DISMORFOLOGIA: CAMPO DE DESENVOLVIMENTO ERROS DE MORFOGÊNESE CONCEITOS E TERMOS Genética Humana Profa. Dra. Ana Elizabete Silva ETIOLOGIA DAS DOENÇAS GENÉTICAS CROMOSSÔMICAS >400 (7:1000nativivos) Numéricas: Ex. Trissomias Monossomias Estruturais: Ex. Deleções Inversões Translocações GÊNICAS (Mendelianas) (2% população) HERANÇA AUTOSSÔMICA: (20.374) DOMINANTE RECESSIVA HERANÇA LIGADA AO X (1188) LIGADA AO Y (59) MULTIFATORIAIS >100(6% pediátrico; 60% adultos) Não Clássicos Herança Mitocondrial (65) “Imprinting Genômico” Dissomia Uniparental Teratogênicas IMPORTÂNCIA DA GENÉTICA NA MEDICINA -Redução das doenças nutricionais e infecciosas nos países desenvolvidos elevação da frequência de Doenças Genéticas -Malformações congênitas (etiologia genética ou não): acometem ~3 a 4% dos nascidos vivos. - 5/1000 crianças morrem no primeiro ano de vida por doenças de causa genética, Brasil: TMI= 40/1000 nativivos (12% Doenças Genéticas) Nordeste: TMI= >100/1000 nativivos Japão: TMI= 4,5/1000 nativivos EUA: TMI= 8,9/1000 nativivos - As Doenças Genéticas causam metade de todas as mortes na infância e correspondem a 1/3 de todas as admissões pediátricas. - 3% das gestações resultam no nascimento de uma criança com Doença Genética e 3% a 7% da população é afetada por uma doença genética. Histórico das Malformações Congênitas -Primeiros casos de malformações congênitas: + 2500 anos em Esparta → neonatos com malformações congênitas eram avaliados pelos mais velhos → decidiam se a criança deveria viver ou morrer -Mais antiga escultura mostrando um defeito de nascimento: deusa com duas cabeças (sudeste da Turquia, 6500 a.C) -Egito: múmias com acondroplasia, pé torto, fenda palatina, estatuetas antigas de figuras com proporções e características faciais acondroplásicas -México e América-Central: estatuetas com duas cabeças humanas (500 a.C à 800 d.C). Entalhe de Bes, deus anão do antigo Egito CONCEITOS TERATOLOGIA Estudo das causas ambientais das anomalias congênitas ( teras = monstro, origem grega), embora seu significado literal não se refira à etiologia (teratogênese) TERATÓGENOS DISMORFOLOGIA Smith, 1960 Agente externo ao genoma do feto que induz malformações estruturais, deficiência de crescimento e/ou alterações funcionais durante o desenvolvimento pré-natal Estudo do desenvolvimento físico anormal (morfogênese alterada →malformações congênitas) → anomalias anatômicas ou funcionais que se originam antes do nascimento DIFERENCIAÇÃO CELULAR DESENVOLVIMENTO NORMAL: CONTROLE DA ATIVAÇÃO/REPRESSÃO GÊNICA CASCATA SEQÜENCIAL COORDENADA PARA O CONTROLE DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO CONTROLE TEMPORAL E ESPACIAL CAMPO DE DESENVOLVIMENTO É uma região ou parte do embrião (pluripotente) que responde como uma unidade coordenada a estímulos extrínsecos e intrínsecos → apresenta diferenciação progressiva, dirigida e irreversível da morfogênese segmentar específica do embrião. Após um estágio inicial de pluripotencialidade dos blastômeros (campo primário) a diferenciação progressiva leva à determinação irreversível da direção do desenvolvimento nas sub-regiões específicas do embrião (campos secundários) Os processos que ocorrem em cada campo têm três atributos importantes: •Apresentam ordenação espacial •Sincronizado no tempo •Hierarquizado → seguindo histologia e complexidade do momento de diferenciação → interferências, traduzse em disrupção, malformação e ou deformidade LINHA MÉDIA Tipo especial de campo → parece uma parte mal costurada do corpo, do ponto de vista do desenvolvimento → representa o plano de clivagem dos gêmeos monozigóticos e o plano de simetria que determina a posição das vísceras http://curlygirl.no.sapo.pt/desan.htm ANOMALIAS DE LINHA MÉDIA Ciclope Lábio leporino e palato fendido Externo fendido Exencefalocefe Espinha bífida Onfalocele Hipoplasia e ânus imperfurado Sirenomelia Sirenomelia:rudimentos dos membros inferiores, ausência de tecidos como