Emille Durkheim - Teoria e método

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Teoria de Émile
Durkheim
1858-1917
Sociologia/
Prof. Antonio Mateus Soares
www.contatosociologico.crh.ufba.br
www.bizusociologico.blogspot.com
Biografia
-Émile Durkheim nasceu na cidade de Épinal
(região de Lorena-França) no dia 15 de abril de
1858. Faleceu em Paris, capital francesa, em 15
de novembro de 1917.
É considerado, junto com Max Weber, um dos
fundadores da sociologia moderna.
-Viveu numa família muito religiosa, pois seu pai
era um rabino. P Desde jovem, foi um opositor
da educação religiosa e defendia o método
científico como forma de desenvolvimento do
conhecimento.
-Aos 21 anos de idade, Durkheim foi estudar na
Escola Normal Superior (École Normale
Supérieure) e passou a dedicar-se ao mundo
intelectual. Formou-se em Filosofia, em 1882.
A Sociedade segundo
Durkheim
• Para compreendermos a sociologia durkheimiana nos ajuda
conhecermos sua concepção sobre o que é uma sociedade:
• (Em As Formas elementares de vida religiosa, pág. 45, Ed.
Paulus, 1989)
Epistemologia:
• A sociedade (objeto) é
superior
ao
indivíduo
(sujeito);
• As
estruturas
sociais
funcionam
de
modo
independente dos indivíduos,
condicionando suas ações.
• O TODO condiciona as
PARTES.
• O método científico:
• Intenção
de
fazer
da
sociologia
uma
ciência
“madura”, como as ciências
naturais;
• A realidade social é idêntica à
realidade
da
natureza:
equipara-se aos fenômenos
por ela estudados;
• “a primeira regra [da
sociologia]
e
a
mais
fundamental é considerar os
fatos sociais como coisas”
(1978, p. 94)
Epistemologia
•
1.
2.
Antes de criar propriamente o seu método sociológico,
Durkheim tinha que defrontar-se com duas questões:
Como ele concebia a relação entre indivíduo e sociedade?
Como ele entendia o papel do método científico na
explicação dos fenômenos sociais?
MÉTODO: FUNCIONALISTA
OBJETO: FATO SOCIAL
Metodologia Funcionalista
1.
2.
Qual o objeto de estudo da sociologia?
Como a sociologia deve proceder para explicar seu objeto
de estudo?
O Método Durkheimiano
• Regras do método sociológico: estudar o fato
social como “coisa” (os fenômenos podem ser
observados e medidos de forma objetiva). A
questão da neutralidade científica.
• Morfologia social: método comparativo >
classificação das diferentes formas de sociedade.
(o método sociológico durkheimiano flerta com
alguns modelos da biologia, tal qual aponta a
idéia de “organismo social”). (patologia social,
questão da violência. Direito).
A tradição durkheimiana
• É da tradição durkheimiana que surgem as
formulações funcionalistas, como as idéias de
“função” e “totalidade” (interconexão entre o
todo e as partes, as partes e o todo), que depois
deram origem às abordagens sistêmicas.
• Até certo ponto toda sociologia que dá mais
ênfase ao organismo social (à sociedade) do que
à ação social dos indivíduos tem algum nível de
relação com a tradição durkheimiana.
O Fato social
• O objeto da sociologia durkheimiana são os fatos
sociais;
• Os fatos sociais têm três características fundamentais:
• Coerção: exercem força sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se
Às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua
vontade e escolha. O grau de coerção de um fato social pode ser identificado
pelas sanções sociais que ele provoca. As sanções podem ser legais e
espontâneas)
• São exteriores aos indivíduos (independem de sua consciência
particular): existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de
sua vontade ou adesão consciente.
• Generalidade: é social todo fato que é geral. Isto é, que se repete em
todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles.
Fato Social e Consciência Coletiva
• Consciência coletiva: “conjunto de crenças e dos
sentimentos comuns à média dos membros de uma
mesma sociedade que forma um sistema determinado
com vida própria”. (a consciência coletiva é diferente da
consciência particular dos indivíduos e não corresponde
à soma destas. De uma certa forma, a consciência
coletiva é a própria sociedade).
