Slide 1 - (LTC) de NUTES

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Psicopatologia infanto-juvenil
Rossano Cabral Lima
Psiquiatra infanto-juvenil
Mestre e doutorando em Saúde Coletiva (IMS/UERJ)
Psicopatologia: questões iniciais






Normalidade e patologia
Vantagens e problemas da noção de
desenvolvimento
Diagnóstico dimensional ou diagnóstico
categorial?
O significado das co-morbidades
Há especificidade ou continuidade com os
transtornos dos adultos?
A semiologia é geralmente dita por terceiros e
muda de expressão/significação com o ambiente
e o desenvolvimento
Breve histórico
> Séc. XIII: construção da noção moderna de
infância
 1800-1880: retardamento (idiotismo) como
único transtorno
 1880-1930:
psiquiatria infantil:decalque da clínica do adulto
testes psicométricos
delinquência juvenil
movimento higienista
 >1930: clínica pedo-psiquiátrica autônoma
(influência da psicanálise)

Panorama atual
A partir dos anos 1990:
 Ampliação do número de diagnósticos


Avanço dos diagnósticos em direção ao
que era considerado “normalidade”

Ampliação do número de quadros
passíveis de intervenção medicamentosa
Psicopatologia infanto-juvenil
Diagnóstico: 4 dimensões sintomáticas
 Sintomas emocionais ou seus “equivalentes
somáticos”: ansiedade, fobias, humor rebaixado
 Problemas de conduta: comportamento
desafiador/irritabilidade/raiva; agressão;
comportamentos anti-sociais
 Atrasos no desenvolvimento: atenção e atividade;
fala e linguagem; brincadeira; habilidade motora;
controle de esfíncteres; aprendizagem (leitura, escrita
e matemática)
 Dificuldades de relacionamento: indiferença e
distanciamento; passividade; inabilidade e pouca
empatia; desinibição e conduta inoportuna/inadequada
Psicopatologia infanto-juvenil
Diagnóstico: 5 questões básicas
 Que limitações, prejuízos ou mal-estar os
sintomas provocam para a criança e seu
ambiente?
 Que fatores predispõem, desencadeiam ou
mantêm os sintomas?
 Há psicopatologia, dificuldades na criação ou
problemas relacionais envolvendo as figuras
parentais?
 Há indícios de que a criança pode estar
reagindo a eventos ou ambiente
desfavoráveis?
 O que a criança está dizendo com seu
Grupos diagnósticos
TRANSTORNOS EMOCIONAIS
(internalizantes)
 Transtornos de ansiedade
 Fobias
 TOC
 Depressão
 Mutismo eletivo
Grupos diagnósticos
TRANSTORNOS DO
COMPORTAMENTO DISRUPTIVO
(externalizantes):
 Transtorno de conduta/Transtorno
desafiador de oposição
 TDA/H
Grupos diagnósticos
TRANSTORNOS DO
DESENVOLVIMENTO
 Transtornos da linguagem e da
aprendizagem (atraso na
fala/linguagem/leitura)
 Espectro autista (Transtornos globais do
desenvolvimento)
 Retardo mental
Grupos diagnósticos
TRANSTORNOS DA
CORPOREIDADE:
 Transtornos alimentares
 Transtornos devidos ao uso de
substâncias psicoativas
 Transtornos psicossomáticos ou
somatoformes
 Transtornos de tiques
 Enurese e encoprese
Grupos diagnósticos
OUTROS:
 Esquizofrenia
 Transtorno Bipolar do Humor

Para concluir
Ainda há crianças normais?
 A armadilha nosológica.

Retardo Mental/Deficiência intelectual:
histórico
Idiotia (ou idiotismo congênito): marca a
pré-história da psiquiatria infantil
 Esquirol: “Não se trata de uma doença,
mas de um estado no qual faculdades
intelectuais nunca se manifestaram, ou
não puderam desenvolver-se o bastante
(...). Nada poderia dar, mesmo que por
alguns instantes, mais razão ou mais
inteligência aos infelizes idiotas”

Retardo Mental/Deficiência intelectual:
definição

Deficiência intelectual + prejuízo social:
“Condição de desenvolvimento
interrompido ou incompleto da mente (...)
caracterizada por comprometimento de
(...) aptidões cognitivas, de linguagem,
motoras e sociais” (CID 10 - OMS)
Retardo Mental/Deficiência intelectual:
definição

Continuum de estados ou modelo das 2
populações (leve x grave)?

