Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva Sociedade Brasileira de Terapia William Barros FragaIntensiva INSUFICIENCIA RENAL AGUDA EM PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura Distrito Federal-DF 2011 Mestrado Profissionalizante em Terapia Intensiva Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva William Barros Fraga INSUFICIENCIA RENAL AGUDA EM PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura Dissertação de mestrado apresentada na forma de artigo científico ao IBRATI para o título de Mestre em Terapia Intensiva Orientador: Dra Gonçalves Fraga Distrito Federal-DF 2011 Elisangela Aparecida INSUFICIENCIA RENAL AGUDA EM PACIENTE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: uma revisão de literatura WILLIAM BARROS FRAGA RESUMO A IRA pode ser definida como perda da função renal, de maneira súbita, e potencialmente reversível independentemente da etiologia ou mecanismos, provocando acúmulo de substâncias nitrogenadas (uréia e creatinina), acompanhada ou não da diminuição da diurese (COSTA, NETO e VIEIRA NETO, 1998). O presente estudo foi desenvolvido com o intuito de fazer um levantamento bibliográfico sobre IRA em pacientes em unidade de terapia intensiva com enfoque para incidência, diagnóstico e tratamento por hemodiálise. Trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva de apanhado bibliográfico realizado a partir de um busca em livros, revistas, teses de mestrado e doutorado, dissertações e bancos de dados como BIRENE, PUBMED e SCIELO. Foi observado que a IRC é caracterizada pela perda progressiva da filtração glomerular (CARVALHO e MELO, 2001); revelou em trabalhos realizados como o de Souza (2010) a elevada incidência de IRC em 29% do total de pacientes em indivíduos admitidos na UTI; o melhor tratamento é a prevenção e que a hemodiálise deve ser iniciada o quanto antes. Palavras chaves: Insuficiência Renal Aguda. Incidência. Unidade de Terapia Intensiva. SUMMARY The IRA can be defined as loss of kidney function, so sudden, and potentially reversible aetiology or mechanisms, leading to accumulation of nitrogenous substances (urea and creatinine), with or without a decrease in diuresis (COSTA NETO and Vieira Neto, 1998). This study was developed in order to make an IRA in the literature on patients in intensive care unit with a focus on incidence, diagnosis and treatment by hemodialysis. It is a descriptive type of research conducted bibliographic caught from a search in books, magazines, Master's and doctoral dissertations and databases as Biren, PUBMED and SciELO. It was observed that CRF is characterized by progressive loss of glomerular filtration rate (Carvalho and Melo, 2001), as revealed in the work of de Souza (2010) the high incidence of CRI in 29% of all patients admitted to the ICU in individuals; the best treatment is prevention and that hemodialysis should be initiated as soon as possible. Keywords: Acute 1 INTRODUÇÃO Renal Failure. Incidence. Intensive Care Unit. O rim é um dos órgãos que mais freqüentemente falha em pacientes críticos, com conseqüências graves. A insuficiência renal aguda (IRA) está associada ao aumento de 3 a 6 vezes da mortalidade hospitalar. Para Costa, Neto e Vieira Neto (1998): A IRA pode ser definida como perda da função renal, de maneira súbita, e potencialmente reversível independentemente da etiologia ou mecanismos, provocando acúmulo de substâncias nitrogenadas (uréia e creatinina), acompanhada ou não da diminuição da diurese Já para SOUZA (2010) “a IRA é uma complicação freqüente de indivíduos internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”. Outros autores mencionam a IRA como sendo a redução aguda da função renal em horas ou dias. Eles referem-se principalmente à diminuição do ritmo de filtração glomerular, porém referem também as disfunções no controle do equilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico. Relatam que podem ocorrer alterações hormonais, deficiência de eritropoetina e de vitamina D (COSTA e YU L, 1997; THADHANI et al., 1996). Detalhando, a IRA é