Hepatites Virais – Aula Teórica

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Hepatites Virais
Prof. Paula Maciel Santos
Universidade de Cuiabá - UNIC
Histórico
Hepatites virais
Hepatites Virais
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Transmissão entérica: A e E
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Transmissão parenteral: B, C e D
Hepatites virais
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Outros vírus que causam
ocasionalmente hepatites:
CMV, EBV, HSV, febre amarela e
rubéola
Hepatites virais
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Importante problema de saúde pública no mundo
A OMS estima cerca de dois bilhões de pessoas já tiveram
contato com o vírus da hepatite B
No mundo, cerca de 325 milhões de portadores crônicos da
hepatite B e 170 milhões da hepatite C
No Brasil, o Ministério da Saúde estima pelo menos 70% da
população já teve contato com o vírus da hepatite A e 15%
com o vírus da hepatite B
Os casos crônicos de hepatite B e C devem corresponder a
cerca de 1,0% e 1,5% da população brasileira
A maioria das pessoas desconhece seu estado de portador e
constituem elo importante na cadeia de transmissão
Quadro clínico das formas
agudas
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Diversificado, variando desde formas
subclínicas até quadros fulminantes
Quatro fases:
1. Período de incubação (tempo de penetração do vírus e
início de sintomas, elevação das transaminases no final)
2. Fase prodrômica (sintomas inespecíficos que antecedem a
icterícia)
3. Fase ictérica (icterícia, com diminuição dos sintomas
prodrômicos)
4. Fase convalescente (desaparecimento da icterícia,
recuperação completa, síndrome “pós-hepatite”)
Características importantes
da hepatites virais
Formas evolutivas e
crônicas
Persistência de lesão hepática por
período superior a 6 meses
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Hepatite crônica lobular
Hepatite crônica ativa/persistente
Cirrose hepática
Carcinoma hepatocelular
Portador crônico
Causas de hepatites
crônicas
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Hepatite crônica viral
 HCV
 HBV
 HDV
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Hepatite auto-imune
Induzida por drogas: metildopa,
nitrofurantoína, dantroleno, isoniazida
Distúrbios genéticos:
 Doença de Wilson
 Deficiência de alfa-1-antitripsina
Hepatite A
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Picornavírus (família Picornaviridae),
do gênero Hepatovirus
Pequeno vírus de capsídeo,
icosaédrico, não envelopado, 27 nm,
hélice simples de RNA
Epidemiologia
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Distribuição mundial
Endêmica na maioria dos países
Declinando nos países desenvolvidos
Alta incidência em populações
economicamente mais pobres com
exposição em idades mais precoces
Associada a baixas condições de
sanitarismo
Transmissão
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Via fecal-oral (contato inter-humano,
água e alimentos contaminados)
Grande quantidade de vírus nas fezes
Estabilidade do HAV no meio ambiente
Transmissão parenteral rara (doador
de sangue em fase de viremia)
Características
clínicas
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Período de incubação 2-5 semanas (média 30 dias)
Início súbito, sintomas mais leves que hepatite B
Período prodrômico duração média 7 dias
Infecções assintomáticas comuns, especialmente
em crianças (~95%)
Forma ictérica em 80-90% nos adultos
Adultos (em particular gestantes) doença severa e
sintomática
Não existem relatos de formas crônicas
Hepatite fulminante rara (0,2 a 0,4%)
Patogenia
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Vírus penetra via TGI
Veias mesentéricas, fígado pelo sistema
porta
Replicação viral no hepatócito
Excretado nos sinusóides, atingindo
intestino pela bile
Vírus eliminados nas fezes 2 semanas antes
dos sintomas
Nenhum efeito citopático aparente
Hepatite A
L. Stannard
Diagnóstico
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Alterações laboratoriais inespecíficas:
elevação de bilirrubinas, fosfatase
alcalina, ALT>AST, linfocitose com
atipia linfocitária
Vírus não cultivável rotineiramente
Anticorpos anti- HAV da classe IgM
Sorologia HAV
Tratamento
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Repouso, especialmente na fase de maior
atividade clínico- bioquímica (inflamação e
necrose dos hepatócitos)
Dieta variada, menor tolerância à alimentos
