Esquizofrenia e Outros distúrbios psicóticos

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Esquizofrenia e Outros
Distúrbios Psicóticos
Esquizofrenia e Outros distúrbios psicóticos
 O termo esquizofrenia foi criado em 1908 pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler. A
palavra derivava do grego "skhiz" (dividida) e "fren" (mente) (Birchwood et a/.,
1989).
 Embora a controvérsia persista, dois fatores gerais parecem estar tendo aceitação
entre os clínicos. O primeiro é que a esquizofrenia provavelmente não é uma
entidade clínica homogênea, com uma causa única, mas decorre de uma
combinação variável de predisposição genética, disfunção bioquímica, fatores
fisiológicos e estresse psicossocial. O segundo fator é que ainda não há e
provavelmente nunca vai haver um tratamento único que efetue a cura do distúrbio.
O tratamento eficaz requer, em vez disso, um esforço multidisciplinar abrangente,
incluindo a psicoterapia e diversos tipos de cuidado psicossocial, como o
treinamento de capacidades de vida e sociais, reabilitação e terapia de família.
 De todas as doenças mentais responsáveis pelo sofrimento na sociedade, a
esquizofrenia provavelmente cause as hospitalizações mais demoradas, maior caos
na vida familiar, um custo mais exorbitante para indivíduos e governos e mais
medos que qualquer outra. Por ser uma ameaça tão grande à vida e à felicidade e
porque suas causas são um enigma não resolvido, ela tem sido mais estudada que
qualquer outro distúrbio mental.
Natureza do Distúrbio
Talvez nenhum distúrbio psicofisiológico seja mais incapacitante que a esquizofrenia.
Os distúrbios dos processos de pensamento, percepção e afeto acarretam
característica e invariavelmente uma grave deterioração do funcionamento social e
ocupacional (Hollandsworth. 1990).
Aproximadamente 1 % da população vem a apresentar esquizofrenia no decorrer da
vida (Birchwood et al., 1989). Os custos econômicos para a sociedade são estimados
em bilhões de dólares por ano. Os sintomas geralmente aparecem ao fim da
adolescência ou início da idade adulta, embora possam ocorrer em meados da idade
adulta (American Psychiatric Association [APA], 1994). Alguns estudos indicaram
que os sintomas ocorrem mais precocemente em homens que em mulheres. A
personalidade pré-mórbida indica geralmente um desajuste social e sexual ou
características de personalidade esquizóide, paranóide ou borderline (Cutting. 1985;
Pfohl & Winokur, 1983).
Este comportamento pré-mórbido é com freqüência um fator de predição no padrão
de desenvolvimento da esquizofrenia, que pode ser visto em quatro fases,
Fase I; A Personalidade Esquizóide. A DSM-IV (APA, 1994) descreve esse
indivíduo como indiferente às relações sociais e apresentando uma gama muito
limitada de vivência e expressão emocional. Eles não apreciam essas relações e
preferem ser "solitários". Eles parecem frios e distantes. Nem todos os indivíduos
com características da personalidade esquizóide evoluem para a esquizofrenia.
Muitos indivíduos; com esquizofrenia, porém, têm evidências dessas características
na condição pré-mórbida.
 Fase II: A Fase Prodrômica. As características desta fase incluem retraimento
social; distúrbio do funcionamento do papel; um comportamento peculiar ou
excêntrico; descuido da higiene e aparência pessoal; afetividade embotada ou
inadequada; distúrbios da comunicação; idéias bizarras; experiências perceptivas fora
do comum; e falta de iniciativa, interesse e energia. A duração desta fase é muito
variável e muitos anos podem se passar antes da deterioração ao estado
esquizofrênico
 Fase III: Esquizofrenia. Na fase ativa do distúrbio os sintomas psicóticos são
proeminentes. Seguem-se os critérios diagnósticos para esquizofrenia da DSM-IV
(APA, 1994):
 1. Sintomas Característicos: Dois (ou mais) dos seguintes, cada um deles presente
por uma parte significativa do tempo durante um período de 1 mês (ou menos, caso
tratados com êxito):
a. Delírios
b. Alucinações
c. Fala desorganizada (p. ex., freqüente desagregação ou incoerência)
d. Comportamento catatônico ou muito desorganizado
e. Sintomas negativos (isto é, embotamento afetivo, apatia ou abulia)
 2. Disfunção Social/Ocupacional: Por uma pane significativa do tempo após o
início do distúrbio, uma ou mais áreas do funcionamento, tais como trabalho, relações
interpessoais ou cuidados pessoais, apresentam-se muito abaixo do nível obtido
antes do início (ou, nos casos de início na infância ou adolescência, não obtenção do
nível esperado de realização interpessoal, acadêmica ocupacional).
 3. Duração: Sinais contínuos do distúrbio persistem há pelo menos 6 meses. Esse
período de 6 meses deve incluir pelo menos 1 mês de sintomas (ou menos, caso
tratados com êxito) que satisfaçam o critério 1 (isto é, sintomas da ativa) e podem
incluir períodos de sintomas residuais ou prodrômicos. Durante esses períodos
prodrômicos ou residuais, os sinais do distúrbio podem se manifestar apenas por
sintomas negativos ou por dois ou mais sintomas relacionados no critério 1 e
presentes em forma atenuada (p. ex., crenças estranhas, experiências perceptivas
fora do comum).
 4. Exclusão de Distúrbios Esquizofrênicos e Afetivos: Distúrbios esquizofrênicos
e distúrbios afetivos com características psicóticas foram afastadas porque (1) não
ocorreram episódios depressivos maiores, maníacos ou mistos concomitantemente
aos sintomas da fase ativa; ou (2) caso tenham ocorrido episódios afetivos durante
os sintomas da fase ativa, sua duração total foi breve relativamente à duração dos
períodos ativos e residuais.
