Diálise peritoneal aguda em neonatos de muito baixo peso usando um cateter vascular Acute peritoneal dialisys in very low birth weigh neonates using a vascular catheter Jae Eun Tu - Moon Sung Park - Ki Soo Pai Pediatric Nephrology Journal 2010; 25:367-371 Departament of Pediatrics. School os Medicine. Ajou University. Korea Apresentação:Larissa Mikael R2 Pediatria – Hospital Regional do Paranoá Coordenação: Paulo R. Margotto www.paulomargotto.com.br Introdução Os rins dos recém nascidos prematuros são vulneráveis a hipoxia, hipoperfusão e sepse [1,2]. Para um tratamento com sucesso desses recém nascidos, a diálise deve ser iniciada o quanto antes, para prevenir possíveis complicações e fornecer tempo adequado para a recuperação da função renal. Nos pacientes prematuros, diálise peritoneal (DP) é melhor em relação a hemodiálise, pois é um procedimento simples e pode ser usado em pacientes com instabilidade hemodinâmica [3-6]. Entretanto, é difícil encontrar cateter para diálise para prematuros, devido a sua parede abdominal pequena e inelástica. Para minimizar complicações associadas ao acesso da DP, vários tipos de cateteres foram testados, incluindo o tubo torácico e cateter vascular [6-9]. No entanto há uma limitada há uma limitada informação a respeito dos resultados da diálise peritoneal nos pré-termos. Objetivo Descrever os resultados de diálise peritoneal aguda, realizada em 16 recém nascidos de baixo peso com falência renal aguda associada a alterações sistêmicas graves. Métodos Pacientes: Foram revisadas as evoluções de 16 prematuros que receberam diálise peritoneal aguda como tratamento para falência renal aguda entre janeiro/2004 e dezembro/2008. A diálise peritoneal aguda foi realizada em pacientes com: 1. Redução abrupta da função renal (24-48h), com oligúria menor que 0,5ml/kg/h sem distensão da bexiga; e 2. Falha do tratamento conservador (expansão com solução salina de 20ml/kg, furosemida 2-10mg/kg/dia, dopamina 3mcg/kg/min e restrição de sal e água em alguns casos graves com edema importante sem hipovolemia); ou 3. Sinais de uremia (alteração da função cardíaca ou convulsões), hipocalemia refratária, acidose metabólica, ou 4. Comprometimento respiratório devido a sobrecarga de líquidos. Métodos Técnica da diálise: Depois da preparação da pele e da anestesia local, 5ml/kg de solução salina foi injetada na cavidade peritoneal com uma agulha de calibre 22, como preparação para passagem do cateter. A agulha era inserida diretamente no peritônio e um guia tipo “J” era inserido por ela. Um cateter vascular Arrow calibre 14 era passado pelo guia. Foram feitos buracos manuais nos 3-5cm finais do cateter (Figura 1a;Figura 1b; Figura 2)). A ponta do cateter foi fixada na fossa ilíaca contralateral, pelve ou área subepática e suturada. Nenhum dos paciente necessitou de mais de um cateter. Após a inserção do cateter era confirmada a sua localização com Raio-x simples. Figura 2 Resultados Características dos pacientes (listadas na Tabela 1): A DP foi realizada com 48h de oligúria e no início do distúrbio metabólico. Todos os pacientes tinham achados compatíveis com coagulação intravascular disseminada e sete dos pacientes com falência múltipla de órgãos. Nenhum dos pacientes apresentava distensão de bexiga ou trombose de veia renal à ultraSsonografia com Doppler. Resultados Complicações da diálise: Houve cinco (31%) de episódios de complicações relacionadas ao cateter. Houve peritonite em dois pacientes. Os organismos isolados foram Candida guilliermondi e Enterococcus faecium. Não houve casos de infecção no local de inserção do cateter. Imediatamente após a inserção o cateter foi reposicionado em dois pacientes, devido a torção e a localização do cateter. Vazamento precoce e má drenagem ocorreram nesses pacientes. Obstrução e hérnia do omento não foram documentadas. Resultados Eficácia da diálise: A diálise peritoneal aguda foi iniciada utilizando DinealR (solução de glicose para diálise peritoneal) com concentrações diferentes de glicose, dependendo do status metabólico do paciente). Uma Unidade de heparina