• A “consciência coletiva” é adquirida mediante os
processos de socialização aos quais somos submetidos
ao longo da nossa vida na sociedade. (educação)
Objeto de estudo da sociologia
O FATO SOCIAL É:
1) GERAL
2) EXTERIOR
3) COERCITIVO
Objeto de estudo: O Fato Social
“é um fato social toda maneira de agir, fixa ou
não, capaz de exercer sobre o indivíduo uma
coerção exterior, ou ainda, que é geral no
conjunto de uma dada sociedade tendo, ao
mesmo tempo, uma existência própria,
independente de suas manifestações
individuais.”
1) Exterior
• Os fatos sociais existem e atuam sobre os
indivíduos, independentemente de sua vontade
ou de sua adesão consciente.
• Exemplos: o sistema de sinais de que me sirvo
para exprimir pensamentos; o sistema de
moedas que emprego para pagar as dívidas, os
instrumentos de crédito que utilizo nas relações
comerciais, as práticas que sigo na minha
profissão; os costumes e as leis >> FUNCIONAM
INDEPENDENTEMENTE DO USO QUE DELES FAÇO
2) Coerção
• A força que os fatos exercem
sobre os indivíduos, levandoos a conformarem-se às
regras da sociedade em que
vivem, independentemente
de suas vontades/escolhas;
• Exemplos: idioma e a moeda
usados no meu país; o modo
de se vestir no meu país e na
minha classe social; as leis
• Sanções: podem ser legais ou
espontâneas;
• Legais: são as sanções
prescritas pela sociedade, sob
a forma de LEIS, nas quais se
identifica a infração e a
penalidade subseqüente;
• Espontâneas: afloram como
decorrência de uma conduta
NÃO ADAPTADA à estrutura
do grupo ou da sociedade à
qual pertence o indivíduo.
3) Geral
• É geral todo fato que é geral, ou seja, que se repete em todos
os indivíduos, ou, pelo menos, na maioria deles;
• Os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um
estado comum ao grupo;
• Exemplos: formas de habitação; arquitetura das casas; formas
de comunicação; os sentimentos e a moral coletiva.
O Método Funcionalista: Como estudar os
fatos sociais?
• Formulação da metodologia funcionalista;
• Os fatos sociais (ou as maneiras padronizadas como agimos na
sociedade) não existem por acaso: existem porque cumprem
uma função;
Método Funcionalista:
• 1) Durkheim
compara a sociedade
a um “corpo vivo”;
• Cada órgão cumpre
uma função =
metodologia
funcionalista.
• 2) O todo predomina
sobre as partes;
• As partes (os fatos
sociais) existem em
função do todo (a
sociedade);
• Função social: a
ligação que existe
entre as partes e o
todo.
Método Funcionalista:
• A sociedade é semelhante a um corpo vivo;
• A sociedade (assim como o corpo humano) é
composta de várias partes;
• Cada parte cumpre uma função em relação ao todo.
Família
Religião
Empresa
Escola
Exército
Leis
Governo
Lazer
Cada instituição cumpre uma função para o bom
Funcionamento da sociedade.
É na determinação da função social que
as instituições cumprem que o método
funcionalista procura explicar sua
existência, bem como das nossas
formas de agir.
Normal e Patológico
• Finalidade da Sociologia: encontrar remédios para regularizar
a vida social.
• A sociedade, como todo organismo, apresenta estados
normais e patológicos, ou seja, saudáveis e doentios.
Um fato social é normal
quando:
Se encontra
generalizado pela
sociedade;
Desempenha alguma
função importante para
a adaptação ou
evolução da sociedade.
Exemplos: O crime é
um fato social normal:
É encontrado em
qualquer sociedade,
em qualquer época
Representa a
importância dos
valores sociais que
repudiam
determinadas condutas
como ilegais e as
condenam a
penalidades.
A generalidade de um fato social, isto é, sua
unanimidade, é garantia de normalidade na
medida em que representa o consenso social, a
vontade coletiva, ou o acordo do grupo a
respeito de determinada questão.
acontecimento de
caráter mórbido e de
uma sociedade
doente.
Normal e Patológico
• Normal: aqueles
fatos que não
extrapolam os limites
dos acontecimentos
mais gerais da
sociedade;
• Reflete os valores e
as condutas aceitas
pela maior parte da
população.
• Patológico: Aqueles
fatos que se
encontram fora dos
limites permitidos
pela ordem social e
pela moral vigente;
• Os fatos patológicos,
como as doenças,
são considerados
transitórios e
excepcionais.
Desdobramentos:Normal e
Patológico
O normal seria aquilo que ao mesmo tempo é
obrigatório para o individuo e superior a ele. Isto
significa que a sociedade e a consciência coletiva são
entidades morais antes mesmos de terem uma
existência tangível.
