a depressão e o idoso:noções gerais

Propaganda
A DEPRESSÃO E O
IDOSO:NOÇÕES GERAIS
Jorge Amaro
Expectativa de vida do idoso



Nas últimas décadas as estatísticas
demonstram um significativo aumento no
percentual de idosos na população geral do
mundo.
A projeção populacional pesquisada pela
ONU, para os países desenvolvidos, para o
período de 1975-2075, acusou para os
indivíduos com mais de 65 anos uma subida
de 10,5% para 18,1% da população e a de
indivíduos acima de 80 anos a taxa subirá de
1,7% para 4,3% .
Em 1982 existiam cerca de 376 milhões de
pessoas acima de 60 anos no mundo e a
estimativa até 2000 foi de 590 milhões (Siegel
& Hoover, 1982).
Jorge Amaro
Expectativa de vida do idoso


Nos EUA a população com mais de 85 anos,
de um milhão em 1960 deveria atingir, segundo
Blazer, no ano 2000 a estimativa de 5 milhões
(Blazer, 1992).
No Brasil, segundo o IBGE havia cerca de 7
milhões de pessoas com idade igual ou superior
a 60 anos em 1980. O último censo demográfico
do ano 2000, de uma população brasileira total
de 169.799.170 indivíduos, acusou a presença
de 14.536.029 indivíduos idosos (idade igual ou
superior a 60 anos). Do total dos idosos
encontrados 6.533.784 indivíduos são do sexo
masculino e 8.002.245 são do sexo feminino.
Nesta seqüência, estima-se para o ano 2025 o
número de 34 milhões de idosos no Brasil.
Jorge Amaro
Expectativa de vida do idoso

No Brasil, devido ao declínio da taxa de
natalidade, o aumento da expectativa de vida
devido a diminuição de algumas causas de
morte ( doenças infecciosas, parasitárias,etc) e
a melhor terapêutica de doenças como câncer e
as cardiopatias, houve um aumento de
longevidade acusado nas estatísticas atuais.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


Não há uma unanimidade conceitual do que
é envelhecimento. De forma arbitrária
convencionou-se chamar idosos aqueles
indivíduos acima de 65 anos. Esta faixa etária é
denominada Terceira Idade.
Envelhecimento implica algo associado à
idade cronológica. MAS NÃO IDÊNTICO A ELA.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


Existe o tempo físico e o tempo biológico. O
primeiro é o chamado tempo objetivo, medido
em calendários, relógios, data de nascimento. O
tempo biológico é aquele que se refere aos
“Relógios Biológicos e Metabólicos” de
sincronização individual. Refletem as variações
entre indivíduos com a mesma idade
cronológica e se define como a posição do
indivíduo em relação a sua expectativa de vida.
O ENVELHECIMENTO PODE SER
COMPREENDIDO POR MEIO DAS
MODIFICAÇÕES OU DESSINCRONIZAÇÕES
DOS RELÓGIOS INTERNOS.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


Existe também o tempo psicológico que é
definido como a experiência subjetiva do tempo,
o modo como o tempo é percebido e vivenciado
pelo indivíduo.
A maioria dos Gerontologistas define o
envelhecimento como a diminuição da
capacidade de sobrevivência do organismo,
porém a principal dificuldade é a separação
entre “processo primário de envelhecimento” e
as doenças associadas e os fatores ambientais.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



Fatores como o “Desuso”, ou seja, a
utilização inadequada dos sistemas orgânicos,
que são geneticamente determinados para
realização de diversas funções a atividades. Por
exemplo, o sedentarismo.
Atualmente as principais teorias biológicas
do envelhecimento referem-se a alterações
genéticas e do metabolismo celular que
influenciam o seu processo.
Entre as várias teorias do processo
molecular do envelhecimento, incluem-se as
mutações somáticas e as alterações do sistema
de reparo.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS




