SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR VISÃO DO MÉDICO

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SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR
VISÃO DO MÉDICO
Letícia Weiss
letiweiss@gmail. com
SEMIOLOGIA
Vem do grego σημειολογία:
Semeîon = sinal
+ lógos = tratado, estudo
Semiologia:
9 História clínica
9 Exame físico
Semiologia:
9 Base do diagnóstico
9 Ajuda a definir e direcionar os
próximos passos em uma investigação
Semiologia:
9 Definição da probabilidade pré-teste
9 Permite o estabelecimento do
diagnóstico clínico em 74% a 90% dos
casos
Doença atual
Importante estabelecer a cronologia
Determinar
¾ Freqüência
¾ Intensidade
¾ Relação com Esforços
¾ Duração de todos os sintomas
Sintomas Comuns
Tosse
™ Comumente sintoma pulmonar
™ Estímulo central (psicogênica); estímulo inflamatório (edema,
secreção)
™ Doenças cardíacas que causam alterações pulmonares
- hipertensão pulmonar
™ Medicações cardiovasculares: i-ECA
™ Quando cardiológica: seca
Sintomas Comuns
Palpitação
Normalmente não sentimos o coração bater
Sintoma comum e pouco específico, relacionado a regularidade
e/ou intensidade do batimento
aumento da freqüência (ansiedade, catecolaminas)
extra-sístoles: batimentos prematuros ventriculares
arritmias
Sintomas Comuns
Palpitação
Coração disparado, batedeira, falha no coração
Investigar quando se inicia, duração, intensidade
Geralmente não são relacionadas a alterações graves de ritmo
Mais importante quando acordam o paciente e são duradouras
Sintomas Comuns
Síncope e pré-síncope
™ Sintoma secundário a redução intensa e abrupta do fluxo
sanguíneo cerebral
™ Perda súbita e temporária da consciência e tônus muscular
™ História clínica tem papel fundamental
™ Verificar sintomas precedentes ou premonitórios
Sintomas Comuns
Síncope e pré-síncope
Causa cardíaca:
™ bradi e taquicardia: história de palpitação pré sintoma
™ hipotensão postural
™ hipotensão por medicamentos
™ Afastar causa neurológica/ metabólica/ intoxicações
Sintomas Comuns
Retenção de líquido/ Edema
Não é específico, mas pode refletir disfunção cardíaca
Generalizado X Localizado
edema periférico (estase venosa, varicose, trombose
venosa)
edema generalizado (ICC, nefropatia, hepatopatia)
ganho de peso
dor abdominal: aumento fígado e baço
Sintomas Comuns
Dispnéia
Sensação de desconforto ao respirar ou dificuldade
Desencadeada por vários mecanismos fisiológicos
Cardíaco: aumento da pressão capilar pulmonar e
extravazamento de líquido
Sintomas Comuns
Dispnéia
Não é sintoma específico de doença cardíaca
Dispnéia ao exercício: doenças pulmonares, anemia
Ortopnéia e Dispnéia paroxística noturna: aumento
da pressão capilar pulmonar
Dispnéia no repouso: doenças pulmonares graves
DPN X ortopnéia
Início súbito: TEP, pneumotórax e Edema Pulmonar
Sintomas Comuns
Dispnéia
Queixa comum de diversas patologias cardiovasculares
4 tipos:
dispnéia relacionada ao esforço
dispnéia paroxística noturna
ortopnéia
dispnéia em repouso
Gravidade da doença
Classificação subjetiva da New York Heart Association para
Insuficiência Cardíaca:
Classe I
Pacientes sem limitações da atividade física. Atividade
física habitual não causa dispnéia, fadiga, palpitações
ou angina.
Classe II
Pacientes com limitação leve da atividade física.
Assintomáticos em repouso. Atividade física habitual
resulta em dispnéia, fadiga, palpitações ou angina.
Classe III
Classe IV
Pacientes com marcada limitação da atividade física.
Apesar de assintomáticos durante o repouso,
atividades mais leves que as habituais provocam
dispnéia, fadiga, palpitações ou angina.
Pacientes incapazes de exercer qualquer atividade
física. Sintomas de insuficiência cardíaca estão
presentes mesmo em repouso. Se qualquer atividade
física é empreendida, o desconforto aumenta.