O patológico se instaura com a presença de desajustes
sociais. A desregulamentação e a falta de coesão
social irrompida por transgressões de
comportamentos geram situações desviantes.
Exemplo: o crime
• Não existe, pois, fenômeno que apresente de maneira mais
irrecusável todos os sintomas de normalidade, uma vez que
aparece estreitamente ligado às condições de toda a vida
coletiva.
• Não há dúvida que o próprio crime pode apresentar formas
anormais; é o que acontece quando, por exemplo, atinge taxas
exageradas;
• O que é normal é simplesmente a existência da criminalidade,
desde que, para cada tipo social, atinja e não ultrapasse
determinado nível.
• O crime é um fator da saúde pública, é parte integrante de
toda sociedade sã.
• Criminoso: agente regular da vida social normal.
A saúde/Os Fenômenos
Normais
• É reconhecível por intermédio da perfeita adaptação do
organismo ao meio que é o seu;
• É o estado de um organismo em que as possibilidades de
sobrevivência atingem o máximo
• Fenômenos encontrados em toda a extensão da espécie, na
maioria dos indivíduos.
A Doença/Os Fenômenos Patológicos
•
•
•
•
Tudo o que tem por efeito diminuir as possibilidades da saúde;
Provoca o enfraquecimento do organismo;
É algo possível de evitar;
Fenômenos excepcionais, encontradas numa minoria de
vezes;
Coesão, Solidariedade e a Consciência
Coletiva
• Conceito de solidariedade social – responsável
pela coesão entre os homens;
• Existência de uma solidariedade social que vem
da divisão do trabalho; a solidariedade social é
um fenômeno completamente moral;
• A solidariedade social varia de acordo com o tipo
de organização social, dada a presença mais
forte ou mais fraca da divisão do trabalho e de
uma consciência mais ou menos similar entre os
membros da sociedade.
Coesão, Solidariedade e a Consciência
Coletiva
• Consciência Coletiva: “conjunto das crenças e
dos sentimentos comuns à média dos membros
de uma mesma sociedade [que] forma um
sistema determinado que tem vida própria”;
• Quanto maior é a consciência coletiva, mais a
coesão entre os participantes da sociedade
refere-se a uma “conformidade de todas as
consciências particulares de tipo comum”, o que
faz com que todos se assemelhem.
Consciência Coletiva
Os membros do grupo
se assemelham e se
sentem atraídos
pelas similitudes uns
dos outros
Consciência
Coletiva
A individualidade
é menor
O Papel da Divisão do
Trabalho:
• Aumenta simultaneamente a força produtiva e a
habilidade do trabalhador;
• É a condição necessária do desenvolvimento
intelectual e material das sociedades;
• É a fonte da civilização;
• Função de criar entre duas ou várias pessoas um
sentimento de solidariedade.
• Estabelece uma ordem social e moral sui generis:
indivíduos que, sem isso, seriam independentes,
estão ligados uns aos outros/conjugam seus
esforços/são solidários.
Divisão do Trabalho:
• A diferenciação social faz com que a ‘unidade do organismo
seja tanto maior quanto mais marcada a individualidade das
partes’;
• Uma solidariedade ainda mais forte funda-se agora na
interdependência e na individuação dos membros que
compõem a sociedade.
Os dois tipos de solidariedade
• As sociedades passam
por processos de
evolução,
caracterizados pela
diferenciação social.
Solidariedade
Mecânica
Evolução
Solidariedade
Orgânica
Os dois tipos de solidariedade
Solidariedade
Mecânica
Solidariedade
Orgânica
Laço de
Consciência
solidariedade Coletiva
Divisão social do
trabalho
Organização
social
Sociedade coesa
Sociedade
Fragmentada
Solidariedade Mecânica
Liga diretamente o indivíduo à sociedade, sem nenhum
intermediário;
A sociedade é um conjunto mais ou menos organizado de
crenças e sentimentos comuns a todos os membros do grupo:
É O TIPO COLETIVO;
A consciência individual é uma simples dependência do tipo
coletivo: o indivíduo não se pertence os direitos pessoais não
se distinguem dos reais;
Só pode ser forte na medida em que as idéias e as tendências
comuns a todos os membros da sociedade ultrapassam as que
pertencem pessoalmente a cada um deles.