 5. Exclusão de Drogas/Condições Médicas Gerais: O distúrbio não se deve aos
efeitos fisiológico diretos de uma droga (p. ex., uma droga de abuso, uma
medicação) ou uma condição medica geral.
 6. Relação com um Distúrbio de Personalidade Global: Caso haja uma história de
distúrbio autista ou um outro distúrbio de personalidade global, o diagnóstico
adicional de esquizofrenia só é feito caso delírios ou alucinações proeminentes
estejam também presentes há pelo menos 1 mês (ou menos, caso tratados com
êxito).
 Fase IV: Fase Residual. A esquizofrenia se caracteriza por períodos de remissão e
exacerbação. Uma fase residual segue-se geralmente a uma fase ativa da doença.
Os sintomas durante a fase residual assemelha-se àqueles da fase prodrômica, com
embotamento afetivo e distúrbios do funcionamento do papel sendo os mais
proeminentes. O distúrbio residual freqüentemente aumenta entre os episódios
psicóticos ativos.
FATORES PREDISPONENTES
 A causa da esquizofrenia ainda não foi estabelecida com certeza. Muito
provavelmente não há um fator único que possa ser apontado como responsável
pela etiologia; a doença decorre, isto sim, de uma combinação de influências,
incluindo fatores biológicos, psicológicos e ambientais.
TIPOS DE ESQUIZOFRENIA E OUTROS DISTÚRBIOS PSICÓTICOS
 A DSM-IV (APA, 1994) identificou vários tipos de esquizofrenia e outros distúrbios
psicóticos. O diagnóstico diferencial é feito de acordo com o quadro clínico
sintomático total apresentado.
 Esquizofrenia Desorganizada
 Este tipo era anteriormente designado como esquizofrenia hebefrênica. O início dos
sintomas é geralmente antes dos 25 anos de idade e o curso é comumente crônico.
O comportamento é acentuadamente regressivo e primitivo. O contato com a
realidade é extremamente deficiente. Há embotamento afetivo ou incongruência
afetiva evidente, freqüentemente com períodos de conduta tola e risos imotivados.
Caretas faciais e maneirismos bizarros são comuns, sendo a comunicação
consistentemente incoerente. A aparência pessoal geralmente é negligenciada e o
distúrbio social é extremo.
 Esquizofrenia Catatônica
 A esquizofrenia catatônica se caracteriza por anormalidades acentuadas no
comportamento motor e pode se manifestar em termos de estupor ou excitação
(Kaplan, Sadock]| 1994).
 O estupor catatônico se caracteriza por um extremo retardo psicomotor. O indivíduo
apresenta uma diminuição acentuada dos movimentos e atividades espontâneos. É
comum o mutismo (isto é, ausência de fala) e pode evidenciar-se o negativismo (isto
é, uma resistência aparentemente sem motivo a todas as instruções ou tentativas no
sentido de se mover). Pode haver a pseudoflexibilidade cérea. Esse termo descreve
um tipo de "postura", ou de adoção voluntária de posições bizarras, nas quais o
indivíduo pode permanecer por um longo período. Os esforços para mover o
indivíduo se deparam com uma rígida resistência corporal.
 A excitação catatônica se manifesta por um estado de extrema agitação
psicomotora. Os movimentos são frenéticos e desprovidos de finalidade, e
geralmente acompanhados por verbalizações incoerentes e gritos contínuos. Os
clientes em excitação catatônica necessitam de controle físico e médico, pois
mostram-se freqüentemente destrutivos e violentos com os outros; sua excitação
pode fazer com que se machuquem ou tenham um colapso por exaustão.
 A esquizofrenia catatônica era muito comum há décadas. Depois do advento das
medicações antipsicóticas para uso na psiquiatria, porém, a doença passou a ser
rara na Europa e América do Norte (Kaplan, Sadock & Grebb, 1994).
 Esquizofrenia Paranóide
 A esquizofrenia paranóide se caracteriza principalmente pela presença de delírios
persecutórios ou de grandeza e por alucinações auditivas relacionadas a um tema
único. O indivíduo se apresenta com freqüência tenso, desconfiado e retraído
podendo mostrar-se querelante, hostil e agressivo. O início dos sintomas geralmente
é mais tardio (talvez no final da terceira ou quarta décadas de vida) e é observada
uma regressão menor nas faculdades emocionais, resposta emocional e
comportamento do que aquela observada nos outros subtipos de esquizofrenia
(Kaplan, Sadock & Grebb, 1994).
 Esquizofrenia Indiferenciada
 Por vezes clientes apresentando sintomas esquizofrênicos não preenchem os
critérios para nenhum dos subtipos ou podem preencher critérios para mais de
um subtipo. Esses indivíduos podem receber o diagnóstico de esquizofrenia
diferenciada.
 O comportamento é claramente psicótico, ou seja, há evidências de delírios,
alucinações, incoerência e comportamento bizarro. Todavia, os sintomas não
podem ser classificados em nenhuma das categorias diagnósticas citadas
anteriormente.
 Esquizofrenia Residual
 Esta categoria diagnóstica é usada quando o indivíduo tem uma história de pelo
menos um episódio anterior de esquizofrenia, com proeminentes sintomas
psicóticos. A esquizofrenia residual ocorre num indivíduo que tem uma forma
crônica da doença e está no estágio que se segue a um episódio agudo
(proeminentes delírios, alucinações, incoerência, comportamento bizarro,
violência). No estágio residual há evidências contínuas de doença, embora não
haja sintomas psicóticos proeminentes. Os sintomas residuais podem incluir
isolamento social, comportamento excêntrico, distúrbio da higiene e aparência
pessoal, embotamento afetivo ou incongruência afetiva, empobrecimento da fala
ou fala excessivamente elaborada, pensamento ilógico ou apatia.
 Distúrbio Esquizoafetivo
 Este distúrbio se manifesta por comportamentos esquizofrênicos, com um forte
elemento de sintomatologia associada aos distúrbios afetivos, quer mania, quer
