CUSTO DE CAPITAL Conceito: é o retorno mínimo exigido de um novo investimento; é a taxa de retorno que uma empresa deve pagar aos investidores a fim de induzi-los a comprar ações, debêntures e outros papéis que a empresa possa emitir, conforme legislação vigente. O retorno exigido pelos investidores, no caso capital próprio, ou pelos intermediários financeiros, no caso de capital de terceiros, determina o custo de capital da empresa. Percebe-se aqui que as origens de recursos – próprias e/ou de terceiros – terão que ser remuneradas através das aplicações de recursos no ativo da empresa, possibilitando assim esse retorno mínimo. Qualquer resultado que cubra a geração de recursos capaz de remunerar o custo de capital, gerará uma riqueza adicionada a empresa. CUSTO DE CAPITAL Custo de capital próprio É o retorno exigido pelos proprietários da empresa em relação ao investimento por eles efetuados. Custo de capital de terceiros É o retorno exigido pelos credores de dívida de uma empresa. Custo de capital de terceiros Kt = custo de capital de terceiros J = juros Ct = capital de terceiros ir = alíquota do imposto de renda Exemplo: Uma empresa paga juros, R$ 200.000,00 ao ano, sobre um empréstimo de R$ 1.000.000,00. Calcule o seu custo de capital de terceiros, sabendo-se que o IR é de 25%. Fundamentos da teoria do custo de capital A teoria se fundamenta no conceito do custo de risco e retorno, separando o risco em duas categorias: Risco de Negócio e Risco Financeiro. Risco de Negócio: é o risco que a empresa incorre de não gerar receitas suficientes para cobrir custos operacionais. Risco Financeiro: é o risco que a empresa incorre por utilizar capital de terceiros. O custo de capital pode ser calculado pela seguinte fórmula: Kflp = ( Klr + prn + prf) x ( 1 – IR ) , onde Kflp = custo de capital de uma fonte de financiamento de longo prazo Klr = custo de um título livre de risco prn = prêmio de risco de negócio prf = prêmio de risco financeiro IR = imposto de renda (alíquota) Exemplo: Uma empresa emite sistematicamente debêntures para se financiar. Em dada ocasião o custo das debêntures foi de 25% a a. A SELIC (juros de papeis do governo), utilizada como taxa livre de riscos foi de 18% a a. O prêmio do risco foi de 3% a.a. e o prêmio do risco financeiro foi de 4% a.a. Calcule o custo dessas debêntures, sabendo que a alíquota do IR foi de 35%. Custo de capital próprio (ação preferencial) Kp = custo de capital próprio d = dividendo Cp = capital próprio Exemplo: Uma empresa pagará um dividendo anual de R$ 8,2, cuja ação estava cotada a R$ 95,23. Calcule o custo dessa ação. Capital asset pricing model ( CAPM ) – MODELO DE FORMAÇÃO DE PREÇOS DE ATIVOS A moderna teoria de finanças tem estudado como otimizar retorno de um investimento (ação ou carteiras de ações). Esse retorno esperado depende de vários fatores, que chamamos de risco. Risco de Mercado: climáticos, políticos, comportamento macroeconômico etc. Risco do Negócio: risco do projeto de investimento. O administrador financeiro tem maior ingerência nos riscos especificamente relacionados aos projetos, podendo deixar de investir no ativo X investir em outro ativo ou diversificar o investimento. A esse tipo de risco chamamos de diversificável. Por outro lado, existem riscos aos quais todo e qualquer ativo está submetido, que é o risco de mercado, aquele do qual não se pode fugir. Chamamos de risco não diversificável. O modelo da linha de mercado de títulos - SML – Security Market Line Como mencionado anteriormente, a taxa requerida de retorno de um ativo consiste na taxa livre de risco mais um prêmio pelo risco. No modelo, o prêmio pelo risco consiste no retorno médio de mercado (a exemplo Índice BOVESPA) deduzido da taxa livre de risco (taxa de títulos federais), multiplicado por um fator chamado beta. O beta mensura o índice do risco não diversificável