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PARLAMENTO EUROPEU
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1999
2004
Documento de sessão
FINAL
A5-0222/2001
21 de Junho de 2001
RELATÓRIO
sobre as medidas destinadas a ajudar os agentes económicos na passagem ao
euro
(2000/2278(INI))
Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários
Relator: Jules Maaten
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ÍNDICE
Página
PÁGINA REGULAMENTAR ................................................................................................... 4
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO ................................................................................................ 5
EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS .................................................................................................. 10
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PÁGINA REGULAMENTAR
Na sessão de 18 de Janeiro de 2001, a Presidente do Parlamento comunicou que a Comissão
dos Assuntos Económicos e Monetários fora autorizada a elaborar um relatório de iniciativa,
nos termos do artigo 163º do Regimento, sobre as medidas destinadas a ajudar os agentes
económicos na passagem ao euro.
Na sua reunião de 21 de Março de 2001, a Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários
designou relator Jules Maaten.
Nas suas reuniões de 25 de Abril de 2001, 26 de Abril de 2001, 19 de Junho de 2001 e 20 de
Junho de 2001, a comissão procedeu à apreciação do projecto de relatório.
Na última reunião, a comissão aprovou a proposta de resolução por unanimidade e 3
abstenções.
Encontravam-se presentes no momento da votação Christa Randzio-Plath (presidente), José
Manuel García-Margallo y Marfil e Philippe A.R. Herzog (vice-presidentes), Jules Maaten
(relator), Generoso Andria, Richard A. Balfe, Luis Berenguer Fuster, Pervenche Berès, Hans
Blokland, Hans Udo Bullmann, Benedetto Della Vedova, Harald Ettl (em substituição de
Peter William Skinner), Jonathan Evans, Carles-Alfred Gasòliba i Böhm, Marie-Hélène Gillig
(em substituição de Helena Torres Marques), Robert Goebbels, Giorgos Katiforis, Christoph
Werner Konrad, Thomas Mann (em substituição de Othmar Karas), Alexander Radwan,
Bernhard Rapkay, Olle Schmidt, Charles Tannock, Marianne L.P. Thyssen, Theresa Villiers e
Karl von Wogau.
O relatório foi entregue em 21 de Junho de 2001.
O prazo para a entrega de alterações ao presente relatório constará do projecto de ordem do
dia do período de sessões em que for apreciado.
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PROPOSTA DE RESOLUÇÃO
Resolução do Parlamento Europeu sobre as medidas destinadas a ajudar os agentes
económicos na passagem ao euro (2000/2278(INI))
O Parlamento Europeu,
– Tendo em conta a Recomendação da Comissão relativa a medidas destinadas a facilitar a
preparação dos agentes económicos para a passagem ao euro (C 2000/2985)1,
–
Tendo em conta a sua Resolução de 16 de Dezembro de 1998 relativa à estratégia de
informação sobre o euro2,
–
Tendo em conta a sua Resolução de 2 de Dezembro de 1999 sobre a duração do período
transitório relativo à introdução do euro3,
–
Tendo em conta a Recomendação da Comissão relativa à dupla afixação de preços e de
outros montantes monetários (98/287/CE)4,
–
Tendo em conta a sua Resolução de 13 de Janeiro de 1998 sobre o Euro e os
consumidores5,
–
Tendo em conta a sua Resolução de 10 de Março de 1998 sobre os “Aspectos práticos da
introdução do Euro” e o Documento de Trabalho da Comissão sobre a preparação das
administrações públicas para a transição para o Euro6,
–
Tendo em conta a sua Resolução de 6 de Julho sobre a Comunicação da Comissão em
matéria de estratégia de comunicação a prosseguir nas últimas fases da realização da
UEM7
–
Tendo em conta a Comunicação da Comissão (COM(2001) 190) “ Relatório sobre os
preparativos para a introdução das notas e moedas em euros”,
–
Tendo em conta os acordos relativos à prestação de informações sobre a introdução do
euro, celebrados por 13 Estados-Membros, a Comissão e o Parlamento Europeu,
–
Tendo em conta a campanha de informação Euro 2002, levada a cabo pelo Sistema
Europeu de Bancos Centrais,
–
Tendo em conta o artigo 163º do seu Regimento,
1
JO C 303 de 24 .10.2000, p. 6.
JO C 98 de 9.4.1999, p. 145.