depressão. O cliente pode parecer deprimido, com retardo psicomotor e ideação
suicida, ou os sintomas podem incluir euforia, idéias de grandeza e hiperatividade.
O fator decisivo no diagnóstico do distúrbio esquizoafetivo, porém, é a presença de
sintomas característicos da esquizofrenia (Kaplan & Sadock, 1985). Além da
disfunção afetiva, por exemplo, o indivíduo apresenta delírios bizarros, alucinações
proeminentes, fala incoerente, comportamento catatônico ou embotamento afetivo
ou incongruência afetiva. O prognóstico do distúrbio esquizoafetivo geralmente é
melhor do que para outros distúrbios esquizofrênicos, porém, pior do que para os
distúrbios afetivos isoladamente (Kaplan, Sadock & Grebb, 1994).
Tabela 1 Condições Médicas Gerais que podem causar Sintomas Psicóticos
Condições neurológicas
Neoplasias
Doenças vasculares cerebrais
Doença de Huntington
Epilepsia
Lesões do nervo auditivo
Surdez
Cefaléia enxaquecosa
Infecções do SNC
Condições endócrinas
Hipertireoidismo
Hipotireoidismo
Hiperparatireoidismo
Hipoparatireoidismo
Hipoadrenocorticismo
Condições metabólicas
Hipóxia
Hipercarbia
Hipoglicemia
Distúrbios auto-imunes Outras
Lúpus eritematoso sistêmico
Distúrbio do equilíbrio hídrico
ou eletrolítico Doenças hepáticas ou
renais
Aplicação do Processo de Enfermagem
 Dados Básicos de Avaliação
 Na primeira etapa do processo de enfermagem a enfermeira colhe um banco de
dados, a partir do qual são derivados diagnósticos de enfermagem e um plano de
cuidado é formulado. Esta primeira etapa do processo de enfermagem é
extremamente importante, pois sem uma avaliação precisa não é possível
determinar-se com precisão a identificação do problema, os objetivos do cuidado e
os critérios dos objetivos.
 A avaliação de clientes portadores de esquizofrenia pode ser um processo
complexo, baseado em informações colhidas de diversas fontes. Os clientes num
episódio agudo de sua doença raramente são capazes de dar uma contribuição
significativa a sua história. Os dados podem ser obtidos de membros da família,
quando possível; de antigos registros, quando disponíveis; ou de outros indivíduos
que estavam em posição de poder relatar sobre a progressão do comportamento
do cliente.
 A enfermeira deve se familiarizar com os comportamentos comuns ao distúrbio para
obter uma avaliação adequada de clientes com esquizofrenia. A DSM-III-R (APA,
1987) apresentava anteriormente os distúrbios de comportamento em oito áreas de
funcionamento: conteúdo do pensamento, forma do pensamento, percepção,
afetividade, consciência do eu, volição, distúrbios do funcionamento interpessoal e
da relação om o mundo externo e comportamento psicomotor.
Tabela 2 Substâncias que podem Causar Distúrbios Psicóticos
Drogas de abuso
Medicações
Toxinas
Álcool
Alucinógenos
Anfetaminas e drogas relacionadas
Cocaína
Drogas por inalação
Fenciclidina e drogas relacionadas
Maconha
Opióides
Sedativos, hipnóticos e ansiolíticos
Agentes anticolinérgicos
Agentes antiparkinsonianos
Anestésicos e analgésicos
Anticonvulsivantes
Anti-histamínicos
Corticosteróides
Dissulfiram
Drogas antiinflamatórias não esteróides
Drogas anti-hipertensivas
Drogas quimioterápicas
Medicações antidepressivas
Medicações antimicrobianas
Medicações cardiovasculares
Medicações gastrintestinais
Relaxantes musculares
Anticolinesterase
Dióxido de carbono
Gases nervosos
Inseticidas organofosforados
Monóxido de carbono
Substâncias voláteis (p. ex., combustíveis ou tinta)
 Essas áreas de funcionamento são utilizadas para facilitar a apresentação das
informações básicas para fundamentar a avaliação inicial de clientes com
esquizofrenia. São também apresentados distúrbios fora dos limites dessas oito
áreas.
 Conteúdo do Pensamento
 Delírios. Delírios são falsas crenças pessoais que são inconsistentes com a
inteligência ou a cultura da pessoa. O indivíduo continua a ter a crença, apesar de
provas claras de que ela é falsa ou irracional. Os delírios são subdivididos de
acordo com seu conteúdo. Alguns dos mais comuns estão relacionados aqui.
 Delírios Persecutórios. O indivíduo se sente ameaçado e acha que outras
pessoas querem fazer mal a ele ou persegui-lo de algum modo (p. ex., "O FBI
'grampeou' meu quarto e quer me matar." "Não posso tomar um banho nesse
banheiro; as enfermeiras puseram uma câmera lá para poderem ver tudo que eu
faço").
 Delírios de Grandeza. O indivíduo tem um sentimento exagerado de importância,
poder, conhecimento ou identidade (p. ex.. "Eu sou Jesus Cristo").
 Delírios de Referência. Todos os eventos no ambiente são vivenciados pela
pessoa psicótica como se referindo a ela própria (p. ex., "Alguém está tentando
me enviar uma mensagem através das matérias desta revista [ou jornal ou
programa de TV]; tenho de decifrar o código para poder receber a mensagem").
As idéias de referência não são tão rígidas quanto os delírios de referência. Um
exemplo de uma idéia de referência seria pensar irracionalmente que outras
pessoas estão falando ou rindo do indivíduo.
 Delírio de Controle ou Influência. O indivíduo acha que alguns objetos ou
pessoas têm controle sobre seu comportamento (p. ex., "O dentista obturou meu
dente; eu agora recebo transmissões pela obturação que controlam o que eu
penso e faço).
 Delírio Somático. O indivíduo tem uma idéia falsa sobre o funcionamento de seu
corpo (p. ex.. "Tenho 70 anos e vou ser a mais velha pessoa a dará luz; o médico
diz que eu não estou grávida, mas eu sei que estou").
 Delírio Niilista. O indivíduo tem uma idéia falsa de que seu eu, uma parte do eu,
outras pessoas ou o mundo não existem (p. ex., "O mundo não existe mais", "Não
tenho mais coração”).
