INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS EPIDEMIOLOGIA • 1.º lugar no ranking como agente de intoxicação nos centros de controle de toxicologia e farmacovigilância de todo o país; • No Estado de SP, segundo CEATOX/HC/USP de 07/96 a 06/97 foi de 42%; • A faixa etária mais atingida é a de 1 a 4 anos, 25% do total de casos; • Dados da OMS, relatam que 29 % dos óbitos do Brasil são devido a intoxicação medicamentosa; • Mais de 30% das internações hospitalares em média no mundo; • Em todo mundo, 30% dos pacientes internados desenvolvem RAMs; Intoxicações por medicamentos – CCI/SP, 2001 Distribuição por idade e ação terapêutica ≥ 60 50-59 40-49 30-39 20-29 15-19 10-14 5-9 1-4 <1 Sistema nervoso central Sistema respiratório Hormonais Antimicrobianos Analgésicos/antipiréticos/antiinflamatórios Sistema cardiovascular Nutrientes Outros Intoxicações por medicamentos – CCI/SP, 2001 Distribuição por circunstância e ação terapêutica ignorada outra violência/homicídio tentativa de aborto tentativa de suicídio abuso abstinência automedicação erro de administração prescrição médica uso terapêutico ocupacional acidente individual Sistema nervoso central Sistema respiratório Hormonais Antimicrobianos Analgésicos/antipiréticos/antiinflamatórios Sistema cardiovascular Nutrientes Outros Intoxicações por medicamentos – CCI/SP, 2001 Distribuição por grupo farmacológico ou nome genérico 800 benzodiazepínicos desconhecido fenobarbital 700 antidepressivos cíclicos hormônio gonadotrófico fenotiazínicos 600 carbamazepina vitaminas antibacterianos 500 paracetamol anti-histamínico diclofenaco 400 anti-hipertensivos dipirona salicilatos 300 haloperidol anti-sépticos antieméticos 200 antidepressivos ISRS antiespasmódicos nafazolina 100 estimulantes centrais salbutamol outros antiepiléticos 0 diuréticos Intoxicações por psicofármacos – CCI/SP, 2001 Distribuição por grupo farmacológico ou princípio ativo benzodiazepínicos fenobarbital antidepressivos cíclicos fenotiazínicos 9,4% 10,2% 5,6% 4,7% 4,3% 3,7% 10,5% 9,0% 10,8% 31,6% carbamazepina haloperidol 2,5% antidepressivos ISRS 1,5% cafeína 1,4% outros antiepiléticos 1,3% antiparkinsonianos 1,0% outros antidepressivos 0,9% sedativos vegetais / n.e. 0,3% outros antipsicóticos 0,2% anestésicos locais outros ansiolíticos / hipnóticos anestésicos gerais psicoestimulantes PARACETAMOL USO TERAPÊUTICO: Efeitos nocivos raros DOSES EXCESSIVAS Hepatotóxico e nefrotóxico DOSES TÓXICAS: Adultos: 6 – 7,5 g Dano hepático após consumo diário de 5g Crianças: > 150 mg/kg de peso Óbitos: 15 g PARACETAMOL - Toxicocinética ABSORÇÃO Gastrintestinal rápida e quase completa Biodisponibilidade oral: 88% DISTRIBUIÇÃO Distribui-se por todos líquidos corporais - VD = 1 L / kg LP insignificante em doses de até 60 ng/mL Em intoxicações agudas: LP = 20 – 50% MEIA VIDA T ½: 1 a 4 h em dose terapêutica 2,9 h na intoxicação sem dano hepático 7,6 h na intoxicação com dano hepático Tempo até o efeito máximo: 1 a 3 h Tempo de concentração máxima: 0,5 a 2 h Doses tóxicas (2 a 3 X da dose terapêutica), causam hepatoxicidade grave, potencialmente fatal, além de nefrotoxicidade. O metabólico tóxico é a N-acetil-p-benzoquinona imina. O metabólico tóxico acumula-se e reage com componentes nucleofílicos no hepatócito. Isto causa necrose no fígado e também nos túbulos renais. A maior parte da droga é excretada com facilidade, conjugada com o ácido glicurônico e sulfatos. Mas, cerca de 10% do paracetamol é metabolizado via citocromo P450 gerando certa quantidade de metehemoglobina. O problema é que um acréscimo de apenas 1 a 2% dessa metehemoglobina já é capaz de causar necrose hepática e morte. Antídoto: N-acetilcisteína (Fluimucil) 1ª. 12 horas VO=140mg/Kg. Horas seguintes 70mg/Kg 4 em 4 horas. N-acetil benzoquinona BENZODIAZEPÍNICOS • INDICAÇÃO TERAPÊUTICA: – Sedativos, hipnóticos, anticonvulsivantes, ansiolíticos, relaxantes musculares, coadjuvante anestésico, etc • MECANISMO DE AÇÃO: – Sítio de ação principal: sistema nervoso central – Potencializam a inibição neural mediada pelo ácido -aminobutírico (GABA), aumentando a freqüência de abertura dos canais de cloro – Uso continuado: tolerância e dependência • TOXICIDADE: – – – – Relativa segurança no uso oral Índice terapêutico elevado Crianças e idosos mais sensíveis Óbitos: raros - associação com outros depressores do sistema nervoso central BENZODIAZEPÍNICOS - Toxicocinética • ABSORÇÃO – Bem absorvidos no tubo gastrintestinal – Concentração máxima plasma: de 30 min a 2 h • DISTRIBUIÇÃO – A maioria se liga fortemente a