Exposição Da emergência planetária À construção de um futuro sustentável Década da Educação Por um Futuro Sustentável 2005-2014 Esta é uma exposição concebida para ajudar a vencer o grave síndrome da rã fervida Sabeis em que consiste? Se introduzirmos uma rã à temperatura ambiente e formos aquecendo pouco a pouco… A rã não percebe a gravidade das alterações… E acaba fervida! Não estão os seres humanos a passar pelo mesmo? Analisemos a situação! A que problemas tem hoje de fazer frente a humanidade? Porque é que se fala de emergência planetária? Que podemos fazer? Comecemos! A que problemas tem hoje de fazer frente a humanidade? Participemos na construção das respostas! É preciso fazer um esforço para não esquecer nenhum problema importante porque, dada a sua interdependência, ignorar algum deles pode bloquear o tratamento do conjunto Vejamos quais são os problemas e as suas estreitas interligações... que obrigam a um tratamento conjunto Contaminação ambiental sem fronteiras com graves sequelas Que formas de contaminação são mais preocupantes? Uma contaminação sem fronteiras Gases nocivos Resíduos nucleares Desperdícios industriais Desperdícios Urbanos e agrícolas Contaminação Contaminação luminosa acústica Poluentes Orgânicos Permanentes Cancro Lixo espacial Alterações climáticas Metais pesados Conflitos bélicos Aumento do efeito de estufa Naufrágios de petroleiros (“acidentes”) Chuva ácida Contaminação pelos Plásticos Alergias Destruição da camada de ozono Destruição de recursos e ecossistemas e com graves sequelas Contaminação visual Esgotamento e destruição dos recursos naturais Que recursos estão em perigo? Esgotamento e destruição Escoadouro gasoso Jazidas minerais Petróleo Carvão Camada fértil dos solos Escoadouros sólidos Recursos pesqueiros Recursos de água doce Massa florestal Gás natural Escoadouros aquosos dos recursos naturais Onde se potenciam e resultam mais graves estas problemáticas de contaminação e esgotamento de recursos? Urbanização crescente e desordenada Quais são as consequências do crescimento urbano desordenado? Uma urbanização desordenada e especulativa Alta contaminação Gasto exagerado de tempo Destruição de terrenos agrícolas Desconexão com a natureza Ocupação de zonas de risco Marginalização e insegurança Como temos vindo a observar, poluição, destruição de recursos e urbanização desordenada, potenciam-se mutuamente ¿ Quais podem ser as consequências globais do conjunto de problemas mencionados? Degradação dos ecossistemas Os relatórios elaborados para a ONU por painéis de peritos alertam, ano após ano, para uma deterioração generalizada dos ecossistemas que qualificam de devastadora A exploração intensiva, os incêndios, a contaminação… estão a destruir todos os ecossistemas: bosques, pradarias, recifes de coral… Degradação dos ecossistemas Merece uma especial atenção o papel que desempenha nesta degradação o aumento do efeito de estufa e das alterações climáticas que aquele está a gerar, com consequências já visíveis: Diminuição dos glaciares e degelo das calotes polares Subida do nível do mar Destruição de florestas húmidas, bosques de mangais, zonas costeiras habitadas Aumento de desastres Os desastres “naturais” multiplicaram-se em poucas décadas devido ao aumento do efeito de estufa, à desflorestação, à seca das zonas húmidas, aos derrames de petróleo, aos resíduos urbanos e industriais, à ocupação urbana de zonas não adequadas, etc. As alterações climáticas, já em marcha, estão a traduzirse num aumento de fenómenos extremos: secas, furacões, inundações, deslize de terras... Perda de biodiversidade Estamos a envenenar solos, águas e ar, fazendo desaparecer, com poluição, pesticidas, cimento... milhares de espécies a um ritmo que constitui uma extinção massiva. Em consequência, o equilíbrio da biosfera pode acabar-se se continuarmos a cortar-lhe alguns elos da cadeia (Folch, 1998) É urgente interromper esta destruição de biodiversidade, que ameaça arrastar a própria espécie humana Destruição da diversidade cultural A diversidade cultural, como assinala Ramón Folch, é “uma dimensão da biodiversidade” e a sua destruição deve preocupar-nos tanto ou mais que o desaparecimento de espécies vegetais ou animais Porque essa diversidade é a garantia de uma pluralidade de respostas aos problemas