BIOQUÍMICA DE FRUTOS Alexandra Mara G. N. Mamede [email protected] Aula 1 • Introdução à Frutas & Hortaliças FISIOLOGIA PÓS-COLHEITA DE FRUTAS E HORTALIÇAS Função específica da planta Estágio de desenvolvimento e maturação Fatores climáticos Práticas agrícolas Manipulação pós-colheita e estocagem Fatores exógenos Fatores endógenos FRUTAS E HORTALIÇAS Partes da planta Cenoura, nabo, batata doce, Raiz Partes comestíveis frutos, folhas, caules, raízes, flores, etc. Exemplos mandioca Caule Aspargos Tubérculo Batata, inhame Folha Alface, espinafre, repolho Parte Floral Alcachofra, brócolis, couve-flor Bulbo Cebola, alho Frutos Imaturos não carnosos Maturos não carnosos Imaturos carnosos Maturos carnosos Ervilha fresca, feijão verde, quiabo, milho verde Sementes e nozes Pepino, abobrinha Maçã, pêra, pêssego, uva, citros, melão, tomate, abóbora Fennema, 2008 DEFINIÇÃO DOS FRUTOS “Produtos comestíveis de árvores ou plantas, constituídos de semente(s) e seu invólucro, é geralmente suculento e polpudo” (Dicionário Oxford); O fruto comestível carnoso e adocicado é designado como “fruta”; “Resultado do desenvolvimento do ovário das flores ou inflorescências das angiospermas, em consequência da fecundação do(s) óvulos(s)” (Botanicamente). Chitarra & Chitarra, 2005 CLASSIFICAÇÃO DOS FRUTOS epicarpo 2005) (Chitarra & Chitarra, DEFINIÇÃO DAS HORTALIÇAS Partes de plantas que não pertencem ao grupo de frutas e cereais e que são consumidas frescas, cruas ou processadas (Chitarra & Chitarra, 2005) CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS Por categoria de órgãos ou partes da planta: Sementes e vagens Bulbos, raízes, rizomas e tubérculos Flores, brotos, hastes e folhas Frutos (pepino, abobrinha, melão) Pelas características morfológicas na planta: Partes aéreas: Folhas (ex. espinafre, alface, couve, repolho, salsa, endívia) Pecíolos (ex. aipo, erva-doce, ruibarbo) Hastes (ex. aspargos, aipo) Inflorescências (ex. brócolis, alcachofra, couveflor) CLASSIFICAÇÃO DAS HORTALIÇAS Pelas características morfológicas na planta: Partes subterrâneas: Raízes (ex. cenoura, beterraba, aipo, nabo, rabanete, batata-doce, mandioca) Rizomas e tubérculos (ex. batata, inhame, gengibre) Bulbos (ex. alho, cebola) Frutos: Imaturos carnosos (ex. abobrinha, berinjela, pepino, pimentão, jiló) Imaturos não carnosos e sementes (ex. ervilha, milhodoce,quiabo, vagem) Frutos maturos: polpudos e macios(ex. tomate e melão) polpudos e duros (ex. abóbora) Sementes (ex. feijões e lentilhas) TECIDOS E CÉLULAS VEGETAIS TIPOS DE TECIDOS DE PROTEÇÃO OU DÉRMICO: casca, epicarpo ou epiderme Proteção contra agressão física, química ou biológica Responsáveis pelas trocas hídricas e gasosas com o meio externo Ricos em material lipídico depositados em camadas (cutícula: ceras, cutina, suberina) FUNDAMENTAL: Parênquima Armazenamento de nutrientes Tecido predominante nas partes macias do vegetal Tecido mais abundante nas plantas comestíveis Ricos em pectinas TIPOS DE TECIDOS DE SUPORTE: Colênquima e esclerênquima Proporcionam firmeza com flexibilidade ou dureza ao vegetal Ricos em celulose, hemiceluloses, pectinas e lignina VASCULAR: Xilema e floema Constituído por canais para transporte de água e nutrientes Tecido complexo: algumas células altamente especializadas MERISTEMÁTICO : Células com capacidade de divisão