proteínas plasmáticas (Diazepam - 98 a 99%); podem acumular-se na gordura – Volume de distribuição aproximadamente 1,5 L/kg • BIOTRANSFORMAÇÃO – Hepática, P450 (oxidação) - subprodutos ativos e inativos. – Conjugação glicurônica - subprodutos inativos. • EXCREÇÃO – Principalmente pela via urinária, como subprodutos conjugados inativos ou livres (cerca de 2% inalterados) BARBITÚRICOS Fármaco T ½ (h) Duração do efeito (h) Dose hipnótica adultos (mg) Nível tóxico mínimo (mg/L) Ação ultra-curta metohexital tiopental 1-2 6 - 46 < 0,5 < 0,5 50 - 120 50 - 75 >5 >5 100 - 200 100 - 200 > 10 > 10 Ação curta pentobarbital secobarbital 15 - 48 15 - 40 >3-4 >3-4 Ação intermediária amobarbital aprobarbital butabarbital 8 - 42 14 - 34 34 - 42 >4-6 >4-6 >4-6 65 - 200 40 - 160 50 - 100 > 10 > 10 > 10 50 - 100 100 - 320 > 30 > 30 Ação longa mefobarbital fenobarbital 11 - 67 80 - 120 > 6 - 12 > 6 - 12 FENOBARBITAL DOSE HIPNÓTICA: – Adultos: 100 – 200 mg (máx. 400-600 mg/dia) – Crianças: 5 a 8 mg/kg DOSE LETAL ESTIMADA: – Fenobarbital: 5 a 10 g DOSE TÓXICA: – Adultos: 18 – 36 mg/kg – Crianças: 10 mg/kg BARBITÚRICOS: DISPOSIÇÃO CINÉTICA ABSORÇÃO Principalmente no intestino delgado DISTRIBUIÇÃO Maior afinidade pelos tecidos com alto teor lipídico Ligação protéica variável: 5 a 88% (PhB – 40-60%) Níveis na circulação fetal ~ plasma materno BIOTRANSFORMAÇÃO Hepática – sistema enzimático microssomal metabólitos inativos (25% do fenobarbital são eliminados “in natura“) EXCREÇÃO Principalmente renal BARBITÚRICOS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS INTOXICAÇÃO LEVE Sonolência – ataxia confusão mental – linguagem incompreensível alterações visuais subjetivas INTOXICAÇÃO MODERADA INTOXICAÇÃO GRAVE COMA Sono profundo pouca manifestação espontânea Pupilas: normais, mióticas ou midriáticas freqüentemente se alteram: miose midríase reflexo à luz preservado ou pupilas fixas BARBITÚRICOS – LABORATÓRIO Nível sérico de fenobarbital guia aproximado da gravidade • 10 - 20g / mL: nível terapêutico como anticonvulsivante • > 30 g / mL: nível tóxico – ataxia e sonolência (NT) • 60 - 80 g / mL: intoxicação moderada (T) ou grave (NT) • > 80 g / mL: intoxicação grave inclusive nos tolerantes AAS Inibidor da síntese de prostaglandina utilizado como analgésico e antiinflamatório Nomes comerciais: AAS, ASPIRINA, ALIDOR, BUFFERIN; SALICILATOS: TOXICOCINÉTICA ABSORÇÃO Difusão passiva no estômago e intestino delgado alto Fatores limitantes: pH, alimentos e repleção gástrica PICO PLASMÁTICO: 0,5 a 2 h (dose única) MEIA-VIDA AAS: 15 - 20 min (depois é encontrado como salicilato) doses antitérmicas: 2 a 4 h doses antiinflamatórias: até 12 h doses superiores: 12 a 15 h SALICILATOS – DOSE / CLÍNICA Dose Ingerida (mg/Kg) Severidade estimada > 150 Não são esperadas reações tóxicas 150 - 200 Intoxicação leve 200 - 300 Intoxicação moderada 300 - 500 Intoxicação grave > 500 mg ou 20 a 30 g em adultos Dose tóxica letal SALICILATOS - INTOXICAÇÃO AGUDA Náusea, vômitos, epigastralgia, zumbido e rubor LEVE 45-65 mg/dL DESIDRATAÇÃO Hipertermia, hiperventilação, sudorese, cefaléia, ansiedade, surdez, vertigem, irritabilidade e tremores MODERADA ACIDOSE METABÓLICA PRECOCE : crianças < de 4 anos 65-90 mg/dL ALCALOSE RESPIRATÓRIA : adultos e crianças maiores ACIDOSE METABÓLICA : adultos Alterações bioquímicas leves ou moderadas: Na+, K+, glicemia Alterações bioquímicas graves: hipo ou hiperglicemia, TP, SEVERA 90-120 mg/dL uréia e creatinina séricas, hipocalemia, hipo ou hipernatremia Sistema nervoso central: confusão, sonolência, delírio, convulsões e coma Insuficiência renal, hepática, edema pulmonar, choque e óbito SALICILATOS - INTOXICAÇÃO CRÔNICA SALICILISMO Apresentação clínica inespecífica: Confusão, desidratação e acidose metabólica podem ser atribuídos a septicemia, pneumonia ou gastrenterite Em idosos: febre, desorientação, diminuição da acuidade auditiva, queda, agitação, alucinação, alteração aguda do estado mental, letargia, déficit de memória, incapacidade de cuidar de si próprio Edema cerebral e intoxicação aguda pulmonar são mais comuns na SALICILATOS - DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Dosagem sérica de salicilatos após 6 h da ingestão: Nomograma de DONE Gasometria arterial e pH urinário Glicemia Uréia, creatinina e eletrólitos (Na+, K+, Ca2+, Mg2+ e Cl-) Hemograma completo com dosagem de plaquetas Coagulograma completo NOMOGRAMA DE DONE Adaptado de Done A.K -Salicylate intoxication: significance of measurement of salicylate in blood in cases of acute ingestion. Pediatrics, v. 26, p. 800.