Universidade do Estado do Rio de Janeiro Faculdade de Formação de Professores Novas Metodologias para o Ensino de Geografia Agrária Diálogos Universidade - Rede Pública de Ensino GeoAgrária Grupo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Geografia Agrária Estagiária-Bolsista: Flávia Gomes da Conceição Estágiárias-Voluntárias: Ana Cristina Soares da Silva / Daiane Flores Paludo Orientador: Profº Dr. Paulo Alentejano Co-orientadores: Profª Msc. Daniela Egger (DGEO-FFP) e Profº Dr. Valter do Carmo Cruz (DGEO-FFP) Desconstruir o olhar para enxergar outras realidades... Porque pensar em novas metodologias ? Na prática cotidiana do fazer geografia nas escolas uma questão se apresenta como ponto nodal: um limite de tensão entre teorias, metodologias e práticas. O saber que é produzido nas universidades, de forma naturalizada, é reproduzido como saber universal, portanto não passível de questionamento. Como conseqüência disso: i) um abismo é construído entre Universidade e Escola; ii) a prática docente tende a cristalizar-se com o cotidiano escolar - ritmo de trabalho desgastante, diálogo deficiente com a coordenação/diretoria, quase ausência de estímulos para a realização de atividades alternativas aos livros didáticos que, geralmente, representam a única fonte de estudos desses professores. As universidades representam centros de produção e reprodução de conhecimentos e de ideologias que visam manter o status quo da sociedade. Ainda que nos debrucemos em reflexões sobre a prática docente, encontramos muitas vezes verdadeiros muros que não nos permitem enxergar essa prática com clareza, ficando, portanto, presos em reflexões teóricas. Assim, sentimos a necessidade de construir uma ponte de troca entre Universidade e Escola Pública a fim de, através do diálogo e reflexões sobre as diferentes visões de mundo possíveis, discutirmos o currículo de Geografia, os conteúdos presentes nos livros didáticos e assim, nos aprofundarmos nas questões relativas às práticas e metodologias possíveis, repensando, portanto, tanto a escola quanto a universidade. TEMA SÉRIE TEMPO ATIVIDADE Objetivos Analisar o trabalho desenvolvido em torno da temática da Geografia Agrária por professores da rede pública a partir da necessidade percebida de confrontar as diferentes realidades e experiências de forma a identificar como estas influenciam a prática pedagógica, partindo da concepção de que é preciso que o ensino seja contextualizado, que traga elementos das múltiplas realidades presentes na escola e também dos professores, bem como construir, através da relação escolauniversidade novas possibilidades para retrabalhar os temas referentes à questão agrária brasileira que é alvo de tantas mistificações, “lugares comuns” e préconceitos. Analisar os documentos/parâmetros curriculares que orientam a construção dos currículos das escolas públicas, a fim de traçar um perfil das representações/deficiências presentes nesses documentos e práticas que eles, por sua vez, pretendem orientar. Agricultura e Globalização Relações de trabalho no Campo Êxodo Rural Reforma Agrária Reforma Agrária 6ª série 6ª série 6ªsérie 6ª série 8ª série METODOLOGIA RECURSOS DIDÁTICOS Maquete com latifúndio com muitos trabalhadores e ferramentas rudimentares x latifúndio modernizado com poucos trabalhadores e muita tecnologia 150min. Maquetes e fotos Construção de maquetes para retratar as transformações na agricultura associadas à reestruturação produtiva. 140min. Texto, música, ficha de análise de notícias, mural A partir da leitura do texto, fazer uma análise do trabalho escravo hoje no Brasil. Revista Puc, Trabalho Escravo. Autor: Pe. Ricardo Resende 230min. Painel de fotos A partir da leitura do livro paradidático "Êxodo rural e Urbanização", fazer uma análise das condições de moradia hoje no Brasil. Livro Paradidático, "Êxodo rural e Urbanização" Autores: William Visentini e Fernando Portela. 