celular TIPOS DE TECIDOS (Taiz e Zeiger, 2004) CÉLULA As células são as microunidades que formam os organismos vivos, sendo constituídas de uma massa de protoplasma contendo organelas responsáveis pelas transformações metabólicas e reprodução das espécies vegetais. CÉLULA ORGANELAS: (núcleo, vacúolos, mitocôndrias, cloroplastos, etc. ) Especializadas armazenamento: para Polissacarídeos (amiloplastos para amido); Proteína (“corpos proteicos” no endosperma e camada de aleurona); Lipídeos (esferosomas, gotículas de triacilglicerois no endosperma e camada de aleurona de sementes) CÉLULA PAREDE CELULAR: responsável resistência e rigidez dos tecidos vegetais. pela PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E LAMELA MÉDIA (Taiz e Zeiger, 2004) (Chitarra & Chitarra, 200) FASES DO DESENVOLVIMENTO DE FRUTOS Série de eventos desde o início do crescimento de um fruto até a morte do mesmo. FASES DO DESENVOLVIMENTO DE FRUTOS Pré-maturação: Geralmente inclui a metade do período entre a floração e a colheita. Esse estádio e caracterizado pelo extensivo aumento do volume e termina quando o desenvolvimento do fruto e apenas aceitável, mas não ótimo para o consumo. Maturação Aumento do tamanho até o término do crescimento Sequência de mudanças bioquímicas, fisiológicas e estruturais dos frutos, conduzindo a um estado que os torna comestíveis. FASES DO DESENVOLVIMENTO DE FRUTOS Amadurecimento Torna os frutos em produtos atrativos e aptos para o consumo humano Etapa intermediária entre o final do desenvolvimento e o início da senescência, sendo um processo normal e irreversível Senescência Ocorrem após a maturidade fisiológica ou horticultural Período de predominância dos processos degradativos, que resultam na morte dos tecidos, tornando o fruto inadequado para o consumo FASES DO DESENVOLVIMENTO DE FRUTOS SUB FASES DA MATURAÇÃO Pré-climatério: etapa da maturação que antecede a elevação súbita da produção de etileno e da atividade respiratória em alguns tipos de frutos. Climatério: corresponde a elevação súbita da produção autocatalítica de etileno e da respiração em alguns tipos de frutas, induzindo ao rápido amadurecimento dos mesmos (frutos climatérios). Pós-climatério: fase de declínio na produção súbita de etileno e na atividade respiratória de alguns tipos de frutos, indicativa do início da senescência. FASES DO DESENVOLVIMENTO DE FRUTOS Produtos perecíveis Elevada atividade metabólica após a colheita Manutenção da qualidade Conhecimento da estrutura, da fisiologia e das transformações metabólicas no ciclo vital CARACTERÍSTICAS DE QUALIDADE Produtor Boa produtividade Resistência a pragas e doenças Fácil manejo e fácil colheita Aparência Atacadista e Varejista Aparência Firmeza Resistência ao transporte Durabilidade Consumidor Aparência (Cor) Firmeza (Textura) Sabor e Aroma Nutritivo Sem resíduos Fonte: CQH - CEAGESP TRANSFORMAÇÕES BIOQUÍMICAS APÓS A COLHEITA Durante o crescimento e a maturação as frutas e hortaliças são dependentes da fotossíntese e da absorção de água e minerais pela planta. Depois de colhidas elas tornam-se unidades independentes e a respiração desempenhar um importante papel. passa a As principais transformações (físicas, químicas e bioquímicas) que ocorrem durante a maturação e refletem nos atributos de qualidade dos produtos hortícolas