3
JO C … (ainda não publicado).
4
JO L 130 de 1.5.1998, p. 26.
5
JO C 34 de 2.2.1998, p. 38.
6
JO C 104 de 6.4.1998, p. 69.
7
JO C 121 de 24.4.2001, p. 180.
2
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–
Tendo em conta o relatório da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários
(A5-0222/2001),
A. Considerando que a moeda única europeia é o factor decisivo para a criação da identidade
no processo de integração europeia, revestindo-se de extraordinária importância histórica,
B. Considerando que a introdução das notas e moedas de euro representa, para os cidadãos
europeus, uma prova concreta inédita da integração europeia e que, por isso, a sua
execução correcta se reveste de um significado inestimável para a consciencialização e
apreciação da integração europeia,
C. Considerando que os efeitos já favoráveis do euro no mercado único europeu, a
estabilidade económica geral, o emprego e o crescimento devem aumentar após uma
transição suave para as notas e moedas de euro,
D. Considerando que a transição para o euro é um tremendo desafio logístico para os
governos nacionais, o Euro-sistema, o sistema bancário e todos os cidadãos europeus,
E. Considerando que tem reinado – especialmente nas PME - uma atmosfera de “negligência
benigna” entre os responsáveis políticos no que diz respeito à introdução das notas e
moedas de euro; constatando com preocupação que mais 1/3 das PME ainda não estão
preparadas para a transição para o euro,
F. Considerando que as anteriores campanhas de informação não obtiveram os resultados
desejados em matéria de promoção da utilização do euro entre consumidores e empresas,
G. Considerando que o facto de os governos dos Estados-Membros e o BCE terem ignorado
o aspecto dos custos da introdução do euro e não terem criado incentivos para
determinados grupos-alvo - como o comércio retalhista - levou o sector privado a adoptar
uma atitude de expectativa, demasiado passiva,
H. Considerando que o Sistema Europeu de Bancos Centrais (SBCE) e os governos dos
Estados-Membros têm o dever de assegurar da melhor maneira que todos os consumidores
possam efectuar a passagem ao euro logo nos primeiros dias de 2002 sem grande
transtorno, bem como de assegurar que os retalhistas, especialmente os pequenos
retalhistas, estejam bem preparados para o euro,
I. Considerando que a data e os montantes previstos de distribuição ao público dos primeiros
euros (em moedas) nos doze países variam consideravelmente,
J. Considerando que a pré-alimentação de euros aos retalhistas está prevista para ocorrer
entre 1 de Setembro e 1 de Dezembro de 2001 nos países da zona euro,
K. Considerando que um dos elementos fundamentais, na opinião do Parlamento Europeu,
para facilitar a transição, a pré-alimentação do público com notas de pequeno valor facial,
tem sido consistentemente rejeitado pelo BCE,
L. Considerando que a fundamentação lógica da posição do BCE sobre esta matéria é
deficiente e que a antecipação de alguns dias da pré-alimentação de euros ao público não
aumentará o risco de contrafacção,
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M. Considerando que continua a existir a necessidade de levantar outras questões urgentes de
ordem prática com vista à introdução do euro sem problemas (por exemplo, neutralização
das notas nacionais, recolha das divisas nacionais, abertura de agências bancárias) e de as
examinar o mais rapidamente possível,
1. Insta o BCE a reconsiderar a sua posição de repúdio da pré-alimentação do público com
notas de pequeno valor facial em euros;
2. Propõe que a partir de 27 de Dezembro de 2001 haja em todos os países da zona euro
caixas automáticas que iniciem ao mesmo tempo a pré-alimentação de notas de pequenos
montantes aos cidadãos que voluntariamente se queiram pré-abastecer;
3. Apoia a estratégia da Comissão que visa identificar “boas práticas” e exorta os EstadosMembros a desenvolver esforços finais de grande alcance e prestar ainda mais
informações sobre o euro e o seu lançamento do que até aqui, bem como a adaptar os seus
programas nacionais de transição por forma a tomar as mesmas em conta;
4. Recomenda que os consumidores sejam autorizados, se assim desejarem, a adquirir mais
do que um kit de moedas em euros, a fim de facilitar a injecção preliminar na economia de
moedas em euros;
5. Recomenda que as operações de “mealheiro”, já anunciadas em vários países, sejam
alargadas a todos os países da zona Euro, com vista a reduzir, a título preventivo, o