Dor torácica:
Sintoma comum, mas não específico
Característica:
™ localização
™ qualidade
™ duração
™ fator desencadeante
™ fator de alívio
Diagnóstico diferencial de dor torácica
Causas cardiovasculares
Origem isquêmica
Angina pectoris - DAC
Origem não isquêmica
Dissecção de aorta
Pericardite
Prolapso de válvula mitral
Estenose aórtica
Miocardiopatia hipertrófica
Hipertensão arterial grave
Hipertensão grave de ventrículo direito
Insuficiência aórtica
Anemia / hipóxia
Diagnóstico diferencial de dor torácica
Doenças esofágicas
Espasmo esofágico
Refluxo esofágico
Úlcera péptica
Causas
neuromusculoesqueléticas
Doença degenerativa da coluna
cervical/torácica
Costocondrite (síndrome de Tietze)
Herpes zoster
Dor de parede torácica
Diagnóstico diferencial de dor torácica
Causas pulmonares
Embolia pulmonar / infarto pulmonar
Pneumotórax
Pneumonia com envolvimento pleural
Causas psicogênicas
Ansiedade
Depressão
Ganho secundário
Diagnóstico diferencial da dor
torácica de acordo com suas
características: doença coronariana
Sintomas Comuns
Dor torácica:
Característica:
9 localização: peito
9 qualidade: aperto
9 duração: minutos
9 fator desencadeante: esforço
9 fator de alívio: repouso ou nitrato
Probabilidades de doença aterosclerótica coronariana em pacientes
sintomáticos de acordo com a idade e sexo.
Idade
Dor não anginosa (%)
Angina atípica (%)
Angina típica (%)
Homens Mulheres
Homens Mulheres
Homens Mulheres
30 – 39
4
2
34
12
76
26
40 - 49
13
3
51
22
87
55
50 - 59
20
7
65
31
93
73
60 - 69
27
14
72
51
94
86
Classificação da gravidade da angina pela
Sociedade Cardiovascular Canadense.
Classe
Nível de sintomas
Classe I
Atividade física usual não provoca angina;
Angina apenas com atividade física intensa prolongada ou rápida;
Classe II
Pequena limitação com atividade física usual;
Angina ao caminhar ou subir degraus rapidamente, em dias muito frios,
logo após uma refeição pesada, durante estresse emocional;
Classe III
Marcada limitação com atividade física usual;
Angina ao caminhar uma a duas quadras no plano ou subir um lance de
escadas em condições normais
Classe IV
Inabilidade de fazer qualquer atividade física sem desconforto ou
apresentar angina em repouso
Dor torácica (no momento)
Importante estabelecer concomitantemente:
¾ Tempo de início e característica
¾ Intensidade
¾ Sintomas associados
¾ Fatores de risco associados, se presentes
Fatores de Risco
Fatores de Risco
¾ Hipertensão
¾ Diabetes
¾ Dislipidemia
¾ Tabagismo
¾ História familiar
Hipertensão
• Doença cardiovascular sem sintomas
• Fator de risco potente para todas as formas de doença
cardiovascular aterosclerótica
• Fator de risco dominante para acidente vascular cerebral
• Relação entre os níveis de pressão, mesmo em níveis mais
baixos, e a incidência de eventos cardiovasculares
• Reduzir a PA implica menor incidência de IAM, AVC e óbito
cardiovascular;
• A pressão sistólica tende a aumentar com a idade;
Níveis de PA e risco de mortalidade pela idade
Diabetes
• Pacientes com diabetes 1 e 2 possuem risco aumentado
de DCV
• Risco 2x maior em homens e 4x maior em mulheres
• Normalmente possuem outras alterações metabólicas
como aumento de triglicerídios e redução de HDL
• A redução dos níveis glicêmicos diminui o risco de eventos
cardiovasculares
Dislipidemia
• Não causa muitos sintomas