a que humanidade tem de fazer frente Esta diversidade cultural – património comum de toda a humanidade - vê-se ameaçada pela imposição forçada de formas culturais, consideradas “superiores” ou “verdadeiras”, que ignoram a riqueza que representam a diversidade e mestiçagem Pobreza, fome e pandemias A degradação ambiental tem graves consequências para milhares de milhões de pessoas Por ano morrem no mundo mais de 15 milhões de crianças por causas relacionadas com a fome A SIDA e muitas outras doenças infecciosas estão a dizimar milhões de vidas e a deixar milhões de órfãos Muitas doenças infecciosas agravam-se por causas ambientais como a contaminação da água Desertificação Os relatórios sobre os "Recursos do Planeta" alertam para uma deterioração generalizada dos ecossistemas que qualificam de devastadora, conduzindo à desertificação e ao próprio desaparecimento da espécie humana Esta desertificação é o resultado terminal da exploração intensiva, dos incêndios, da contaminação, do aumento da temperatura... Estes são, pois, os novos problemas associados à contaminação, à urbanização desordenada… Degradação dos Aumento de Perda de ecossistemas desastres biodiversidade Destruição da Fome diversidade cultural e pandemias Desertificação A que comportamentos, individuais e colectivos podemos atribuir esta situação? Em que medida somos responsáveis? Foto: Rodrigo Mascarell Causas desta situação de autêntica emergência planetária Quais podem ser as causas deste conjunto de problemas estreitamente interrelacionados? Que outros problemas estão subjacentes? Aposta no crescimento indefinido Desde a segunda metade do século XX, produziu-se um crescimento económico global sem precedentes. Este crescimento é superior ao que se produziu desde o começo da civilização! Do mesmo modo que um cancro que cresce sem parar destrói finalmente os sistemas que sustentam a sua vida, uma economia global em contínua expansão destrói lentamente o ecossistema Terra Este crescimento está associado ao hiperconsumo Hiperconsumo Os 20 países mais ricos do mundo consumiram no último século mais Natureza, isto é, mais matériaprima e mais recursos energéticos não renováveis, que toda a humanidade ao longo da sua história e pré história E não nos podemos esquecer que para uma quarta parte da humanidade – que vive com menos de um dolar por dia – “aumentar o seu consumo é uma questão de vida ou de morte e um direito básico” (Gordmier, 1999) Estabelecemos assim uma relação com a explosão demográfica Explosão demográfica Desde meados do século XX nasceram mais seres humanos que em toda a história da humanidade A população actual precisaria dos recursos de “três Terras” para alcançar em todo o planeta um nível de vida semelhante ao dos países desenvolvidos O consumismo de uma quinta parte da humanidade e a explosão demográfica produzem desequilíbrios insustentáveis Desequilíbrios 1200 milhões de pessoas dos mais de 6000 milhões que habitam a Terra comem mais do que necessitam ainda que uma quantidade idêntica padeça literalmente de fome e careça de condições higiénicas, de atenção médica, de educação… “18% da humanidade possui 80% da riqueza e isso não pode ser. Esta situação desembocará em grandes conflagrações, em emigrações massivas e em ocupação de espaços pela força” (Mayor Zaragoza, 1997) Conflitos e violências Os profundos desequilíbrios traduzem-se em todo o tipo de conflitos e violências: Guerras, com as sequelas da corrida ao armamento e destruição (sem dúvida, o pior atentado à sustentabilidade) Migrações massivas, terrorismo, actividades das máfias e empresas transnacionais que impõem os seus interesses particulares escapando a todo o controlo democrático Mas a principal violência é a pobreza extrema! Anteposição míope dos interesses particulares a curto prazo As causas assinaladas respondem a uma defesa míope do que é “nosso” (nossa família, nosso clã, nosso país, nossa espécie,...) sem pensar nos outros nem nas gerações futuras Uma atitude criticável por razões éticas e por constituir a expressão de um egoísmo pouco inteligente, que não tem em consideração as consequências, para nós mesmos, das acções guiadas por interesses particulares imediatos... que produzem destruição e desequilíbrios insustentáveis Estas são, em síntese, as causas últimas