volume de moedas em circulação;
6. Deixa à consideração a possibilidade de alargar a iniciativa dos Países Baixos no sentido
de permitir aos bancos que estejam abertos em 1 de Janeiro, em toda a zona Euro, a fim de
proporcionar aos bancos uma oportunidade adicional de fornecerem montantes adequados
a retalhistas e consumidores;
7. Recomenda que, nas duas primeiras semanas de Janeiro de 2002, só notas de pequeno
valor facial sejam colocadas nos distribuidores automáticos e distribuídas aos balcões dos
bancos;
8. Recomenda que, nos locais em que os distribuidores automáticos possam fornecer notas
de euro, as poucas máquinas que ainda distribuam unidades monetárias nacionais sejam
desligadas após o dia-E, a fim de evitar que as unidades monetárias nacionais sejam
reinjectadas na circulação;
9. Recomenda que as vendas ou os saldos sejam antecipados para o final de Dezembro ou
adiados até meados de Janeiro, a fim de evitar que a transição colida com dias de elevado
movimento;
10. Solicita que seja efectuado, em todas as escolas da zona euro, um projecto de um dia sobre
a introdução do euro;
11. Congratula-se com a declaração conjunta, de 2 de Abril de 2001, das associações de
consumidores e de retalhistas, destinada a manter os preços sob controlo, e exorta a
Comissão, bem como as organizações de consumidores e retalhistas, a acompanhar de
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perto a situação, com vista a implementar este acordo por forma a atenuar as preocupações
do público relativas à inflação;
12. Exorta as empresas e administrações públicas dos Estados-Membros a não aproveitarem,
em caso algum, a introdução do euro para proceder a aumentos de preços "dissimulados";
13. Insta os Estados-Membros, tanto a nível regional como autárquico, a arredondar os seus
montantes administrativos (relativos a taxas, coimas, benefícios sociais, etc.) em benefício
dos consumidores, com vista a dar um bom exemplo;
14. Exorta as empresas - especialmente as PME - a desenvolverem e executarem planos e
actividades relativas à introdução do euro, incluindo a transposição imediata da sua
contabilidade para euros e a formação do seu pessoal;
15. Recomenda que o público seja informado de forma mais activa sobre as questões práticas
da introdução do euro, em especial sobre o modo como os cidadãos podem facilitar uma
transição suave através do seu próprio comportamento;
16. Considera que as campanhas de informação devem incitar os cidadãos europeus a utilizar
sistematicamente o euro como meio de pagamento a partir de 1 de Janeiro de 2002 e
dissuadi-los de esperar até ao fim do período de circulação das duas moedas para fazê-lo;
17. Salienta a necessidade de uma campanha de informação mais firme que vise as pequenas e
médias empresas e as autoridades locais, alertando-as para os custos de um adiamento da
passagem ao euro;
18. Recomenda que se dê prioridade ao lançamento das campanhas de informação dirigidas
aos “públicos sensíveis”;
19. Realça a importância crucial de uma acção de comunicação adequada que vise os
detentores de moeda entesourada, exortando-os ou a esperar até meados de Janeiro para
trocar a moeda entesourada ou a depositar esta moeda numa conta algum tempo antes de 1
de Janeiro de 2002;
20. Recorda a importância de uma campanha de informação resoluta destinada aos EstadosMembros que não aderiram ao euro e aos países terceiros nos quais o euro é largamente
utilizado, acentuando que a continuidade entre as unidades monetárias nacionais e o euro
é uma das vantagens para os consumidores;
21. Insta os bancos e as instituições de crédito responsáveis a possibilitarem a todos os
cidadãos e consumidores a troca da divisa nacional em euros sem restrições e, durante um
período limitado, sem despesas;
22. Recomenda que as instituições emissoras de cartões de crédito cobrem comissões menos
elevadas aos retalhistas, que suportam a maior parte dos encargos, ao aceitarem
pagamentos electrónicos durante um período transitório de um mês, com início em 1 de
Janeiro de 2002, bem como que os bancos concedam aos retalhistas condições de débito
diferido;
23. Solicita à Comissão que resolva rapidamente os processos e/ou queixas pendentes por
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abuso de posição dominante pelas empresas de meios de pagamento electrónicos;
24. Sublinha que o sentido da passagem ao euro não será compreendido se os esforços
comuns do Parlamento, da Comissão e do BCE não conseguirem eliminar o custo
