Slide 1 - Paulo Margotto

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Sepse grave e choque
séptico
Internato de Pediatria- HRAS
Liliane Monteiro Alvares
Escola Superior de Ciências da Saúde/SES/DF
Coordenação: Elisa de Carvalha, Paulo R. Margotto
Conceitos

Síndrome da Resposta Inflamatória
Sistêmica: é a resposta sistêmica a uma
variedade de insultos clínicos graves. A
resposta é manifestada por 2 ou mais
critérios:
•
•
•
•
Temperatura: >38ºC ou <36ºC
FC: entre >120 e >180 (varia com a idade)
FR: entre >20 e >50 (varia com a idade)
Leucócitos: >12000 cel/mm³, < 4000 cel/mm³
ou >10% bastões.
Conceitos


Sepse: SIRS associada à infecção; é
manifestada por 2 ou mais condições já
descritas resultantes de uma infecção.
Sepse grave: sepse associada a disfunção
orgânica, hipoperfusão ou hipotensão.
• Sinais de hipoperfusão: acidose lática,
oligúria, acidose metabólica alteração no
nível de consciência ou meningite, hipóxia.
Conceitos

Choque séptico: Sepse associada a hipotensão
apesar da reanimação fluídica adequada. Pode se
considerar também infecção associada a
hipo/hipertermia, taquicardia, alteração do estado
mental e pelo menos um dos sinais:
-Pulsos periféricos < pulsos centrais
-Enchimento capilar >2s ou enchimento capilar
instantâneo
-Extremidades frias
-Baixo débito urinário (<1ml/kg)
Conceitos

Disfunção de Múltiplos Órgãos e
Sistemas: é a presença de função
alterada de sistemas e órgãos no
paciente grave devido a dificuldade de
manter a homeostase adequada sem
intervenção. Quanto > o número de
órgãos atingidos > o risco de morte.
Epidemiologia
Mortalidade hospitalar: 10,3%
 50% das casos de sepse grave em
pediatria são em RN, sendo a maioria de
baixo peso ao nascer.
 50% apresenta doença crônica de base
 Tempo médio de internação é de 31 dias.

Fatores predisponentes

Fatores ambientais, genéticos e reduzida
função imune. Estes fatores incluem:
-Pneumonia
-Artrite
-Doença pulmonar crônica
-Diarréia
-Celulite
-Presença de cateteres
-Desnutrição
-Trauma
-Procedimentos invasivos
-Idade<1ano
-Queimados
-Antibioticoterapia prévia
-Epiglotite
-Imunossupressão
-Antecedente esplenectomia
-Bronquiolite
-Cirurgia prévia
-Úlcera de estresse
-Meningite
- Doença crônica
Patogenia
o
A identificação do agente etiológico e
tratamento efetivo da infecção depende de:
Sítio de infecção ( pleuropulmonar, urinário,
bacteremia primária, intra-abdominal)
idade do doente
estado imune
doenças predisponentes
co-morbidades
o
padrão local de suscetibilidade aos antibióticos.

o
o
o
o
FOCO
AGENTES
0 a 3 meses
Gastrintestinal
Bact. Gram – entéricas
Vias urinárias
Bact. Gram – entéricas
Pele e subcutâneo
Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes
Articulações e ossos
S.Aureus
Vias aéreas inferiores
Streptococcus β hemolítico grupo B, Bact.Gramentericas, S.aureus
Meninges
Bact.Gram –entéricas, Neisseria meningitidis
3 meses a 1 ano
Pele e Subcutâneo
S.aureus, S. pyogenes
Articulações e ossos
Haemophilus influenzae tipo B, S.aureus
Vias aéreas inferiores
S. pneumoniae, H.influezae tipo B, S.aureus
Meninges
Neisseria menigitidis, S. pneumoniae,
H.influenzae tipo B
Estadiamento da sepse
Sistema PIRO
 Fatores Predisponentes: inatos ou
adquiridos
 Infecção
 Resposta do hospedeiro
 Disfunção Orgânica

Fisiopatologia







Estágio 1: Agressão infecciosa
Fatores relacionados ao individuo
Barreira epitelial íntegra primeira linha de
defesa; pode ser quebrada por trauma local ou
alterações da defesa da mucosa resultante de
toxinas e alterações hemodinâmicas.
Imunidade adaptativa ou inata
Diabetes, desnutrição e câncer
Sexo e idade
Fatores que previnem infecção local
Fisiopatologia
Fatores bacterianos e fúngicos:
 Virulência
- Lipídio A: componente da endotoxina das
bactérias Gram negativas.
- Bactérias Gram positivos possuem
exotoxinas, os superantígenos que não
interagem com o complexo de
histocompatibilidade ou com receptor toll,
podendo produzir ativações maciças de
linfócitos T, liberando citocinas.