O DNA é continuamente exposto a uma
variedade de fatores biológicos, químicos e
físicos que podem alterar sua estrutura e
função.
As lesões mais freqüentes no DNA são
quebras simples, alterações de base e danos
oxidativos.
O mecanismos de defesa existentes em
vivo, tais como os anti-oxidantes e sistemas de
reparo, teriam a função de diminuir ou reparar
os danos ocorridos.
A capacidade de remoção das lesões
parece diminuir com a idade.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



As reações ocasionadas por radicais livres
seriam responsáveis pelas alterações encontradas
no envelhecimento.
Apesar de muitos dados acumulados, desde a
proposição desta teoria na década de 50, ainda não
se sabe ao certo se estas alterações são
intrinsecamente relacionadas ao processo de
envelhecimento ou representam alterações
inespecíficas comuns ao desgaste e morte
celulares.
As alterações físicas encontradas nos
indivíduos idosos são de grande importância, como
por exemplo, alterações do sistema endócrino,
digestivo, sistema imune, músculo esquelético, etc.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



O envelhecimento do cérebro de particular
importância. Ao nascer o cérebro pesa 350grs e na
vida adulta 1375grs (aos 20 anos). A partir desta
idade pode ocorrer continuo decréscimo de peso
chegando a uma perda de 10% aos 90 anos.
Ao longo da vida haverá a morte diária de
neurônios de maneira que no idoso haverá uma
diminuição acentuada do número de neurônios em
comparação com indivíduos mais jovens.
As perdas neuronais podem ser compensadas
por novas sinapses e progressão de axônios. O
cérebro do idoso mantém a capacidade e projetar
axônios e fazer novas sinapses, mesmo na
presença de doenças degenerativas.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



Quanto aos neuro-transmissores, estudo
apontam para modificações em seus sistemas,
embora estas pesquisas estão ainda em fase de
desenvolvimento.
Os aspectos psico-sociais do envelhecimento
são de capital importância. Os aspectos sócioeconômicos e afetivos que circundam o idoso são
fatores muito relevantes.
A transição da idade adulta para a terceira
idade, ocorre de modo gradual, bem como as
alterações psicológicas e sociais.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


É necessário que o idoso possua um certo grau
de maleabilidade para que possa lidar de forma
satisfatória com as dificuldades que surgem no
envelhecimento. O julgamento do indivíduo em
relação a sua vida irá interferir para o ajustamento
ou não ao seu envelhecimento.
As inevitáveis modificações que surgem com a
idade, requer do indivíduo uma capacidade de ser
flexível para poder aceitar a nova situação neste
período final de sua vida. Quanto maior for a rigidez
das características de adaptação, mais severos
serão os sintomas de ansiedade e depressão na
velhice.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


Estar satisfeito com a vida é fator que minimiza
o aparecimento da existência do envelhecimento.
Um homem que tem como projeto a busca de
progredir e modificações para o futuro, se separa
do seu passado como algo que já se foi e se apega
a esperança do futuro que está por vir. Aqueles que
não criam projeto futuros e ficam rigidamente
acoplados ao passado e suas lembranças, não vive
e nem se adapta ao presente.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS

Traços de personalidade influenciam a avaliação
subjetiva de satisfação com a vida. A relação entre
satisfação com a vida e humor (depressivo,
maníaco e normal) fornece as variáveis que
interferem na resposta subjetiva do indivíduo em
relação a sua satisfação com a vida. A partir daí
necessitamos pesquisar a qualidade de vida.
Apesar dos inúmeros instrumentos de medida de
qualidade de vida, não há uma unanimidade
conceitual em relação ao que significa “qualidade
de vida”.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