excessivamente elevado dos pagamentos transfronteiriços de pequenos montantes;
solicita, por conseguinte, que no caso de montantes inferiores a 50.000 € os pagamentos
transfronteiriços no mercado interno da UE sejam mais económicos, mais rápidos e mais
seguros e sejam tratados como transferências nacionais, em termos de taxas e duração da
operação; lamenta, neste contexto, que só agora tenha sido dado seguimento ao pedido do
Parlamento Europeu no sentido de se instituir um sistema europeu de transferência para
pequenos montantes até 1 de Janeiro de 1999, com efeitos a partir de 1 de Janeiro de
2002;
25. Chama a atenção dos Estados-Membros para o facto de ainda poderem encorajar o
comércio retalhista a preparar-se rápida e adequadamente para a introdução do euro
através da concessão de incentivos fiscais ou de outro tipo, bem como para o facto de
poderem financiar estes incentivos com o esperado lucro decorrente das moedas e notas
velhas que não forem trocadas;
26. Chama a atenção para o facto de muitos residentes dos Estados-Membros que viajam
regularmente possuírem notas e moedas que não podem cambiar na divisa do país
respectivo; considera necessário fazer recomendações aos bancos para assegurar que a
troca de divisas dos 12 Estados-Membros que aderem ao euro será possível nas mesmas
condições que a troca de notas;
27. Encarrega a sua Presidente de transmitir a presente resolução ao Conselho, à Comissão
Europeia, ao Banco Central Europeu e aos parlamentos nacionais dos Estados-Membros.
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EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS
O êxito do euro é hoje um facto incontestável. O sistema bancário geriu com êxito a transição
de 1999. Esta mudança espectacular não foi confrontada com qualquer obstáculo digno de
nota. Pelo contrário, o novo sistema Target gerido pelo SEBC e criado recentemente para as
transacções importantes entre bancos efectua quatro milhões de pagamentos por mês. Os
mercados financeiros adaptaram-se rapidamente ao euro, que se tornou, em pouco tempo, uma
das duas principais moedas mundiais, conforme é ilustrado pela emissão maciça de
obrigações denominadas em euros em todo o mundo.
As vantagens do euro são já consideráveis. Nos últimos anos, a zona Euro tem beneficiado de
uma total estabilidade das taxas de câmbio entre os Estados-Membros. Este facto pode
parecer evidente, mas é conveniente recordar como os ajustamentos sucessivos de moedas nos
anos oitenta e noventa foram prejudiciais para o crescimento europeu. A crise do mercado
emergente de 1997-1998, apesar da sua gravidade, assinalou uma nova era, na qual os
choques externos são consideravelmente amortecidos pelo simples peso da zona Euro. A zona
Euro constitui em si um baluarte de estabilidade que, por sua vez, beneficia as outras
economias do mundo. Esta realidade já produziu frutos: as trocas comerciais na zona Euro
desenvolveram-se a um ritmo acelerado nos últimos anos, e o nível das taxas de juro a longo
prazo, da qual a maioria das empresas da zona Euro depende para o seu financiamento,
continua a ser baixo.
Contudo, as vantagens futuras são ainda mais importantes. A introdução do euro estimulará a
concorrência entre as empresas e incentivará as fusões e aquisições baseadas na eficácia, em
benefício dos consumidores. Estes poderão facilmente comparar os preços praticados nos
diferentes países. Em resultado, será exercida uma maior pressão a favor de um quadro
regulamentar, de um sistema fiscal e de estruturas económicas mais bem coordenados em toda
a Europa, o que terá por efeito aumentar a taxa de crescimento potencial e estimular o
emprego. Em síntese, o euro é e continuará a ser um catalisador do dinamismo e das reformas
estruturais na Europa.
Logística impressionante
Para colhermos os benefícios inerentes ao euro, devemos passar à última etapa deste projecto
ambicioso: a introdução das notas e moedas. A passagem ao euro no início de 2002
representará uma viragem na história monetária europeia. No passado, realizaram-se trocas
monetárias a nível nacional, mas nunca a uma escala tão vasta, se considerarmos o número de
países e a amplitude do território em causa. O simples peso das moedas de euro atinge as
239.000 toneladas, um peso 24 vezes superior ao da Torre Eiffel. Colocadas numa fila, as
notas abarcariam uma distância de 1,9 milhões de quilómetros, um número cinco vezes
superior ao da distância entre a Terra e a Lua.