 Religiosidade. Esta é uma demonstração excessiva de idéias ou
comportamentos religiosos ou uma obsessão por isso. Como os indivíduos variam
muito quanto a suas crenças religiosas e ao nível de compromisso espiritual, a
religiosidade muitas vezes é difícil de ser avaliada. O indivíduo com esquizofrenia
pode usar idéias religiosas na tentativa de dar significado e estrutura racionais a
seu comportamento. Uma preocupação religiosa desta natureza pode, portanto,
ser considerada como uma das manifestações da doença. Todavia, os clientes
que obtêm conforto por suas crenças religiosas não devem ser desencorajados de
empregar esse meio de apoio. Um exemplo de religiosidade é o indivíduo que
acha que a voz que ouve é de Deus e procura incessantemente na Bíblia a
interpretação.
 Paranóia. Os indivíduos com paranóia têm uma extrema desconfiança dos outros
e de suas ações ou intenções percebidas (p. ex., "Não vou comer isso; sei que
isso foi envenenado).
 Pensamento Mágico. A pessoa acha que seus pensamentos ou comportamentos
controlam situações ou pessoas específicas (p. ex., a mãe que acha que se ralhar
com o filho de algum modo ele vai ser tirado dela). O pensamento mágico é comum
em crianças (p. ex., "Pise num buraco e você vai quebrar a coluna de sua mãe",
"Uma maçã por dia mantém longe o médico").
 Forma do Pensamento
 Afrouxamento dos Nexos Associativos. O pensamento se caracteriza pela
rapidez com que as idéias passam de um tema para outro não relacionado a este.
No afrouxamento dos nexos associativos o indivíduo não percebe que os tópicos
não estão ligados. Quando a condição é grave a fala pode se mostrar desagregada.
(Por exemplo: "Nós queríamos pegar ônibus, mas o aeroporto tomou todo o tráfego.
Dirigir é a passagem quando você quer ir a algum lugar. Ninguém precisa de
passagem para o céu. Nós temos tudo isso nos bolsos").
 Neologismos. A pessoa psicótica inventa palavras novas, ou neologismos, que
não fazem sentido para outras pessoas mas têm para ela um significado simbólico
(p. ex., "Ela queria me levar para dar uma volta em seu novo uniforum").
 Pensamento Concreto. O pensamento concreto.ou a interpretação literal do
ambiente, constitui uma regressão a um nível anterior de desenvolvimento
cognitivo. O pensamento abstrato é muito difícil. Como exemplo, clientes
esquizofrênicos têm muita dificuldade em dar o significado abstrato de expressões
como "Estou subindo pelas paredes" ou "está chovendo do canivetes".
 Associações por Assonância. A escolha de palavras é governada pelos sons. As
associações por assonância assumem com freqüência a forma de rimas. Por
exemplo: "Estou com frio. Vou nadar no rio. Vou cortar o fio".
 Salada de Palavras. Uma salada de palavras é um grupo de palavras que são
reunidas ao acaso, sem qualquer conexão lógica (p. ex. "Muitas das ações para a
frente crescem a vida dupla brinca no círculo do uniforme").
 Circunstancialidade. Na circunstancialidade o indivíduo demora a atingir o alvo de
uma comunicação devido a detalhes desnecessários e cansativos. O alvo ou
objetivo geralmente, mas somente após numerosas interrupções por parte do
entrevistador para trazer a pessoa de volta ao tópico em discussão.
 Tangencialidade. A tangencialidade difere da circunstancialidade porque a pessoa
nunca chega de fato a atingir o alvo da comunicação. São introduzidos tópicos
relacionados e o tema original se perde.
 Mutismo. Esta é uma incapacidade ou recusa do indivíduo em falar
 Perseveração. O indivíduo que apresenta perseveração repete persistentemente a
mesma palavra ou idéia em resposta a perguntas diferentes.
 Percepção
 Alucinação. As alucinações, ou falsas percepções sensoriais não associadas a
estímulos externos reais, podem envolver qualquer um dos cinco sentidos. Kaplan,
Sadock e Grebb (1994) identificaram os seguintes tipos:
 Auditivas. Esta é uma falsa percepção de sons. Elas são mais comumente de
vozes, mas o indivíduo pode relatar estalidos, ruídos de água corrente, música e
outros ruídos. As alucinações imperativas podem colocar o indivíduo ou outras
pessoas numa situação potencialmente perigosa. As "vozes" que dão ordens de
violência à própria pessoa ou a outras pessoas podem ou não ser obedecidas pela
pessoa psicótica. As alucinações auditivas são mais comum nos distúrbios
psicóticos.
 Visuais. Uma falsa percepção visual. Elas podem consistir em imagens formadas,
como de pessoas, ou de imagens sem forma, tais como raios luminosos.
 Táteis. Uma falsa percepção do sentido do tato, com freqüência de algo sobre ou
sob a pele. Uma alucinação tátil específica é a de formigamento, a sensação de
algo está se arrastando sobre ou sob a pele.
 Gustativas. Uma falsa percepção do paladar. As alucinações gustativas são mais
comumente descritas como gostos desagradáveis.
 Olfativas. Uma falsa percepção do sentido do olfato.
 Ilusões. As ilusões são percepções ou interpretações errôneas de estímulos
externos reais (Kaplan, Sadock & Grebb, 1994)
 Afetividade
 A afetividade descreve o comportamento associado ao estado afetivo ou ao tônus
emocional do indivíduo.
 Incongruência Afetiva. A incongruência afetiva ocorre quando o tônus emocional
do indivíduo é incongruente às circunstâncias (p. cx., uma jovem que dá uma
gargalhada ao ficar da morte de sua mãe).
 Embotamento Afetivo. A afetividade é descrita como embotada quando o tônus
emocional é muito fraco. O indivíduo com embotamento afetivo parece carecer de
tônus emocional (ou expressão franca de sentimentos).
 Apatia. O cliente com esquizofrenia evidência com freqüência uma indiferença ou
falta de interesse pelo ambiente. O embotamento afetivo é uma manifestação da
