Conceitos de Epidemiologia Arquivo

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CONCEITOS BÁSICOS
DE
EPIDEMIOLOGIA
Etimologicamente – epi = sobre; demo = população; logos =
tratado – estudo do que afeta a população.
Conceito original – estudo das epidemias de doenças
transmissíveis.
Recentemente – conceito evoluiu de modo a abranger
praticamente todos os eventos relacionados com a saúde
das populações.
Status de disciplina – metade do século 20
ÁREAS TEMÁTICAS
Passado – alvo: doenças que se apresentavam sob a
forma de epidemia – cólera, peste, tifo, varíola, febre
amarela – afecções agudas que alarmavam a
população e as autoridades.
Detecção de epidemias – necessário estudar a doença
em períodos interepidêmicos - vigilância contínua da
ocorrência e da distribuição das doenças.
Extensão do interesse para as doenças transmissíveis
crônicas (TB) e nutricionais como pelagra e beriberi.
Queda da mortalidade por doenças transmissíveis e
carenciais, envelhecimento e mudança do perfil de
morbidade.
Ampliação do campo de aplicação da epidemiologia –
doenças e agravos não transmissíveis (DANT).
Necessidade de estudos sobre a relação entre os fatores
de risco e a doença.
Quais as principais causas de mortalidade no Brasil
hoje?
Tendências da Mortalidade por
Grupos de Causas BRASIL – 1930/2000
O que é esperança de vida?
Como ela tem variado nos diferentes períodos
históricos?
Os povos selvagens das Américas antes do
descobrimento tinham de esperança de vida maior ou
menor do que quem vive em grandes cidades no
séculos XXI?
Esperança de vida por períodos
Paleolítico Superior
Neolítico
Esperança de vida ao
nascer
33
20
Idade do Bronze
18
1800 – 1200 aC
Idade do Ferro
Grécia clássica
Roma clássica
Pré-colombianas da América do
Norte
Califado Islâmico Medieval
35
28
28
1200 aC – 1000 dC
Aos 15 anos: 37 (até idade 52)
Seres humanos por Época
Comentário
Aos 15 anos: 39 (até idade 54)
25-30
35 +
Grã-Bretanha Medieval
30
Grã-Bretanha moderna
Média mundial atual
30-45
67,2
Aos 21 anos: 38 (até idade 59)
(aristocratas britânicos)
2010 est
OBJETO DA EPIDEMIOLOGIA
Qq dano, agravo ou evento relacionado à saúde
estudado em termos populacionais (por exemplo:
hábito de fumar, peso ao nascer, violência urbana,
consumo de drogas, etc).
SERVIÇOS DE SAÚDE E EPIDEMIOLOGIA
Assistência aos doentes e práticas preventivas – fatores
que interferem na distribuição e ocorrência das doenças.
Quadro referência da epidemiologia – utilizado para
abordar questões relativas aos SS.
Objetivos: conhecimento da situação dos SS,
identificação de problemas, investigação de causas,
proposição de soluções compatíveis e sua avaliação.
DEFINIÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA
Ampliação contínua do campo de atuação.
Mais antigas – limitadas às doenças transmissíveis.
Mais recentes – incluem as DT e as DANT, outros
problemas de saúde, estados patológicos e fisiológicos,
etc.
Uma possível definição:
Ramo das ciências da saúde que estuda, na população,
a ocorrência, a distribuição e os fatores determinantes
dos eventos relacionados com a saúde.
Epidemiologista – interessado nos padrões de
ocorrência de doenças e agravos nas populações
humanas e nos fatores que os influenciam.
Interesse primário na ocorrência de doenças e agravos
em função do tempo, lugar e pessoas:
- aumento em função dos anos;
- área geográfica com maior frequência que outra;
- características das pessoas com a doença ou agravo
distintas daquelas sem essa condição.
Exemplos de características pessoais que interessam aos
epidemiologistas:
- demográficas: idade, gênero, raça, grupo étnico, etc;
- biológicas: níveis de anticorpos, substâncias químicas e
enzinas no sangue; constituintes celulares do sangue;
níveis de pressão, etc;
- fatores sociais e econômicos: status socioeconômico,
nível educacional, ocupação, etc;
- genéticas: grupos sanguíneos, etc.