de baixo peso molecular foi misturada a 1ml de dialisato. Primeiro, a retenção do dialisato foi realizada ao longo de 4h, para avaliar o transporte peritoneal e o equilíbrio individual da relação de creatinina do dialisato e do plasma (D/P Cr). O volume de troca inicial foi de 10ml/kg, que foi aumentado para 20ml/kg. Fluido de diálise pré aquecido era infundido por uma bomba de infusão e drenado pela gravidade (com uma altura de 100cm). O ciclo da diálise incluiu 10 minutos de infusão, 30-90min de permanência e 20min de drenagem. O tempo de permanência era determinado pelo tempo da máxima relação D/P Cr, eletrólitos, status metabólicos severidade do edema.O dialisato permaneceu por 90 min em 4 pacientes (casos 1, 4, 7 e 13) e foi 30 min nos outros 12 pacientes. O D/P Cr em 1h de permanência era o mais alto. As medidas do teste ANOVA foram usadas para verificar as mudanças em D/P Cr, se redução foi significaste em 1, 2 e 4h de tempo de permanência. A DP teve sucesso em 12 pacientes para o controle da hipocalemia, excesso de fluido e acidose metabólica. Esses pacientes tiveram melhora da diurese 48h após iniciar a diálise. Se a função renal do paciente melhorasse a DP era estendida por mais 6h e então o cateter era removido. Resultados Resultados: Quatro paciente morreram durante a DP; dois eram de extremo baixo peso, permaneceram anúricos e com funcionamento ruim da DP. Outros dois pacientes apresentarem enterocolite necrosante. Doze pacientes recuperaram sua função renal, apesar de 2 deles morrerem de insuficiência cardíaca congestiva e hemorragia intracraniana. 60 dias depois da diálise peritonenal aguda, 10 recém nascidos estavam vivos, eles recuperaram completamente sua função renal, normalizando suas creatininas séricas e eletrólitos. Nenhum dos pacientes precisou de DP longa (Tabela 1). Discussão Redefinição das técnicas de diálise permitem que os recém-nascidos prematuros possam ser tratados com a DP, apesar da mortalidade ainda ser alta em RN com falência renal aguda oligúrica. Além disso, alterações na filtração glomerular e função tubular podem persistir em RN com injúria renal aguda [4, 6, 10, 11]. As características da superfície peritoneal podem diferir em prematuros com doença severa Em RN com baixo débito cardíaco, a percussão intestinal é insuficiente para permitir troca adequada na diálise. A permeabilidade capilar da membrana peritoneal é aumentada em RN com sepse; isso pode conduzir uma rápida remoção de solutos, mas pode também diminuir a ultrafiltração [11-14]. Nos pacientes em DP, deve-se estimar a taxa de equilíbrio peritoneal individual, para otimizar a diálise, ou podemos colocar os RN em risco. Vários cateteres tem sido usados na DP nestes pequenos RN (6-9). No entanto tem sido usado por um curto período de tempo e não tem sido estabelecido um método padrão. A DPA usando cateter vascular Arrow 14 foi tecnicamente segura e efetiva. Os achados dos estudos sugeriram que o sucesso da DP é relacionado com a severidade do quadro do paciente. Discussão • A diálise peritoneal tem que equilibrar o tempo de permanência e o volume de dialisado para optimizar a ultrafiltração e a purificação do soluto. • Um grande volume de dialisado instilado aumenta a pressão hidrostática e intraperitoneal, facilitando a ultrafiltração de água. • Um tempo de permanência curta aumenta a ultrafiltração de água. No entanto, um muito curto tempo de permanência com um baixo volume de dialisado reduz a capacidade de difusão peritoneal e diminui a purificação do soluto do sangue [13-15]. Discussão Neste estudo, a D / P Cr era elevada e rapidamente atingiu ao equilíbrio (Tabela 1) equilibração (Tabela 1). A D / P Cr revelou uma significativa diminuição com 2 e 4 h de tempo de permanência e uma longa permanência não causou um grande volume efluente. Estas achados sugerem que a creatinina foi inversamente transportados para o plasma. Portanto, num primeiro momento, o tempo de permanência foi de 30 min em 12 pacientes gravemente edematosos com a máxima D / P Cr com 1 hora. Foi mantido o tempo de permanência de 90 minutos em 