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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
A Grande Recessão e seus Impactos na
Economia Brasileira
Fernando Ferrari Filho
Professor Titular da UFRGS e Pesquisador do CNPq
http://www.ppge.ufrgs.br/ferrari e [email protected] e
[email protected]
CNPL
Belo Horizonte, 14/02/2014
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Estrutura
Cenário Internacional Pré-Crise Financeira: Mudanças Geopolíticas
Grande Recessão (GR);
Impactos da GR na Economia Brasileira;
Problemas?
Variáveis Condicionais e Perspectivas?
Que Fazer?
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Cenário Internacional Pré-Crise Financeira:
Mudanças Geopolíticas
(i) Diminuição do peso das economias capitalistas desenvolvidas na
economia mundial:
• Queda da participação dos EUA, da União Europeia e do Japão,
entre 2000 e 2010, no PIB mundial;
• Queda da participação dos EUA, da União Monetária e do Japão
nas exportações mundiais;
(ii) Expansão dos Emergentes:
• Aumento da participação da China, da Rússia, da África do Sul, da
Índia, da Indonésia, da Turquia, da Coreia do Sul e da Cingapura,
entre outros países, no PIB mundial e nas exportações mundiais.
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GR
(i) Origens da GR:
• 2006: Início das fortes oscilações das bolsas de valores;
• 2007: Primeira “quebra” de hedge funds e início da restrição do
crédito;
• 2008: Quebra do Lehman Brothers e início do “colapso” do sistema
financeiro.
(ii) Impactos da GR:
• Recessão (2009) e recuperação lenta, assimétrica e instável (2010,
2011, 2012 e 2013);
• Medidas contracíclicas: Expansões fiscais (TNs) e monetárias
(quantitaive easing), reduções das taxas de juros etc.;
• Deterioração fiscal dos EUA, dos países da União Europeia e do
Japão;
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•
Expansões fiscal e monetária elevaram a liquidez, estimulando os
capitais a procurarem retornos atrativos (bolhas especulativas de
ativos nas economias emergentes devido às operações de carry
trade), e chegaram ao limite;
• Crise na zona do Euro = f(déficits gêmeos e crise bancária).
Problemas adicionais para a zona do Euro: Como inserir os países do
leste europeu? Flexibilizar (ou não) o Pacto de Estabilidade e
Crescimento? Saídas de países periféricos? Solução para as dívidas
soberanas e para a crise bancária?
• Problemas na China? Sistema financeiro muito alavancado, pressões
salariais e bolhas de ativos.
(iii) Resumo: (a) Primeira crise mundial do capitalismo financeiro =
f(globalização financeira) = g(desregulamentação dos mercados
financeiros e livre mobilidade de capitais); (b) Criação de “Shadow
Bank System” não sujeito às normas regulatórias dos Acordos da
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Basileia, em que as instituições desempenham papel semelhante aos
dos bancos comerciais, possibilitando, assim, alavancagem
excessiva; (c) Presença de novos agentes: investidores institucionais
(fundos mútuos, fundos de pensão, companhias de seguro etc.) que
utilizam inovações financeiras (derivativos e securitização, ativos
financeiros não lastreados pelos depositários de primeira instância);
(d) Nova racionalidade? Criação de lucro sem criação de valor
(econômico) novo (ganhos de intermediação; (e) A crise atingiu os
lados financeiro e real da economia: colapso financeiro e recessão; e
(f) Políticas contracíciclicas e intervenção estatal: “fim” da era
neoliberal e resgate da era keynesiana?
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Impactos da GR na Economia Brasileira
(i) Desempenho? Entre 2009 e 2013, PIB pífio, média de 2,3% ao
ano, e à la stop-and-go. Por quê? Políticas contracíclicas
centradas essencialmente em consumo, volatilidade da política
econômica e recessão ou desaceleração dos principais parceiros
comerciais;
(ii) Restrições? Limitação das políticas contracíclicas para expandir
consumo = f(Endividamento das famílias↑ e inadimplência) e
volatilidade do câmbio, taxas de juros ainda elevadas e política
econômica de “idas e vindas”;
(iii) Principais medidas econômicas?
• 2009
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Redução de impostos para diversos produtos (automóveis)
Redução TJLP (6,25% para 6,0%) e Selic (13,75% para 8,75%);
Liberação e redução dos depósitos compulsórios;
Minha Casa, Minha Vida;
Criação de IOF (2,0%) para investimento estrangeiro em renda fixa
(RF).
• 2010
Redução de tributos e regras para compras governamentais;
Aumento Selic (8,75% para 10,75%);
Aumento da alíquota de IOF (6,0%) para investimento estrangeiro
em RF.