PREMISSA BÁSICA
Agravos à saúde não ocorrem ao acaso na
população.
Dois corolários:
1 - Distribuição desigual dos agravos - produto da ação
de fatores que se distribuem desigualmente na
população - sua elucidação é uma das preocupações do
epidemiologista.
2 - Conhecimento dos fatores determinantes - aplicação
de medidas direcionadas a alvos específicos - aumento
da eficácia das intervenções.
MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO NA EPIDEMIOLOGIA
Diferentes classificações:
- Estudos descritivos ou analíticos
- Estudos experimentais ou não experimentais
(observacionais)
ESTUDOS DESCRITIVOS E ANALÍTICOS
Descritivos:
Informam sobre a frequência de um evento – dados de
morbi-mortalidade – mostrar ou identificar variações desses
dados na população, em diferentes épocas e regiões
(pessoa, tempo e lugar) – descrição dos fatores de risco e
das características da população.
Analíticos:
Investigação da associação entre uma exposição e um
desfecho (ou efeito) - estabelecimento de relação de causal
entre eles.
Exemplo: hábito de fumar (exposição) e câncer de pulmão
(desfecho ou efeito).
ESTUDOS EXPERIMENTAIS E OBSERVACIONAIS
Experimentais ou de intervenção:
Investigador produz uma situação artificial para
investigar seu tema – eficácia de vacina, medicamentos,
cirurgias, procedimentos de enfermagem, etc.
Limites éticos para a criação da situação artificial de
investigação.
Estudos não experimentais ou observacionais:
Realização de pesquisa em situações que ocorrem
“naturalmente” – observação de pessoas ou grupos e
comparação de suas características, sem intervenção.
Outras classificações:
- longitudinais ou transversais;
- prospectivos ou retrospectivos.
APLICAÇÕES DA EPIDEMIOLOGIA
1 – Informação sobre a situação de saúde da população:
- determinação das frequências;
- estudo da distribuição dos eventos e diagnóstico dos
principais problemas de saúde;
- identificação dos segmentos da população afetados por
esses problemas.
2 – Investigação dos fatores que influenciam a situação
de saúde - estudo dos determinantes do aparecimento e da
manutenção dos danos à saúde na população.
3 – Avaliação do impacto das ações propostas determinação da utilidade e da segurança das ações, dos
programas e dos serviços de saúde.
As três aplicações – subsídios que auxiliam nas
decisões nos níveis:
- coletivo: implementação de novas intervenções ou
reorientação ou manutenção das intervenções
existentes;
- individual: fundamentação do diagnóstico clínico,
solicitação de exames, prescrição de vacinas, drogas e
regimes alimentares, etc.
ESPECIFICIDADE DA EPIDEMIOLOGIA
Contribuições próprias de epidemiologia – fornecimento
dos conceitos, do raciocínio e das técnicas para estudos
populacionais no campo da saúde.
Epidemiologia – confere a dimensão do coletivo ao
estudo da saúde e da doença – complementação do
conhecimento produzido por meio das investigações de
laboratório ou clínicas.
Alguns problemas de saúde só podem ser pesquisados no
nível coletivo.
Exemplo: Fatores de risco para coronariopatias
- altos níveis de colesterol sérico ou baixos níveis de HDL
associados a maiores riscos de infarto do miocárdio;
- somente a epidemiologia pode investigar a existência
dessas relações e quantificar o riscos a que estão sujeitas
as pessoas;
- identificação das condutas preventivas.
TRÊS ASPECTOS DA PRÁTICA EPIDEMIOLÓGICA
Resultados epidemiológicos têm maior credibilidade
quando:
1 – é dada a devida atenção a forma correta de
selecionar os indivíduos para o estudo;
2 – é feita uma apropriada aferição dos eventos e a
adequada expressão dos resultados;
3 - as variáveis confundidoras são controladas.
Bibliografia
Lilienfeld DE. Stolley PD. Foundations of Epidemiology. 3ª
ed. New York, Oxford University Press, 1994.
Pereira MG. Epidemiologia. Teoria e prática. Rio de
Janeiro, Guanabara-Koogan, 1995.
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