apatia emocional.
 Consciência do Eu
 A consciência do eu descreve a singularidade e individualidade que a pessoa
sente. Devido aos limites do ego extremamente fracos, a pessoa esquizofrênica
não tem este sentimento de singularidade e apresenta muita confusão
relativamente a sua identidade.
 Ecolalia. O cliente com esquizofrenia pode repetir palavras por ele ouvidas, o que é
denominado ecolalia. Isto é uma tentativa de identificar-se com a pessoa que lhe
fala. (Por exemplo, a enfermeira diz: "John, é hora do almoço." O cliente pode
responder: "É hora do almoço, é hora do almoço", ou por vezes, "Almoço, almoço,
almoço, almoço").
 Ecopraxia. O cliente que apresenta ecopraxia pode imitar deliberadamente
movimentos executados por outros.
 Identificação (num Nível Inconsciente) e Imitação (num Nível Consciente).
Esses mecanismos de defesa do ego são empregados por indivíduos com
esquizofrenia em sua confusão relativamente a sua identidade pessoal. Como eles
têm dificuldade em saber onde terminam os limites de seu ego e começam os de
outra pessoa, seu comportamento tem com freqüência a forma do que eles vêem na
outra pessoa.
 Despersonalização. A identidade pessoal instável de um indivíduo com
esquizofrenia pode ocasionar sentimentos de irrealidade (p. ex., sentir que as
próprias extremidades mudaram de tamanho; ou uma sensação de se ver a uma
certa distancia [APA, 1987]).
 Volição
 A volição tem a ver com distúrbios na capacidade de iniciar atividades dirigidas a um
objetivo. Em indivíduos portadores de esquizofrenia isto pode assumir a forma de
uma inadequação do interesse, pulsão ou capacidade de seguir um curso de ação
até sua conclusão lógica (APA, 1987).
 Ambivalência Emocional. A ambivalência em clientes portadores de esquizofrenia
designa a coexistência de emoções opostas em relação ao mesmo objeto, pessoa
ou situação. Essas emoções opostas podem interferir na capacidade da pessoa em
tomar até mesmo uma decisão simples (p. ex., de se tomar café ou chá ao almoço).
Subjacente à ambivalência em clientes esquizofrênicos encontra-se a dificuldade
que eles têm de estabelecer uma relação humana satisfatória. Esta dificuldade se
baseia no dilema necessidade-medo — a necessidade e o medo simultâneos da
intimidade.
 Distúrbio do Funcionamento Interpessoal e da Relação com o Mundo Externo
 Alguns clientes com esquizofrenia aguda se agarram a outros, agem de maneira
invasiva com estranhos e não reconhecem que a intimidade excessiva deixa outras
pessoas pouco à vontade e tendendo a se afastar (APA, 1987). O distúrbio no
funcionamento social também pode se refletir em isolamento social, distanciamento
emocional e falta de consideração por convenções sociais.
 Autismo. O termo autismo descreve a condição criada pela pessoa com
esquizofrenia, que se volta internamente para um mundo de fantasia, distorcendo
ou excluindo ao mesmo tempo o ambiente externo.
 Aparência Deteriorada. As atividades de cuidado da aparência e da própria
pessoa podem tornar-se mínimas. O cliente com esquizofrenia pode parecer
desarrumado e pouco limpo e pode não ter de ser lembrado da necessidade de
higiene pessoal.
 Comportamento Psicomotor
 Anergia. Uma deficiência de energia. O indivíduo com esquizofrenia pode
carecer de energia suficiente para executar as atividades da vida cotidiana ou
interagir com os outros.
 Flexibilidade Cérea. A flexibilidade cérea descreve uma condição em que o
cliente com esquizofrenia abandona passivamente todas as partes móveis do
corpo a quaisquer tentativas de colocá-las em certas posições (Kaplan & Sàdock,
1985). Como exemplo, depois de colocados em posição, o braço, perna ou
cabeça permanecem nessa posição por um longo período, independentemente
do grau de desconforto que ela ocasiona para o cliente.
 Postura Anormal. Este sintoma se manifesta quando o indivíduo assume
voluntariamente posturas inadequadas ou bizarras.
 Andar de um Lado para o Outro e Balançar. Andar de um lado para o outro e
balançar o corpo (uma oscilação lenta, rítmica do tronco para a frente e para trás
a partir dos quadris, geralmente enquanto sentado) são comportamentos
psicomotores comuns do cliente com esquizofrenia (Kaplan & Sadock, 1985).
Tabela 3 Sintomas Positivos e Negativos de Esquizofrenia
Sintomas Positivos
Alucinações
Auditivas
Visuais
Olfativas
Gustativas
Táteis
Delírios
Persecutórios
De grandeza
De referência
Controle ou influência
Somáticos
Pensamento/fala
desorganizados
Dissociação
Incoerência
Associações por assonância
Salada de palavras
Neologismos
Pensamento concreto
Ecolalia
Tangencialidade
Circunstancialidade
Comportamento desorganizado
Aparência desalinhada
Comportamento sexual inadequado
Comportamento inquieto, agitado
Pseudoflexibilidade cérea
FONTE: Adaptado da DSM-IV (APA. 1994).
Sintomas Negativos
Embotamento afetivo
Expressão facial inalterada
Contato ocular deficiente
Linguagem corporal reduzida
Incongruência afetiva
Resposta emocional diminuída
Alogia (pobreza da fala)
Respostas curtas e vazias
Menor fluência da fala
Menor conteúdo da fala
Abulia/Apatia
Incapacidade de iniciar
atividades intencionais
Pouco ou nenhum interesse
por atividades de trabalho ou sociais
Alteração da aparência/higiene
Anedonia
Ausência de prazer nas
atividades sociais
Diminuição da intimidade/
interesse sexual
Isolamento social
 Diagnóstico/Identificação dos Objetivos
 Com base na análise dos dados da avaliação inicial são formulados diagnósticos
de enfermagem apropriados para clientes psicóticos e seus familiares. A partir
desses problemas identificados é executado um planejamento preciso do cuidado