estão agrupados a seguir: Desenvolvimento das sementes Síntese protéica (enzimas) Modificação na permeabilidade das membranas celulares Elevação da atividade respiratória Síntese de etileno Modificação na pigmentação: degradação da clorofila, pigmentos pré-existentes; com aparecimento de Modificação da textura: solubilização das pectinas; hidrólise de polissacarídeos estruturais da parede celular. Modificação do sabor e do aroma: hidrólise de polissacarídeos de reserva; interconversão de açúcares; síntese e/ou degradação de ácidos orgânicos; polimerização de fenólicos; síntese de compostos voláteis (aromáticos) Aula 2 • Atividade Respiratória RESPIRAÇÃO Reações oxidativas de compostos orgânicos que são transformados em água e CO2 com produção de energia química, utilizada para a biossíntese de novos compostos indispensáveis ao perfeito funcionamento e manutenção da planta como um todo. APÓS A COLHEITA RESPIRAÇÃO PRINCIPAL PROCESSO FISIOLÓGICO APÓS A COLHEITA RESPIRAÇÃO RESERVAS ACUMULADAS SÃO SUBSTRATOS Não depende mais da absorção de água e nutrientes pelas raízes, e da atividade fotossintética das folhas da planta mãe RESPIRAÇÃO Principal fenômeno que influencia a conservação e qualidade das frutas e hortaliças. A velocidade de respiração é um bom índice para predizer o tempo de vida útil dos produtos hortícolas após a colheita. ATIVIDADE RESPIRATÓRIA E VIDA DE PRATELEIRA nabo ervilhas Fennema, 1997 VIAS METABÓLICAS - RESPIRAÇÃO Glicólise (Embden-Meyerhoff-Parnas) + Ciclo de Krebs (TCA cycle) Produção de ATP Produção de ácidos orgânicos (cítrico, málico) Ciclo das pentoses 6Gli-6P + 12 NADP+ 5 Gli-6P + 6 CO2 + 12 NADPH Produção de NADPH (Processos de Biossíntese: pigmentos e componentes aromáticos) Participação variável das vias Esquema simplificado da respiração. C.K. = Ciclo de Krebs; C.T.E. = cadeia de transporte de elétrons (KLUGE et al., 2002). Sabores e odores desagradáveis Morte celular e perda do produto Esquema geral do processo respiratório (aeróbico e anaeróbico) (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Saldo de 2 moles de ATP e 2 moles de NADH para cada mol de glicose Reações da glicólise e fermentação vegetais. As setas duplas indicam reações reversíveis e as simples reações essencialmente irreversíveis (TAIZ et al., 2004). Esta etapa da respiração tem a finalidade de oxidar completamente o piruvato a CO2 e água. Ácido Cítrico Ácido Málico Ciclo de Krebs ou Ciclo dos Ácidos Tricarboxílcos (TAIZ et al., 2004). Compostos com anéis aromáticos Via oxidativa das pentoses - fosfato ou das hexoses-monofosfato (HMP) (CHITARRA & CHITARRA, 2005). A cadeia de transporte de elétrons catalisa um fluxo de elétrons desde o NADH (ou FADH) até o oxigênio, o aceptor final de elétrons do processo respiratório Fosforilação oxidativa e transporte de elétrons na cadeia respiratória (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Para cada molécula de glicose oxidada na glicólise e ciclo de Krebs, duas moléculas de NADH são geradas no citoplasma, enquanto que oito moléculas de NADH mais duas moléculas de FADH são produzidas na matriz mitocondrial. (CHITARRA & CHITARRA, 2005). Formação de vários compostos a partir da cadeia respiratória (KLUGE et al., 2002). INDICADORES FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE RESPIRATÓRIA PÓS-COLHEITA