A Organização Mundial de Saúde através do Grupo
de Qualidade de Vida, definiu Qualidade de Vida como
a percepção do indivíduo de sua posição na vida no
contexto do sistema cultural e de valores em que ele
vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações”.
A apreciação subjetiva do indivíduo está sujeita a
variável da influência do seu humor depressivo ou
maníaco na percepção de si mesmo e do meio
ambiente.
A World Health Organizacion Quality of Life
Instrument fornece parâmetros instrumentais para a
medição da Qualidade de Vida. Este instrumento
pesquisa os aspectos físicos do indivíduo, psicológico,
nível de independência, relações sociais, meioambiente e espiritualidade.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


Alguns aspectos básicos para a adaptação bem
sucedida ao envelhecimento são: habilidade para
lidar com perdas; reconhecimento da necessidade
de dependência em algumas áreas, a capacidade
de suportar separações de fases e finalmente, a
capacidade de administrar a aproximação da morte.
A vida prévia do indivíduo, a satisfação com a
vida, traços de personalidade e estado emocional
são variáveis intimamente relacionadas, tornando
difícil a interpretação e o significado isolado de
cada variável no bem estar e no estudo da
psicologia do envelhecimento.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



O idoso confronta-se com modificações
específicas no papel social, como por exemplo, o
fim da vida reprodutiva e do cuidado dos filhos,
bem como o fim da vida profissional pela
aposentadoria e que requerem reajustamento
profundo, caso contrário, ocorrerá conflitos e
depressão.
Diferentemente do desemprego a
aposentadoria é um fato sem retorno, cuja forma de
elabora-la dependerá da capacidade adaptativa e
criativa de cada indivíduo.
O luto pela morte de um cônjuge aumenta o
risco de desenvolvimento de episódios depressivos.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS



O idoso é alguém que tem muitos mortos por
trás de si. Cada luto reativa lutos anteriores.
Na avaliação das alterações comportamentais
do idoso, devemos levar em consideração fatores
genéticos, ambientais, biológicos e psico-sociais.
As funções psíquicas no envelhecimento
podem apresentar alterações. As queixas de
diminuição de memória são bastante freqüentes,
com um declínio da memória de fixação.
Jorge Amaro
ENVELHECIMENTO: NOÇÕES GERAIS


Há necessidade de estabilizar o suporte social do idoso.
As condições sociais-familiares e econômicas de um
determinado indivíduo são consideradas seu suporte social.
Estes suportes incluem o suporte emocional, o de sua
atividade e o material. A falta deste suporte social pode levar
o indivíduo a depressão.
A depressão é uma entidade clínica que pode ocorrer
tanto no jovem como no idoso. No passado utilizavam-se os
termos depressões endógenas, depressões reativas e
depressões neuróticas. Atualmente, com as modernas
classificações do CID 10 e da DSM-IV o termo transtorno
afetivo ou transtorno do humor tem sido utilizado para um
grande número de afecções correlatas, onde o distúrbio do
humor (tanto a depressão como a mania) é proeminente e
tido como fundamental. Passou-se a separar por critérios
definidos os casos de depressão maior de outros quadros
depressivos.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO

Algumas evidências sugerem que com a idade
poderia haver aumento de transtornos depressivos.
Blazer et al. (1987) a partir de levantamento
diagnóstico em comunidade, encontraram alta
prevalência de sintomas depressivos em idosos. No
Brasil, no estado da Bahia, Aguiar & Dunningham
(1993) estimou que 15% dos idosos vivendo na
comunidade apresentavam sintomatologia
depressiva, associada ou não a distúrbios
psíquicos específicos.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


Blazer (1994) revendo os dados da literatura
conclui que a prevalência de sintomas depressivos
clinicamente significantes em indivíduos idosos na
comunidade, situa-se entre 8 e 15% .
Em estudo epidemiológico em indivíduos acima de
65 anos, Blazer et al. (1991) mostraram que sintomas
depressivos estavam diretamente relacionados ao
aumento da idade, sexo feminino, baixa renda,
limitações físicas, distúrbios cognitivos e pouco suporte
social. Quando estas múltiplas variáveis foram
controladas estatisticamente, a associação entre
aumento de idade e sintomas depressivos reverteu-se.
Mesmo os indivíduos muito idosos (acima de 85 anos)
sofriam menos sintomas depressivos quando estes
fatores associados eram levados em conta.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO

O estudo da depressão em idosos é importante
discriminar a diferenciação entre os quadros
depressivos de início precoce e os de início tardio.
Estas duas formas de depressão nos idosos
apresentam significativas diferenças clínicas e
evolutivas entre si. A depressão de início tardio
apresenta particularidades biológicas específicas,
como alterações na morfologia e funções cerebrais.
Estudos de tomografia computadorizada de crânio,
demonstraram alterações cerebrais na depressão
de início tardio em um nível de alteração na faixa
intermediária entre os indivíduos normais e os
demenciados.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



Baldwin & Jolley (1986) em estudo da depressão
em idosos, sem a distinção de depressão da idade de
início, afirmam que os tratamentos com metodologia
bem estabelecida levam a melhoria na maioria dos
casos pesquisados.
A depressão de início tardio depende muito mais
de fatores biológicos e ambientais relacionados ao
processo de envelhecimento do que de fatores
genéticos.
Doenças físicas, crônicas, associadas ao
envelhecimento e de características incapacitantes
como Artrite Reumatóide, a Doença de Parkinson e
Doença de Alzheimer estão associadas a maior
freqüência de sintomas depressivos.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO




Alterações dos ritmos biológicos são significativas e
podem ter importância no quadro depressivo do idoso.
Alterações somáticas relacionadas a ritmos biológicos
são bastante evidentes como alterações no ciclo vigília-sono,
de apetite,etc.
Alterações em ritmos biológicos estão relacionadas a
etiopatogenia da depressão, onde a ruptura nos ritmos
biológicos pode ser o aspecto primário da gênesis dos
distúrbios afetivo.
As pesquisas modernas de neuro-imagem no estudo da
depressão em idosos têm demonstrado diversas alterações
na morfologia e atividade cerebral desses pacientes. As
principais alterações cerebrais associadas ao
envelhecimento são a diminuição de massa cerebral e perda
de neurônios com conseqüente diminuição de atividade
avaliada pela taxa de metabolização de oxigênio e fluxo
sangüineo cerebral.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO

Podemos, para pesquisar e avaliar a situação
orgânica e funcional do cérebro, utilizarmos a
tomografia computadorizada e a ressonância
magnética. Podemos também utilizar a neuroimagem funcional como o PET (Tomografia por
emissão de positrons) e o SPECT (tomografia
computadorizada por emissão de foton único) os
quais permitem a investigação da função cerebral
através de medidas de consumo de oxigênio,
glicose e do fluxo sangüineo cerebral.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


ABAS et al.(1990) em estudo com tomografia
computadorizada de crânio em idosos deprimidos,
encontraram alargamento de ventrículos laterais e
atrofia cortical. Estes autores sugerem que essas
alterações poderiam estar associadas a algumas
características psicopatológicas relacionadas a
depressão em idosos, como a lentificação
psicomotora, deficiências cognitivas e alterações
em ritmos biológicos.
KRISHNAN (1991) demonstrou que nos
pacientes com depressão de início tardio são mais
freqüentes as lesões de substância branca frontal
profunda, regiões peri-ventriculares e gânglios da
base, quando comparados aos idosos normais e
deprimidos com início precoce da doença.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


Apesar de todos estes relatos, os dados
disponíveis não são suficientes para se especular
sobre as possíveis relações entre as alterações
verificadas em exames de neuro-imagem e as
características clínicas e evolutivas da depressão.
Diversas alterações em sistemas de neurotransmissores ocorrem com o envelhecimento.
Essas alterações podem ser vistas como fatores
que poderiam predispor os idosos a quadros
depressivos. A interpretação dos resultados dos
estudos sobre neuro-transmissores na depressão
em idosos ainda é muito precária.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