de enfermagem. Os diagnósticos de enfermagem possíveis em clientes com
distúrbios psicóticos incluem:
 Alteração dos processos de pensamento, relacionada à incapacidade de confiar,
ansiedade de pânico, possíveis fatores hereditários ou bioquímicos, evidenciada
por pensamento delirante; incapacidade de concentrar-se; distúrbio volitivo;
incapacidade de resolver problemas, abstrair ou conceituar; extrema desconfiança
dos outros.
 Alteração sensoperceptiva: Auditiva/visual, relacionada a ansiedade de pânico,
extrema solidão e retraimento para dentro de si próprio, evidenciada por resposta
inadequadas, distúrbio do curso do pensamento, oscilações rápidas do humor,
dificuldade de concentração, desorientação.
 Isolamento social relacionado a incapacidade de confiar, ansiedade de pânico,
fraco desenvolvimento do ego, pensamento delirante, regressão, evidenciado por
retraimento, tristeza, embotamento afetivo, dilema necessidade-medo,
preocupação com os próprios pensamentos, expressão de sentimentos de rejeição
ou de solidão impostos por outros.
 Risco de violência: Autodirigida ou dirigida a outros, relacionado a desconfiança
extrema, ansiedade de pânico, excitação catatônica, reações de fúria, alucinações
imperativas, evidenciada por atos francos e agressivos, destruição intencional de
objetos no ambiente, comportamento autodestrutivo ou atos agressivos suicidas
ativos.
 Distúrbio da comunicação verbal relacionado a ansiedade de pânico, regressão,
retraimento, e pensamento desorganizado e irracional, evidenciado por dissociação,
neologismos, salada de palavras, associações por assonância, ecolalia,
verbalizações que refletem um pensamento concreto e contato ocular deficiente.
 Déficit do cuidado pessoal relacionado a retraimento, regressão, ansiedade de
pânico, distúrbio perceptivo ou cognitivo, incapacidade de confiar, evidenciado por
dificuldade em executar as tarefas associadas à higiene, vestir-se, cuidar da
aparência, alimentar-se e excretar.
 Ajuste familiar ineficaz: Incapacitante, relacionado a relações familiares muito
ambivalentes, distúrbio da comunicação familiar, evidenciado por cuidado negligente
do cliente relativamente às necessidades humanas básicas ou ao tratamento da
doença, negação extrema ou preocupação excessiva e prolongada relativamente à
doença do cliente.
 Manutenção da saúde alterada, relacionada a pensamento desorganizado, delírios,
evidenciado por incapacidade relatada ou observada em assumir a responsabilidade
por executar as práticas de saúde básica em alguma das áreas funcionais padrão
ou em todas elas.
 Distúrbio do controle da manutenção doméstica relacionado a regressão,
retraimento, ausência de conhecimento/ recursos, distúrbio do funcionamento físico
ou cognitivo, evidenciado por ambiente doméstico inseguro, pouco limpo,
desorganizado.
 Os critérios a seguir podem ser usados para a medida dos objetivos no cuidado de
clientes com esquizofrenia:
O cliente:
1. Demonstra capacidade de relacionar-se satisfatoriamente com outros.
2. Reconhece as distorções da realidade.
3. Não causou danos a si mesmo ou a outros.
4. Percebe o eu de modo realista.
5. Demonstra capacidade de perceber corretamente o ambiente.
6. Mantém a ansiedade a um nível controlável.
7. Deixa de lado a necessidade de delírios e alucinações.
8. Demonstra capacidade de confiar em outros.
9. Usa uma comunicação verbal apropriada nas interações com os outros.
10. Executa independentemente as atividades de autocuidado.
 Planejamento/Implementação
 São apresentados diagnósticos de enfermagem selecionados, juntamente com
critérios dos objetivos, prescrições de enfermagem apropriadas e justificativas para
cada um deles.
 Orientação ao Cliente/Familiares
O papel de instrutor do cliente é importante na área psiquiátrica, como em todas as
áreas da enfermagem.
 Análise Final
Na etapa final do processo de enfermagem é feita
determinar se as ações de enfermagem tiveram êxito
cuidado. A avaliação das ações de enfermagem
exacerbação da psicose esquizofrênica pode ser
informações utilizando os tipos de perguntas a seguir.
uma reavaliação para se
em atingir os objetivos do
para clientes com uma
facilitada pela coleta de
1. O cliente estabeleceu confiança em pelo menos um membro da equipe?
2. O nível de ansiedade foi mantido a um nível controlável?
3. O pensamento delirante ainda é prevalente?
4. A atividade alucinatória é evidente? O cliente comunica o conteúdo da
alucinação, especialmente caso sejam ouvidas vozes imperativas?
5. O cliente é capaz de interromper a ansiedade crescente por mecanismos de
ajuste adaptativos?
6. O cliente se agita facilmente?
7. O cliente é capaz de interagir apropriadamente com os outros?
8. O cliente freqüenta voluntariamente atividades de terapia?
9. A comunicação verbal é compreensível?
10. O cliente segue o regime de medicação? O cliente verbaliza a
importância de tomar a medicação regularmente e por um longo período?
Ele verbaliza compreender os possíveis efeitos colaterais e quando deve
procurar a ajuda do médico?
11. O cliente passa algum tempo com os outros em vez de se isolar?
12. O cliente é capaz de executar todas as atividades da vida diária
independentemente?
13. O cliente é capaz de verbalizar recursos nos quais ele pode procurar
auxílio fora do hospital?
14. A família tem informações em relação aos grupos de apoio em que
eles podem participar e dos quais eles podem solicitar ajuda para lidar com
seu membro doente?
15. Caso o cliente more sozinho, tem ele uma fonte de auxílio na
manutenção doméstica e no controle da saúde?
Estratégias para tratar de clientes com delírios.