DE VEGETAIS Taxa de consumo de O2 (ex: L/kg.h) Taxa de liberação de CO2 (ex: L/kg.h) Quociente Respiratório: CO2/ O2 Indicadores quantitativos Indicador qualitativo INFLUÊNCIA DO SUBSTRATO NO QUOCIENTE RESPIRATÓRIO (CHITARRA & CHITARRA, 2005). RESPIRAÇÃO E INJÚRIA Vitti et al. (2004) PADRÕES DE ATIVIDADE RESPIRATÓRIA EM FRUTOS Climatéricos Ligeiro declínio inicial da atividade respiratória seguida de rápido e acentuado aumento e posterior declínio associado à senescência. Aumento acentuado da síntese de etileno precede ou é simultânea ao pico climatérico. Não Climatéricos Declínio gradual da atividade respiratória sem aumento da síntese de etileno Padrões de respiração das frutas: (1) não climatérico; (2) climatérico (KLUGE et al., 2002). CLASSIFICAÇÃO DE ALGUMAS FRUTAS DE ACORDO COM O PADRÃO DE ATIVIDADE RESPIRATÓRIA NO AMADURECIMENTO. Nome Comum Abacate Ameixa Banana Caqui Figo comum Goiaba Graviola Maçã Mamão Manga Maracujá Melancia Melão Cantaloupe Pêssego Pêra Azeitona Cacau Caju Laranja Limão Morango Uva Nome Científico Frutas Climatéricas Persea americana, Mill. Prunus domestica, L. Musa sp. Diospyros kaki, L.f. Ficus carica, L. Psidium guajava, L. Annona cherimoya, Mill. Malus sylvestris, Mill. Carica papaya, L. Mangifera indica, L. Passijlora edulis, Sims. Citrullus lunatus (Thunb) Mansf. Cucumis melo, L. (Cantalupensis) Prunus persica (L.) Batsch Pirus communis, L. Frutas Não Climatéricas Olea europaea, L. Theobroma cacao, L. Anacardium occidentale, L. Citrus sinensis (L.) Osbeck Citrus limon (L.) Burm. f. Fragaria x Ananassa, Duchesne Vitis vinifera, L. (Chitarra & Chitarra, 2005) Classificação das hortaliças de acordo com a intensidade da atividade respiratória a 10°C. Classe Respiração Produto (mg CO2.Kg-1.h-1) Muito baixa < 10 Baixa 10-20 Moderada 20-40 cenoura, aipo, pimentão Elevada 40-70 aspargos, chicória, alface Muito elevada 70-100 feijões, cogumelo, espinafre Extremamente elevada > 100 alho pepino, melão, repolho, beterraba, tomate brócolis, ervilha, salsa, milho- doce Fonte: WEISCHMANN, (1987) citado por (CHITARRA & CHITARRA, 2005). PADRÃO RESPIRATÓRIO Fennema, 2008 ALGUNS FATORES QUE AFETAM A RESPIRAÇÃO Espécie e Cultivar; Tipo e parte do vegetal Cobertura superficial Estádio de desenvolvimento Produção endógena de etileno fatores intrínsicos do produto Temperatura, Composição atmosférica ([CO2, O2 e etileno]) Umidade relativa Danos físicos Aplicação exógena de etileno fatores extrínsecos (ambiente) Aula 3 • Síntese da Sacarose & Amido; • Ácidos Orgânicos; •Fitormônios SÍNTESE DE SACAROSE E AMIDO Sacarose Amido α e β amilase fosforilase Glicose -1- Fosfato Maltose (dissacarídeo) maltase fosfoglicomutase Glicose -6- Fosfato hexose isomerase hexoquinase Glicose ADP ATP hexoquinase Frutose -6- Fosfato ADP Glicólise sacarose sintase invertase + Frutose Glicose -1- Fosfato Glicose -6- Fosfato hexose isomerase UDP-glicose + Frutose Síntese de parede celular Frutose -6- Fosfato ATP Glicólise Degradação do amido e sacarose para dar origem às hexoses glicose e frutose (WILLS et al., 1998). CLOROPLASTO MALTOSE 4 3 AMIDO GLICOSE 2 1 GLICOSE-1-P 5 GLICOSE-6-P 7 TRIOSE-6-P 6 CITOPLASMA TRIOSE-6-P Degradação do amido (1. Amido fosforilase; 2. α-amilase; 3. βamilase; 4. α –glucosidase; 5. fosfoglicomutase; 6. transportador de fosfato) (SEYMOUR