Fisiopatologia




Estágio 2: Resposta sistêmica preliminar
Mediadores inflamatórios e hemostáticos
modulam a resposta do individuo frente a sepse
grave.
A concentração local das primeiras citocinas
pró-inflamatórias e antiinflamatórias são
maiores do que a concentração sistêmica
Citocinas pró-inflamatórias (FNT-alfa IL-1, IL-6
e INF-γ) serão responsáveis pelos sinais e
sintomas da infecção sistêmica, o que indica
uma inabilidade no controle local da infecção.
Fisiopatologia




Estágio 3: Resposta sistêmica amplificada
Ocorre quando o indivíduo não consegue conter o
processo pró-inflamatório havendo o aparecimento
de sintomas resultantes da atividade sistêmica da
citocinas.
A liberação maciça de citocinas e mediadores próinflamatórios são responsáveis pela SIRS: febre,
hipo/hipertemia, taquicardia, taquipnéia,
leucocitose/leucopenia e desvio à esquerda.
Disfunção das células endoteliais que perdem sua
habilidade de regular o fluxo sanguíneo, logo há
permeabilidade microvascular, vasodilatação
profunda, transudação de fluídos, disfunção
orgânica e choque
Fisiopatologia




Estágio 4: Reação inflamatória
compensatória
Após a ativação da cascata pró-inflamatória o
organismo inicia uma resposta contra-reguladora
local ou sistêmica.
Imunomoduladores fazem a down-regulation das
citocinas pró-inflamatórias.
Citocinas contra reguladoras: IL-4, IL-10, TGF-β,
indução e regulação da expressão do HLA-DR e
receptores solúveis de citocinas.
Fisiopatologia



A excessiva resposta anti-inflamatória
leva a CARS.
A CARS é caracterizada pela expressão
diminuída do HLA-DR pelos monócitos e
pela habilidade dos monócitos em
produzir citocinas inflamatórias.
Essa situação leva o paciente a
imunoparalisia
e
o
predispõe
a
persistência da infecção primária ou a
infecções secundárias.
Fisiopatologia




Estágio 5: falha na imonumodulação
Dissonância imunológicainflamação
persistente e falha em restabelecer a
homeostase.
TH2 induz pelos monócitos a  produção de
TNF-alfa e a expressão de HLA-DR, logo não há
morte intracelular de bactérias e fungos e a
apresentação de antígenos.
Infecção primaria persistente, disfunção de
múltiplos órgãos persistente, infecção
recorrente.
Quadro clínico
Choque quente (hiperdinâmico)
Clínica
Fisiologia
Bioquímica

-Boa perfusão
periférica
-Débito urinário
normal ou 
-Pele quente e seca
-DC
-FC
-RVS
-FR
-Trombocitopenia
-Instabilidade
térmica
-SatO2 > 70%
-Pulsos cheios
-Alteração do nível
de consciência
-Sinais clínicos não
refletem gravidade
-Hipóxia
--Alcalose respiratória
--Lactato elevado
--Hiperglicemia
--PO2
Quadro clínico

Choque frio (hipodinâmico)
Clínica
-Acrocianose e/ou
cianose
-Pele úmida e fria
-Pulsos finos
-Respiração superficial
-FC
-Redução do nível de
consciência
Fisiologia
Bioquímica
-Oligúria
-Hipóxia
-DC c/ RVS
-Acidose
metabólica
-DC c/ RVS
-Trombocitopenia
- Sat O2 <70%
-Coagulopatia
-Hipoglicemia
Diagnóstico






Hemograma completo
Provas de coagulação
Cultura dos sítios de infecção
Gasometria arterial
Eletrólitos
Exames de imagem
 Raio-X de tórax (PA e perfil)
 Raio-X de abdome (supino, em pé e decúbito lateral)
 US abdominal
 Ecocardiograma

