necrose

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Patologia Geral
Curso de Nutrição
Introdução à
Patologia Geral
Erica Louro da Fonseca
07/2010
Patologia Geral: respostas fundamentais das células e dos tecidos aos
estímulos patológicos
Patologia Sistêmica: respostas específicas de órgãos especializados
Visão geral das respostas celulares ao estresse e
estímulos nocivos
Célula normal
(homeostase)
Estresse,
demanda >
Adaptação
Lesão celular
reversível
Incapacidade
de adaptação
Estímulos
nocivos
Lesão celular
Alterações
subcelulares
Apoptose
Necrose
Adaptação celular
Adaptações fisiológicas: representam respostas
celulares à estimulação normal pelos
hormônios ou mediadores endógenos.
Adaptações patológicas: respostas ao estresse
que permitem às células modular sua estrutura
e função, escapando da lesão.
Principais respostas adaptativas:
-
Hipertrofia – é um aumento do tamanho das células que resulta
em aumento do tamanho do órgão. Ocorre quando as células são
incapazes de se dividir. Pode ser:
Fisiológica - aumento do útero durante a gravidez (aumento da
estimulação hormonal); halterofilistas aumento da demanda
funcional)
Patológica - aumento cardíaco na doença de Chagas; hipertensão
(desencadeantes mecânicos e desencadeantes tróficos)
Adaptação evoluindo à lesão...
Quaisquer que sejam os mecanismos de hipertrofia, um limite é
alcançado, e o aumento da massa muscular não pode mais
compensar a sobrecarga. Como resultado, ocorre dilatação
ventricular e falência cardíaca, por exemplo.
Hipertrofia fisiológica
Hipertrofia patológica
- Hiperplasia: é uma resposta adaptativa em células
capazes de replicação, onde há um aumento no
nº de células.
Fisiológica – hiperplasia hormonal (proliferação celular a partir
de um estímulo hormonal , ex. útero gravídico), hiperplasia
compensatória (quando uma porção de um tecido é removido ou
lesado). Também é uma resposta importante das células do tecido
conjuntivo na cicatrização de feridas.
Patológica – estimulação hormonal excessiva ou por fatores de
crescimento (hiperplasia do endométrio, verrugas e lesões mucosas
por papilomavírus). Pode ser o início de uma proliferação
cancerosa.
Câncer X hiperplasias patológicas “benignas” – sensibilidade aos
mecanismos de regulação normal.
Hiperplasia fisiológica
hormonal
Hiperplasia patológica
- Atrofia: diminuição do tamanho celular pela perda de substância
celular. Síntese de ptns reduzida e degradação aumentada.
Causas:
Diminuição da carga de trabalho (imobilização)
Perda de inervação
Perda de estímulo endócrino (menopausa)
Redução de fluxo sanguíneo
Envelhecimento
Nutrição inadequada
Respostas adaptativas
relacionadas à desnutrição
Atrofia óptica – vit.B12
Metaplasia queratinizante – vit.A
(mancha de Bitot e queratomalacia)
-
Metaplasia: é uma alteração reversível do fenótipo de uma célula
adulta diferenciada, numa tentativa de aumentar a tolerância ao
estresse.
• Causas:
Reprogramação genética das células-tronco nos tecidos (ep.
respiratório de fumantes)
Embora a metaplasia confira vantagens de sobrevivência, os
mecanismos de proteção são perdidos. Se os estímulos que
promovem a alteração celular são mantidos, pode ocorrer uma
transformação maligna do tecido.
Refluxo gástrico
crônico
Visão geral das respostas celulares ao estresse e
estímulos nocivos
Célula normal
(homeostase)
Estresse,
demanda >
Adaptação
Estímulos
nocivos
Lesão celular
Incapacidade
de adaptação
Lesão celular
reversível
Alterações
subcelulares
Apoptose
Necrose
Lesão e morte celular
A lesão celular ocorre quando células são estressadas a tal
ponto que se tornam incapazes de se adaptar, ou quando são
expostas a agentes inerentemente danosos ou sofrem de anomalias
intrínsecas.
Lesão celular reversível – as alterações morfológicas e funcionais são
restabelecidas se o estímulo for removido.
Morte celular – a continuidade do dano determina uma lesão
irreversível, com morte da célula.
Se um estresse específico induzirá ADAPTAÇÃO
ou LESÃO CELULAR, vai depender :
de sua natureza e gravidade,
do metabolismo celular ,
do suprimento sanguíneo e
do estado nutricional.
Eventos celulares envolvidos na lesão
Causas da lesão celular
A maioria dos estímulos causadores de lesões/agentes nocivos
pode ser agrupada em:
1. Privação de oxigênio – hipoxia, interfere na respiração oxidativa
aeróbica e é uma causa comum e muito importante de lesão e
morte celular.
Causas: isquemia, redução da capacidade sg em carrear oxigênio.