uma síndrome proveniente das mais variadas causas, podendo ocorrer em diversas camadas da população e também em todos os setores de um hospital inclusive em UTI; estão associados ao alto índice de mortalidade (por volta de 50%), tempo de internação, alto custo e terapias trabalhosas (SANTOS, BOIM e SHOR 1996; SHOR, BOIM e SANTOS, 1997). Tem como características uma redução abrupta da função renal que se mantém por períodos variáveis, resultando na impossibilidade dos rins em exercer suas funções básicas de excreção e manutenção da homeostasia hidroeletrolítica do organismo (SHOR e SROUGI, 1998). Para Durão, Schor e Santos (1998); Bismuth (2004) a IRA geralmente é acompanhada por oligúria (eliminação de um volume urinário igual ou abaixo de 400ml por dia), anúria (volume inferior a 100 ml por dia) ou anúria absoluta, que seria um termo reservado apenas para casos nos quais o volume urinário fosse realmente nulo, e algumas vezes por poliúria, com distúrbios eletrolíticos e acidose metabólica. Dentre as várias formas de tratamentos para a enfermidade o mais empregado em UTI é a hemodiálise, sendo a hemodiálise intermitente a mais conhecida e utilizada (SCHOR, BOIM e SANTOS, 1997; BURDMANN e OLIVEIRA, 1997). Dada a relevância desse tema, o presente estudo foi desenvolvido com o intuito de fazer um levantamento bibliográfico sobre IRA em pacientes em unidade de terapia intensiva com enfoque para incidência, diagnóstico e tratamento por hemodiálise. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Achados sobre a IRA Historicamente o estudo da nefrologia é uma especialidade médica direcionada ao estudo e tratamento de doenças que prejudicam as funções renais. O surgimento da nefrologia confunde-se com a história da humanidade. Complicações renais já foram identificadas em múmias do antigo Egito e podem ter contribuído para o óbito desses indivíduos (DOMINGOS e SERRA, 2004; PORTH, 2004). Anatomicamente o aparelho urinário é formado pelos rins, ureteres, bexiga urinária e uretra. Em conjunto, tem a função de eliminar as escórias nitrogenadas e as substâncias em excesso no organismo humano, sendo os rins os órgãos efetivamente filtrantes (VAN de GRAAFF, 2003). Além da importante função dos rins de depurar o sangue, também são responsáveis pela manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico e ácidobásico, excreção de reguladora catabólitos, controle da pressão arterial e função hormonal (VAN de GRAAFF, 2003). Para a manutenção da homeostase, os rins retiram do sangue a uréia e o ácido úrico, reabsorvem a albumina, o sódio, o potássio e o cálcio, excretam substâncias indesejáveis como o fósforo e o hidrogênio, e secretam hormônios para o controle da pressão arterial, do cálcio e fósforo, e participam do mecanismo de eritropoiese (RIBEIRO, 2005; MORAES e COLICIGNO, 2007). A perda progressiva da capacidade excretória renal resulta em IRC, que se caracteriza avaliada pela medida pela redução da capacidade de filtração glomerular, do clearance de cratinina em urina de 24 horas (CARVALHO, MELO e RAUS, 2001). Na insuficiência renal, ocorre uma deterioração repentina (aguda), o que explica o desequilíbrio na concentração hidroeletrolítica do organismo (PEREIRA et al., 2003; BASTOS, 2004). 2.2 Incidência de insuficiência renal aguda em unidade de terapia intensiva A IRA é considerada como uma doença do paciente hospitalizado. (HOU et al., 1983; ANDERSON, ROSEN e EPSTEIN, 1998; HUMES, 1988). Desde o ano de 1983 já se falava em incidência de IRA em UTI, como mostra o trabalho realizado por Hou e colaboradores (1983) em que naquela época a incidência podia variar entre 2 a 5%. As Unidades de Terapia Intensiva tinha uma incidência elevada de IRA, podendo, em alguns casos, chegar a 23%, mas, em geral, tinha incidência similar à do hospital como um todo (WILKINS e FARAGHER, 1983). A mortalidade era alta, especialmente nos casos em que havia a necessidade de diálise, com índices que variavam de 37% a 88% (SCHWILK et al., 1997). Atualmente a mortalidade de um episódio isolado de IRA fica entre 10% e 