et al., 1993) Síntese e Metabolismo de Ácidos Orgânicos Liberação dos vacúolos por aumento da permeabilidade das membranas Metabólitos Intermediários do: Ciclo de Krebs Via do orgânicos cinámicos) ácido xiquímico (ác.quínico, precursores formando ácidos ac. xiquímico, de Aa ac. aromáticos (fenilalanina e tirosina), antocianinas e ligninas Reações de descarboxilação favorescidas Fennema, 2008 Fennema, 2008 Via do Ácido Chiquímico Ácído Quínico Ácído Chiquímico Fennema, 2008 Mudanças em açúcares e ácidos orgânicos na maturação de frutas Mudanças nos açúcares durante o amadurecimento de pêras Mudanças nos ácidos durante o amadurecimento de pêras Eskin, 1990 HORMÔNIOS DE PLANTAS (FITORMÔNIOS) ETILENO Hormônio vegetal gasoso Estimula a atividade respiratória Síntese é autocatalítica “Dispara” maturação amadurecimento favorecendo Considerado o hormônio do amadurecimento Acelera o processo de senescência CH2=CH2 o rápido BIOSSÍNTESE DO ETILENO Precursor principal: metionina Uso de metionina marcada (14C) comprovou síntese de etileno em maçã (Lieberman et al, 1966) Síntese autocatalítica Produção de etileno inibida com armazenamento em atmosfera de nitrogênio. Exposição ao oxigênio reativa produção de etileno BIOSSÍNTESE DO ETILENO CO2 O2 CO2 Detoxificação do cianeto pela ciano-alanino sintase à partir de cisteína (TAIZ et al., 2004). (Chitarra & Chitarra, 2005) EFEITOS DO ETILENO Aumenta expressão gênica de enzimas do amadurecimento: Clorofilase Celulase Poligalacturonase (PG) Pectinametilesterase (PME) Fenilalanina amônio-liase (FAL) ACC sintase Piruvato desidrogenase EFEITO DO ETILENO EXÓGENO NA ATIVIDADE RESPIRATÓRIA DE FRUTOS CLIMATÉRICOS E NÃO CLIMATÉRICOS (Kays,1991) INIBIDORES Inibidores da ação do etileno Ligam-se aos receptores nos sítios específicos das células, bloqueando a ação do etileno. Inibidores da biossíntese do etileno Inibem a ação de enzimas (ACC sintase, ACC oxidase), impedindo ou bloqueando a via de síntese e, consequentemente, a produção do etileno. Os inibidores da ação podem proteger os tecidos contra o etileno endógeno e exógeno, causando uma melhor proteção. (Chitarra & Chitarra, 2005) 1-MCP = 1-metilciclopropeno -Bloqueador da ação do etileno -Retarda o amadurecimento de frutos e senescência de flores cortadas (Chitarra & Chitarra, 2005) FATORES DE INFLUÊNCIA NA BIOSSÍNTESE DO ETILENO Concentração de O2 Concentração de CO2 Variação de temperatura Exposição à luz Condições de estresse ambiental/biológico (Chitarra & Chitarra, 2005) Efeito do aumento da temperatura na produção de etileno EFEITOS DESEJÁVEIS DO ETILENO Indução do amadurecimento Uniformização do amadurecimento (ex. banana) Desverdescimento de citrus Estimula a abscisão (facilita a colheita) EFEITOS INDESEJÁVEIS DO ETILENO Amarelecimento de produtos hortícolas (hortaliças folhosas e flores) Formação de compostos amargos e tóxicos (ex.: isocumarina) Abscisão (folhas e flores) Brotamento (cebola, batata) HORMÔNIOS DE PLANTAS (FITORMÔNIOS) Ácido abscíssico (ABA) Estimula a produção de etileno Acelera o processo de senescência HORMÔNIOS DE PLANTAS (FITORMÔNIOS) Auxinas (ex Ác. 3-indolacético, IAA) Neutralizam os efeitos do etileno e do ácido abscíssico Retardam o processo de senescência CITOCININAS (ex. Zeatina) e GIBERELINAS (ex. Giberelina A3) Retardam o processo de senescência