ATENÇÃO:
NÃO CONFUNDIR: a isquemia é a causa mais comum de hipóxia, e
pode ser entendida como a perda de suprimento sanguíneo em
um tecido por causa do impedimento do fluxo arterial ou da
redução da drenagem venosa.
2. Agentes químicos: substâncias químicas podem lesar a célula por
alterarem a permeabilidade da membrana, a homeostase osmótica
e a integridade de uma enzima ou cofator.
Ex.: CO, inseticidas, drogas terapêuticas, etanol,etc.
3. Agentes infecciosos: vírus, bactérias, fungos, protozoários,
helmintos.
4. Reações imunológicas: as reações imunes podem promover lesão,
como as doenças autoimunes e as reações de hipersensibilidade
(alergias).
5. Defeitos genéticos: podem causar lesão celular por causa da
deficiência de ptns funcionais, acúmulo de DNA danificado ou ptns
mal dobradas. Estes últimos desencadeiam a apoptose.
Ex.: Síndrome de Down, anemia falciforme.
6. Desequilíbrios nutricionais: maior causa de lesão celular. Tanto a
deficiência (hipovitaminoses) qto o excesso (obesidade) aumentam
os riscos para o desenvolvimento de doenças.
Ex.: obesidade – risco aumentado de diabetes melittus tipo 2, dietas
ricas em gordura animal – desenvolvimento de aterosclerose.
7. Agentes físicos: traumas, extremos de temperatura, radiação,
choque elétrico, e alterações bruscas de pressão atmosférica.
8. Envelhecimento: leva a alterações de ordem replicativa e de reparo
das células e tecidos, com menor capacidade de responder ao
dano, e morte celular.
Visão geral das respostas celulares ao estresse e
estímulos nocivos
Célula normal
(homeostase)
Estresse,
demanda >
Adaptação
Estímulos
nocivos
Lesão celular
Incapacidade
de adaptação
Lesão celular
reversível
Alterações
subcelulares
Ponto de
irreversibilidade
Apoptose
Necrose
O que caracteriza as lesões celulares e tissulares
reversíveis e irreversíveis?
• Lesão irreversível
Dois fenômenos caracterizam essa lesão:
1. incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da
fosforilação oxidativa e geração de ATP);
2. distúrbios profundos na função da membrana.
NECROSE
• Lesão reversível
Dois aspectos morfológicos caracterizam a lesão:
1. tumefação celular: resultado da falência das bombas de íons na
membrana plasmática, dependentes de energia, levando à
incapacidade de manter a homeostase iônica e de fluido.
2. degeneração gordurosa: surgimento de vacúolos lipídicos
grandes ou pequenos no citoplasma. Nas lesões tóxicas e hipoxia.
• Há 2 tipos de morte celular (lesão irreversível):
- necrose: quando o dano da membrana é grave, as
enzimas extravasam dos lisossomos, entram no
citoplasma e digerem a célula. É a maior via de morte
celular. Sempre associada a lesão celular patológica.
- apoptose (morte celular programada): quando a célula
é privada de fatores de crescimento, o DNA ou as ptns
são danificados sem reparo, a célula se suicida. Ocorre
dissolução nuclear com integridade da membrana
mantida. Não necessariamente associado a um
processo patológico.
Características celulares
na Necrose e na Apoptose
Característica
Necrose
Apoptose
Tamanho
Núcleo
Tumefação
Picnose-cariorrexecariólise
Rompida
Retração
Fragmentação do núcleo
Membrana plasmática
Conteúdos celulares
Inflamação adjacente
Papel fisiológico ou
patológico
Digestão
enzimática;extravasam
da célula
Frequente
Sempre patológica
(finalização da lesão
irreversível)
Intacta; orientação de
lpds alterada
Intactos; liberados dos
corpos apoptóticos
não
Sempre fisiológica;
eliminação de células
indesejadas; pode ser
patológica sobretudo
após lesão de DNA
A – células normais
B - núcleo em picnose, com diminuição de
volume e intensa basofilia (hipercromatismo)
C – cariorrexe, distribuição irregular da
cromatina, a qual se acumula na membrana
nuclear; nessa fase, o núcleo pode se fragmentar
(D)
E - dissolução da cromatina e desaparecimento
da estrutura nuclear.
Picnose: o núcleo apresenta um volume reduzido e torna-se
hipercorado, tendo sua cromatina condensada;
Cariorrexe: a cromatina adquire uma distribuição irregular,
podendo se acumular em grumos na membrana nuclear; há perda
dos limites nucleares;
Cariólise ou cromatólise: há dissolução da cromatina e perda da
coloração do núcleo, o qual desaparece completamente.
Célula normal
(homeostase)
Estresse,
demanda >
Adaptação
Estímulos
nocivos
Lesão celular
Incapacidade
de adaptação
Lesão celular
reversível
Alterações
subcelulares
Apoptose
Necrose
Há vários padrões distintos de necrose: coagulativa, liquefativa,
caseosa, gangrenosa , gordurosa e fibrinóide.