• Aumento dos níveis de LDL aumenta o risco de
eventos cardiovasculares
• Redução de HDL aumenta o risco de eventos
cardiovasculares
Risco de Eventos Cardiovasculares e Níveis
de Colesterol LDL
25
20
Post-CABG-M
Eventos CV 15
em 5 a(%)
10
Post-CABG-A
4S-C
4S-T
CARE-T
CARE-C
5
155
174
193
212
Colesterol total (mg/dL)
232
251
271
Tabagismo
• Um dos maiores fatores de risco para cardiopatia
isquêmica, acidente vascular cerebral e hipertensão
• Risco 4x aumentado: relacionado com a dose
• Se parar de fumar: risco igual a não fumantes em 2
anos
Risco para Doença cardiovascular
2
1
<10
10-20
20-40
Cigarros/dia
>40
História familiar
História não apenas de doença aterosclerótica
pais e irmãos
homens 55 anos e mulheres 60
História de cardiopatia congênita
Fatores de risco dependentes do estilo de vida
‹
Obesidade ( IMC ≥ 30 )
z
‹
‹
‹
Gordura abdominal
Sedentarismo
Dieta rica em colesterol e gorduras
Stress psico-social
JAMA 2001;285:2486-2497
INTERHEART. CONGRESSO EUROPEU 2004
OBESIDADE CENTRAL: FATOR DE RISCO
Fatores Protetores
™
Atividade física regular
™
Ingesta frutas e verduras (dieta DASH)
™
Consumo moderado de álcool
Resultados: Capacidade Funcional e Outros
Fatores de Risco Cardiovasculares
N Engl J Med 202; 346: 793 - 801
Vinho e o Coração
™
Ingestão alcoólica moderada
(1 a 2 doses/dia) está associada com ↓ do risco de DAC
‹
™
↑ HDL 12%
Não há evidência segura que o vinho seja melhor que outros
tipos de álcool
‹
™
Efeitos benéficos do suco de uva
Considerar os efeitos devastadores do alcoolismo
Circulation 2001;103:472-75. 2001
Epidemiologia dos Fatores de Risco
Tradicionais - RS
%
Gus et al. Arq Bras Cardiol 2002;78:478
História médica pregressa
Doenças crônicas
Cirurgias
Internações hospitalares
História de febre reumática
Medicações em uso / passada
Exame Físico
Exame físico
• Inspeção/ Palpação/ Ausculta
• Menos exuberante do que a anamnese para
diagnóstico dos pacientes com cardiopatia isquêmica
• Valor crítico em pacientes com doença congênita e
valvular
Inspeção:
Cianose
Coloração azulada da pele e mucosas
Central ou periférica
Aumento da quantidade de hemoglobina reduzida ou hemoglobinas
anormais
Cianose periférca: vasoconstricção cutânea (baixo débito, frio,
vasculite)
Cianose central: doenças pulmonares, cardiopatia congênita
INSPEÇÃO: Pressão venosa jugular
Edema
Edema bilateral e com mesma altura
Edema:
+/4 → edema restrito aos pé
++/4 → edema até o tornozelo
+++/4 → edema até os joelhos
++++/4 → edema acima dos joelhos
PALPAÇÃO:
Pulsos periféricos
3 exames:
freqüência e ritmo cardíaco
características do pulso
se ausência de pulso
Inspeção + Palpação:
Perfusão periférica
Exame do leito vascular das extremidades
Avaliação da coloração, temperatura e grau de enchimento
Enchimento é avaliado com a compressão da polpa do dígito:
liberação da compressão com leito normal em 2 a 3 segundos
Inspeção + Palpação:
Perfusão periférica
Diagnóstico de patologias do sistema cardíaco e vascular
- TVP
- Oclusão vascular aguda
- Vasculopatia diabética
- Choque cardiogênco
Palpação do tórax
Íctus
Bordo paraesternal
Ausculta respiratória
Ausculta respiratória
- Murmúrio vesicular: derrames pleurais
DPOC
- Ruídos adventícios:
Sibilos (asma)
Roncos (infecções)
Creptantes
Ausculta respiratória
Sinais de congestão pulmonar
estertores creptantes finos
Um pouco de anatomia....