Atuam isoladamente ou em conjunto com as auxinas Outros compostos reguladores Sinalizadores e/ou precursores de compostos reguladores Aminas bioativas (Chitarra & Chitarra, 2005) Aula 4 • Maturação & Cor; •Maturação & Textura; •Maturação & Aroma. MATURAÇÃO E COR Após o início do climatérico mudanças graduais de cor ocorrem Fruta Imatura Madura Maçã Banana Verde Verde Amarela/vermelha Amarela Pêra Morango Verde Verde Amarela Vermelha Etileno promove degradação da clorofila Evidência outros pigmentos já presentes Estimula a síntese de novo desse pigmentos Carotenóides e antocianinas são os principais CLOROFILAS As clorofilas são denominadas clorofila a e clorofila b e normalmente se encontram na proporção de 1:3 (clorofila a/ clorofila b) PERDA DE COR DA CLOROFILA pH (ácidos orgânicos) Substituição do Mg++ por H+ formando feofitina Ação enzimática Clorofilase Peroxidase Lipo-oxigenase Oxidação formando diversos produtos incolores Esquema da degradação da clorofila por diferentes agentes (CHITARRA, 2000) CAROTENÓIDES Os carotenóides são corantes naturais responsáveis pelo espectro de cores que varia do amarelo ao vermelho; Químicamente são substâncias tetraterpênicas (C40) formadas por 8 unidades de isopreno (C5). Cerca de 600 estruturas de carotenóides foram identificadas; São divididos em carotenos, compostos constituídos apenas por carbono e hidrogênio e seus derivados oxigenados, as xantofilas; Localizam-se nos cromoplastos e nos cloroplastos; Fotossíntese: absorção de luz e fotoproteção. BIOSSÍNTESE DOS CAROTENÓIDES São formados a partir do Isopentenil Pirofosfato (IPP) e Dimetilalil Difosfato (DMAPP), no cloroplasto (e cromoplasto). O IPP é sintetizado na rota do ácido mevalônico (MVA) O DMAPP é sintetizado na rota do metil eritritol fosfato Fitoeno é a estrutura básica para formação de carotenos A coloração vai sendo adquirida a partir de desaturações produzindo um sistema de duplas ligações conjugadas Biossíntese dos Terpenos Terpenos Taiz & Zeiger, 2002 Biossíntese dos demais Carotenóides Kopsell & Kopssel, 2002 MUDANÇAS NA COMPOSIÇÃO EM CAROTENÓIDES DA CASA DE CAQUI NA PÓS-COLHEITA Harvet-ripe Total carotenoids (g/g fr. Wt) 128.0 Carotenoid pattern (% of total carotenoids) Phytofluene -Carotene 1.6 - Carotene 9.4 Mutatochrome - Carotene Lycopene 1.1 -Cryptoxanthin 29.2 Cryptoxanthin 5,6-epoxide 0.9 Cryptoflavin 0.7 Lutein 12.4 Zeaxanthin 9.3 Mutatoxanthin 0.8 Isolutein 0.5 trans-Antheraxanthin 5.4 cis-Antheraxanthin 6.2 Luteoxanthin 1.7 trans-violaxanthin 6.9 cis-violaxanthin 6.7 Neoxanthin 7.2 From Ebert and Gross (1985). Ripening stage Intermediate 366.0 1.2 7.6 0.7 0.4 0.5 50.0 1.2 2.1 5.5 9.7 4.7 2.0 2.2 1.8 3.7 1.5 5.2 Fully ripe 491.0 0.4 1.0 6.7 8.2 48.2 1.9 2.9 4.1 5.9 1.8 0.3 4.8 2.3 1.9 3.8 2.0 3.8 CAROTENÓIDES o Com a degradação da clorofila, os carotenóides previamente presentes nos tecidos tornam-se visíveis ou podem também ser sintetizados com o avanço da maturação dos frutos. Sistema de classificação de bananas de acordo com seu grau de maturação (VILAS BOAS et al., 2001). Modificação nos pigmentos do tomate durante a maturação A) Verde-maturo; B) Verde- amarelo; C) Amarelo-laranja com alguns traços verdes; D) Laranja-amarelo,sem traços verdes; E) Laranjavermelho; F) Vermelho (Chitarra & Chitarra, 2005) ANTOCIANINAS NA MATURAÇÃO