15%, mas quando associada à disfunção de múltiplos órgãos pode chegar a taxas que variam de 40 a 90% (METITZ et al., 2002; HOSTE et al., 2003). Já em pacientes críticos, 90% dos episódios de IRA são devidos à Necrose Tubular Aguda (NTA) resultante de isquemia renal, agentes tóxicos ou ambos. É interessante considerar que estes pacientes morrem com IRA e não da IRA. O conceito é importante, pois nos pacientes críticos em UTI as situações adversas representam fatores de gravidade somados e não a IRA isolada (METITZ et al., 2002; HOSTE et al., 2003). Lage (2005) lembra que infelizmente, apesar dos esforços preventivos é comum que a IRA se instale, especialmente nos pacientes críticos em UTI. Quando isso ocorre é muito importante estar atento para a piora progressiva e tentar minimizar sua evolução. 2.3 Causas (BÖHLKE, 2003) - Pré-renal: redução da perfusão sangüínea sem dano celular; -Intrínseca: insulto isquêmico ou tóxico aos túbulos renais (necrose tubular aguda - NTA); processo tubulointersticial com inflamação e edema (nefrite intersticial); dano ao glomérulo com redução de sua capacidade de filtração (glomerulonefrite aguda); - Pós-renal: obstrução do trato urinário. Cerca de 70% dos casos comunitários e 40% dos casos hospitalares de IRA tem causa pré-renal; IRA pré-renal pode levar a NTA quando o fluxo sangüíneo estiver suficientemente comprometido a ponto de provocar morte das células tubulares. Estes achados podem ser melhores observados na tabela 1 abaixo: Tabela 1. Achados urinários típicos em condições que causam IRA condição teste de fita da urina (dipstuck) Sedimento urinário IRA Pré-renal normal Cil hialinos NTA Prot leve à moderada Cil granulosos, pegmentados Nefrite intersiticial aguda Prot, Hb, leucócitos Leucócitos e cil leucocitários, hemácias <350 Glomerulonefrite aguda Prot moderada à severa, Hb Hemácias dismórficas e cil hemáticos .500 Hb (possível) Cristais, hemácias e leucócitos <350 IRA pós-renal Osmolalidade de urinária (mOsm/Kg) >500 Fração de excreçãode sódio (%) <1 <350 >1 >1 <1 >1 Fonte: (YU et al., 2002). 2.4 Diagnóstico clínico Para Pereira et al., (2003) o diagnóstico clínico da IRA pode ser realizado através da história clínica da doença e o exame físico, como é especificado nos sub-itens abaixo: 2.4.1 História Clínica (COSTA e YU, 1997; THADHANI et al., 1996; PEREIRA, et al., 2003) È importante identificar as causas (perda de volume extracelular), os fatores de risco (drogas, contrastes radiológicos) e severidades da IRA. As manifestações clínicas como febre, mal-estar, “rash” cutâneo e sintomas musculares ou articulares podem estar associados a vasculites ou glomerulonefrites. Dores lombares ou supra púbicas, dificuldade de micção, cólicas nefréticas e hematúria podem sugerir IRA. 2.4.2 Exame físico (THADHANI R et al., 1996; COSTA e YU, 1997) Deve-se procurar sinais associados com a etiologia e repercussão da IRA. Sinais de hipovolemia e hipotensão arterial ou sinais de obstrução do trato urinário para diferenciar IRA. Presença de livedo reticular e micro-infartos digitais podem sugerir doença renal tromboembólica. 2.5 Diagnóstico laboratorial O diagnóstico laboratorial da IRA está especificado pode ser observado com: I. Exames de Sangue: uréia, creatinina, bicarbonato de sódio e potássio, ácido úrico, cálcio e fósforo; II. Urinálise: sedimento urinário, sódio, creatinina, osmolaridade; III. Exame por imagem: ultrassonografia e tomografia computadorizada (tamanho, forma, ecogenicidade, simetria e número de rins); IV. Biópsia renal: casos selecionados (causa desconhecida, evolução atípica e/ou prolongada, nefrite intersticial por drogas, necrose cortical, doença ateroembólica). 