As alterações psicológicas, psico sociais e
econômicas, associadas ao envelhecimento e a
depressão têm sido extensamente pesquisada.
Eventos psico-sociais estressantes ocorrem ao
longo da vida, podendo ser relacionados a
depressão em qualquer faixa etária.
Os estudos sobre suporte social (renda familiar,
situação conjugal, relações inter-pessoais,etc)
mostram uma nítida associação entre diminuição
de suporte social e sintomas de distúrbios
psicológicos. Esses fatores psico-sociais têm sido
especialmente relacionados a depressão em
idosos.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO




O isolamento social foi relacionado ao aumento
do risco do desenvolvimento de depressão. O maior
número de sintomas depressivos foi relacionado a
insatisfação proporcionada pelo suporte familiar.
EMMERSON et al.(1989) constataram entre
pacientes idosos deprimidos, 57% de homens e 23%
das mulheres, queixas da falta de relacionamentos
íntimo e confidente.
A importância dos fatores psico-sociais na
etiopatogenia da depressão no idoso está muito bem
estabelecida.
Queixas somáticas como dores crônicas,
distúrbios do sono, do apetite, etc, podem com
freqüência ser as principais queixas de idosos
deprimidos.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



De maneira didática e arbitrária, podemos dividir os
sintomas depressivos em: psicológicos e somáticos.
Os sintomas somáticos são mais prevalentes,
porém mais inespecíficos. Os sintomas psicológicos,
que são mais específicos, podem ser divididos em
sintomas de humor (ou disfóricos) e de motivação. Os
sintomas de humor são mais prevalentes e mais
relacionados ao diagnóstico da depressão. Os sintomas
de motivação, embora também prevalentes, nem
sempre, isoladamente, poderiam ser enquadrados no
diagnóstico de depressão pelos critérios padronizados
atuais.
Nos hospitais, ambulatórios e serviços de saúde de
Serviços Médicos Gerais não psiquiátricos são
encontrados transtornos depressivos associados a
sintomas físicos os mais variados.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



A prevalência dos transtornos depressivos, no
contexto médico não psiquiátrico, varia de 18 a
83% dependendo da metodologia de pesquisa.
Essas depressões, chamadas depressão
secundária ocorre em condições médicas
patológicas induzindo, muitas vezes, o profissional
da saúde rotular equivocadamente como apenas
uma depressão reativa a doença física. Isto impede
a busca de um diagnóstico mais específico e seu
tratamento correspondente.
A diversidade de fatores etiológicos associados
as diversas condições médicas permite a
construção de vários modelos etiopatogênicos para
as depressões secundárias.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


Como por exemplo, na Doença de Parkinson, a
deficiência de dopamina nos gânglios da base pode
levar a depressão.
Devido a diversos fatores, a depressão no
contexto médico pode, algumas vezes, receber
tratamento ineficaz ou mesmo permanecer sem
tratamento. O não tratamento das depressões
secundárias ocorre, muitas vezes, por admitir que
uma condição médica grave seja a única
responsável por reações depressivas. Fatores
orgânicos etiologicamente associados a depressão
podem promover o seu aparecimento (como por
exemplo, induções medicamentosas,etc).
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


É importante que ao encararmos a depressão
não nos coloquemos na posição entre branco e
preto, mas de distinguir todos os matizes do cinza.
A arte de diagnosticar a depressão no contexto
médico, consiste na capacidade de observar e
analisar múltiplos fatores ao mesmo tempo
(doenças físicas e seus tratamentos, fatores psicosociais,etc), buscando ativamente todas as
medidas que poderiam trazer benefícios para cada
paciente em particular.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



A maior dificuldade do diagnóstico diferencial
das depressões secundárias, situa-se na
inevitabilidade em se transitar permanentemente na
fronteira entre o somático e o psíquico.
Todo paciente apresenta componentes
emocionais e subjetivos, envolvidos no seu
processo de adoecer, quer sejam reações
psicológicas normais ou não.
O bom pesquisador é aquele que está
habituado a transitar na pesquisa do campo físico e
do psico-social e compreender a depressão
multifatorialmente e entender que ela possui
determinantes genéticos, orgânicos e psico-sociais.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


