o enchimento persistente das veias
jugulares quando se adota a posição
semi-sentada (45°) ou sentada
Traduz hipertensão venosa
PRECÓRDIO
Inspeção
Palpação
Percussão – valor limitado
Ausculta
Precórdio
Localização: 2º EICE, linha paraesternal
E, 2º EICD, linha paraesternal D,
apêndice xifóide e ictus cordis
PRECÓRDIO
Inspeção e Palpação
Pesquisa-se:
Abaulamentos (aneurisma /cardiomegalia)
Ictus Cordis (choque da ponta)
Batimentos ou movimentos visíveis e/ou
palpáveis
Frêmito cardiovascular
ICTUS CORDIS
impulso apical ou choque da ponta → traduz o contato da
porção anterior do VE com a parede torácica, durante a
fase de contração isovolumétrica, do ciclo cardíaco
O ictus pode ser percebido em cerca de 25% dos
pacientes
Pode ser observado com o paciente em posição supina,
em decúbito dorsal ou lateral esquerdo.
O decúbito lateral esquerdo aproxima o coração da
parede torácica, tornando as características do ictus
cordis mais pronunciadas, sendo, portanto, um recurso
importante com aqueles pacientes com os quais não é
possível observação ou palpação em decúbito dorsal.
ICTUS CORDIS
Independentemente da posição em que se
pesquisa o ictus, o médico deve colocar-se à
direita do paciente, olhando para o local onde
ele é mais comumente detectado, tendo-se o
cuidado de procurar condições ideais de
iluminação
ICTUS CORDIS
Características
Localização (varia com o biótipo)
Extensão
Intensidade
Mobilidade
Freqüência
ICTUS CORDIS
Localização:
decúbito dorsal - pode ser percebido no 4º
ou no 5º espaço intercostal esquerdo, na
linha hemiclavicular ou medialmente à
mesma
decúbito lateral esquerdo - pode sofrer um
deslocamento de cerca de 2 cm,
lateralmente, em direção à axila
ICTUS CORDIS
Localização:
A ausência de mobilidade do ictus, em direção à
axila, quando o paciente é posicionado em
decúbito lateral esquerdo, pode sugerir
pericardite constrictiva
Dificuldade de localização - doenças pulmonares,
como o enfisema pulmonar (hiperexpansão do
tórax e interposição de tecido pulmonar entre o
coração e a parede torácica).
ICTUS CORDIS
Extensão:
2 polpas digitais (cerca de 2 a 2,5 cm), ocupando,
no máximo, um ou dois espaços intercostais.
Trata-se, também, de uma característica que
sofre influência postural. Ao assumir o DLE, a
extensão pode aumentar para cerca de 3 polpas
digitais ou 3 a 3,5 cm, devido à maior
proximidade do VE em relação à parede torácica
Aumento da extensão do ictus - miocardiopatia
dilatada ou cardiopatia chagásica crônica (a
localização precisa pode ser impossível)
ICTUS CORDIS
ICTUS CORDIS
Intensidade – impulsividade aumentada ou
diminuída:
Ausente - 30%
Normal
Forte: magros, emoções, exercício,
hipertireoidismo
Vigoroso: HVE
ICTUS CORDIS
Mobilidade:
Normal: 1 - 2 cm com as mudanças de
decúbito
ICTUS CORDIS
Em resumo, a avaliação do ictus é de suma
importância na semiotécnica cardiológica,
pois é a única abordagem do exame físico que
oferece informações sobre a presença de
cardiomegalia. A identificação de um ictus
cordis, deslocado para a esquerda, rebaixado,
estendendo-se por três ou mais espaços
intercostais e com duração prolongada é o
indicativo de um processo fisiopatológico,
determinante de cardiomegalia
Frêmito Cardiovascular
É a sensação tátil das vibrações
produzidas no coração ou nos vasos.
Correspondem aos sopros (frêmito
catário).
Características:
Localização (focos)
Situação no ciclo cardíaco (S/D)
Intensidade (+ a ++++)
Ausculta Cardíaca
Normas:
Ambiente silencioso e posição confortável
Paciente em decúbito dorsal com o tórax
descoberto, médico à direita. Variações: sentado
inclinado para frente (base) / DLE (mitral) / em pé
debruçado (hipofonese/base)
Instruir o paciente em linguagem clara
Usar estetoscópio do tipo membrana-campânula:
Membrana - sons de alta freqüência
Campânula - B3 / B4 / ruflar (baixa freqüência)
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