gordurosos
Abstinência alcoólica
Drogas “hepatoprotetoras” destituídas de
valor
Prevenção
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Vacinação (vacina inativada a partir de
culturas celulares)
Vacina recomendada a partir dos 2
anos de idade em duas doses, IM,
intervalo de seis meses
Profilaxia pós-exposição com
imunoglobulina
Hepatite B
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Primeira descrição clara de hepatite
transmitida por soro humano em 1885
(vacinação antivariólica)
1940 – hepatite soro-homóloga (SH)
1950 – hepatite SH em viciados em drogas
e em receptores de unidades de sangue
1965 – antígeno Austrália (antígeno que
reagia com soro de hemofílicos no soro de
aborígene australiano)
1970 – pesquisa marcadores HBV
Hepatite B
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Família Hepadnaviridae
Alta complexidade antigênica
Três tipos de partículas no soro de
indivíduos infectados: particulas de Dane,
HBsAg e HbeAg
Partículas de Dane – vírion completo, 42
nm, antígenos e DNA HBV
Somente afeta humanos
Antígenos do HBV
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HBsAg – antígeno de superfície, esférica, 22nm, nãoinfecciosas, grande quantidade durante infecção viral
HBcAg – região nuclear densa da partícula de Dane, não
secretado
HBeAg – parte central do vírus, secretado, indica replicação
e infectividade
Anticorpos do HBV
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Anti-HBs: imunidade ao HBV
Anti-HBc IgG: contato prévio com o
vírus
Anti-HBc IgM: infecção recente
Anti-Hbe: fim da fase replicativa
Epidemiologia
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350 milhões de pessoas cronicamente
infectadas no mundo (OMS)
Principal causa de cirrose e carcinoma
hepatocelular
Alta prevalência de positividade HBsAg (8 a
20%) no sul da Ásia, África tropical e Chile
Na América do sul, a prevalência aumenta
sentido sul-norte
Valores elevados na região amazônica (515%)
Transmissão
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Sangue e fluídos corporais (relações
sexuais, exposição a sangue ou derivados,
transplantes de órgãos, seringas
compartilhadas, soluções de continuidade)
Perinatal (risco 80% adquirir infecção se
mãe HBeAg positivo)
Áreas de alta endemicidade predominam,
entre as crianças, transmição vertical e
horizontal (contato familiar continuado)
Características Clínicas
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Formas agudas e crônicas
Período de incubação de 15 a 180 dias
Forma ictérica em cerca 30% dos indivíduos
adultos
90 a 95% adultos evoluem para cura
90% dos RN infectados desenvolverão
forma crônica
Cerca de metade dos casos crônicos
evoluem para doença hepática avançada
(cirrose e carcinoma hepatocelular)
30 a 50% dos casos de CHC pelo VHB
ocorrem sem cirrose
Fases da doença
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Imunotolerância: elevada replicação sem
evidência de agressão hepatocelular
Imunoclearence: replicação viral com
agressão aos hepatócitos
Portador inativo: baixa replicação,
normalização transaminases, soroconversão
Hbe/anti-HBe
Reativação: retorno da replicação na fase de
portador inativo
Diagnóstico
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Pesquisa de antígenos: HBsAg e HBeAg
Pesquisa de anticorpos: anti- HBc IgM e
IgG, anti-Hbs e anti- HBe
Pesquisa qualitativa e quantitativa do DNA
do HBV
HBsAg = multiplicação viral
HbeAg = replicação e alta infectividade
Hepatite B aguda
Hepatite B crônica
HBV aguda
HBV crônica
Interpretação dos testes sorológicos na hepatite B
Tratamento
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Fundamental para evitar progressão
hepática e suas complicações
Esquemas indicados:
Interferon
Lamivudina
Adefovir
Entecavir
Tenofovir
Tratamento
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Indicações:
 HBsAg (+) por mais de 6 meses
 HBeAg (+) ou HBV-DNA > 2.000 UI/ml
 Aminotransferases alteradas
 Biópsia hepática
 Ausência contra-indicações
Profilaxia
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Vacina HbsAg recombinante ( 3 doses
– 95% reagentes)
Imunoprofilaxia: em não imunes após
episódio único de exposição
Hepatite C
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Flavivírus (família Flaviridae)
Gênero Hepacivírus
Globulares (50 nm)
Envelopado
RNA de fita simples
Hepatite C
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Identificado em 1989 por Choo et al.