da degradação Aposta no crescimento Explosão Hiperconsumo demográfica indefinido Prioridade Desequilíbrios Conflitos dos interesses e violências particulares a curto prazo O que pode fazer cada um de nós, junto dos outros? Que medidas são necessárias para tornar possível um futuro sustentável? Necessitam-se e são possíveis medidas Científico tecnológicas Educativas Políticas Todas são igualmente imprescindíveis e devem ser tratadas conjuntamente A sustentabilidade como conceito unificador das medidas a adoptar “Desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que atende às necessidades da presente geração sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades”. (CMMAD, 1988) Medidas científico-tecnológicas Que investigações e inovações científico-tecnológicas se devem promover? Medidas científico - tecnológicas Priorizar necessidades básicas: Fontes de energia limpa Incremento da eficiência Gestão sustentável da água Obtenção de alimentos Investigando e aplicando sempre o princípio da prudência Prevenção e tratamento de doenças Alcance de uma maternidade e paternidade responsáveis Redução de desastres… Mas a tecnologia não chega! Mas, nem tudo é consenso … Quais são as questões a debater ? Um exemplo: É a energia nuclear uma “solução verde”, dado que não contribui para o efeito de estufa? (Lovelock, 2004) Os debates, em torno da energia nuclear e dos produtos transgénicos, entre outros, não têm uma resposta exclusivamente científico-tecnológica, já que têm implícitas opções éticas … E tal, remete-nos, necessariamente, para medidas educativas. Medidas educativas Que educação promover? Foto: Rodrigo Mascarell Medidas educativas Contribuir para uma correcta percepção da situação do mundo, suas causas e medidas a adoptar Fazer compreender que a procura de interesses particulares a curto prazo é também prejudicial para si mesmo Medidas educativas Mostrar o que cada um pode fazer, juntamente com outros, nos diferentes âmbitos, e ajudar a pô-lo em prática: Consumo responsável (os três R) Comércio Justo “Activismo cidadão esclarecido” que remete para medidas políticas Que medidas políticas podemos e devemos promover para contribuir para um futuro sustentável? Medidas Políticas A cooperação, a solidariedade A rejeição do unilateralismo para Impulsionar instituições que evitem a imposição de valores e interesses particulares, nocivos para a população actual ou gerações futuras Alcançar uma nova ordem mundial, uma autêntica globalização baseada em O respeito e promoção da diversidade Universalizar os direitos humanos E acima de tudo… O conjunto de medidas contempladas deve ser dirigido à universalização dos direitos humanos como objectivo e como requisito de um futuro sustentável Os direitos democráticos de opinião, reunião, associação… Constituem uma condição sine qua non para a participação cidadã na tomada de decisões que afectam o presente e o futuro da humanidade Igualmente essenciais para a sustentabilidade são os Direitos económicos, sociais e culturais ao trabalho, à habitação, à saúde, à educação, ao lazer… Pode-se exigir a alguém que não contribua para destruir um bosque… se esse é o seu único recurso para alimentar os seus filhos? E são imprescindíveis os novos Direitos de solidariedade: À paz A um ambiente saudável A um futuro sustentável… e satisfatório para todos Precisa-se de uma revolução cultural, uma mudança profunda das atitudes e condutas, que exige Posicionamentos estritamente locais, pontuais e a curto prazo Indiferença face a um ambiente considerado imutável Romper com Ignorar a própria responsabilidade pessoal e social Procura de soluções contra os outros Tornaremos assim possível um futuro sustentável Criando um clima de envolvimento generalizado! Adicionando-nos à Década da Educação para um futuro sustentável (20052014)! Actuando como activistas esclarecidos, que estudam e impulsionam a adopção das medidas necessárias! Podemos encontrar informação na web dedicada à Década: www.oei.es/decada Muito obrigados pela vossa atenção e pelas vossas contribuições para a sustentabilidade! Exposição preparada por: Amparo Vilches, Daniel Gil Pérez, Juan Carlos Toscano, Óscar Macias, Isabel Martins, João Praia, Patrícia Sá Organização de Estados Ibero-americanos para a Educação a Ciência e a Cultura (OEI)