4 pacientes (casos 1, 4, 7 e 13) com a máxima D / P Cr em 2 h; em seguida, o tempo de permanência, o número de trocas e a concentração de glucose do dialisado foram ajustados em função do estado dos pacientes. Esta técnica foi eficaz para a purificação e ultrafiltração e pressão hidrostática intraperitoneal não causou respiratória ou comprometimento hemodinâmico Os parâmetros bioquímicos dos pacientes eram compatíveis com falência renal com necrose tubular aguda e a taxa de mortalidade era 37,5%, que é menor do que as descrita em outras revisões [3, 4, 6, 10, 11]. Discussão Concluindo, a DPA precoce foi realizada com sucesso em todos os RN do estudo. Esse procedimento pode ser usado em doenças graves, prematuros extremos com falência renal aguda para melhorar a evolução do paciente e reduzia a morbimortalidade. • 1. Stapleton FB, Jones DP, Green RS (1987) Acute renal failure in neonates: incidence, etiology and outcome. Pediatr Nephrol 1:314– 320CrossRefPubMed • 2.Subramanian S, Agarwal R, Deorari AK, Paul VK, Bagga A (2008) Acute renal failure in neonates. Indian J Pediatr 75:385– 391CrossRefPubMed • 3. Blowey DL, McFarland K, Alon U, McGraw-Houchens M, Hellerstein S, Warady BA (1993) Peritoneal dialysis in the neonatal period: outcome data. J Perinatol 13:59–64PubMed • 4. Matthews DE, West KW, Rescorla FJ, Vane DW, Grosfeld JL, Wappner RS, Bergstein J, Andreoli S (1990) Peritoneal dialysis in the first 60 days of life. J Pediatr Surg 25:110–115CrossRefPubMed • 5. 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Consultem também! Diálise peritoneal Autor(es): Marsha M. Lee, Annabelle N. Chua,Peter D. Yorgin. Apresentação:Marília Carolinna Milhomem CATETERES DE DP ESPECIAIS PARA RECÉM-NASCIDOS • Cateteres de DP fabricados pela soft Silastic®, são feitos de polímeros de silicone e metil-silicato – eles são lisos , seja em configurações enroladas ou retas. • A maior parte do cateteres têm orifícios laterais que permitem a fácil entrada do fluido egresso independentemente da posição do cateter no peritônio. • Cateteres permanentes com lúmens, são tipicamente fabricados pela Dacron®. • O balonete distal, que deve ser colocado a aproximadamente 2 cm do local de saída, atua como uma barreira antibacteriana ao longo do cateter. • Cateteres em espiral (rabo de porco) e cateteres retos têm sido utilizados em neonatos que têm previsão de uso do acesso de DP por um breve período de tempo. • Os cateteres podem ser inseridos tanto através da linha alba ou lateralmente ou paramedianamente através do músculo reto do abdômen diretamente no peritônio. • Para cateteres permanentes, o cateter é encapsulado sob a pele e deve sair virado para baixo (Caudal). • Para RNs muito pequenos, o cateter de DP é inserido diretamente através da parede abdominal, sem tunelamento. É desejável colocar o local de saída do cateter DP fora da área do tecido para diminuir o risco de imersão do cateter de DP nas vias urinárias ou contaminação com fezes. • Num esforço para alcançar uma ótima entrada de líquidos sem ter colonização bacteriana ao longo do Cateter DP, alguns programas colocam toda a porção externa do cateter dentro do túnel, durante 2 semanas, em seguida realizam um segundo procedimento para expor a parte externa do cateter. • A ponta do cateter DP é geralmente colocada na porção inferior da pelve. • Não pode haver dor durante os ciclos de preenchimento e de drenagem, se o cateter é adjacente ao reto. • Problemas significativos com formação de hidrocele em RNs que receberam DP têm sido relatados. Abordagem laparoscópica do hidrocele é possível no momento da colocação do cateter DP. • O cateter pode ser obstruído com fibrina ou intestino adjacente. • Prescrições iniciais de DP muitas vezes requerem o acréscimo de heparina (125-250 U / L) ao fluido de DP, pelo menos, nas primeiras 1 a 2 semanas . • • Tratamento da constipação pode ser extremamente útil . Profilaxia antimicrobiana prolongada após a inserção do cateter DP não é recomendada. Obrigada!!! Drs. Fabiana, Giane, Caique , Joseleide, Paulo R. Margotto, Larissa, Ana Lúcia e Maira