estruturas sacrococcígeas, períneo, bexiga, intestino posterior, associado à agenesia renal e anomalias vertebrais. Ciclopia: (holoprosencefalia) desenvolvimento anormal da linha média cerebral, RM grave e morte precoce → mutação no gene SHH (sonic Hedgehog) FASES DO DESENVOLVIMENTO E ANOMALIAS CONGÊNITAS ERROS DE MORFOGÊNESE – ANOMALIAS CONGENITAS Malformação: Defeito morfológico primário de um órgão ou parte do corpo resultante de um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal→ Erro Inato da Morfogênese (palato e fenda labial, polissindactlilia →mutação no gene de fator de transcrição GLI3 ) Disrupção: Um defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão, ou de uma região maior do corpo resultante de perturbação extrínseca, ou interferência, em um processo de desenvolvimento originalmente normal. (radiação, doenças infecciosas, auto-imunes, teratológicas, gemelar, defeitos secundários dos membros, resultado de um evento vascular) Gemelaridade conjugada (xifópagos) Disrupção BRIDAS AMNIÓTICAS Disrupção devida fatores mecânicos: ação das bridas amnióticas sobre os tecidos normais em desenvolvimento Brida amniótica associada a acrania Brida amniótica associada a encefalocele http://www.ultrasonografia.cl/us82/pons.html Disrupção Pseudossindactilia e amputação falanges distais http://www.pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/182.pdf http://sap.org.ar/staticfiles/archivos/2002/arch02_3/242.pdf miomas Deformação: alteração na forma, ou posição, de uma parte do corpo normalmente formada por forças mecânicas extrínseca ou intrínseca principalmente no segundo trimestre. (ausência de líquido amniótico, miomas). Ex: deformação intrínseca: hidrocefalia – estenose do aqueduto de Sylvius http://bitacoramedica.com/weblog/?p=388 Deformação: Exemplos http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/atualizacao/sessao_pediatria/ano_2005/0209/sessao.pdf Displasia: Defeito primário envolvendo a organização anormal de células ao formarem tecidos → afeta a histogênese (hemangioma, mancha café com leite, nevos, fibroma, papiloma e lipoma). hemangioma Hipo / Hiperplasia: Sub ou super desenvolvimento de um organismo, órgão ou tecido, por diminuição ou aumento do número de suas células. Hipo / Hipertrofia: Diminuição ou aumento do tamanho das células, dos órgãos ou tecidos Lipodistrofia de Berardinelli Malformação vascular com hipertrofia Agenesia: ausência de uma parte do corpo devida a um primórdio ausente (agenesia radial, agenesia renal) Agenesia radial Agenesia tíbial Aplasia: ausência devida ao primódio não ter se desenvolvido (aplasia de medula) Aplasia de couro cabeludo http://www.emedicine.com/DERM/topic32.htm http://www.teknon.es/consultorio/cabrera/malcong.htm Aplasia de tíbia Atrofia: uma massa normalmente desenvolvida de tecido ou órgão que decresce devido a uma redução do tamanho ou número de células ou ambos Atrofia muscular Atrofia do bulbo direito PADRÕES DE DEFEITOS MORFOLÓGICOS Anomalias múltiplas: relacionadas causamente ou patogeneticamente ou ocorrem juntas ao acaso Seqüência Síndrome: Associação/Complexo: PADRÕES DE DEFEITOS MORFOLÓGICOS Seqüência: Padrão de anomalias múltiplas derivadas de um único fator estrutural ou mecânico. Defeito primário com suas mudanças estruturais secundárias. Ex.: Seqüência de Pierre Robin → defeito primário mandibular → mandíbula pequena, glossoptose e palato fendido PADRÕES DE DEFEITOS MORFOLÓGICOS Síndrome: Um padrão de malformações primárias múltiplas decorrentes de uma única etiologia (Síndrome da trissomia do 18). PADRÕES DE DEFEITOS MORFOLÓGICOS Associação/Complexo: Ocorrência não-causal em dois ou mais indivíduos, de anomalias múltiplas não reconhecidas como síndrome, seqüência ou defeito de campo → não relacionadas causamente → tem relação estatística Ex.: Associação VACTERL Associação Vertebral Anorretal Cardíaca Traqueo-Esofágica Renal/Radial Limb Associação Coloboma íris Heart Atresia