TC
Tratamento



A transição de SIRS p/ sepse grave e a
choque séptico envolve modificações
fisiopatológicas incluindo anormalidades
circulatórias que resultam em hipóxia tissular
global e regional.
Durante as horas críticas do choque séptico, o
reconhecimento definitivo e tratamento
efetivo provêem benefícios máximos em
termo de prognostico.
Estas horas, geralmente, ocorrem no setor de
emergência.
Tratamento


As recomendações atuais são subdivididas em
duas fases:
 1ª fase: reanimação precoce, iniciada no
local de diagnóstico, duração média de 1h.
 2ª fase: estabilização e correção de
distúrbios específicos.
Terapia Meta Atingida: Envolve abordagens
precoces e controladas dos parâmetros
fisiológicos para ajudar a manter, melhorar ou
corrigir a homeostase a nível celular, metabólico
e endócrino, e que devem ser iniciadas
usualmente nas primeiras 6hsde admissão
hospitalar.
Tratamento


Reconhecer paciente em choque séptico pelos
sinais de alteração estado mental, alterações
respiratórias e de perfusão;
Manter via aérea e estabelecer via de acesso.
– Suplementar O2 se necessário; monitor cardíaco e
oximetria; PAM invasiva.
– Intubação endotraqueal precoce se o doente está
sem via aérea segura, troca gasosa ou equilíbrio
ácido-básico comprometido, evidência de fadiga
muscular, hipoventilação, comprometimento do
estado mental.
Tratamento


Reanimação fluídica: SF 0,9% e/ou
colóides em bolus de 20 ml/kg.
Importante para manter DC, perfusão e
hemoglobina adequadas.
Se o choque responder à reanimação
fluídica, deve-se observar o paciente na
UTI.
Tratamento

Choque refratário a Fluídospersiste
após 60ml/kg a 100ml/kg de fluídos.
-Redução de PaO2>15%
-Vasodilatação ou vasoconstrição persistente
-Hipotensão não responsiva à fluídos
-Diurese < 1 ml/kg/h
-Sat O2<65%ou >85% sem melhora
-Sinais clínicos e radiológicos de edema pulmonar
-Sinais clínicos de edema periférico
-Bordas hepáticas palpáveis e presença de sopros
Tratamento




Suporte Hemodinâmico:
Passagem de cateter central
Dopaminadroga de 1ª escolha (5μg/kg/min
em incrementos de 2,5μg/kg/min)
Se o choque for refratário a dopamina, iniciar
adrenalina (0,05 μg/kg/min em incrementos de
0,1 μg/kg/min) para choque hipodinâmico OU
noradrenalina (0,05 μg/kg/min em incrementos
de 0,1 μg/kg/min) para choque hiperdinâmico,
com objetivo de restaurar perfusão e PA.
Tratamento


o
o
o



Drogas vasoativas:
DOPAMINA: Droga de 1ª escolha, indicada
p/choque refratário a fluídos.
2-3 μg/kg/min melhora perfusão renal e diurese
4-10 μg/kg/min inotrópico, FC
11-20 μg/kg/min vasoconstrição, RVP
DOBUTAMINA: 1-20 μg/kg/min  inotrópica,
vasodilatador,RVP
ADRENALINA:usada no choque frio,inotrópica,
FC, vasoconstritora
NORADRENALINA: usada no choque quente,
vasoconstritora, inotrópica
Tratamento




Corrigir hipoglicemia e hipocalcemia
Hidrocortisona: considerar risco de insuficiência
adrenal se houver hipotensão resistente a
catecolaminas.
Ventilação Pulmonar Mecânica: reduz gasto
energético pela musculatura respiratória
durante o choque séptico.
Terapêutica antipirética: reduz consumo e
demanda de O2 pelos tecidos, sendo que pode
interferir na resposta imune normal.
Tratamento



Reposição de hormônio tireoidiano
(levotiroxina): indicado quando TSH está baixo
e a síndrome do eutireoidiano doente for
excluída. Contribui para o choque resistente a
catecolaminas.
Concentrado de plaquetas e plasma fresco:
trombocitopenia, coagulopatia (evidência de
sangramento ativo) e CIVD.
Sedação e analgesia sem paralisia
neuromuscular: reduz consumo e demanda de
O2
Tratamento Antibioticoterapia