• 2011
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA
Ajuste fiscal: redução de R$ 50 bilhões nas despesas primárias;
Aumento da exigência dos compulsórios e medidas macroprudenciais;
Aumento das alíquotas de compras no exterior (6,38%);
Redução de impostos para “linha branca”, automóveis e construção
civil;
Elevação (10,75% para 11,25%) e redução Selic (11,25% para 11,0%);
Redução e aumento do IOF sobre crédito ao consumidor (3,0% para
1,5% e 1,5% para 3,0%);
Plano Brasil Maior.
• 2012
Redução das taxas de juros e dos spreads dos bancos públicos;
Redução TJLP (6,0% para 5,5%) e Selic (11,0% para 7,25%);
Alteração das regras da poupança;
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Programa Brasil Carinhoso.
• 2013
Redução TJLP (5,5% para 5,0%) e aumento Selic (7,25% para
10,0%);
Corte dos custos de energia;
Desoneração da cesta básica;
Eliminação do IOF para investimento estrangeiro em RF;
Ajuste fiscal parcial.
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Problemas?
• Desequilíbrio no balanço de pagamentos em transações correntes;
• Desindustrialização da economia (perda de competitividade devido
aos elevados custos de produção – tributário, logístico etc. – ao
câmbio e à inserção de novos players – Índia, Vietnã e países
africanos, entre outros);
• Maldição do recursos naturais (“Doença Holandesa”);
• Inflação acima do target;
• Crescimento potencial baixo;
• Adiamento de reformas estrutural-institucionais.
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Variáveis Condicionais e Perspectivas?
• Variáveis Condicionais?
Exógenas? (i) PIBs dos EUA, dos países da zona do euro, do Japão, da
China e da Argentina → lenta e assimétrica recuperação; (ii) taxas de
juros internacionais → tendência de elevação devido ao fim do
quantitative easing; (iii) dificuldades de cp para solucionar a solução
da crise do euro; e (iv) estabilidade dos preços das commodities.
Endógenas? (i) Inflação “convergindo” para o target; (ii) Elevação do
superávit fiscal e da taxa de juros; (iii) Volatilidade cambial; (iv)
Deterioração das contas externas; (v) Estabilidade da relação
crédito/PIB; e (vi) Lenta melhora da infraestrutura e pouco avanço nos
marcos regulatórios.
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• Perspectivas para 2014?
PIB = 2,0 a 2,5%;
Inflação: 5,5 a 6,0%;
Balança Comercial: US$ 8,0 a US$ 10,0 bilhões;
Selic (fim de período): 10,75% a 11,25%;
Taxa de Câmbio (fim de período): R$ 2,40 a R$ 2,50.
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O que fazer?
(i) Crescimento = f(wage-led e export-led) = g(Estado, Mercado e
Instituições);
(ii) Política monetária: (a) regras x discricionariedade?
Discricionariedade! Taxa de juros para dinamizar C e I. Ou seja,
substituição do inflation targeting pelo economic growth targeting;
e (b) Medidas macroprudencias (riscos financeiros↓ e liquidez↑);
(iii) Política fiscal contracíclica: períodos de crise, expansão fiscal x
períodos de prosperidade, equilíbrio/superávit fiscal. Enfim,
responsabilidade ao invés de austeridade fiscal;
(iv) Política cambial: taxa real efetiva de câmbio (TREC) de
equilíbrio para evitar volatilidade e apreciação da taxa nominal de
câmbio = f(câmbio administrado a partir de um Fundo de
Estabilização Cambial e controle de capitais – IOF e reservas
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compulsórias). A ideia é que a TREC não seja tão apreciada, a ponto
de criar externalidade negativa para o setor industrial, e tampouco seja
muito desvalorizada para não gerar efeito pass-through;
(v) Reforma tributária: ID x II, impostos sobre capital, riqueza etc. →
Reforma tributária com maior incidência sobre renda e riqueza e
caráter de progressividade.
(vi) Política industrial (crédito, subsídios, tecnologia etc.), visando
aumentar a competitividade e a inserção (cenário mundial) das
empresas;
(vii) Políticas de renda para regular W e P, em conformidade com os
ganhos de produtividade da economia e a dinâmica concorrencial;
(viii) Diversificação da pauta de exportação e dos parceiros
comerciais (comércio Sul-Sul, BRICs etc.);
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(ix) Reforma financeira: operações de swaps de títulos pós-fixados
por títulos pré-fixados, eliminação das LFTs, mudanças nas regras da
poupança (maturação e rentabilidade maiores, visando funding para
longo prazo), dinamização dos mercados de capitais e de títulos de
dívida privada;
(x) Investimentos públicos em serviços básicos (educação e saúde) e
infraestrutura (mobilidade urbana, estradas, portos, saneamento,
energia e habitação, entre outros);
(xi) Melhores instrumentos de governança.
Em suma, intervenção do Estado, mudanças estrutural-institucionais e
maior coordenação entre as políticas fiscal, monetária e cambial.