Não há lugar para complacências
Diz-se muitas vezes que a construção da Europa está longe do cidadão. Ora, a passagem ao
euro é um acontecimento decisivo e concreto que terá repercussões na vida de todos os
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cidadãos da Europa. Qualquer que seja o resultado desta transição, cada indivíduo conservará
uma recordação profunda e duradoura dos acontecimentos felizes ou infelizes ocorridos neste
período histórico. Se for gerida com êxito, esta operação será um motivo de orgulho para
todos os europeus. Porém, se surgirem problemas, poderá pôr em causa todo o projecto
europeu. Os interesses em jogo são muito importantes e não há tempo para complacências.
Uma atitude complacente seria, por exemplo, estabelecer um paralelo falacioso entre esta
operação e a transição para o euro de 1999. Nessa época, a transição apenas dizia respeito aos
especialistas em contabilidade e informática. Desta vez, a transição abrangerá trezentos
milhões de pessoas e terá impacto sobre a forma como elas encaram o dinheiro, que constitui
um aspecto tão importante da sua vida privada.
O Parlamento Europeu deseja garantir que todos os aspectos da passagem ao euro sejam
considerados exaustivamente e que sejam tomadas todas as medidas necessárias para
assegurar uma transição harmoniosa para cada cidadão da zona Euro.
Início decepcionante da campanha sobre o euro
Embora ainda estejamos no início de uma vasta campanha de informação levada a cabo pelo
BCE e pelos governos nacionais, o Parlamento Europeu deve sublinhar a insuficiência dos
progressos realizados até à data no que se refere à utilização prática do euro e a gravidade dos
obstáculos que se colocam às operações de tesouraria nos primeiros dias de 2002. É
importante que o público e os retalhistas sejam plenamente informados sobre o que deve ser
feito nos primeiros dias de 2002. Será necessária a cooperação de todos para vencer este
tremendo desafio.
As grandes empresas dispõem das capacidades de gestão necessárias para fazer face à
passagem ao euro e, neste domínio, não existem motivos de inquietação. Em contrapartida, a
situação dos pequenos retalhistas e dos cidadãos é mais preocupante. O relatório trimestral da
Comissão indica que poucos ou nenhuns progressos reais foram realizados no que se refere à
utilização do euro: 9,6 % dos pagamentos nacionais das empresas foram efectuados em euros
no primeiro trimestre de 2000, contra 5,8 % no último trimestre de 2000. Esta percentagem é
muito baixa, sobretudo se atendermos a que o euro existe desde Janeiro de 1999.
Algumas empresas de software receiam que muitas PME esperem pelo segundo semestre do
corrente ano para tomar medidas. Nessa altura, as empresas de software não terão capacidade
suficiente para as ajudar.
As administrações públicas estão também na primeira linha da passagem ao euro e devem
tomar medidas adequadas para actualizar os seus vastos sistemas informáticos, que são por
vezes antiquados, a fim de os adaptar a essa transição. Deveria ser colocada a ênfase na
administração regional e local, que é com frequência responsável pelo pagamento das
prestações sociais a favor dos grupos vulneráveis.
Menos de um em seis consumidores conhece a taxa de conversão
No que respeita aos consumidores, a situação poderia ser melhorada. A Comissão Europeia
efectua regularmente sondagens sobre a atitude dos consumidores em relação ao euro. Só
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22% dos inquiridos declararam ter tentado memorizar alguns preços em euros, o que indica
uma progressão muito baixa desde Março de 2000. Menos de 15% das pessoas inquiridas
conhecem a taxa de conversão nacional exacta do euro (contra 12% no ano anterior).
Observa-se mesmo um ligeiro aumento do número de pessoas que receiam ser enganadas nos
preços. Estes resultados pouco encorajadores põem em causa a eficiência das campanhas de
informação realizadas até à data.
Uma vez mais, são necessárias propostas concretas e firmes. O Parlamento Europeu deveria
reforçar a confiança de todos os intervenientes na passagem ao euro apresentando propostas.
