Carlo Cipolla - Instituto de Economia

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Carlo Cipolla
Money, Prices and Civization in the
Mediterranean World:
Fith to Seventeenth Century
Cap. 1. Moeda Primitiva na Europa
Primitiva
Moeda Primitiva: Moeda diferente da Moeda
“Moderna”
n
n
n
Não cumpre todas as funções
Não é tão impessoal
Usada por “sociedades primitivas”
 Friedman: Moeda de pedra na Polinésia
alemã
Moeda e meios de pagamento (I)
1. Pagamentos unilaterais
Mtos contratos firmados p/ pagamento em
mercadorias diversas & (horas de) trabalho
2. “Opcionais”
Moeda metálica (coins) ou mercadorias
(especificando peso, qualidade...)
Moeda e meios de pagamento (II)
3. Dívidas estipuladas única e
exclusivamente em moeda (unidades de
conta)
 Contratos estipulados em unidades de
conta (libras, soldos, etc.) nem sempre
implicavam pagamentos em moeda
metálica
 Distinção básica entre “padrão de valor”
e “meio de troca”
Brasil (séc. XVI-XVII)
- Quando pagamentos eram em moeda
metálica, escrevia-se “em dinheiro” ou
“em dinheiro de contado”
- Contratos opcionais: “em dinheiro ou em
açúcar a como valer em dinheiro de
contado”
- Em MG: “oitavas de ouro”
- Estado do Maranhão: panos de algodão
(até 1750)
Escassez de moeda metálica
OFERTA
Pouco metal disponível (condição geral: daí
a “sede” de ouro e de prata, segundo
Pierre Vilar)
 Mas havia diferenças regionais, de
classes sociais...
(i) Pouca comunicação entre territórios
(ii) Renda concentrada
(iii) Elevada propensão ao entesouramento
(preferência pela liquidez, de Keynes)
(iv) Sociedades autárquicas
Escassez de moeda metálica
DEMANDA
• Dificuldades de comunicação, transporte
• Preferência por pagamentos em
mercadorias e serviços
Índios no Brasil em 1500 c.
• Graves crises de abastecimento, pestes...
Escassez de moeda metálica
Em resumo:
• Mercados muito imperfeitos
• Tendência ao escambo  No século XIII,
economia volta a se desenvolver
• Comércio internacional: predomínio da
moeda metálica
 Carl Menger: Saleability
CAP 4: GHOST MONEY
Einaudi: Moeda imaginária; ideal;
de conta; política
Meio de troca é diferente da unidade de
conta
Ao serem usadas em pagamentos, as
moedas eram contadas ou eram pesadas?
As moedas eram avaliadas pelo seu valor
intrínseco (conteúdo metálico) ou pelo
seu valor nominal (de face, extrínseco)?
Reforma monetária de Carlos Magno
(ano 800)
No início da Idade Média, as moedas eram
simplesmente contadas
A partir do ano 800,
os contratos passaram a ser firmados em:
• Libra (pound)
• Solidus (soldo; schilling)
• Denarius (dinheiro; penny)
Moedas (unidades) de conta
• Penny: moeda real, de prata, contendo
1/240 de 1 libra (peso) de prata (< 2
gramas)
• 12 pence = 1 soldo
• 20 soldos = 1 libra
Logo, 1 libra = 240 dinheiros (pence)
Até o século XIII, a única moeda cunhada
era o penny, que valia sempre 1
Libras e soldos não circulavam: eram
moedas imaginárias
Moedas “reais” (a partir do séc. 13...)
Cunhadas moedas de ouro e de prata de
maior valor: soldos; libras; florins;
ducados...
