Por que inventaram o dinheiro?

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ECONOMIA
Por que inventaram o
dinheiro?
ECONOMIA
Renata Costa
O dinheiro foi criado para facilitar as trocas
comerciais quando estas ficaram mais
complexas. A princípio, as permutas eram
baseadas na quantidade de tempo de
trabalho gasto para produzir a mercadoria.
Por exemplo, um pescador dava sua pesca do
dia em troca da colheita obtida em um dia por
um agricultor. "Depois, com o aumento no número de produtores e a
necessidade de diversificação dos produtos, foi preciso estabelecer uma
mercadoria que fosse divisível, para facilitar o troco, e à qual todos tivessem
acesso", diz o professor Renato Leite Marcondes, do Departamento de
Economia USP de Ribeirão Preto.
Trocar uma mercadoria por outra era complicado, conforme explica o
professor Renato, porque o produtor de trigo que quisesse comprar carne de
vaca, por exemplo, precisava encontrar alguém que cuidasse de gado e
estivesse interessado em trigo. "Com o dinheiro, vender e comprar se
tornaram operações separadas. Eu compro o que quero de quem eu quiser e
posso vender minha produção para outra pessoa", exemplifica o docente.
Sabe-se que na China, mais de mil anos antes de Cristo, já se usavam conchas
como moeda de troca. A partir daí, os materiais utilizados foram os mais
diversos por todo o mundo, dos quais o exemplo mais conhecido é o sal - de
onde se originou o termo "salário".
No primeiro século antes de Cristo, já se tem notícias de moedas feitas em
metal, como o ouro, a prata e o cobre. "Foi natural a substituição de outros
materiais pelos metais, porque eles têm maior durabilidade", afirma o
professor Renato. O valor dependia da abundância ou da escassez de certo
metal em cada região. Quando o ouro era mais abundante, a prata era mais
valorizada e vice e versa.
Na Idade Média, os reis e governantes começaram a cunhar seus rostos nas
moedas. "Passa a haver uma distinção entre o valor do metal em si e o valor
da face da moeda", diz o economista. Nessa época, cada pessoa que fosse
dona de certa quantidade de metal levava esse material até uma repartição
para que fosse transformado em moeda com o rosto do rei.
O ouro, metal mais precioso, acabou virando referência de valor, criando-se,
portanto, o padrão ouro. No século 19, ainda valia o ouro, mas as notas em
papel já se tornavam mais populares. Dessa época até a Primeira Guerra
Mundial, os bancos eram obrigados a, se solicitados, trocarem o dinheiro de
seus clientes pelo equivalente em ouro. Portanto, o governo de um país só
poderia liberar certa quantidade de papel moeda equivalente ao ouro que
tinha em reservas.
Na década de 1970, os Estados Unidos aboliram a referência ao padrão-ouro,
o chamado "lastro", e o papel moeda passou a valer por si só. Depois, foi
copiado pelos outros países, que passaram a usar o dólar como referência
para o valor de suas moedas. "Hoje, sem esse lastro, a taxa de câmbio (troca)
de uma moeda, é flutuante, varia muito, e o dinheiro passou a ser virtual, pois
não tem uma referência material", explica o professor. A quantidade de
dinheiro circulante atualmente, portanto, é determinada pelo governo, sem
ter ouro ou outro metal equivalente em reserva.
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Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Setembro de 2009
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