Necrose coagulativa: componentes celulares estão mortos, mas a
estrutura básica do tecido está preservada por alguns dias. Ex.
infartos (áreas de necrose isquêmica).
Necrose liquefativa: digestão das células mortas, resultando em um
tecido de aspecto viscoso. Ex. pus, em infecções bacterianas focais
e fúngicas.
Necrose gangrenosa: aplicado a um membro que tenha perdido seu
suprimento sanguíneo e que sofreu necrose coagulativa.
Necrose caseosa: caracterizada pelo granuloma, onde há uma borda
inflamatória, e a estrutura do tecido está rompida e de contornos
indistinguíveis.
Necrose gordurosa: áreas focais de destruição gordurosa, resultantes
da liberação de lipases pancreáticas. Ex. pancreatite aguda.
Necrose fibrinóide: observada nas reações imunes que envolvem os
vasos sanguíneos. Complexos Ag-Ac depositados na parede de
artérias. Ex. poliartrite nodosa.
Mecanismos da lesão celular
• Princípios gerais:
- A resposta ao estímulo nocivo depende do tipo de lesão, duração e
gravidade;
- As consequências dependem do tipo, status, adaptabilidade e
fenótipo genético da célula lesada;
- A lesão resulta de alterações bioquímicas e funcionais em um ou
mais componentes celulares essenciais. Os alvos mais importantes
dos estímulos nocivos são:
1. mitocôndrias;
2. Membranas celulares;
necrose
3. Síntese de ptns;
4. Citoesqueleto;
5. Genoma celular.
apoptose
• Depleção de ATP: falha das funções dependentes de energia, em
particular o rompimento estrutural do aparelho de síntese proteica,
promovendo uma lesão reversível e necrose;
• Lesão mitocondrial: depleção de ATP, gerando falha nas funções
celulares dependentes de energia e, por fim, a necrose. Sob
algumas condições, extravasamento de ptns que causam apoptose;
• Influxo de cálcio: falência da bomba de Ca+2 determina o influxo do
cátion e a ativação de enzimas que danificam os componentes
celulares e podem disparar a apoptose;
• Acúmulo de espécies reativas do oxigênio: modificação covalente
de ptns celulares, lpds e ácidos nucleicos;
• Aumento da permeabilidade das membranas: pode afetar a
membrana plasmática, lisossômica, mitocondriais; tipicamente
culmina em necrose;
• Acúmulo de DNA danificado e ptns mal dobradas: apoptose.
Célula normal
(homeostase)
Estresse,
demanda >
Adaptação
Estímulos
nocivos
Lesão celular
Incapacidade
de adaptação
Lesão celular
reversível
Alterações
subcelulares
Apoptose
Necrose
A apoptose é induzida por um programa de suicídio celular
rigidamente regulado, no qual as células destinadas a
morrer ativam enzimas capazes de degradar seu próprio
DNA e as ptns nucleares e citoplasmáticas.
Causas da apoptose:
A. Em situações fisiológicas:
- Destruição programada de células durante a
embriogênese: implaninvotação, organogênese,
involução do desenvolvimento e metamorfose.
- Involução de tecidos hormônio-dependentes sob
privação do hormônio: ex.: regressão da mama após
amamentação; menstruação.
- Perda celular em pop. celulares proliferativas:
manutenção constante da pop. celular.
Causas da apoptose (cont.):
A. Em situações fisiológicas:
- Morte de células que já tenham cumprido seu papel:
neutrófilos na inflamação aguda, linfócitos ao término
da RI (privadas de fatores de crescimento).
- Eliminação de linfócitos autorreativos: antes ou depois
da maturação.
- Morte celular induzida por linfócitos TCD8+ (Tc)
mecanismo de defesa contra vírus e tumores
(eliminando células neoplásicas).
Causas da apoptose:
A. Em situações patológicas:
- Lesão de DNA: radiação, drogas citotóxicas
(quimioterapia), temperaturas extremas, hipóxia.
- Acúmulo de ptns mal dobradas: mutações genéticas,
fatores extrínsecos (lesão por radicais livres). Estresse
do RE.
- Lesão celular em certas infecções: perda de células
infectadas por RI do hospedeiro, apoptose induzida
pelo vírus (AIDS, adenovírus).
- Atrofia patológica no parênquima de órgãos por
obstrução de ducto: no pâncreas, parótida e rins.
Caracterizada por:
• Degradação enzimática de ptns e DNA,
iniciada pelas caspases;
• Reconhecimento e remoção das células
mortas pelos fagócitos.
Mecanismos
• Via mitocondrial (intrínseca) – iniciada pela perda de
sinais de sobrevivência, lesão de DNA e acúmulo de
ptns mal dobradas; associada com extravasamento de
ptns pró-apoptose da mitocôndria para o citoplasma,
onde disparam a ativação das caspases.
Inibição – família Bcl, induzida por fatores de crescimento.
• Via do receptor de morte (extrínseca) – elimina linfócitos
autorreativos e lesão por linfócitos Tc; iniciada através
dos receptores de morte (família de receptores de TNF).
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