Responsáveis pelas cores vermelha, violeta e azul Presente nas folhas, frutos, folhas e raízes São um subgrupo de flavonóides cuja estrutura é baseada no cátion flavílio, geralmente conjugadas com açúcares simples no C 3 (e C 5) do anel C. As antocianidinas são as agliconas. Exemplos: Pelargonidina, cianidina, delfinidina malvidina e ALGUMAS FONTES DE ANTOCIANIDINAS Antocianidina Fruta Cianidina Cereja preta, ruibarbo Cianidina, delfinidina Amora preta Cianidina, peonidina Cereja Cianidina, pelargonidina Morango Biosíntese de Flavonoides em Plantas Fenil Alanina Amonia Liase Ac. p-cumárico Eskin, 1990 As antocianinas são anfóteras, em diferentes pH esses pigmentos se encontram em diferentes formas e apresentam cores diversas. Estrutura química da antocianina em diferentes pH (BOBBIO & BOBBIO, 2003) MODIFICAÇÃO DA TEXTURA DURANTE A MATURAÇÃO Degradação de componentes estruturais da parede celular Amaciamento dos tecidos Celulose Pectina: galacturonanas, com diferentes graus de residuos metilados Hemiceluloses Proteínas estruturais Lignina: polímeros complexos de derivados do fenil propano PAREDE CELULAR Componentes: Celulose, hemicelulose, pectinas, lignina e proteínas estruturais Taiz & Zeiger, 2002 Celulose (mecanismo de degradação na maturação não é muito claro) Celulose insolúvel C1-celulase Derivados solúveis Cx-celulase Celobiose Celobiase (-1,4-glicosidase) Glicose -Galactosidase (> atividade na maturação) -(1→4)-galactana Degradação de Pectinas galactose atividade Poligalacturonases (PG) atividade Pectina metil esterases (PME) Pectinas Insolúveis Pectinas solúveis Estrutura química e mecanismo de solubilização das pectinas pela ação das pectinases PME = pectinametilesterase PG = poligalacturonase (CHITARRA, 2000). MODIFICAÇÕES DA PAREDE CELULAR DE GOIABA DURANTE A MATURAÇÃO Melo & Vilas Boas (2007) MATURAÇÃO E AROMA No amadurecimento de frutas a biodegradação resulta na formação de alguns compostos aromáticos; Esses compostos vêm de várias rotas diferentes, como: metabolismo de ácidos graxos; metabolismo de aminoácidos; metabolismo de fenólicos; Metabolismo de terpenóides, MATURAÇÃO E AROMA (Chitarra & Chitarra, 2005) Formação de compostos voláteis em banana Wyllie & Fellman, 2000 MATURAÇÃO E AROMA O metabolismo de lipídios é, provavelmente, o caminho para a formação de aldeídos, álcoois, ésteres e ácidos, os quais são grupos importantes nas características aromáticas de diversos frutos. A ação da enzima lipoxigenase é o primeiro passo na oxidação dos ácidos linolênico (18:2) e linoléico (18:3), que leva a formação de aldeídos, ésteres e ácidos. MODELO DE FORMAÇÃO DE COMPONENTES DE AROMA EM FRUTOS DURANTE O AMADURECIMENTO A PARTIR DE AGPI Eskin, 1990 o Compostos como β-ionona, α-ionona, diidroactinidiolida, damascenol e βciclocitral são alguns dos voláteis derivados de carotenóides. β-caroteno β-ionona Formação de β-ionona a partir de β-caroteno (Uenojo et al. 2007) Esquema geral para formação de compostos de aroma por meio da clivagem de carotenóides e exemplo de formação de β-damascenona a partir de neoxantina (Uenojo et al. 2007) BIOSÍNTESE DO ÁCIDO MEVALÔNICO MVA Eskin, 1990 BIOSÍNTESE DO ISOPENTENIL PIROFOSFATO IPP Eskin, 1990 MECANISMO DE BIOSSÍNTESE DO FITOENO Eskin, 1990 Biossíntese do β-caroteno e do α –caroteno pela ação da licopeno ciclase