Solidariedade Mecânica
• Total predomínio do grupo sobre os indivíduos;
• Forte semelhança entre os indivíduos, há pouco espaço para a
individualidade;
• Os indivíduos vivem em sociedade pelo fato de que eles
partilham de uma “cultura comum” que os obriga a viver em
coletividade.
Solidariedade Orgânica
• A sociedade é um sistema de funções diferentes e especiais que
unem relações definidas.
• É produzida pela divisão do trabalho;
• Supõe que os indivíduos difiram entre si;
• Só é possível se cada um tem uma esfera própria de ação e, por
conseguinte, uma personalidade;
• O indivíduo depende da sociedade porque depende das partes que
a compõem;
• Cada um depende tanto mais da sociedade quanto mais dividido é o
trabalho;
• A atividade de cada um é tanto mais pessoal quanto mais
especializada;
• A unidade do organismo é tanto maior quanto mais marcada é a
individuação das partes
Solidariedade Mecânica e
Solidariedade Orgânica
Solidariedade Mecânica
SIMPLES
Solidariedade Orgânica
COMPLEXA
Pré-capitalista
Capitalista
Família e tradição
Divisão Racional
Indiferenciação
Diferenciação
Sociedade Simples
Sociedade Complexa
Perspectiva horizontal
Perspectiva vertical
Reconhecimento dos
mesmos valores e
códigos culturais
Reconhecimento dos
mesmos valores e
códigos culturais
O suicídio
• Problemas de integração do indivíduo na
sociedade moderna;
• O comportamento de suicidar-se também
possui causas sociais;
• A sociedade é que explica o comportamento do
indivíduo;
• “Todo caso de morte que resulte direta ou
indiretamente de um ato positivo ou negativo
praticado pela própria vítima, ato que a vítima
sabia dever produzir resultado.”
• Toda sociedade tem, em cada momento de sua
história, uma aptidão definida para o suicídio.
Suicídio egoísta:
• Quando os indivíduos não estão integrados às instituições ou a
redes sociais que regulam suas ações e lhes imprimam a
disciplina e a ordem (como a igreja, o trabalho, a família),
acabam tendo desejos infinitos que não podem satisfazer;
• Os homens estão mais inclinados ao suicídio quando não
estão integrados num grupo social, quando seus desejos não
podem ser reduzidos à autoridade e à força impostos pelo
grupo;
• Os indivíduos pensam essencialmente em si mesmos,
sofrendo com depressão, melancolia e outros sentimentos.
Suicídio altruísta:
• Se trata do suicídio pelo completo desaparecimento do
indivíduo no grupo;
• O indivíduo se mata devido a imperativos sociais, sem sequer
pensar em fazer valer seu direito à vida;
• O indivíduo se identifica tanto com a coletividade que é capaz
de tirar sua vida por ela (mártires, kamikases, honra, etc)
Suicídio anômico:
• Se deve a um estado de desregramento social,
em que as normas estão ausentes ou perderam
o sentido;
• Quando os laços que prendem os indivíduos aos
grupos se afrouxam, há uma crise social que
provoca o aumento desse tipo de suicídio;
• Atinge os indivíduos em função das condições de
vida nas sociedades modernas;
• Correlação entre a freqüência do suicídio e as
fases do ciclo econômico.
Citação:
• “A própria maneira pela qual se formam umas e outras
completa a diferença. As representações coletivas são o
produto de uma imensa cooperação que se estende não
apenas no espaço, mas no tempo; para produzi-las,
uma multidão de espíritos diversos se associaram,
misturaram, combinaram suas idéias e seus
sentimentos; longa série de gerações acumularam aí a
sua experiência e o seu saber. Uma intelectualidade
muito particular, infinitamente muita mais rica e mais
complexa que a do indivíduo aí está como que
concentrada.”
Citação:
• “(...) O homem é duplo. Há nele dois seres: um ser
individual que tem sua base no organismo e cujo
circulo de ação encontra-se, por isso mesmo,
estreitamente limitado, e um ser social que
representa em nós a mais alta realidade, na ordem
intelectual e moral, que possamos conhecer pela
observação, ou seja, a sociedade.”
Citação:
• “Não se pode deduzir a sociedade do indivíduo, o todo
da parte, o complexo do simples. A sociedade é uma
realidade sui generis; tem suas características próprias
que não são encontradas, ou que não são encontradas
sob a mesmo forma, no resto do universo. As
representações que a exprimem têm, portanto, um
conteúdo completamente diferente das representações
puramente individuais, e podemos estar seguros, de
antemão, que as primeiras acrescentam alguma coisa
às segundas.”
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