Stock de moeda heterogéneo
Acima de tudo, devem ser previstas soluções adequadas para o problema do stock de moeda,
que é mais diversificado do que se pensa. Com efeito, pode ser dividido em três categorias. A
primeira poderia denominar-se moeda circulante: ou seja, a moeda utilizada nas transacções
quotidianas. De um modo geral, o percurso deste dinheiro é circular: Distribuidores
automáticos de notas  Consumidor  Retalhista  Banco/Banco Central 
Distribuidores automáticos de notas. Em consequência, os movimentos são elevados e este
tipo de notas pode ser substituído mais facilmente através de um aprovisionamento adequado
dos distribuidores automáticos de notas em euros.
A segunda categoria poderia denominar-se «moeda entesourada». É geralmente constituída
por notas de valor elevado (o equivalente a 100 euros ou mais). Este dinheiro está escondido
em colchões, em meias ou enterrado em qualquer parte? Ninguém o sabe – é impossível
localizar este dinheiro e prever o comportamento dos seus proprietários após 1 de Janeiro de
2002. Só no caso da Alemanha, 100.000 milhões dos 260.000 milhões de marcos em
circulação poderiam pertencer a esta categoria.
A terceira categoria consiste no dinheiro em circulação no estrangeiro, cujo volume e
condições de câmbio são também pouco conhecidos. Cada tipo de moeda requer uma
abordagem diferente, mas o facto de uma percentagem considerável do stock de moeda estar
entesourado constitui, só por si, um motivo de séria preocupação relativamente à passagem ao
euro.
Por conseguinte, recomendamos vivamente a adopção de onze medidas com vista a assegurar
uma transição mais harmoniosa. Estas medidas são concretas e necessárias para evitar
qualquer tipo de ansiedade no período que precede a transição.
A questão da pré-alimentação
1. Em primeiro lugar, a pré-alimentação do público com notas e moedas de euro é a pedra
angular da posição do Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu não consegue entender por
que motivo o BCE insiste em repudiar tal medida. Enquanto até o mais pequeno retalhista
alemão ou austríaco receberá as notas e moedas que desejar a partir de 1 de Setembro, o BCE
proibiu o fornecimento de notas ao público mesmo nos últimos dias de 2001. Ainda que
possamos entender várias das razões na origem desta proibição, consideramos que a maior
parte é dúbia e que os benefícios de uma pré-alimentação excedem largamente as eventuais
desvantagens. Recordemos os benefícios a colher da pré-alimentação:
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a) Protecção contra a contrafacção: as pessoas estariam habituadas às novas notas, diminuindo
assim o risco de serem enganadas. Enquanto o BCE considera que a pré-alimentação
aumentaria a contrafacção, nós consideramos que acontecerá exactamente o contrário. Em 2
de Janeiro, antes de retirarem dinheiro dos distribuidores automáticos, as pessoas poderão
receber notas dos retalhistas e de outros consumidores. Nessa altura, saberão distinguir
facilmente o trigo do joio? Mesmo que sejam plenamente informadas pela campanha sobre o
euro, e cremos que assim será, nada poderá substituir o contacto físico com uma nova nota
alguns dias antes da sua utilização efectiva.
b) As pessoas não precisariam de acorrer aos distribuidores automáticos de notas e aos
balcões dos bancos logo nos primeiros dias de Janeiro; isto impediria a formação, nos
primeiros dias, de longas filas nos distribuidores automáticos e nos bancos e atenuaria
consideravelmente a carga excessiva que de outra forma recairá sobre as empresas de
transporte de dinheiro e, de modo mais geral, sobre o sistema bancário.
c) Os retalhistas terão de armazenar uma quantidade mais pequena de notas e moedas de euro
nos seus estabelecimentos. Isto equivale a matar dois coelhos com uma cajadada. Em primeiro
lugar, a criminalidade é desencorajada. Em segundo lugar, elimina-se a ameaça de escassez de
moeda nos primeiros dias. A fundamentação lógica deste argumento é simples: em geral, os
retalhistas dependem essencialmente do dinheiro recebido dos consumidores para dar trocos
ao próximo cliente. Nos primeiros dias de Janeiro, uma vez que continuarão a receber muitas
unidades monetárias nacionais que não podem voltar a pôr em circulação, terão de recorrer
constantemente à caixa para dar trocos. Em resultado, necessitarão de dispor de um montante
várias vezes superior ao "habitual". O múltiplo exacto varia com os países e as estimativas são
pouco claras. Porém, é indubitável que os retalhistas precisam de um fundo de caixa muito
mais elevado para dar trocos. Se os clientes já tiverem euros na algibeira, o montante
adicional de dinheiro requerido pelos retalhistas diminuirá substancialmente.