Indicações de antibioticoterapia empírica:






Características clínicas do doente;
Infecção intra ou extra hospitalar
Drenagem ou remoção de focos sépticos
Excisão de tecidos necróticos
Suposição do microorganismo infectante
O tratamento empírico deve ser dirigido
p/ maior quantidade de patógenos
possivelmente envolvidos na infecção.
Tratamento Antibioticoterapia




Reavaliar resultado do tratamento com resultados
das culturas.
Bactérias resistentes e pacientes neutropênicos
exigem tratamento combinado
Bacteremias polimicrobianastratamento com base
no foco; associam-se cefalosporinas de 3ª geração
com metronidazol ou ampicilina com sulbactam.
Bacteremias no imunocomprometidopredominio
de Gram -, cocos Gram + e fungos; cefalosporinas
de 3ª geração com ação antipseudomonas,
carbapenem e antifungicos
Tratamento Antibioticoterapia
Bacteremias relacionadas a cateteres 
predomínio de cocos Gram +, bacilos Gram – e
fungos; tratamento empírico com vancomicina,
podendo associar ceftazidima.
 Retirar cateteres transitórios na suspeita de
sepse;
 Retirar cateteres permanentes em caso de:
-celulite grave na zona do cateter;
-sepse em foco;
-infecção recorrente
-falha no tratamento médico (associado à cultura)

Tratamento- Suporte
nutricional



Jejum prolongado altera funções da
barreira gastrintestinal, levando a atrofia
intestinal, translocação bacteriana e
alterações da função imune.
Nutrição enteral: método de escolha pois
melhora integridade gastrintestinal e
diminui disfunção de múltiplos órgãos.
Micronutrientes: acelera cicatrização e
melhora resposta imunológica
Tratamento –
peculiaridades do RN



Suspeita-se de choque séptico no neonato
quando há desconforto respiratório, redução da
perfusão, historia materna de corioaminionite
ou ruptura prolongada de membranas.
Neonatos em choque séptico apresentam
aumento da pressão na artéria pulmonar que
leva a hipertensão pulmonar e falência de VD.
Deve-se diferenciar choque séptico do choque
cardiogênico que ocorre devido ao fechamento
do PCA.
Tratamentopeculiaridades do RN





Choque séptico neonatal;
Manter vias aéreas e estabelecer acesso
arterial e venoso umbilical;
Infusão rápida de 10ml/kg e observar
sinais de intolerância a fluídos
No caso de choque refratário a fluídos,
estabelecer via de acesso central e iniciar
dopamina associada a dobutamina.
Se for choque resistente a dopamina
iniciar adrenalina
Tratamentopeculiaridades do RN
Choque resistente a catecolaminas:
monitorização arterial, ECG e PVC
 Choque frio, PA normal, disfunção do VE
e sat O2 <70%iniciar vasodilatador ou
inibidores da fosfodiesterase.
 Choque frio ou quente, disfunção do VD
ou HPP, sat O2 <70% óxido nítrico
inalado
 Choque quente, PA baixainiciar volume
e adrenalina

Complicações











Hipotensão refrataria as catecolaminas
Necrose tubular aguda
Insuf. Hepática
Encefalopatia
Polineuropatia
Disfunção Gastrintestinal
Síndrome do desconforto respiratório agudo
Distúrbios de coagulação
Disfunção imune e endócrina
Distúrbios hidro-eletrolíticos e ácido-básico
Diarréia associada a antibióticos
Prognóstico








Fatores determinantes:
Resposta hemodinâmica do paciente
Desenvolvimento e extensão da DMOS
Sítios de infecção e virulência
Co-morbidades
Tx de mortalidade varia entre 40 e 80%
Mortalidade de 70 a 80% ocorre entre 7 e 14
dias.
Mortalidade> em normotérmicos ou
hipotérmicos do que em pacientes febris.
Prognóstico



A DMOS é responsável pela maioria dos
óbitos secundários ao choque séptico
Melhora das medidas de suporte diminui
a morbidade e mortalidade.
Terapia meta atingida melhora a
sobrevida dos pacientes com choque
séptico.
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