2.6 Prevenção (BERSTEN e HOLT, 1995; BARRI e SHAH, 1998) O nível basal de função renal por dosagem de creatinina sérica ou depuração de creatinina é de grande importância. Pacientes com creatinina elevada apresentam maior possibilidade de desenvolver lesão renal após procedimentos de risco ou uso de drogas nefrotóxicas. A otimização das condições clínicas do paciente é crucial também; A medida mais importante é assegurar que o volume intravascular esteja convenientemente expandido. Mantendo a pressão arterial média acima de 80 mmHg (ou mais, se o paciente for hipertenso), hematócrito acima de 30% e oxigenação tecidual adequada; Evitar o uso de drogas nefrotóxicas em pacientes com função renal já comprometida; Corrijir as doses das drogas de acordo com a função renal, mantendo o paciente adequadamente hidratado e monitorizado em relação à função renal; Evitar associação de drogas nefrotóxicas; Não utilizar diuréticos de alça para prevenção de nefrotoxicidade; Em caso de mioglobinúria e hemoglobinúria, o uso de solução expansora com bicarbonato de sódio e manitol reduz a prevalência e a gravidade da lesão renal. 2.7 Tratamento (STAR, 1998; DRUML e MITCH, 1999) É sabido que a melhor forma de tratamento é a prevenção, porém várias formas de tratamento podem ser realizadas. Neste trabalho será especificado o tratamento dialítico, como foi mostrado nos objetivos. Como sempre é lembrado pelos autores se a sobrecarga de volume for um problema não contornável clinicamente, inicie diálise precocemente ou a intensifique. 2.7.1 Diálise (STAR, 1998; DRUML e MITCH, 1999) Mesmo com os consideráveis avanços no tratamento dialítico, nas últimas décadas, o prognóstico de pacientes com IRA, necessitando de tratamento dialítico, continua sombrio, com taxas de mortalidade freqüentemente superiores a 50% (42 a 75%). O momento ideal para iniciar o tratamento dialítico dos pacientes portadores de IRA, e o método dialítico a ser utilizado depende das características clínicas do paciente; do tipo e da gravidade da IRA; e da experiência do nefrologista e dos equipamentos disponíveis para implementá-lo. 2.7.2 Indicações de diálise Hiperpotassemia; Hipervolemia: edema periférico, derrames pleural e pericárdico, ascite, hipertensão arterial e ICC; Uremia: sistema nervoso central (sonolência, tremores, coma e convulsões), sistema cardiovascular (pericardite e tamponamento pericárdico), pulmões (congestão pulmonar e pleurite), aparelho digestivo (náuseas, vômitos E hemorragias digestivas); Acidose metabólica; Outras: hipo ou hipernatremia, hipo ou hipercalcemia, hiperuricemia, hipermagnesemia, hemorragias devido a distúrbios plaquetários, ICC refratária, hipotermia e intoxicação exógena. Tabela 2: Métodos dialíticos utilizados em hemodiálise MÉTODOS DIALÍTICOS MÉTODOS INTERMITENTES Diálise peritoneal intermitente MÉTODOS CONTÍNUOS DP ambulatorial contínua Ultrafiltração contínua lenta Hemofiltração A-V contínua Hemodiálise intermitente Hemofiltração V-V contínua Hemodiálise A-V contínua Hemodiálise V-V contínua Hemofiltração intermitente Hemodiafiltração A-V contínua Hemodiafiltração V-V contínua A-V: artério venoso; V-V: veno-venoso FONTE: Sociedade Brasileira de Nefrologia Tabela 3. Escolha inicial do método dialítico para o tratamento da insuficiência reanl aguda ESCOLHA INICIAL DO MÉTODO DIALÍTICO PARA O TRATAMENTO DA IRA Indicação Condição clínica Método preferencial IRA não complicada Nefrotoxidade DP, HD Sobrecarga de volume Choque cardiogenico UF, HF, DP, HDC Uremia IRA complicada HD, HDF Hipertenção intracraniana AVCH, sins. Hepato-renal HDC, HDF, DP Choque sepsis, SARA HF, HDF, HDC, DP nutrição Queimados HD, HDF, HF Intoxicação Barbitúricos, teofilina Hemoperfusão, HD, HDF Alterações eletrolíticas Hiperpotassemia grave HD, HDF IRA na gravidez Uremia no último trimestre DP Abreviações: HD-hemodiálise. DP- diálise peritonial UF- ultrafiltração HF- hemofiltração contínua HDC- hemodiálise contínua HDF-hemodiafiltração contínua FONTE: Sociedade Brasileira de Nefrologia 3 METODOLOGIA Para a realização desta pesquisa do tipo descritiva de apanhado bibliográfico foi realizado uma busca a partir de livros, revistas, teses de mestrado e doutorado, dissertações e bancos de dados como BIRENE, PUBMED e SCIELO. O estudo bibliográfico se baseia em literaturas estruturadas, obtidas de livros e artigos científicos provenientes de bibliotecas convencionais e virtuais. O estudo descritivo visa à aproximação e familiaridade com o fenômeno-objeto da pesquisa, descrição de suas características, criação de hipóteses e apontamentos, e estabelecimento de relações entre as variáveis estudadas no fenômeno. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Ficou evidente na pesquisa realizada que a IRC é caracterizada pela perda progressiva da filtração glomerular (CARVALHO e MELO, 2001). È consenso entre os autores que contribuir para a manutenção da homeostasia corpórea é a função básica dos rins. Com a perda das funções regulatórias, excretórias e endócrinas ocorre o comprometimento de todos os sistemas corpóreos (DRAIBE e AJZEN, 2002). Este estudo, embora de revisão bibliográfica, revelou em trabalhos realizados como o de Souza (2010) a elevada incidência de IRC em 29% do total de pacientes em indivíduos admitidos na UTI. Esses dados também foram encontrados por Garcia e colaboradores (2005) que encontraram resultados semelhantes em seu estudo retrospectivo realizado em um hospital de base. Visando a redução da incidência de insuficiência renal aguda em indivíduos sob terapia intensiva algumas medidas preventivas devem ser adotadas, como a manutenção da pressão arterial média acima de 80 m m/Hg (a fim de evitar a hipoperfusão renal), hematócrito superior a 30% e oxigenação adequada, buscando assim a manutenção da homeostasia renal e evitando-se a evolução para os estados de insuficiência funcional (PINTO, 1997; ZAITUNE, 2006). Foi encontrado nos trabalhos realizados por D’avila, Traezel e Glock, 1997; Romão Jr, 2000; que a I RA apresentou uma freqüência de 21% dos pacientes internados na UTI. Apesar de não ser objetivo desta pesquisa Garcia, (2005) ao abordar a classificação da IRA, identificou-se que 84,8% dos pacientes desenvolveram IRA pré-renal durante sua internação na UTI, concordando com o que afirma Miriam F. Weiss (2001) que relata a incidência de IRA pré-renal em 70% dos casos, e explica ainda que a IRA renal ou parenquimatosa seja responsável por cerca de 25% dos pacientes, que em sua maioria desenvolvem necrose tubular aguda. Nesse aspecto se faz necessário a realização de novas pesquisas locais que busquem esclarecer este resultado (HRICIK, SEDOR e GANZ, 2001) Ao considerar a mortalidade por IRA, esta permanece maior que 50% nas unidades hospitalares, podendo chegar até 80% em unidades de terapia intensiva. O prognóstico da IRA continua sombrio, e um dos fatores responsáveis é o aumento da gravidade dos doentes nas últimas décadas(D’avila, Traezel e Glock, 1997; NASH, HAFEEZ e HOU, 2002; Yu et al., 2002; KATZ, TROSTER e VAZ, 2003). Garcia (2005) obteve uma incidência de 58% de óbitos. A chance de sobrevivência de um paciente com IRA é muito variável, isso depende de fatores não diretamente relacionados à própria doença renal. A mortalidade desses pacientes mantém- se em níveis ainda altos na maioria das séries publicadas, que mostram também o aumento da gravidade das doenças e da idade dos pacientes (SCHOR, BOIM e SANTOS, 1997; BURDMANN e OLIVEIRA, 1997). Esse alto índice de mortalidade reforça a necessidade de uma prevenção efetiva da IRA com monitorização clínica cuidadosa, controle do balanço hidroeletrolítrico, especialmente hipercalemia e hiponatremia, correção de fatores contribuintes, como hipovolemia e hipertensão, interromper a exposição ao(s) agente(s) desencadeante(s), monitorização cuidadosa das doses de drogas potencialmente nefrotóxicas, de preferência em uma unidade especializada (D’avila, Traezel e Glock, 1997; BURDMANN e OLIVEIRA, 1997; Yu et al., 2002). A literatura mostrou que as pesquisas realizadas com prognóstico de IRA referem-se predominantemente à mortalidade e, menos frequentemente, a recuperação da função renal durante a internação hospitalar (SALES JR, 2006). Garcia e colaboradores (2005) evidenciam a chance de sobrevida de um paciente com IRA sendo muito variável e que isso depende de fatores que não estejam relacionados à doença renal onde a mortalidade desses indivíduos acometidos vem se mantendo elevada no decorrer dos anos. O mesmo autor ainda lembra que