Colocar o delírio em uma estrutura de tempo e identificar os
deflagradores.
 Identificar todos os componentes do delírio ao colocá-lo no tempo e na
seqüência.
 Identificar os deflagradores que podem estar relacionados com o
estresse ou a ansiedade.
 Quando os delírios estão ligados à ansiedade, ensinar as habilidades
de controle da ansiedade.
 Desenvolver um programa de controle de sintomas.

Avaliar intensidade, freqüência e duração do delírio.
 Ajudar o cliente a dispensar os delírios fugazes em um intervalo de
tempo curto.
 Considerar a prevenção temporária dos delírios fixos ou aqueles que
resistiram com o passar do tempo, para impedir que eles se tornem blocos
que confundam a relação enfermeira-cliente.
 Escutar tranqüilamente até que não haja necessidade de discutir o
delírio.

Identificar os componentes emocionais do delírio.
 Responder aos sentimentos subjacentes do cliente em lugar da natureza ilógica
dos delírios.
 Encorajar a discussão dos medos, ansiedades e raivas do cliente sem presumir
que o delírio é certo ou errado.

Observar evidências de pensamento concreto.
 Determinar se o cliente entende o que você lhe diz literalmente ou não.
 Determinar se você e o cliente estão usando a mesma linguagem.

Observar a fala para descobrir sintomas de um distúrbio do pensamento.
 Determinar se o cliente exibe um distúrbio do pensamento (p. ex., fala em
círculos, sai pela tangente, muda facilmente de assunto, é incapaz de responder às
suas tentativas de redirecionamento).
 Conscientize-se de que pode não ser o momento adequado para apontar a
discrepância entre o fato e o delírio.

Observar a capacidade de usar com exatidão o raciocínio de causa e
efeito.
 Determinar se o cliente pode fazer previsões lógicas (indutivas ou dedutivas)
com base nas experiências pregressas.
 Determinar se o cliente pode conceituar o tempo.
 Determinar se o cliente pode acessar e usar as memórias recentes e a longo
prazo de maneira significativa.

Distinguir entre a descrição da experiência e os fatos da situação.
 Identificar falsas crenças sobre situações reais.
 Promover a capacidade do cliente para realidade-teste.
 Determinar se o cliente está em alucinação, porque isso fortalecerá o delírio.

Questionar cuidadosamente os fatos quando eles são apresentados e seus
significados.
 Conversar sobre o delírio para tentar ajudar o cliente a ver que aquilo não é
verdade.
 Observar que quando essa etapa é empreendida antes que as etapas
anteriores sejam completadas, ela pode reforçar o delírio.

Discutir o delírio e suas conseqüências.
 Quando a intensidade da ilusão diminuir, discuta o delírio se o cliente
estiver pronto.
 Discuta as conseqüências do delírio.
 Permita que o cliente se responsabilize pelo comportamento, pelas
atividades diárias e pela tomada de decisão.
 Encoraje a responsabilidade pessoal do cliente e a participação no bemestar e na recuperação.