d) Sentindo-se mais seguros em relação à realidade concreta do euro, é provável que os
consumidores gastem uma maior percentagem das suas unidades monetárias nacionais em
Dezembro. Portanto, em Janeiro, os retalhistas passarão rapidamente a utilizar apenas um tipo
de moeda, o que facilitará consideravelmente a sua gestão monetária. Por conseguinte, a
quantidade de unidades monetárias nacionais a serem trocadas em Janeiro será mais reduzida.
O BCE argumenta que não seria possível impedir os consumidores de utilizar as notas
fornecidas através da pré-alimentação antes de 1 de Janeiro de 2000. Assim sendo, é difícil
entender por que motivo são fornecidas moedas previamente. Na verdade, as razões
mencionadas no boletim do BCE de Abril de 2001 para um tratamento diferenciado entre as
moedas (cuja pré-alimentação é autorizada) e as notas (cuja pré-alimentação não é autorizada)
não são muito convincentes. As notas de pequeno valor facial (5 e 10) cumprem,
fundamentalmente, o mesmo papel das moedas: são introduzidas na circulação pelos
retalhistas, simplificam as compras e permitem aos clientes pagar aproximadamente o preço
exacto. Neste caso, se as moedas podem ser distribuídas previamente, as notas de pequeno
valor facial também deveriam sê-lo.
Além da pré-alimentação, outras medidas poderão facilitar a transição. Podem ser
classificadas em quatro grupos:
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Medidas concretas para as últimas semanas de Dezembro:
– As operações de «mealheiro» destinadas a transferir poupanças para contas bancárias,
operações essas já realizadas em vários países, deviam ser generalizadas a todos os países da
zona Euro com vista a eliminar, a título preventivo, a circulação de moedas. Tal medida é
especialmente importante para limitar o problema da armazenagem nos estabelecimentos
comerciais e nos bancos, causado pela quantidade das moedas retiradas da circulação;
– Devem ser tomadas todas as medidas com vista a assegurar que cada adulto, e não apenas
cada agregado familiar, disponha de um kit de moedas em euros até final de Dezembro. Deste
modo, poderá ser útil permitir às pessoas que adquiram vários kits se desejarem fornecer
moedas de euro aos familiares.
Medidas concretas para as duas primeiras semanas de 2002:
Os distribuidores automáticos de notas são a principal fonte de alimentação da moeda
circulante. Por conseguinte, é uma boa notícia o facto de um grande número de distribuidores
automáticos irem ser convertidos nos primeiros dias de Janeiro. O Parlamento subscreve a
proposta da Comissão, apoiada pelo BCE, no sentido de introduzir principalmente notas de 5
e 10 euros nos distribuidores automáticos, nas duas primeiras semanas de Janeiro, por forma a
limitar a quantidade dos trocos dados pelos retalhistas. Nos casos em que as máquinas possam
fornecer notas de euro, deveriam, em regra, ser desligadas em vez de fornecer unidades
monetárias nacionais após o dia-E, a fim de evitar que uma fonte injecte unidades monetárias
nacionais na circulação monetária, o que prolongará a fase crítica do período transitório
durante o qual ambas as moedas serão apresentadas em grande número aos retalhistas. Uma
vez que o número de distribuidores automáticos convertidos será bastante elevado a partir do
dia-E, não deverá haver qualquer problema.