300min. Debate e produção de texto a partir da observaçã o de charges A partir da análise de duas charges, uma sobre a violência dos latifundiários e outra sobre a abundância de aumentos gerada pela Reforma Agrária. Elaborar textos. Dramatização A partir de textos de revistas, CDs, refletir/debater em grupo a posição do governo, Sem Terras, proprietários e indígenas sobre a Reforma Agrária 150min. Através das poesias e músicas, compor outras histórias... Charges e retroprojetor. Êxodo Rural/ Desterritorialização/ Proletarização Uma família qualquer Filmes/ Documentários O Veneno está na Mesa Cabra Marcado pra Morrer Nas Terras do Bem-Virá Cruzando o Deserto Verde De quem é a Terra? Revistas e CDs. Metodologia Na fase atual do projeto, retomamos as reflexões e propostas produzidas em fases anteriores, bem como, estamos refletindo/construindo sobre a metodologia de uma “rede” que está se formando, composta por alunos da graduação (GeoAgrária) e da pósgraduação da FFP, professores universitários desta instituição e professores da rede pública. Traçamos um cronograma de trabalho composto por leituras/discussões de textos, análise dos documentos da rede pública bem como dos currículos onde atua cada professor integrante da rede. As reuniões têm se constituído como um espaço não apenas de exposição de nossas análises, mas, sobretudo, como um momento de socialização e reflexão sobre as experiências vividas pelos professores o que tem nos permitido pontuar as fragilidades e/ou deficiências que a temática agrária apresenta nos documentos “padrões”, nos currículos dos municípios e nas práticas dos professores, passando pela própria estrutura escalar que é constituída também por bases representativas hierárquicas que deturpam ou mesmo, tornam invisíveis, determinados sujeitos. No presente semestre o grupo realizou uma oficina com os professores de Geografia da Rede Municipal de Arraial do Cabo. Nesse momento foi possível debater questões referentes à temática agrária, ouvindo seus relatos de sala de aula e propondo outras maneiras possíveis de abordar determinados conteúdos sobre a realidade do campo brasileiro, dando ênfase aos conflitos sociais como questão-chave que perpassa toda a temática agrária. A dinâmica da oficina foi dividida em três momentos: i) Divisão dos professores em duplas para que refletissem sobre os conteúdos e práticas referentes a temática agrária; ii) Apresentação para todo o grupo, seguido de debate sobre a realidade do campo brasileiro; iii) Discussão sobre alternativas e possibilidades de trabalhar os conteúdos agrários. “a família silva de qualquer norte leste oeste lá bem do interior homem, mulher, oito filhos, três foge da calma do campo pesado das cores do novo arco-íris, da nova terra aléia descobrir é o pote de ouro (...)” Documento de Matutu (Luíz Gonzaga) “E com lágrimas nos óio Eu deixei meu torrão nata } bis Eu vim procurar trabalho Não foi riqueza que eu vim buscar Peço a Deus vida e saúde Prá família pudê sustentá Seu moço o documento Que eu tenho pra mostrá São essas mão calejada E a vontade de trabaiá!” Concentração de Terra Confissões do Latifúndio (Pedro Casaldáliga) Fonte: Cartilha do Assentamento Zumbi V, Campos dos Goytacazes Oficina com professores da rede pública de Arraial do Cabo... Reflexões práticas (Gonzaguinha) “Por onde passei, plantei a cerca farpada, plantei a queimada. Por onde passei, plantei a morte matada.” Bibliografia Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: geografia / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998. 156p. Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133p. (Orientações curriculares para o ensino médio; volume 3) DEMO, Pedro. O desafio de educar pela pesquisa na Educação Básica. In: Educar pela Pesquisa. Editores Associados. Campinas, 1997. NETTO, M. F. Geografia nos trópicos: história dos náufragos de uma jangada de pedras?. In: Terra Livre, nº 17, São Paulo: AGB, 2001, p. 119-137. SAUER, Sérgio. A luta pela terra e a reinvenção do rural. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA, XI., 2003, Campinas. Anais... Campinas: UNICAMP, 2003. 25 p.