Sua aceitação era generalizada na Europa:
países atribuíam valor em unidade de conta
(curso forçado – legal tender)
A moedas (de troco) de 1 penny
circulavam apenas no “país” em que eram
cunhadas
... até o século XVIII
As moedas de 1 dinheiro foram perdendo
valor intrínseco, devido a:
• redução (debasement)
• cerceio
• desgaste físico pelo uso
Assim, as libras (& outras moedas)
passaram a valer muito mais do que 240
pence
 As libras, soldos & dinheiros voltavam a
ser moedas imaginárias
Desvalorização da moeda (unidade de conta)
• redução (debasement)  diminuição do
conteúdo metálico e/ou pureza do metal,
mas mantendo o valor nominal
• levantamento (enhancement; crying up):
aumento do valor nominal (extrínseco)
sem alterar o valor intrínseco
Razões da desvalorização da moeda (UC)
 Atraía metais para as casas da
moeda (do exterior e
entesourados)
• Política monetária expansionista
(aumentar a “oferta de moeda”)
• Política fiscal: financiar guerras (através
dos ganhos de senhoriagem)
 “guerras monetárias”
Razões da desvalorização da moeda (UC) (II)
• Conflito distributivo: beneficiava
devedores e setores que pagavam rendas,
aluguéis, etc
 Grandes comerciantes e proprietários:
contratos c/ “cláusula ouro” (mantinham
o valor real): em Florins, Ducados, Libras,
mesmo quando não mais circulavam
(semelhante à correção monetária)
Moedas imaginárias: nasceram e viveram
porque:
Cipolla:
1. Havia necessidade de circulação de
moedas metálicas de diferentes
denominações; e
2. As Autoridades não eram capazes de
manter uma relação estável entre os
valores das diferentes moedas metálicas
Moedas imaginárias: nasceram e viveram
porque (II):
Einaudi
• A moeda imaginária era um instrumento
(dispositivo técnico) usado para remediar
os problemas decorrentes do
bimetalismo:
quando a relação entre os valores de
mercado e oficial da prata e do ouro eram
divergentes, um dos metais deixava de
circular
Cap. II: O Dólar da Idade Média
Em todos os “países” circulavam moedas
estrangeiras sem constrangimentos
legais
Ex: em Portugal, no final do séc. XIV,
circulavam mais de 100 moedas
européias, asiáticas e africanas
• “Moeda soberana”: não havia “soberania
da moeda” até meados do século XIX
O Dólar da Idade Média (II)
• Moedas “estrangeiras” que circulavam
eram “full-bodied”, e eram avaliadas pelo
seu conteúdo intrínseco
• As moedas de menor valor (p. ex., as
moedas de cobre) circulavam apenas nos
“países” que as cunhavam
O Dólar da Idade Média (III)
• Moedas estrangeiras diversas...
 mas uma moeda predominava;
outras moedas eram geralmente cópias
da “moeda internacional”
Ex.: Solidus (Bizantina); Nomisma (Norte
da África, muçulmana); Florim (Florença);
Ducado (Veneza)
 Eram moedas de ouro, e pesavam
de 3,5 a 4,5 gramas
Características da Moeda
Internacional
1. Estabilidade do valor intrínseco (peso e
pureza)
2. Elevado valor unitário (moedas
“nobres”, “aristocráticas”, que
representavam o poder)
3. Importância política, militar e econômica
do “país” emissor
 País emissor tinha elevada
participação no comércio
internacional
Cap. III: O Grande Problema da Moeda
Pequena (Moeda de Troco)
Fórmula padrão (necessária para a adoção
do padrão-ouro):
1. Emissão (cunhagem) de moeda de troco
com valor monetário superior ao valor
intrínseco
2. Emissões limitadas às necessidades da
economia
3. Moeda de troco conversível à moeda
ouro
 Os “economistas” e os políticos teriam
aprendido esta lição ao longo dos séculos
O Grande Problema da Moeda
Pequena (II)
• Bimetalismo (& trimetalismo):
Não é possível manter sistema monetário
estável se as moedas de troco
possuírem valor intrínseco igual ao
seu valor extrínseco (moedas fullbodied)
 Porque a moeda que estiver oficialmente
sobrevalorizada sai de circulação (lei
de Gresham)
O Grande Problema da Moeda
Pequena (III)
A circulação simultânea de moedas grandes
(& estáveis) e de moedas pequenas (&
constantemente reduzidas) era benéfica:
• Os grandes comerciantes usavam as
moedas estáveis (de ouro);
• Para pagar salários e para as compras
cotidianas usava-se a moeda de troco
(de prata e/ou de cobre)
 “Levantamentos” da moeda de troco 
redução dos salários em termos reais
 maiores lucros
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