Revisando a anatomia
Ausculta cardíaca
9 Ritmo: regular e irregular
9 Bulhas
9 Sopros
Focos para ausculta
Focos para ausculta
Posicionamento para melhor ausculta
Área mitral
Área aórtica
Ciclo cardíaco
Coração: bomba que gera pressões variáveis enquanto se contraem
e relaxam
Sístole: período de contração dos ventrículos
Diástole: período de relaxamento ventricular
Durante a diástole: a pressão do átrio esquerdo cheio de
sangue é discretamente maior do que a do ventrículo esquerdo
relaxado
Sangue flui do átrio para o ventrículo
através da válvula mitral aberta
Durante a sístole: o ventrículo começa a se contrair e a pressão
ventricular ultrapassa a pressão atrial
Fechamento da válvula mitral
A medida que a pressão ventricular sobe, acaba
ultrapassando a pressão aórtica, mantendo aberta a
válvula aórtica
Quando o ventrículo ejeta a maior parte do seu sangue, a sua
pressão começa a cair para níveis inferiores à pressão aórtica
Fechamento da válvula aórtica
Ritmo e freqüência
Normal: 50 – 100 bpm
taquicardia: aumento dos níveis de catecolaminas
bradicardia: aumento do tônus vagal
Regular
se irregular, checar o ritmo na ausculta cardíaca
Bulhas cardíacas
B1: fechamento da válvula mitral
Normal
B2: fechamento da válvula aórtica
B3: enchimento rápido do ventrículo durante a diástole
B4: contração atrial (enchimento de ventrículo hipertrofiado)
Adultos
Não
fisiológico
Sopros
• Sons cardíacos de maior duração
• São causados pelo fluxo cardíaco turbulento
• Em adultos são usualmente patológicos
• Podem ser sistólicos, diastólicos ou contínuos
• Quando de grande intensidade produzem frêmito na parede torácica
Ritmo e freqüência
Normal: 50 – 100 bpm
taquicardia: aumento dos níveis de catecolaminas
bradicardia: aumento do tônus vagal
Regular
se irregular, checar o ritmo na ausculta cardíaca
Pressão arterial
1. Paciente sentado, braço apoiado, fossa cubital na altura do coração
2. Palpar a artéria braquial: colocar o diafragma do estetoscópio em cima
ou na fossa cubital
3. A borda inferior do manguito há 2,5cm da fossa cubital
4. Sons de Korotkoff: definem a pressão sistólica e diastólica
5. Medir pela primeira vez nos dois braços
Hipotensão postural
Medir a PA com paciente sentado
Pedir para o paciente se levantar: esperar 3 min
medir a PA em pé
SE
queda de 20 mmHg na sistólica
ou queda de 10 mmHg na diastólica
Classificação da PA
Classificação
PAS
PAD
Ótima
< 120
< 80
Normal
< 130
< 85
Limítrofe
130 -139
85 - 89
Hipertensão
Estágio 1
140 – 159
90 - 99
Hipertensão
Estágio 2
160 - 179
100 - 109
Hipertensão
Estágio 3
≥ 180
≥ 110
CASO 1
JC, 60 anos, masculino. Paciente encaminhado do Posto de Saúde por
apresentar dor retroesternal em aperto, desencadeada por esforço físico
moderado, com duração de 10 a 15 min. e alívio com repouso. Tabagista
desde os 15 anos de idade, hipertenso em tratamento irregular há mais
de 6 anos.
Exame Físico:
PA 150/90 mmHg; FC 80 bpm; Peso 90kg; Altura 1,70m; IMC 31
Exame de sistemas com presença de B4 na ausculta cardíaca, sem
outros achados.
CASO 2
MS, 45 anos, feminina. Paciente em acompanhamento com
ginecologista para tratamento de menopausa. Queixa de dor
precordial em aperto, durante atividades domésticas mais rigorosas
e ao estresse, com duração de 5 min. e alívio ao repouso. Desde sua
última gestação trata HAS.
Exame físico
PA 140/80 mmHg, FC 90 bpm, Peso: 65kg; Altura: 1,50m; IMC 28
Exame de sistemas sem alterações
CASO 3
AP, 35 anos, feminina. Procura atendimento por apresentar dor
retroesternal em aperto, com irradiação para pescoço, com duração
de 4h, sem fator desencadeante, ocorrida principalmente ao deitar.
Ao ser questionada, refere pirose como sintoma freqüente. Nega
patologias crônicas.
Exame físico
PA 110/84; FC 56; Peso 58kg; Altura 1,60m; IMC 22.
Exame de sistemas sem alterações.
Caso 4
Paciente masculino, 56 anos, dispnéia progressiva nos há 5 anos,
mas com piora há 3 meses. Atualmente com dispnéia para tomar
banho. Dorme com 3 travesseiros e chega acordar durante a noite
com falta de ar. Refere ganho de peso de 10 kg nos últimos 2
meses e que seus pés estão muito inchados. Nega patologias
crônicas
Ao exame:
PA 150/90 FC 82
Resp: murmúrio distribuído uniformemente, estertores creptantes
em 2/3 inferiores dos pulmões
Card: ritmo regular, B1 + B2 + B3, sopro
Extr.: edema MsIs 4+/4+
SEMIOLOGIA CARDIOVASCULAR
OBRIGADO!
Letícia Weiss
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