País
Distribuidores automáticos
convertidos no primeiro dia
Distribuidores automáticos
convertidos no final da primeira
semana
Bélgica
100 %
100 %
Alemanha
100 %
100 %
Grécia
Quase 90 %
Cerca de 100 %
Espanha
Quase 90 %
Quase 100 %
França
Cerca de 62 %
85 %
Irlanda
Cerca de 80 %
100 %
Itália
Cerca de 90 %
Mais de 90 %
Luxemburgo
100 %
100 %
Países Baixos
Quase 100%
100 %
Áustria
100 %
100 %
Portugal
8%
Cerca de 85 %
Finlândia
Cerca de 38 %
Cerca de 80 %
Fonte: Comissão Europeia, controlo mensal da preparação para a passagem ao euro (edição de Maio)
A mesma estratégia deve aplicar-se à troca de unidades monetárias nacionais aos balcões dos
bancos. A regra geral deve consistir em fornecer apenas notas de pequeno valor facial nas
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duas primeiras semanas quando o montante dos trocos for inferior a um certo limite. A
fundamentação é a mesma neste caso: impedir uma escassez de moeda, permitindo aos
clientes que dêem um montante tão próximo quanto possível do preço fixado, reduzindo
assim a quantidade de trocos a receber;
– a iniciativa dos Países Baixos no sentido de autorizar que os bancos estejam abertos no dia 1
de Janeiro, embora, infelizmente, apenas por algumas horas e só aos retalhistas, deve, no
entanto, ser saudada, e propomos que esta medida seja alargada a toda a zona Euro, mesmo
num horário reduzido, a fim de proporcionar aos bancos uma oportunidade adicional de
fornecer aos retalhistas montantes adequados de moeda. (Esta opção tornar-se-á urgente se o
BCE insistir em recusar qualquer forma de pré-alimentação);
– As vendas devem ser antecipadas ou adiadas até meados de Janeiro, a fim de evitar que a
transição colida com dias de grande movimento.
Uma melhor abordagem no que se refere aos retalhistas:
É atribuído aos retalhistas um papel fundamental na passagem ao euro, dado que terão de
gerir duas moedas durante várias semanas. Este facto constituirá um pesado encargo para os
pequenos retalhistas. Ao contribuir para retirar progressivamente da circulação as unidades
monetárias nacionais, efectuarão uma parte significativa da transição. Acima de tudo, uma vez
que necessitarão de um fundo de caixa mais elevado pelas razões acima referidas, seria justo
que pudessem beneficiar de disposições especiais destinadas a compensá-los desses encargos.
– Em primeiro lugar, as instituições emissoras de cartões de crédito poderiam conceder aos
retalhistas comissões mais baixas para os pagamentos electrónicos durante um período
transitório de duas semanas. A partir de 1 de Janeiro, este acesso facilitado a meios de
pagamento escriturais poderia ser implementado com a condição de os sistemas electrónicos
serem melhorados por forma a funcionarem em situações de carga excessiva;
– Em segundo lugar, a Comissão e as organizações bancárias acordaram que os retalhistas não
serão debitados antes de 1 de Janeiro de 2002, o mínimo a que têm direito. Uma vez que os
retalhistas necessitam de um fundo de caixa mais elevado em Janeiro, seria justo assegurar um
débito diferido por parte dos bancos, tanto mais que os próprios bancos beneficiam de um
débito diferido por parte do SEBC: dois terços da moeda em euros requerida pelos bancos
deverão ser debitados da sua conta junto do banco central apenas em final de Janeiro. Deste
modo, não seria excessivo solicitar um princípio de "paralelismo".
Estratégia de informação:
A campanha de informação está prestes a entrar numa fase activa. Não convém tirar
conclusões precipitadas, mas é pertinente considerar que os resultados obtidos até à data
foram decepcionantes. De facto, a campanha de informação deveria ser cuidadosamente
concebida por forma a transmitir uma mensagem simples e instruções úteis e detalhadas.
Reconhecemos que isto não é fácil. No entanto, três pontos requerem especial atenção do
nosso ponto de vista:
– As empresas e as administrações locais devem ser prioritariamente visadas por uma
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campanha de informação mais firme que as alerte para os custos de um maior atraso na
passagem ao euro; deve ser salientado o facto de os bancos recusarem pagamentos em moeda
escritural em unidades monetárias nacionais após 1 de Janeiro de 2002 e de a administração
fiscal exigir declarações fiscais expressas em euros. Dado que as campanhas "suaves" pouco
influenciaram as pequenas e médias empresas, não há necessidade de sermos mais explícitos;
– o problema da moeda entesourada deve ser encarado seriamente; para este efeito, deve ser
dirigida uma recomendação, através dos canais adequados, aos possuidores de grandes
quantidades de unidades monetárias nacionais, exortando-os a não acorrer aos bancos nos
primeiros dias de 2002;
– a importância de uma campanha resoluta de informação destinada aos países estrangeiros
nos quais o euro é largamente utilizado, revelando a continuidade entre as unidades
monetárias nacionais e o euro em termos do serviço prestado aos utilizadores.
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