RELATO DE CASO: PIELONEFRITE ENFISEMATOSA EM PACIENTE JOVEM E PREVIAMENTE HÍGIDA JOÃO PEDRO PEREIRA BRAGA¹, MARLON KRUBNIK DE MATTOS², PAMELA GRESHI DE SOUZA ROSA³, FLÁVIA LUNARDELLI NEGREIROS DE CARVALHO¹, HIAGO TOMAZ DA SILVA ARAÚJO¹. 1.ACADÊMICO DE MEDICINA – UFRR, BOA VISTA, RR, BRASIL; 2.MÉDICO UROLOGISTA - HOSPITAL GERAL DE RORAIMA , BOA VISTA, RR, BRASIL; 3.ACADÊMICA DE MEDICINA – ESCS, BRASILIA, DF, BRASIL. INTRODUÇÃO Pielonefrite Enfisematosa (PE) é uma doença rara e grave, podendo atingir uma mortalidade de 43%¹. Caracteriza-se por uma infecção aguda necrotizante do rim com presença de gás, sendo a E.coli o agente etiológico mais frequente 2. Na PE é marcante a associação de fatores como diabetes mellitus (80-90%) e obstrução do trato urinário (aproximadamente 40%), além de apresentar maior prevalência em mulheres (5,9:1) com faixa etária de 55 anos 3. OBJETIVO Relatar um caso de pielonefrite enfisematosa em paciente jovem e sem comorbidades, com ênfase na abordagem terapêutica adequada diante da epidemiologia incomum para o caso. METODOLOGIA Revisão literária em banco de dados e análise retrospectiva de prontuário, coleta de imagens diagnósticas e peça cirúrgica. DESCRIÇÃO DO CASO CLÍNICO Paciente S.T.S, feminino, 23 anos, indígena, 3 filhos, etilista e tabagista. Recebida no pronto atendimento em outubro de 2014, em regular estado geral, com dor abdominal e massa palpável em flanco direito. O plantonista solicitou a tomografia de abdômen que demonstrou aumento dimensional do rim direito, presença de gás, hemorragia, conteúdo hidroaéreo perinéfrico, aumento do número de linfonodos retroperitoniais e derrame pleural à direita associado a componente fissural. Iniciou-se antibioticoterapia empírica e posterior adequação com cobertura para bacilo gram negativo não fermentador identificado em cultura de urina e antibiograma. Os exames laboratoriais evidenciaram leucocitose de 17.240 células/uL, anemia normocítica hipocrômica, glicose de 220mg/dL, proteína C reativa de 93 mg/dL, bilirrubina total e direta de 3,0 mg/dL e 2,8mg/dL, respectivamente. Após ser diagnosticada com P.E associada a abscesso renal, a cirurgia urológica propôs a nefrectomia. No procedimento cirúrgico evidenciou aderências em goteira parieto-cólica com coleção piosanguinolenta e um rim com aproximadamente dois quilos devido ao processo inflamatório. No pósoperatório, a paciente evoluiu com edema de extremidades, acidose metabólica e sepse, revertida com cuidados intensivos. A biópsia da peça cirurgica não acusou malignidade e a paciente segue em acompanhamento ambulatorial sem intercorrências. Fig.1. Peça cirúrgica após nefrectomia. Rim com pielonefrite e abscesso intra-parenquimatoso e infeccioso, conforme o laudo histopatológico. CONCLUSÃO A PE apesar de rara apresenta alta taxa de mortalidade e constitui emergência urológica grave. Fica evidente que o diagnóstico precoce, através da tomografia computadorizada, e a prescrição rápida e adequada da antibióticoterapia possibilitam a intervenção cirúrgica, quando necessária, em tempo hábil para evitar desfechos desfavoráveis e otimizar o prognóstico. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Oliveira RAG, Porto AM, Fugikaha I e col. PIELONEFRITE ENFISEMATOSA. RELATO DE CASO. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 julago;10(4):354-7 2. CHACAR, Kamila da Silva et al. PIELONEFRITE ENFISEMATOSA EM PACIENTE COM RIM ÚNICO: RELATO DE CASO. Revista Científica da FMC, Rio de Janeiro, Vol. 8, nº 2, pp. 22-25, 2013. 3. CARVALHO, Miguel. PIELONEFRITE ENFISEMATOSA- REVISÃO DA LITERATURA A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO. Acta urológica, Portugal, vol. 23, nº 4, pp. 75-80, 2006. . ENDEREÇO ELETRÔNICO Autor principal: [email protected] Fig 2. Imagem da peça cirúrgica