Promover a distração como um meio de interromper o foco no delírio.
 Promover as atividades que exigem atenção para as habilidades físicas e
que ajudarão o cliente a usar o tempo de maneira construtiva.
 Reconhecer e reforçar os aspectos saudáveis e positivos da
personalidade do cliente.
Barreiras para a intervenção bem-sucedida contra o delírio.
1. Ficar ansioso e evitar o cliente
Isso causa aborrecimento, raiva, uma sensação de desesperança e falha,
sentimentos de inadequação e riso ou desprezo potencial pelo cliente.
2. Reforçando o delírio.
Não concorde com o delírio, principalmente para obter a cooperação do cliente.
3. Tentar provar que o cliente está errado. Não tentar uma explicação lógica.
4. Estabelecer objetivos irreais.
Não subestimar a força de um delírio e a necessidade que o cliente tem dele.
5. Ser incorporado ao sistema do delírio.
Isso provocará grande confusão para o cliente e tornará impossível estabelecer os
limites da relação terapêutica.
6. Falhar em esclarecer a confusão em torno do delírio.
Quando a enfermeira não compreende claramente a complexidade e muitos
detalhes do delírio, este se tornará mais elaborado.
7. Ser inconsistente na intervenção
A enfermeira deve aderir firmemente ao plano de intervenção. As condutas do tipo
"tentar tudo" levam à inconsistência, e o cliente é menos capaz de identificara
realidade.
8. Ver o delírio em primeiro lugar e o cliente em segundo
Evitar o emprego de certas frases, como "A pessoa que pensa que está sendo
envenenada".
Estratégias para tratar de clientes com alucinações.

Estabelecer uma relação interpessoal de confiança.
 Lembrar que se você estiver ansioso ou assustado, o cliente ficará ansioso ou
assustado.
 Ser paciente, mostrar aceitação e usar as habilidades de audição ativa.

Avaliar os sintomas de alucinações, incluindo duração, intensidade e
freqüência.
 Observar os indícios comportamentais que indicam a presença de alucinações.
 Observar indícios que identificam o nível de intensidade e duração da
alucinação.
 Ajudar o cliente a registrar a quantidade de alucinações experimentadas a cada
dia.

Focalizar nos sintomas e pedir ao cliente para descrever o que está
acontecendo.
 Fortalecer o cliente ao ajudá-lo a compreender os sintomas experimentados ou
demonstrados.
 Ajudar o cliente a obter o controle das alucinações, procurar distrações
valiosas e minimizar a intensidade.

Explorar o uso abusivo de fármacos e álcool.
 Determinar se o cliente está usando álcool ou substâncias químicas (com ou
sem prescrição ou fármacos ilícitos).
 Determinar se tais substâncias podem ser responsáveis ou exacerbar as
alucinações.

Quando o cliente lhe pergunta, diga simplesmente que você não está
experimentando os mesmos estímulos.
 Responder ao cliente deixando-o saber o que está realmente acontecendo no
ambiente.
 Não argumentar com o cliente a respeito das diferenças nas percepções.
 Quando acontecer uma alucinação, não deixar o cliente sozinho.

Sugira e reforce o uso dos relacionamentos interpessoais como uma
técnica de controle de sintomas.
 Encorajar o cliente a conversar com alguém em que ele confie e que
fornecerá o feedback de suporte e corretivo.
 Ajudar o cliente na mobilização dos apoios sociais.

Ajudar o cliente a descrever e comparar as alucinações atuais e
pregressas.
 Determinar se existe um padrão para as alucinações do cliente.
 Encorajar o cliente a lembrar quando as alucinações começaram pela primeira
vez.
 Dar atenção ao conteúdo da alucinação, porque ela pode fornecer indícios
para predizer o comportamento.
 Ficar particularmente alerta para as alucinações de "comando", que podem
"compelir" o cliente a agir de uma determinada maneira.
 Encorajar o cliente a descrever os pensamentos, sentimentos e ações
passados e presentes, à medida que eles se relacionam com as alucinações.

Ajudar o cliente a identificar as necessidades que podem estar refletidas
no conteúdo da alucinação.
 Identificar as necessidades que podem deflagrar as alucinações.
 Focalizar as necessidades insatisfeitas do cliente e discutir sua relação com a
presença das alucinações.

Determinar o impacto dos sintomas do cliente sobre as atividades
cotidianas.
 Fornecer feedback em relação às respostas de adequação gerais do cliente e
atividades cotidianas.
 Ajudar o cliente a reconhecer os sintomas, os deflagradores de sintomas e as
estratégias de controle de sintomas.
Intervenções de enfermagem para evitar a recidiva.




Identificar os sintomas que sinalizam a recidiva.
Identificar os deflagradores de sintomas.
Selecionar as técnicas de controle de sintomas.
Identificar as estratégias de adequação para os deflagradores de
sintomas.
 Identificar o sistema de apoio para a futura recidiva.
 Documentar o plano de ação por escrito e fornecê-lo às pessoas que dão
apoio ao cliente.
 Facilitar a integração do cliente na família e comunidade.




O cliente é capaz de identificar e descrever os medicamentos prescritos, o
motivo para tomá-los, a freqüência da administração e os possíveis efeitos
colaterais?
O cliente participa de relacionamentos com outras pessoas em um nível que seja
confortável para ele?
A família do cliente está ciente das características da doença e é capaz de
participar de um relacionamento de apoio a ele?
O cliente e a família estão informados sobre os recursos comunitários
disponíveis, como programas de reabilitação, profissionais de saúde mental,
programas educacionais e grupos de apoio, e eles os utilizam?
Referências Bibliográficas
 TAYLOR, Cecelia Monat. Fundamentos de
Enfermagem Psiquiátrica. 13ª ed. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1992.
 TOWSEND, M. C. Enfermagem psiquiátrica:conceitos e
cuidados.3ª ed. Rio de janeiro; Guanabara Koogan,
2002
 STUART, G.W & LARAIA, M.T Enfermagem
psiquiátricas 4 ed.. Rio de Janeiro: Reichmann &
Affonso editores 2002.
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