Sintomas de primeira ordem

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Curso de Psiquiatria
Graduação em Medicina
8º período
Universidade Estácio de Sá
Esquizofrenia
Esquizofrenia
 Considerada a doença mental mais grave e
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devastadora
Incidência normalmente no início da fase adulta.
Embora esquizofrenia seja descrita como uma
doença única, agrupa uma variedade de transtornos.
Os autores de orientação psicodinâmica tendem a
dar ênfase à perda de contato com a realidade como
dimensão central da psicose.
A esquizofrenia provavelmente compreende um
grupo de transtornos com causas heterogêneas e
inclui, definidamente, pacientes cujas apresentações
clínicas, respostas ao tratamento e curso da doença
são variáveis.
História da Esquizofrenia
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Benedict Morel (1809-1873).
Utilizou o termo demência precoce para pacientes que se deterioravam
psiquicamente, com início do quadro na adolescência.
Emil Kraepelin (1856-1926)
Classificou as doenças graves em três subtipos: demência precoce, psicose
maníaco-depressiva e paranóia
Enfatizava o curso de deterioração crônica, além de incluir fenômenos clínicos
como delírios e alucinações.
Eugene Bleuler. (18571939)
Criou o termo “esquizofrenia”, como cisão da consciência, em referência a uma
separação entre pensamento, emoção e comportamento.
Sintomas fundamentais (AAAA): perturbações da associação do pensamento,
dissociação ideoafetiva, autismo e ambivalência.
Sintomas acessórios incluíam alucinações e delírios
Evolução muito heterogênea, podendo em muitos casos, apresentar evolução
benigna.
Karl Jaspers (1883-1869)
 Idéias delirantes primárias não derivadas da compreensão
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psicológica
Humor delirante precedendo o delírio
Alucinações verdadeiras primárias
Vivências de influência
Surtos fazem parte de um processo que transforma
radicalmente a existência do paciente, uma quebra na curva
existencial.
Kurt Schneider
 Sintomas de primeira ordem:
 Percepção delirante
 Alucinações auditivas características
 Pensamentos audíveis, vozes argumentando, discutindo ou ambos e
vozes comentando sobre o paciente
 Eco ou sonorização do pensamento
 Extração de pensamento e outras experiências de pensamento
influenciado.
 Irradiação de pensamentos
 Experiências somáticas passivas
 ´Experiências envolvendo afetos e impulsos “fabricados”.
Sintomas de segunda ordem
 Outros distúrbios de percepção.
 Idéias delirantes súbitas.
 Perplexidade.
 Alterações de humor eufóricas e depressivas
 Vivências de influência sobre os afetos
 Sentimento de empobrecimento emocional
Epidemiologia
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Prevalência no período de vida de 1%.
Idade do pico de aparecimento:
Homens entre os 15 e os 25 anos de idade.
Mulheres entre os 25 e 35 anos de idade.
Vulnerabilidade social e taxas de suicídio.
Considerações culturais e socioeconômicas.
Maior prevalência nas classes sócio-econômicas mais baixas.
Explicação pela mobilidade descendente ou estressores sociais como
determinantes da doença.
 Imigração, industrialização e tolerância com relação ao comportamento
marginal. Culturas mais ou menos “esquizofrenogênicas”.
 Diferença na inserção social entre sociedades rurais e sociedades
altamente civilizadas.
Etiologia
 Etiologia desconhecida, provavelmente heterogênea.
 Modelo estresse-diástese.
 Postula que um indivíduo pode ter uma vulnerabilidade
específica (diátese) que quando influenciada por fatores
estressantes, permite o desenvolvimento dos sintomas da
esquizofrenia.
Fatores biológicos
Hipótese dopamínica: existe excesso de atividade dopaminérgica na
esquizofrenia. Drogas antipsicóticas se ligam e esses receptores
 Concentração dos estudos nas áreas do lobo frontal, sistema límbico e
gânglios basais.
 Psicoiminulogia: pesquisas de infecções virais durante a gravidez
 Psicoendocrinologia: Demonstração de níveis diminuídos de hormônio
luteinizante/hormônio folículo estimulante. Demonstração de liberação
deprimida de prolactina e hormônio do crescimento à estimulação.
Liberação reduzida de hormônio do crescimento (relação com os
sintomas negativos).
 Investigação genética
Características clínicas
 Nenhum sinal ou sintoma é patognômônico
da esquizofrenia.
 Os sintomas de um paciente individual
mudam com o tempo.
 Levar em consideração o nível educacional e
a afiliação cultural.
Sintomas pré-mórbidos
 História típica, mas não invariável.
 Personalidade esquizóide ou esquizotípica – quieto, passivo,
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com poucos amigos, fantasioso, introvertido e retraído como
adolescente e adulto.
Criança freqüentemente descrita como obediente.
Adolescente excluindo as atividades mais sociais, gostando de
cinema, televisão e computador.
Mudança no estilo de vida, não funcionando bem nas atividades
profissionais, sociais e pessoais.
Perplexidade, desenvolvimento um interesse por idéias
abstratas, filosofia, questões filosóficas ou religiosas.
Psicopatologia
 Descrição geral
 Paciente bastante loquaz e exibindo posturas
bizarras.
 Comportamento agitado e violento em resposta às
alucinações.
 Conduta desorganizada.
 Acentuado afastamento social, “autismo”, ausência
de comportamento para um objetivo.
 Deterioração dos hábitos sociais, desleixo com a
aparência, estereotipias, tiques estranhos.
Humor e afeto
 Afeto embotado, responsividade emocional reduzida.