Caráter descritivo, não etiológico

Representam o estágio final de processos
patogênicos diversos
Aspectos psiquiátricos
O RM é fator de risco para sintomas e
transtornos psiquiátricos
 São 3 a 4 vezes mais freqüentes em RM
que na população geral
 Presentes em 1/3 das crianças com RM
leve e metade das com RM grave

Aspectos psiquiátricos
Na verdade, é mais comum a presença de
sintomas ou síndromes parciais que
transtornos psiquiátricos completos
 RM leve: transtornos
emocionais/ansiosos, alterações de
conduta (irritabilidade, episódios de
agressividade, retraimento excessivo),
hipercinesia (4 a 11 % dos RM)

Aspectos psiquiátricos

RM grave: além dos acima, transtornos
autísticos ou suas variantes parciais
(estereotipias, inquietude grave), autoagressões ou auto-mutilações, distúrbios
do sono, auto-negligência, pica,
mericismo, enurese e encoprese,
masturbação excessiva. Transtornos de
conduta são mais freqüentes quanto mais
grave o RM.
Aspectos psiquiátricos
Transtornos completos:
 Transtornos do humor não seriam muito
mais freqüentes que na população em
geral
 Transtornos psicóticos ou esquizofrenia
 Transtornos ansiosos (TAG, fobias
simples, fobias sociais, pânico): 26 % dos
RM leves
 Alzheimer: risco aumentado em S.Down
Autismo (TID)
CID 10 e DSM-IV
 Autismo infantil (Transtorno autista)
 Síndrome de Asperger
 Transtorno de Rett
 Transtorno Desintegrativo
 Autismo Atípico
Autismo infantil
Idade de início: antes dos 3 anos de idade
 Sexo: 4 meninos: 1 menina
 Prejuízos na interação social recíproca, na
comunicação e um padrão de
comportamento, interesses e atividades
restrito e estereotipado.

Síndrome de Asperger
Sexo: 8 meninos: 1 menina
 Características: as mesmas do autismo,
mas não há atraso no desenvolvimento
cognitivo ou de linguagem

Síndrome de Rett
Atinge meninas
 Início entre 7 e 24 meses de idade
 Perda total ou parcial das habilidades
manuais adquiridas e da fala, estereotipias
de mãos, hiperventilação, além de
desaceleração no crescimento do crânio

Transtorno desintegrativo
Desenvolvimento normal até os 2 anos
 Perda definitiva, no curso de poucos
meses, de habilidades de linguagem,
sociais, adaptativas e lúdicas
 Presença de maneirismos motores
repetitivos e estereotipados
 Pode haver perda no controle vesical ou
intestinal

Transtornos de conduta
Quadro psicopatológico ou problema
social?
 “Padrão repetitivo e persistente de
conduta anti-social, agressiva ou
desafiadora” (CID-10-OMS)
 “Fracasso consistente em controlar
adequadamente o comportamento dentro
de regras socialmente definidas”
(Goodman e Scott, 2004)

Transtornos de conduta

Subtipos:
 TC restrito ao contexto familiar
 TC socializado
 TC não socializado
 Transtorno Desafiador de Oposição
ou
 TC de início na infância x TC de início
na adolescência
Transtornos de conduta
Mais freqüente em meninos (3:1), em famílias
grandes, baixa renda, ambiente familiar instável,
presença de doenças mentais graves em
parentes, presença de abuso físico e sexual
 Mau prognóstico: início precoce, muitos
sintomas, em muitas situações, alta gravidade e
frequência, baixo nível intelectual,
hiperatividade, transtorno psiquiátrico ou
criminalidade nos pais, hostilidade e desarmonia
familiar focada na criança

Depressão infantil
Critérios baseados no desenvolvimento:
 Perturbação do sono e do apetite, culpa e
falta de esperança são menos comuns em
crianças que em adolescentes ou adultos;
seus planos de suicídio são menos letais
que os desses últimos

Depressão infantil
Critérios baseados no desenvolvimento:
 Na infância, pode-se observar recusa ou
relutância em freqüentar a escola,
irritabilidade e sintomas somáticos
variados (dor abdominal, náuseas e
vômitos, dor de cabeça, etc.)

TRANSTORNOS ALIMENTARES
ANOREXIA NERVOSA
 Busca deliberada pela magreza
 Medo intenso de ganhar peso
 Distúrbios na imagem corporal
 Amenorréia
 Tipo restritivo e compulsivo/purgativo
 Sintomas depressivos e obsessivos
associados

TRANSTORNOS ALIMENTARES
ANOREXIA NERVOSA
 Peso: abaixo de 85% do esperado
 Idade: início entre 13 e 18 anos
 Sexo: 10 mulheres: 1 homem
 50% se recuperam, 30% melhoram
parcialmente e 20 % têm curso crônico.
 Mortalidade menor que 5%

TRANSTORNOS ALIMENTARES
BULIMIA NERVOSA
 Impulso irresistível de comer em excesso
 Indução de vômitos ou uso de purgantes é
comum
 Medo de engordar
 Peso próximo ao normal
 Idade: pico aos 18 anos (12 -25)
 Sexo: 90% mulheres

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