de um dado título (ação Petrobrás ou da Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo), cujo cálculo será apresentado mais adiante. BETA (B) = RISCO SISTEMÁTICO (Não diversificável). Quanto maior o Beta, maior o risco sistemático. Capital asset pricing model ( CAPM ) – MODELO DE FORMAÇÃO DE PREÇOS DE ATIVOS • O prêmio por risco de uma ação tem duas partes: – O prêmio por risco do mercado, ou seja, o retorno exigido ao se aplicar em qualquer ativo com risco, em lugar de aplicar à taxa livre de risco. – Beta, medida de risco relativa mede a sensibilidade de um ativo em relação aos movimentos do mercado. Capital asset pricing model ( CAPM ) – MODELO DE FORMAÇÃO DE PREÇOS DE ATIVOS Taxa de retorno do ativo livre do risco A Taxa de retorno livre do risco é aquela cujo retorno esperado seria igual ao retorno efetivo, ou seja, aquela em que não há variância no retorno. Embora teoricamente não seja mais correto afirmar, é como se fosse a taxa mínima de retorno para um ativo sem risco. Poupança e CDI são exemplos clássicos de taxa de retorno livre do risco no Brasil. Nos EUA, é o título do tesouro o parâmetro utilizado. Taxa de retorno do mercado É a taxa de retorno auferida, na média, pelo mercado. No Brasil, pode-se considerar o IBOVESPA como parâmetro. Assim, para a definição de qual o retorno esperado em um investimento, utiliza-se a seguinte fórmula (GITMAN, 2002): ki = RF + [bi x (km – RF)], onde: ki = retorno esperado ou exigido de um ativo RF = taxa de retorno livre de risco bi = beta de um ativo ou carteira km = retorno esperado da carteira de mercado Exemplo Calcule o retorno exigido da Federal Express, supondo que tenha beta igual a 1,25, a taxa de letras do Tesouro dos Estados Unidos seja de 5% e o retorno esperado do índice S&P 500 seja igual a 15%. ki = 5% + 1,25 [15% – 5%] ki = 17,5% Risco de uma carteira: ki % SML Graficamente 17,5% 15% Prêmio por risco do ativo (12,5%) Prêmio por risco do mercado (10%) RF = 5% 1 10 1,25 bi Custo médio ponderado de capital (wacc) Toda empresa tem um custo de capital (WACC). Ele é o resultado, em geral, dos custos financeiros exigidos pelos credores nas dívidas com terceiros (empréstimos/financiamentos) e nas dívidas para com os acionistas/sócios (patrimônio líquido). Recursos com Terceiros – Custo pelo aluguel do dinheiro (Juros); Recursos Próprios - Custo pelo aporte de capital/reservas/lucros (Juros s/capital próprio e Dividendos). Custo médio ponderado de capital (wacc) É a média ponderada entre o custo de capital próprio e o custo de capital de terceiros depois do imposto de renda. A ponderação se dá pela participação de cada capital, o próprio e o de terceiros. Na literatura o Custo de Capital da empresa é conhecido como Custo Médio Ponderado de Capital (Weighted Average Costing of Capital – WACC), já que a maioria das empresas trabalham com essas duas fontes de capital. Em resumo e numa visão didática, se não houvesse efeitos da tributação do imposto de renda e os capitais tivessem a mesma participação, o custo médio seria dado por: K = custo de capital J = juros d = dividendos Ct = capital de terceiros Cp = capital próprio De uma forma mais refinada, considerando o efeito dos tributos sobre o lucro e a estrutura de capitais da empresa, o custo médio ponderado deve ser calculado pela fórmula a seguir: Cálculo do WACC – média ponderada dos custos financeiros com as participações dos recursos. WACC = (wp x Kp) + (ws x Ks) + (wd x Kd), onde: wp, ws, wd = participações dos recursos; Kp, Ks, Kd = custo dos recursos. Exemplo: Considere que uma empresa tem a seguinte estrutura de capitais: $ 100.000,00 de capital próprio e $ 200.000,00 de capital de terceiros. Calcule o custo médio ponderado de capital dessa empresa, sabendo que o custo do capital próprio é 10% e o custo do capital de terceiros é 12% ao ano. A taxa de tributos sobre o lucro é de 30%.