Caso clínico: Estenose hipertrófica do piloro Brenda Carla de Lima Janayana Almeida Pablo Almeida Rocha Orientação: Drª Luciana Sugai Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS)SES/DF www.paulomargotto.com.br 26/02/2008 Caso clínico Identificação: JCBS, 2 meses, natural e procedente de Bom Jesus da Lapa – BA. Informante: mãe, 17 anos, máinformante Caso clínico QP: “Vômitos desde o nascimento” HDA: Mãe refere que o lactente apresenta história de vômitos não-biliosos após as mamadas, de início precoce (nas primeiras 24 horas de vida), associado a perda de peso, irritação e posterior prostração. Procurou o hospital do município de origem, onde foi diagnosticado DRGE e prescrito domperidona. Como não houve melhora do quadro nos dias subseqüentes, refere que retornou à mesma unidade de saúde, onde o paciente foi submetido a uma radiografia simples de abdômen, para em seguida ser encaminhado à Cirurgia Pediátrica do HRAS. Caso clínico Revisão de Sistemas – Nega febre, tosse, diarréia; eliminações fisiológicas preservadas (SIC). Antecedentes neonatais e obstétricos – Fruto de 2ª gestação; primeira gestação há 2 anos. A mãe não fez o pré-natal, e o parto foi domiciliar. A assistência ao recém-nascido foi realizada com 6 dias de vida, quando seu peso foi aferido em 3800g, PC de 38cm, estatura de 51cm. A mãe não possui sorologias (SIC). Em seio materno exclusivo desde o nascimento. Caso clínico Antecedentes patológicos – Nega traumas ou fraturas. Sem intercorrências até o momento, além das já expostas na HDA. Hábitos de vida – Reside em casa de alvenaria, com rede de água e esgoto, com 5 cômodos, sem animais domésticos. Caso clínico Antecedentes familiares – Mãe com 17 anos, 1º grau incompleto, dona-de-casa. – Pai com 19 anos, 1º grau incompleto, desempregado. Saudável. – Irmão com 2 anos, saudável. Amamentou até os 4 meses (SIC). – Nega patologias na família (SIC). Caso clínico Exame físico – Peso: 2700g FC: 120bpm – FR: 10irpm (fazendo pausas) SpO2: 82-95% – Paciente em regular estado geral, desidratado ++/4+ (I a II Grau), hipocorado +/4+, acianótico, anictérico, afebril ao toque. Desnutrido grave. Hipoativo. – ACV: RCR 2T, BNF, SS +/6+ – AR : MVF s/ RA, sem dispnéia. – Abdome: escavado, com excesso de pele (diminuição do tecido subcutâneo), RHA+, flácido, indolor. Pequena massa móvel em epigástrio (oliva pilórica?). Sem visceromegalias. – MMII: boa perfusão periférica, sem edemas. Caso clínico Exames complementares – Gasometria (09/02/08, 17:30h): pH 7.57 / pCO2 40.4 / pO2 47.7 / HCO3 38 / BE +14.3 – Bioquímica (09/02/08): Sódio 137 / Potássio 2.8 / Cloreto 75 Caso clínico Hipóteses diagnósticas – Estenose hipertrófica de piloro – Alcalose metabólica hipoclorêmica e hipocalêmica – Desnutrição proteico-calórica Estenose hipertrófica de piloro Epidemiologia Ocorre em 3:1000 lactentes Mais freqüente em meninos (5:1) Padrão familiar, com alto risco de recorrência (mães transmitem mais frequentemente para filhos) Patogenia Hipertrofia e hiperplasia da musculatura lisa causam estreitamento do antro estomacal, levando a obstrução pilórica Quadro clínico Inicio: 2ª/3ª semanas de vida Vômitos em jato, conteúdo leitoso Acidose metabólica hipoclorêmica Obstipação intestinal Peristaltismo gástrico visível Presença de tumor pilórico (oliva pilórica) Perda rápida e progressiva de peso Radiografia mostrando estenose Tratamento Estabilização do paciente Correção de distúrbios ácido-básicos Tratamento definitivo: Cirurgia: Piloromiotomia a Fredit-Ramstead Alcalose Metabólica Alcalose Metabólica # Definição: • termo usado para definir uma concentração de H+ no sangue inferior ao valor normal; • aumento do teor de bases ou a perda de ácidos no organismo; Alcalose Metabólica # Causas: • no RN, as causas mais comuns são: perda de líquido gástrico pelo vômito (estenose hipertrófica condições que de expoliam piloro), potássio (furosemide) e excesso de NaHCO3; Alcalose Metabólica # Hipocalemia: • se o K+ (íon potássio) abandona a célula, outros íons com igual carga elétrica terão de nela penetrar; • para cada 3 partes de K+ que saem da célula, entrarão 2 partes de Na+ (íon sódio) e 1 de H+ (íon hidrogênio); • Relação entre pH-K+ sérico: 0.1 pH – 0.6mEq/l de potássio; Alcalose Metabólica # Hipocalemia: • a célula ÁCIDA, envia ordens para que o rim ECONOMIZE BASES E ELIMINE o H+; • o BICARBONATO SANGUÍNEO AUMENTA NO EXTRACELULAR e a urina sai ÁCIDA ALCALOSE METABÓLICA HIPOCALÊMICA COM URINA PARADOXALMENTE ÁCIDA; Correção Tratar a causa base Propiciar condições renais para excreção de HCO3 – Manutenção da volemia – Manutenção de níveis adequados de K – Corrigir hipocloremia Reposição volêmica com SF0,9% + KCL oral ou venoso Evolução do caso Evolução 09/02/2008 Conduta inicial – Dieta zero + SOG aberta – Hidratação fase rápida Após bioquímica – Hidratação manutenção – Reposição de potássio e sódio Evolução 10/02/2008 – Gasometria: pH 7.62 / pCO2 37 / pO2 71 / HCO3 38 BE +15 – Bioquímica: Na 134 / K 3,9 / Cl 85 / Ca 95 / Glicemia 95 Uréia 31 / Creat 0,2 Evolução 10/02/2008 – Hidratação venosa – Concentrado de hemácias – Piloromiotomia a Fredit-Ramstead “Grande oliva pilórica com espessamento do piloro até 1ª porção duodenal” – Após a cirurgia, encaminhado à UCIP para recuperação Evolução Na UCIP – Seguiu estável hemodinamicamente – Boa aceitação de dieta (LMO/LHB) por SNG – Alta no dia 13/02/2008 Evolução Na enfermaria de Clínica Cirúrgica – Em ar ambiente, sem SNG – Mãe apresentou dificuldades para a amamentação – Recebe alta no dia 22/02/2008 Consultem DISTÚRBIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDOBÁSICO Autor(es): Paulo R. Margotto Autor (s): Paulo R. Margotto GASOMETRIA, A LÓGICA DO RACIOCÍNIO (slide) Autor(es): Paulo R. Margotto Obrigado!