PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Conjuntura Econômica Brasileira: Desafios, Perspectivas e Propostas Fernando Ferrari Filho Professor Titular da UFRGS e Pesquisador do CNPq http://www.ppge.ufrgs.br/ferrari e [email protected] e [email protected] CNPL Curitiba, 15/06/2014 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Estrutura Impactos da Grande Recessão (GR) na Economia Brasileira; Problemas? Por que o crescimento desacelerou e a inflação persiste? Perspectivas? O que Fazer? PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Impactos da GR na Economia Brasileira (i) O que é a GR? Desdobramentos reais da crise do subprime → Recessão (2009) e recuperação lenta, assimétrica e instável (2010, 2011, 2012 e 2013; (ii) Impacto da GR no Brasil? Entre 2009 e 2013, PIB pífio, média de 2,3% ao ano, e à la stop-and-go. Por quê? Políticas contracíclicas centradas essencialmente em consumo, volatilidade da política econômica e recessão ou desaceleração dos principais parceiros comerciais; (iii) Restrições? Limitação das políticas contracíclicas para expandir consumo = f(Endividamento das famílias↑ e inadimplência) e incertezas para tomada de decisões = f(volatilidade do câmbio, taxas de juros ainda elevadas e política econômica de “idas e vindas”). PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Problemas? • Desequilíbrio no balanço de pagamentos em transações correntes; • Desindustrialização da economia (perda de competitividade devido aos elevados custos de produção – tributário, logístico etc. –, à apreciação cambial – maldição dos recursos naturais e controle inflacionário – e à inserção de novos players – Índia, Vietnã e países africanos, entre outros); • Perda do bônus demográfico (2020); • Escassez de oferta de trabalho e baixa produtividade da mão de obra; • Adiamento de reformas estrutural-institucionais; • Pressões por demandas sociais (serviços públicos em geral) devido à melhora econômico-social das classes de baixa renda. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Por que o crescimento desacelerou? • Problemas estruturais do lado da oferta, tais como escassez de oferta de trabalho, baixa produtividade e questões de infraestrutura (energia etc.); • Problemas do lado da demanda = f(crescimento alicerçado em consumo – endividamento das famílias e inadimplência –, contração fiscal, aumento da Selic e volatilidade da política econômica); • Deterioração do cenário externo, ou seja, desaceleração da China, EUA, Zona do Euro e Argentina, além da queda nos termos de troca. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Por que a inflação persiste? • Choques internos e externos, tais como aumento dos preços internacionais das commodities e desvalorização cambial, e inércia inflacionária; • Inflação acumulada entre 2010 e 2013? (i) IPCA = 26,4% (ii) Grupos do IPCA: Alimentação e bebidas = 41,2% (peso = 23,12%); Transportes = 11,5% (peso = 20,54%); Habitação = 23,9 % (peso = 14,62%); Saúde e Cuidados Especiais = 26,5% (peso = 11,09%); Despesas Pessoais = 40,1% (peso = 9,94%); Vestuário = 30,2% (peso = 6,67%); Comunicação = 3,98% (peso = 4,96); Artigos de Residência = 11,1% (peso = 4,69%); e Educação = 33,7% (peso = 4,37%); (iii) Preços livres x preços monitorados = 30,7% x 14,2%. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Perspectivas? Variáveis exógenas? (i) PIBs dos EUA, dos países da zona do euro, do Japão, da China e da Argentina → lenta e assimétrica recuperação; (ii) taxas de juros internacionais → tendência de elevação devido ao fim do quantitative easing; (iii) dificuldades de cp para solucionar a solução da crise do euro; e (iv) estabilidade dos preços das commodities. Variáveis endógenas? (i) Inflação “convergindo” para o target; (ii) Elevação do superávit fiscal e da taxa de juros; (iii) Volatilidade cambial; (iv) Deterioração das contas externas; (v) Estabilidade da relação crédito/PIB; (vi) Lenta melhora da infraestrutura e pouco avanço nos marcos regulatórios; e (vii) eleições. Estimativas para 2014? PIB = 1,5 a 2,0%; Inflação = 6,0 a 6,5%; Selic = 11,0 a 11,25%; e Taxa de câmbio = R$ 2,35 aR$ 2,45. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA O que fazer? (i) Crescimento = f(Estado, Mercado e Instituições); (ii) Política monetária: (a) regras x discricionariedade? Discricionariedade! Taxa de juros para dinamizar C e I. Objetivo? Economic growth targeting sem negligenciar o controle da inflação; e (b) Medidas macroprudencias (riscos financeiros↓ e liquidez↑); (iii) Política fiscal contracíclica: períodos de crise, expansão fiscal x períodos de prosperidade, equilíbrio/superávit fiscal. Enfim, responsabilidade ao invés de austeridade fiscal; (iv) Política cambial: taxa real efetiva de câmbio (TREC) de equilíbrio para evitar volatilidade e apreciação da taxa nominal de câmbio = f(câmbio administrado a partir de um Fundo de Estabilização Cambial e controle de capitais – IOF e reservas PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA compulsórias). A ideia é que a TREC não seja tão apreciada, a ponto de criar externalidade negativa para o setor industrial, e tampouco seja muito desvalorizada para não gerar efeito pass-through; (v) Reforma tributária: racionalização tributária e eficiência alocativa (Qual é o problema? A complexidade e não o tamanho da carga tributária). ID (natureza de progressividade) x II, impostos sobre capital, riqueza etc.; (vi) Política industrial (crédito, subsídios, tecnologia etc.), visando aumentar a competitividade e a inserção (cenário mundial) das empresas; (vii) Políticas de renda para regular W e P, em conformidade com os ganhos de produtividade da economia e a dinâmica concorrencial; (viii) Reforma financeira: operações de swaps de títulos pós-fixados por títulos pré-fixados, eliminação das LFTs e dinamização dos mercados de capitais e de títulos de dívida privada; PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA (ix) Investimentos públicos em serviços básicos (educação e saúde) e infraestrutura (mobilidade urbana, estradas, portos, saneamento, energia e habitação, entre outros); (x) Melhores instrumentos de governança. Em suma, intervenção do Estado, mudanças estrutural-institucionais e maior coordenação entre as políticas fiscal, monetária e cambial.