Fatos sociais - Professor André de Azevedo

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ÉMILE DURKHEIM
(1858-1917):
TEORIA DOS FATOS SOCIAIS
Émile DURKHEIM diz:
“A sociedade não é simples soma de indivíduos, e sim
formado pela associação, que representa uma
realidade específica com seus caracteres próprios.
Sem dúvida, nada se pode produzir de coletivo se
consciências particulares não existem; mas esta
condição necessária não é suficiente. É preciso
ainda que as consciências estejam associadas,
combinadas de determinada maneira; é desta
combinação que resulta a vida social e, por
conseguinte, é esta combinação que a explica.
Agregando-se, penetrando-se, fundindo-se, as
almas individuais dão nascimento a um ser, psíquico
se quisermos, mas que constitui individualidade
psíquica de novo gênero”.
O que é “social” para Durkheim?
O campo de estudo específico da Sociologia

“Empregam-na correntemente para designar quase
todos os fenômenos que se passam no interior da
sociedade, por pouco que apresentem, além de
certa generalidade, algum interesse social. Todavia,
desse ponto de vista, não haveria por assim dizer
nenhum acontecimento humano que não pudesse
ser chamado de social. Cada indivíduo bebe, dorme,
come, raciocina e a sociedade tem todo o interesse
em que estas funções se exerçam de modo regular.
Porém, se todos esses fatos fossem sociais, a
sociologia não teria objeto próprio e o seu domínio
se confundiria como o da biologia e da psicologia”
O que é “social” para Durkheim:
o campo de estudo específico da Sociologia

Portanto, não é demais ressaltar que,
para Durkheim, nem todo
acontecimento humano é fato social.
Não basta que um fato ocorra na
sociedade para merecer a qualificação
social.
O que é “Fato Social”
Assim, a Sociologia, obviamente, não se
ocupa de todos os fenômenos verificáveis
na sociedade, mas, apenas, daqueles que
apresentam as características que
determinam o seu caráter específico.
 À Sociologia compete estudar apenas os
fatos sociais, e estes... “consistem em

maneiras de agir, de pensar e de sentir
exteriores aos indivíduos, dotados de um
poder de coerção em virtude do qual se lhe
impõem”
Conceito de fato social pode se
explicitar, segundo Durkheim...
“Quando desempenho meus deveres de irmão,
de esposo ou de cidadão, quando me
desincumbo de encargos que contraí, pratico
deveres que estão definidos fora de mim e de
meus atos, no direito e no costume”.
“ O sistema de sinais de que me sirvo para
exprimir pensamentos, o sistema de moedas
que emprego para pagar dívidas, os
instrumentos de crédito que uso nas relações
comerciais, as práticas seguidas nas
profissões”

Acrescenta Durkheim que, além do poder de
coerção externa sobre os indivíduos – sua
característica mais importante – e da
exterioridade em relação às consciências
individuais, o fato social “é geral na
extensão de uma sociedade dada,
apresentando uma existência própria,
independente das manifestações individuais
que possa ter
Características do Fato Social:
Segundo Durkheim, são:



Exterioridade, em relação às consciências individuais.
Coercitividade, a coerção que o fato social exerce ou é
suscetível de exercer sobre os indivíduos.
Generalidade, em virtude de ser comum ao grupo ou à
sociedade.
O poder de coerção dos
fatos sociais
Não é necessariamente percebido como tal
pelos indivíduos, a saber, como uma
pressão externa sobre o seu
comportamento, já que os fatos sociais,
sendo coletivos, só atuam quando
assimilados pelos indivíduos como modos
de convívio, idéias e sentimentos tidos
como indiscutivelmente normais, como se
fossem algo que pertença a ordem
inevitável das coisas.
Consciente ou não, a coerção
social atua sobre mim!
Quando me comunico, na minha sociedade,
através de determinado idioma ou quando,
à refeição, uso talheres, não me ocorre que
eu esteja sendo pressionado por alguma
força externa. E, no entanto, quer eu tenha
ou não consciência da coerção que atua
sobre mim, levando-me a me comportar de
determinada forma, essa coerção externa é
uma realidade.
Coerção Social:
a força da pressão social
A coerção social é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos,
levando-os a conformarem-se às regras da sociedade em que vivem,
independentemente da sua vontade ou escolha. Essa força se
manifesta quando o indivíduo desenvolve ou adquire um idioma,
quando é criado e se submete a um determinado tipo de formação
familiar ou quando está subordinado a certo código de leis e regras
morais. Nessas circunstâncias, o ser humano experimenta a força da
sociedade sobre si.
O papel coercitivo da educação:
A educação (de forma geral) desempenha, segundo Durkheim,
uma importante tarefa nessa conformação dos indivíduos à
sociedade em que vivem, a ponto de, após algum tempo, as
regras estarem internalizadas nos membros do grupo e
transformadas em hábitos.
Fatos sociais:
externos aos indivíduos
Eles existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou
de sua adesão consciente, sendo, assim, “exteriores aos indivíduos”. Ao
nascermos já encontramos regras sociais, costumes e leis que somos coagidos a
aceitar por meio de mecanismos de coerção social, como a educação. Não nos é
dada a possibilidade de opinar ou escolher, sendo assim independentes de nós,
de nossos desejos e vontades. Por isso, os fatos sociais são ao mesmo tempo
“coercitivos” dotados de existência exterior às consciências individuais.
Fatos sociais:
externos aos indivíduos
Generalidade: terceira característica do fato
social
É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos
ou, pelo menos, na maioria deles; que ocorre em distintas
sociedades, em um determinado momento ou ao longo do tempo.
Por essa generalidade, os acontecimentos manifestam sua natureza
coletiva, sejam eles os costumes, os sentimentos comuns ao grupo,
as crenças ou os valores. Formas de habitação, sistemas de
comunicação e a moral existente numa sociedade apresentam
essa generalidade.
Fato social: é uma “coisa”!
Para Durkheim, o objeto da Sociologia são
os fatos sociais, os quais devem ser
estudados como “coisas”.
O sistema sociológico de Durkheim baseia-se em quatro princípios fundamentais:
1) A Sociologia é uma ciência independente das demais Ciências Sociais e da
Filosofia.
2) A realidade social é formada pelos fenômenos coletivos, considerados como
“coisas”.
3) A causa de cada fato social deve ser procurada entre os fenômenos sociais que o
antecedem. Para explicar o fenômeno social, deve-se procurar sua causa.
4) Todos os fatos sociais são exteriores aos indivíduos, formando uma realidade
específica.
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