Cerca de 90% das hepatites não-A, não-B
Atualmente a infecção crônica mais comum
transmitida pelo sangue
Doença hepática associada à hepatite C está
entre as dez principais causas de morte
Constitui a principal causa de transplante de
fígado nos EUA
Genótipos
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Seis principais: 1, 2, 3, 4, 5 e 6
Numerosos subtipos (1a, 2b, 2a, 2b...)
Genótipo 1 é o mais prevalente – 40 a 80% da
população mundial
Disposição da prevalência dos vários genótipos
apresenta distribuição geográfica bastante variável
Alguns genótipos em regiões geográficas
específicas
No Brasil predomina genótipo 1 (50-60%), tipo 2
em 3-5% e tipo 3 em 35% dos casos, 4 e 5
bastante raros
Transmissão
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Primariamente parenteral
Em percentual significativo dos casos não é
possível identificar a via de infecção
Situações de risco: transfusão de sangue e
derivados antes de 1993, usuários de
drogas intravenosas e cocaína inalatória,
pessoas com tatuagem ou piercing,
qualquer exposição percutânea
Características clínicas
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Período de incubação: 20 a 140 dias
(média 80 dias)
Infecção aguda raramente sintomática
Forma ictérica em ~20%
Em adultos a cronificação ocorre em
80 a 85% dos casos, destes 20 a 35%
evoluirão a cirrose hepática
Hepatocarcinoma em 2 a 8%
Complicações auto-imunes
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Anemia aplástica
Anemia hemolítica
Artrite
Auto-anticorpos anti-núcleo
Auto-anticorpos anti-tireóide
Auto-anticorpos LKM (hepático-renal microssomal)
Colecistite acalculosa
Eritema nodoso
Fenômeno de Raynaud
Porfiria
Crioglobulinemia
Poliarterite nodosa
Diagnóstico
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Anti-HCV: recomendado com teste inicial,
indicando contato prévio com vírus C, mas
não define se recente ou tardio
HCV-RNA qualitativo: confirmação
diagnóstica
HCV-RNA quantitativo: importante na
avaliação de resposta ao tratamento
Genotipagem
Tratamento
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Interferon convencional + RBV
(genótipos 2 e 3)
Interferon peguilado α-2a ou α-2b +
RBV ( genótipos 1, 4 e 5)
Boceprevir
Antígeno delta
HBsAg
Hepatite D
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Família Deltaviridae
RNA
Gênero Deltavirus
Vírus defectivo
Genoma viral (HDV RNA) e antígeno D
(HDAg) envoltos pelo HBsAg
Características Clínicas
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Coinfecção
– Doença severa aguda
– Baixo risco de infecção crônica
Superinfecção
– usualmente desenvolvem HDV crônica
– Alto risco de doença crônica severa
– Pode se apresentar como hepatite aguda
Transmissão
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Via parenteral é a mais eficiente
Exposição percutânea
Mucosas
Tempo após exposição
Hepatite E
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Transmitida por via fecal-oral
Período de incubação de 15 a 60 dias
Aguda, auto-limitada
Pode apresentar formas clínicas graves
em gestantes
Vírus causador de hepatite mais
recentemente identificado, em 1990
Patogenia similar à HAV
Epidemiologia
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Ainda pouco conhecida
Surtos na China, México e norte da África
Usualmente grande contaminação da água
com fezes
Transmissão interpessoal não é comum
Não há surtos documentados no Brasil
Testes de presença de anticorpos no brasil
desde 1999
OBRIGADA!
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