 Emoções excessivamente ativas e inapropriadas de raiva,
felicidade ou ansiedade.
 Descrição de sentimentos exultantes de onipotência, êxtase
religioso, terror ante a desintegração de sua alma ou ansiedade
paralisante acerca da destruição do universo.
 Perplexidade, terror, senso de isolamento, ambivalência afetiva.
Distúrbios da sensopercepção
 Alucinações auditivas são as mais comuns:
vozes que comentam, vozes que conversam.
 Alucinações cenestésicas: sensação de
estados alterados do corpo, sem explicação
plausível.
 Alucinações visuais, táteis e gustativas em
menor freqüência.
Distúrbios no conteúdo do pensamento
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Delírios são variados na esquizofrenia.
Persecutórios
Ciúmes
Culpa, pecado.
Grandiosos.
Religiosos
Somáticos
Delírio de auto-referência
Delírio de ser controlado
Delírio de leitura da mente
Irradiação de pensamentos
Inserção de pensamentos
Extração de pensamentos
Distúrbios na forma do pensamento
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Afrouxamento de associações
Descarrilhamento do pensamento
Incoerência
Tangencialidade
Neologismos
Ecolalia
Salada de palavras
Mutismo
Demais categorias psicopatológicas
 Orientação (desorientação delirante)
 Incapacidade de concentração para testar a
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memória.
Psicomotricidade:
impulsividade
flexibilidade cérea
estupor catatônico.
Excitação catatônica
Julgamento: pouco insight da doença
Diferenciação da esquizofrenia em três subtipos
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Síndrome positiva ou produtiva
Alucinações
Idéias delirantes
Comportamento bizarro
Agitação psicomotora
Idéias bizarras
Produções lingüísticas novas como neologismos e parafasias
Síndrome desorganizada
Pensamento progressivamente desorganizado, indo de um
afrouxamento das associações até a total desagregação do
pensamento
 Comportamentos desorganizados e incompreensíveis, particularmente
sociais e sexuais, vestimenta e aparências bizarras.
 Afeto inadequado, com descompasso entre as esferas afetivas,
ideativas e volitivas
 Puerilidade
Diferenciação da esquizofrenia em três sub-tipos
 Síndrome negativa ou deficitária
 Corresponde ao que Bleuler descreveu como autismo da
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esquizofrenia
Distanciamento afetivo evoluindo até o embotamento.
Empobrecimento da linguagem e do pensamento
Diminuição da vontade e pragmatismo.
Negligência quanto a si mesmo
Lentificação e empobrecimento psicomotor.
Diagnóstico e tipos de Esquizofrenia
 Esquizofrenia paranóide
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Idade: geralmente no final dos 20 ou início dos 30 anos de idade.
Delírios de perseguição, referência, ascendência importante, missão especial
ou ciúmes.
Vozes alucinatórias que ameaçam o paciente, ou lhe dão ordens ou alucinações
auditivas sem conteúdo verbal, tais como assobios, zunidos ou risos.
Alucinações olfativas ou gustativas, de sensações sexuais ou corporais.
Alucinações visuais são mais raras.
Geralmente estão inseridos na comunidade, com identidade pessoa definida,
com maiores recursos egóicos.
Os pacientes esquizofrênicos paranóides típicos freqüentemente são tensos,
desconfiados e reservados, com episódios de irritabilidade e raiva repentina.
Sua inteligência em áreas não invadidas pelo delírio, freqüentemente é alta.
Sintomas “negativos” não dominam o quadro clínico.
Esquizofrenia Hebefrênica
 Início geralmente cedo, antes dos 25 anos de idade.
 Caracteriza-se por uma regressão acentuada a um
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comportamento primitivo, desinibido e desorganizado.
Pensamento desorganizado, com delírios mal sistematizados e
bizarros.
Aparência e comportamento social bastante comprometidos.
Afeto incongruente e superficial, respostas emocionais
inadequadas.
Rápido desenvolvimento de sintomas “negativos”,
particularmente embotamento afetivo e perda da volição.
Esquizofrenia Catatônica
 Característica essencial de perturbações
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psicomotoras.
Mutismo é particularmente comum.
Estupor
Negativismo
Rigidez
Flexibilidade cérea
Estereotipias, maneirismos.
Obediência automática
Perseveração de palavras e frases
Esquizofrenia indiferenciada
 Satisfaz os critérios para esquizofrenia, mas
não se adequam a nenhum dos subtipos.
Esquizofrenia Residual
 Houve pelo menos um episódio psicótico agudo.
 Apresenta-se sem sintomatologia produtiva, com predomínio de
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“sintomatologia negativa da esquizofrenia”, de longa duração:
Embotamento afetivo
Afastamento social
Comportamento excêntrico
Pensamento ilógico e leve afrouxamento das associações são
comuns.
Delírios e alucinações, quando presentes, não são
proeminentes e não são acompanhados por afetos intensos
Prognóstico da esquizofrenia
Bom prognóstico
Mau prognóstico
Início tardio
Fatores desencadeantes óbvios
Início agudo
Boa história social, sexual e profissional
pré-mórbida
Sintomas afetivos
Casado
Bons sistemas de apoio social
Sintomas positivos
Início precoce.
Ausência de fatores desencadeantes
Início insidioso
Fraca história social, sexual e
profissional pré-mórbida
Comportamento retraído e autista
Solteiro, divorciado e viúvo
Fraco sistema de apoio social
Sintomas negativos
Ausência de remissão em três anos
Muitas recaídas
História de agressividade
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