Coanas Retardo Genital Ear Fluxograma de Investigação Malformação (Dismorfia) Múltiplas Múltipla Isolada Fluxograma de Investigação Malformação (Dismorfia) Maior ? gravidade de expressão → limite (riscos) na qualidade de vida → indicação cirúrgica Isolada Menor ? Condição clínica tolerada → sem necessidade de intervenção médico-cirúrgica (indicador de morfogênese anormal) → deformidade Exemplos – Dismorfia Menor FACE ALONGADA SINOFRE PREGA OCULAR EPICÂNTICA (uni ou bilateral) HIPOPLASIA DA ASA NASAL MICROGNATIA ORELHA BAIXO-IMPLANTADA AUSÊNCIA LOBO ORELHA EM ABANO HÉLIX SOBREDOBRADO APÊNDICE PRÉ-AURICULAR FOSSETA PRÉAURICULAR ENCURTAMENTO DO 4°E 5° METACARPIANOS CALCANHAR PROEMINENTE AUMENTO DO ESPAÇO ENTRE 1° E 2° ARTELHOS PREGA ENTRE 1° E 2° ARTELHOS SINDACTILIA DO TERÇO PROXIMAL DO 2° E 3° ARTELHOS DISPLASIA DAS UNHAS FENDA PALPEBRAL OBLÍQUA PARA CIMA FENDA PALPEBRAL OBLÍQUA PARA BAIXO MEDIDAS DA FACE – ANOMALIAS MINOR MEDIDAS DA FACE – ANOMALIAS MINOR ANOMALIAS MINOR ANOMALIAS MINOR Malformação (Dismorfia) Menor Isolada Variante Familiar Deformidade Tranqüilização Malformação (Dismorfia) Isolada Maior Exemplos – Dismorfia Maior FISSURAS LÁBIO-PALATAIS ONFALOCELES CARDIOPATIAS CONGÊNITAS DEFEITOS DE FECHAMENTO DE TUBO NEURAL SINDACTILIA TOTAL ECTRODACTILIA ANOMALIAS MAIOR ONFALOCELE ECTRODACTILIA ANOMALIAS MAIOR Malformação (Dismorfia) Isolada Maior (Definir origem) Teratogênica Monogênica Multifatorial Terapêutica Terapêutica Terapêutica AG para futuras gestações AG para futuras gestações AG para futuras gestações Fluxograma de Investigação Malformação (Dismorfia) Múltipla Isolada Fluxograma de Investigação Malformação (Dismorfia) Múltiplas Separar Primárias x Secundárias Pesquisar Literatura Malformação (Dismorfia) Múltiplas Separar Primárias x Secundárias Seqüência Associação Síndrome Malformação (Dismorfia) Múltiplas Associação AG para futuras gerações: esporádicas, risco desprezível! Tratamento: cirurgia, reabilitação, fármacos Malformação (Dismorfia) Múltiplas Separar Primárias x Secundárias Seqüência Associação Síndrome Malformação (Dismorfia) Múltiplas Tratamento: cirurgia, reabilitação, fármacos Seqüência Etiologia Vascular (esporádica) Multifatorial AG: risco desprezível AG: geralte risco baixo Monogênica (raro) Cromossômica (raro) AG: definir risco de recorrência Diagnóstico pré-natal ou pré-implantação Seqüência: Acardia Fístula Placentária entre gemelares Circulação invertida em um gemelar Ausência do coração Malformações no segmento superior Seqüência: DFTN Meningomielocele Artrogripose Hidrocefalia Bexiga Neurogênica Seqüência: Potter Rins Policísticos Oligodrâmnio Face achatada Hipoplasia Pulmonar Seqüência: Potter http://www.medicina.ufba.br/educacao_medica/atualizacao/sessao_pediatria/ano_2005/0209/sessao.pdf Malformação (Dismorfia) Múltiplas Separar Primárias x Secundárias Seqüência Associação Síndrome Malformação (Dismorfia) Múltiplas Síndrome Conhecida Desconhecida Síndrome “conhecida” Etiologia Monogênica Não Clássica Confirmar (DNA?) Cromossômica Cariótipo Normal Terapêutica Alterado Terapêutica Desconhecida Risco alto Teratogênica Esporádica Numérica Terapêutica Risco baixo Com AG: risco baixo Alterado Estrutural Terapêutica Normal CTP pais Risco alto Se nova gestação: DPN / DPI Síndrome desconhecida Cariótipo Pesquisar bancos de dados Normal Alterado Monogênica/ Não-clássica Etiologia não conhecida Teratogênica Numérica Estrutural Terapêutica Terapêutica Risco baixo CTP pais Confirmar (DNA?) Terapêutica Terapêutica AG: Com AG: risco baixo Normal Alterado Esporádica Risco alto Se nova gestação: DPN / DPI Risco alto Causas genéticas e ambientais de malformações: Segundo Nussbaum, 2008: • Causas cromossômicas: 25% • Causas monogênicas: ~20 % • Agentes ambientais (teratógenos): ~5% • Causa desconhecida: ~50% 2- Conforme a figura abaixo conceitue e exemplifique os erros de morfogênese: malformação; disrupção; deformação e displasia Disrupção