Qualidade de vida e sintomas depressivos em pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise Rosario BP1, Parcias SR2 (1-Bolsista PUIC, medicina 2-Prof.Drª Neuroanatomia, Orientadora, Campus Tubarão) Introdução A insuficiência renal crônica (IRC) pode ser caracterizada pelo resultado de lesões irreversíveis e progressivas provocadas por doenças que tornam o rim incapaz de realizar suas funções. A hemodiálise, enquanto um procedimento de apoio à função renal, consiste na remoção de substâncias tóxicas e excesso de líquido por uma máquina de diálise, em um procedimento cuja duração leva de 2 a 4 horas, exigindo que o paciente se desloque para a unidade de tratamento numa freqüência de 2 a 4 vezes por semana, alterando de maneira singular seu cotidiano e com isso sua qualidade de vida. Kovac, Patel, Peterson e Kimmel (2002) destacam que a depressão é a desordem psiquiátrica mais comum em pacientes em estágio final da doença renal (ESRD) tratados com hemodiálise, sendo que a extensão do efeito depressivo ao longo do tempo tem como conseqüência a mortalidade. Além disso, a depressão ocasiona diminuição da imunidade e diminuição dos cuidados pessoais diminuindo a aderência aos tratamentos e dietas. Quase metade de todos os pacientes em diálise refere sintomas depressivos. Mas em menos de 25% deles os sintomas são graves o suficiente para um diagnóstico de transtorno depressivo maior (TDM). A avaliação de qualidade de vida relacionada à saúde é um modo de análise de todos os aspectos que merecem ser considerados na avaliação dos pacientes e tem se tornado uma ferramenta importante, particulamente como uma variável capaz de verificar o impacto da doença, saúde e tratamento. O Inventário de Depressão Maior é um questionário contendo 10 itens que avaliam os sintomas de depressão de fácil aplicação e entendimento, serve como rastreio desta comorbidade e como todos os questionários jamais substitui a entrevista e o exame clínico. O questionário sobre qualidade de vida WHOQOL-Bref é uma versão abreviada composta pelas 26 questões que obtiveram os melhores desempenhos psicométricos extraídas de sua versão extensa com 100 questões. Assim diagnosticar precocemente a depressão em pacientes com doenças crônicas é de suma importância no que diz respeito à mortalidade e morbidades associadas à diálise. Ainda a aderência ao tratamento está relacionada com todo um complexo comportamental do paciente em relação à sua doença e é influenciada diretamente pelo bem-estar físico e mental do doente crônico. Resultados A amostra foi composta por 30 pacientes, com idade média de 52, 5 anos, sendo 63% do gênero masculino e 37% do gênero feminino. A maioria dos pacientes era casado(75,9%) e aposentado (73,7%).A escolaridade média foi de 7,35 anos. O tempo médio de diálise foi de 3,7 anos e todos os pacientes realizavam 3 sessões semanais de diálise. Causas que levaram à IRC: A pontuação média pelo MDI foi 14,1(mediana, moda). A presença de síntoma depressivo foi observada em 37% (n=11) da amostra, enquanto 63% (n=19) não apresentou esses sintomas. Esta prevalencia de sintomas depressivos se aproxima ao descrito trabalhos anteriores. A maioria da amostra referiu 89,6%(n=26) apresentou boa qualidade de vida quando avaliados pelo WHOQOLbreef, contrastando com 10,3%(n=6), apenas um indivíduo não completou totalmente o questionário. Quando estes mesmos individuos foram indagados sobre sua qualidade de vida 68,9%(n=20) referiu boa qualidade de vida e para 31%(n=9) uma qualidade de vida ruim foi referida, apresentando significancia estatística (p< 0,05). Figura abaixo: Objetivo Avaliar a relação entre qualidade de vida e sintomas depressivos em pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise na Clínica de Doenças Renais de Tubarão - SC. p = 0,041 Relação entre qualidade de vida e sintomas depressivos. Metodologia Foi realizado estudo transversal observacional descritivo em 30 pacientes com diagnóstico de insuficiência renal crônica em programa de hemodiálise na Clínica de Doenças Renais de SC no período de setembro à dezembro de 2008. Foram incluídos neste estudo pacientes maiores de 18 anos, que estejam em diálise por no mínimo de 6 meses. Foram excluídos pacientes que possuam alguma condição sistêmica grave. A estes pacientes foi aplicado na mesma ocasião o questionário MDI e WHOQOL-breef. À todos os pacientes foi entregue e solicitado que assinem o termo de consentimento livre e esclarecido, este trabalho está sendo submetido à aprovação do comitê de ética e pesquisa da Unisul – CEP. Os dados foram analisados através do programa estatístico SPSS versão 15.0. Pearson 0,455 Conclusão Em nossa amostra foi possível concluir que os sintomas depressivos estavam presentes em menos da metade dos pacientes, bem como a grande maioria apresentava, apesar da hemodiálise crônica, uma boa qualidade de vida. Apoio Financeiro: Unisul Bibliografia: 1-KIMMEL, P.L. - Depression I Patients with Chronic Renal Disease. What we Know and What We Need to Know. J Psychosm Res 53:951-6, 2002. 2-KIMMEL, P.L.; PETERSON, R.A.; WEIHS, K.L. et al. – Multiple Measurements of Depression Predict Mortality in a Longitudinal Study of Chronic Hemodialysis Patients. Kidney Int 57:2093-8, 2000 3-ROSARIO, BP; Parcias SR; Souza BC; Laus FF; Iwersen AS; Sakae TN; Xavier AJ. Validação da versão em português do Inventário de Depressão Maior (MDI). Trabalho de conclusão de curso, 2008.