para a redução desse alto índice de mortalidade, mostra-se necessária a criação de programas eficazes de prevenção da IRA e, com monitorização clínica cuidadosa, observandose adequadamente o controle do balanço hidroeletrolítico, em especial o relativo à hipercalemia e hiponatremia, além da correção de alguns fatores que contribuem para a piora. Os pacientes com creatinina elevada têm maior possibilidade de desenvolver IRA, por isso na prevenção deve então considerar a dosagem de creatinina sérica, já que bioquimicamente, esta doença é caracterizada pela elevação da concentração de uréia sanguínea e pelo aumento da concentração da creatinina sérica acima de 1,8 mg/dl. Bismuth ( 1 9 9 5 ) esclarece a importâncias das medidas preventivas que devem ser adotadas quanto à procedimentos de risco, uso de drogas nefrotóxicas, manutenção da pressão arterial media acima de 80 mm Hg, hematócrito acima de 30%, oxigenação adequada e não utilização de diuréticos de alça. Com relação ao tratamento dialítico durante o período de internação em UTI, G a r c ia (2 0 0 5 ) a f i rm a q u e variou de um a três dias (45,3%). Já para MEHTA et al. (2001) o tempo médio de tratamento de diálise em pacientes de UTI, registrado foi de sete dias. A hemodiálise é a modalidade de purificação sanguínea extracorpórea mais empregada para o tratamento da IRA, sendo a hemodiálise intermitente a técnica mais conhecida e utilizada, porque tem como princípios a remoção de solutos por meio da membrana semipermeável que separa os compartimentos sanguíneos e de dialisato, banho de diálise, no dialisador se faz por difusão e convecção (SANTOS, BOIM e SHOR, 1996). O tratamento dialítico deve ser iniciado o mais rápido possível, enquanto os problemas clínicos e bioquímicos são menores, algumas indicações para o inicio da diálise são: níveis de uréia e creatinina plasmáticos elevados, em geral superiores a 200 mg/dl, e ou creatinina maior que seis mg/dl; hiperpotassemia; hiperidaratação; acidose metabólica (CENDORAGLO, SANTOS e DRAIBE, (1997); NADALETTO, CENDORAGLO NETO e DRAIBE (1997). Cabe destacar: o tratamento clínico deve evitar hiper-hidratação, prevenir processos infecciosos, pesquisando cuidadosamente a presença de focos e evitar antibioticoterapia desnecessária (YU et al., 2002; LIMA, BURDMANN e YU, 2003). CONSIDERAÇÕES FINAIS A IRA complica o curso clínico de 5% dos pacientes internados em hospital geral. Os doentes críticos são mais suscetíveis à síndrome, com grande impacto na morbidade e mortalidade; A monitorizarão diária da função renal no paciente crítico, a detecção precoce de sua falha e uma maior atenção dos profissionais da saúde a esses pacientes é a melhor opção para reduzir as complicações da IRA e, consequentemente, diminuir sua morbimortalidade; A literatura atual é escassa no que se refere à existência de trabalhos epidemiológicos que avaliem a prevalência de emergências nefrológicas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) (PEREIRA, et al, 2003) . Realizar levantamentos pidemiológicos com respeito à prevalência das principais complicações nefrológicas que necessitem de acompanhamento nas UTIs e também das mais relevantes doenças de base que podem evoluir para insuficiência renal poderia trazer benefícios às unidades hospitalares, assim como aos pacientes acometidos (SOUZA et al., 2010). Em relação ao diagnóstico o melhor a ser realizado é a observação dos parâmetros renais em pacientes em UTI; A hemodiálise deve ser iniciada o quanto antes; A prevenção é a melhor opção. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON RJ; ROSEN S & EPSTEIN FH. Acute renal failure. In: SCHRIER RW& GOTTSCHALK CW. Diseases of the kidney. 4 th ed. Little Brown., Boston, p. 1413-1446,1988. BASTOS M. Doença renal crônica problemas e soluções. J. Bras. Nefrol. 2004;26(4):202-15. BISMUTH C. Insuficiência renal aguda. 1995. Acesso em 25/09/2011. Disponível em: www.intox.org/pagesource/treatment/portugese/ insuficiência_renal_aguda.htm BURDMANN, E.A; OLIVEIRA, M.B. 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