A somatização, por exemplo, é uma manifestação
de queixas físicas, sem a presença de lesões que
confirmem uma patologia orgânica. Alguns casos de
dores físicas crônicas, sem substractun físico
correspondente, podem representar uma somatização
como expressão de uma depressão.
Sabemos, pelas pesquisas, que há uma interação
entre o componente afetivo (emoções) e o sistema
imune. Alterações imunológicas podem ser
encontradas em transtornos depressivos. O sistema
imunológico é o responsável pelas defesas orgânicas
frente a agentes agressores que põem em risco a
integridade do organismo. A depressão, a ansiedade
e o estresse influenciam as funções imunes.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO

Pesquisas em pacientes com depressão maior,
acusaram a existência de hipercortizolemia, a qual
foi revertida após o tratamento anti-depressivo. Os
quadros depressivos, encontram-se associados a
presença de fatores bio-psico-sociais que
influenciam sua etiologia, curso e prognóstico. O
sistema imune ocupa lugar de destaque neste
contexto e pode influenciar as características dos
diferentes quadros depressivos, ou mesmo ser
influenciado por eles, em função desta linguagem
bi-direcional. O prejuízo da estabilidade do sistema
imune favorece a diminuição das defesas do
organismo.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



No idoso, tanto masculino como feminino, o
climatério é fase que pode promover depressões.
Queixas como nervosismo, irritabilidade, insônia,
perda de concentração e de auto-confiança,
mudanças na libido e graus variáveis de depressão,
são comuns no climatério.
Fatores culturais e sociais interferem na
expressão dos sintomas climatéricos.
É provável que muitos casos de depressão no
climatério tenham causas endócrinas e possam ser
tratadas efetivamente com hormônios.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



Na mulher, pesquisadores observaram a queda
abrupta dos níveis do estradiol que ocorre após a
ooforectomia total, resultando em depressão grave e
que é prontamente debelada com reposição hormonal.
Um outro quadro no idoso que devemos pesquisar
é o da Fadiga Crônica com expressões depressivas.
A Síndrome da Fadiga Crônica se caracteriza por
fadiga incapacitante presente por mais de seis meses,
juntamente com sintomas de comprometimento de
concentração, da memória, sono, dor muscular e
intolerância aos exercícios na ausência de
comprometimento definível médico e psiquiatra.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


Scott e Dinan, verificaram que pacientes com
depressão tem valores aumentados de cortizol livre
na urina, enquanto que na Síndrome de Fadiga
Crônica esses valores estão sempre diminuídos em
relação aos controles normais. Segundo a
experiência de muitos neurologista a SFC
representa uma entidade autônoma e que a
existência da depressão é secundária, atingindo a
cifra de 80% dos casos.
O tratamento da depressão no idoso requer um
diagnóstico preciso, o qual é indispensável para a
instituição de um tratamento adequado. O sucesso
terapêutico está intimamente relacionado a
avaliação clínica e ao diagnóstico.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


As taxas de remissão dos quadros depressivos
encontradas em idosos são semelhantes às
encontradas em outras faixas etárias.
Os principais fatores relacionados a cronificação
da depressão em idosos: a demora para se iniciar o
tratamento, a utilização de medicação em doses
inadequadas, a descontinuação ou redução precoce
da medicação, a não verificação de efeitos
colaterais do medicamento não suportável pelo
paciente e finalmente, o início tardio do quadro
depressivo.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO

Muitos pacientes deixam de receber tratamento
adequado devido a crença errônea de familiares,
profissionais de saúde, e por vezes, do próprio
paciente de que a depressão é uma conseqüência
natural do envelhecimento. Sabemos que a maior
parte dos idosos, portadores de quadros depressivos,
respondem satisfatoriamente ao tratamento. Mesmo
os quadros depressivos leves não devem ser
negligenciados, pois implicam piora da qualidade de
vida, além de aumentar a morbidade e a mortalidade
no idoso. A presença de doença física não deve
desestimular o tratamento da depressão, pelo
contrário, o tratamento da depressão nestes pacientes
pode ser bem sucedido, proporcionando melhora do
quadro geral do paciente.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO
O tratamento da depressão em idosos não difere
significativamente do tratamento em outras faixas
etárias, mas apresenta particularidades e merece
cuidados especiais. O tratamento da depressão
divide-se em 3 fases: aguda, continuação e
manutenção. Na fase aguda visamos remover os
sintomas depressivos no menor tempo possível. Na
fase de continuação, visamos evitar a recaída dos
sintomas depressivos e finalmente, na fase de
manutenção visamos a prevenção de recorrências
de novas fases depressivas.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



Desde a introdução da imipramina nos anos 50, o
tratamento farmacológico da depressão vem
apresentando um número elevado de antidepressivos.
De uma maneira sintética, dividimos os antidepressivos em: 1 – anti-depressivos cíclicos; 2- os
inibidores da monoaminooxidase (IMAO); 3 – os
inibidores seletivos da recaptação da serotonina
(ISRS) etc.
Não se encontram diferenças significativas,
quanto a eficácia entre os diversos anti-depressivos
existentes no mercado, porém encontram-se
significativas diferenças nos efeitos adversos e na
tolerabilidade dessas medicações.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO



Ao se iniciar a terapêutica anti-depressiva em
idosos, devemos levar em consideração as modificações
associadas ao processo de envelhecimento, como por
exemplo: diminuição de absorção intestinal, diminuição
do fluxo sanguineo entérico; diminuição de atividades de
enzimas hepáticas; diminuição da filtração glomelular,
etc.
Recomenda-se iniciar o tratamento com a dosagem
de 1/3 , no máximo metade da dose usual para adultos
jovens, e assim mesmo com aumento lento e gradativo,
até atingir a dose necessária.
A escolha do anti-depressivo depende do estado
físico do paciente e dos efeitos do envelhecimento em
sua farmacocinética, bem como, do perfil de efeitos
colaterais do medicamento utilizado.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO


Os idosos freqüentemente apresentam maior
sensibilidade aos efeitos colaterais dos antidepressivos, sendo este um dos principais motivos
da interrupção do tratamento.
A psicoterapia é de fundamental importância no
tratamento da depressão no idoso; psicoterapia esta
que poderá ser não só individual como familiar. A
terapia ocupacional, através da participação em
atividades e tarefas selecionadas, respeitando as
habilidades funcionais do indivíduo, procura
desenvolver estratégias de restaurar funções,
manter habilidades e prevenir disfunções. A
fisioterapia pode também contribuir na diferenciação
e no entendimento de movimentos anormais, assim
como no tratamento de dificuldades motoras.
Jorge Amaro
A DEPRESSÃO NO IDOSO

Profissionais especializados em psicoterapia,
em terapia ocupacional e fisioterapia são parte
integrante e importante junto à equipe médica de
tratamento da depressão em idosos.
Jorge Amaro
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
2.
3.
Stoppe Junior, A. & Louzã Neto, M.R.:
Depressão na Terceira Idade. Ed.Lemos,
São Paulo, 1999.
Fráguas Junior, R. & Bertuol Figueiró, J.A .:
Depressões Secundárias. Ed.Atheneu, São
Paulo, 2001.
Campos Bottino, C.M.:Demência de
Alzheimer, Transtorno Cognitivo Leve e
Envelhecimento Normal: um continuum?
Tese apresentada a F.M.U.S.P. para
obtenção do título de Doutor em Medicina.
São Paulo, 1997.
Jorge Amaro
Download