Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) Camila Dias Rodrigues Internato em Pediatria Orientadora: Dra. Carmen Lívia Faculdade de Medicina da Universidade Católica de Brasília Internato-6ª Série www.paulomargotto.com.br Brasília, 16 de agosto de 2016 Lembrando: PAC: doença adquirida fora do ambiente hospitalar ou de unidades especiais de atenção à saúde ou, ainda, que se manifesta em até 48h da admissão à unidade assistencial. Definição: Processo inflamatório e infeccioso do trato respiratório inferior com acometimento do parênquima pulmonar (vias aéreas, alvéolos e espaço intersticial). Epidemiologia • Maioria das crianças: respiratórias agudas/ano 4-6 infecções – 2-3% evoluem para pneumonia – 80% dos óbitos são devido à pneumonia (3 milhões de mortes/ano) – 2ª causa de óbitos em crianças < 5 anos • Estimativa de incidência mundial: 150 milhões em menores de 5 anos/ano Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Extremos de idade Fatores de risco Vacinação incompleta Condições ambientais Comorbidades Episódios prévios Aglomerações Condições socioeconômicas Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Etiologia • Vírus, bactérias e fungos – Etiologia MISTA em até 25% dos casos • Agente não é identificado em até 60% dos casos • Conhecimento do perfil etiológico é indispensável para orientar a terapêutica • Agentes diferentes para cada faixa etária • Crianças menores: vírus Crianças maiores: bactérias Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Intra-útero Infecção materna Pneumonia afebril do lactente Pneumonia atípica Quadro clínico • Síndromes respiratórias sintomas muito parecidos agudas apresentam – História clínica: diferenciar de IVAS – Na PAC, quadro clínico pode ser mais grave: febre mais elevada, prostração mais evidente, tosse mais produtiva – Independe do agente etiológico • Viral: febre alta, mas melhora do estado geral com redução da temperatura • Comumente precedida de infecção viral alta Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Quadro clínico Para lembrar! Frequência respiratória: Até 2 meses: até 60 irpm 2 – 12 meses: até 50 irpm > 12 meses: até 40 irpm Tosse • • • • • Febre *Avaliar com a criança no colo do cuidador ou sentada Irritabilidade, cefaleia, inapetência, vômitos Toxemia, palidez, cianose (relação com gravidade) Meningismo (acometimento de segmentos posteriores) Dor pleurítica e posição antálgica (derrame pleural) Dor abdominal Desconforto respiratório Taquipneia* Tiragem subcostal* Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Exame físico pulmonar: SpO2 Inspeção: expansibilidade diminuída? Palpação/Percussão: macicez? Sinal de Signorelli Ausculta: estertores finos, médios e grossos MV diminuído na condensação, atelectasia, derrame pleural FTV aumentado na consolidação / diminuído no derrame pleural Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Pneumonia Afebril do Lactente • < 3 meses • Chlamydia trachomatis, CMV, Pneumocystis jiroveci, Mycoplasma hominis, Ureaplasma urealyticum • Sintomas que se iniciam de forma arrastada – – – História de conjuntivite entre a 1ª e a 2ª semana de vida Período prodrômico: obstrução nasal, coriza e tosse seca de caráter progressivo Afebril, tosse (pode ser coqueluchoide) e taquipneia • Suspeita: história materna de leucorreia na gestação , não acompanhamento de pré-natal, gestação na adolescência , parto vaginal • Creptações à ausculta respiratória e sibilância, menos comumente • Eosinofilia > 300células/mm³ • Autolimitada com regressão espontânea, na maioria dos casos. Tratado de Pediatria. SBP, 2016 Pneumonia atípica • > 5 anos • Mycoplasma pneumoniae, Clamydophila pneumoniae • Costuma apresentar-se de forma arrastada com cefaleia, mal-estar, febre, adinamia, mialgia, dor de garganta, rouquidão e tosse (pode ter caráter coqueluchoide) • Intensidade dos sintomas e manifestações variáveis • Manifestações extra pulmonares • Creptação e sibilância são frequentes • Suspeita: relato de contactantes com quadros semelhantes, refratariedade a ATB geralmente prescritos para PAC Tratado de Pediatria. SBP, 2016 Critérios de internação • < 2 meses • 2 meses – 5 anos: – SpO2 < 92% – Falha da terapêutica ambulatorial – Doença grave concomitante – Sinais radiológicos de gravidade (derrame pleural, abscesso pneumatocele) – Sinais de gravidade Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Investigação radiológica e laboratorial • Radiografia de tórax: confirma o diagnóstico, avalia extensão e identifica complicações – Pode haver dissociação do quadro clínico e radiológico – Baixa acurácia para diferenciar agente etiológico – Não solicitar para controle de cura • Leucograma: baixa sensibilidade para distinguir etiologia viral e bacteriana – Solicitar para hospitalizados Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Tratamento ambulatorial • Orientações – Hidratação VO – Nutrição – Controle de dor e febre – Sinais de piora • Revisão nas primeiras 48h Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Tratamento hospitalar • Oxigenoterapia • Hidratação • Antibioticoterapia venosa – Oral após 2 dias de estabilização clínica – Sem complicação: suspender: 3-5 dias após desaparecimento dos sintomas • Broncodilatadores e corticoesteroides sibilos e insuficiência respiratória se Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Tratamento Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Complicações • • • • Derrame pleural Abscesso pulmonar Pneumatocele Atelectasias, pneumonia necrosante, pneumotórax, fístula broncopleural, hemoptise, septicemia e bronquiectasia Diretrizes Brasileiras em PAC em Pediatria. J Bras Pneumol, 2007 Obrigada!