Aula 16: A Grande depressão dos anos 30 Amaury Gremaud HEG II 1º semestre 2014 A euforia americana: “The age of business” Depois de 22 retomada do crescimento Anos gloriosos nos EUA PIB aumenta 50% em 8 anos, Produção industrial 90%, Taxa de desemprego fica entre 3 e 5% (1921- 11%) Pilares - debate Calvin Coolidge, sucede a Warren Harding Liberais: diminuição da presença dos Estado, efeito positivo da queda dos impostos, controle da dívida , diminuição da sindicalização Crédito: redução das taxas de juros depois de 22 e elasticidade do sistema bancário Ampliação crédito ao consumidor (bens de consumo duráveis – american way of life: Buy now, pay later) o Aumento dos consumidores de automóveis 25% para 60% o Mudança nos padrões de consumo crédito para investimento e no exterior Teia de investimentos inter-relacionados Construção civil (residências e infraestrutura: estradas e energia) e automóveis (queda nos custos) com impactos sobre bens de consumo duráveis, petróleo, metal mecânica etc PIB norte americano 1919 - 1939 (em bilhoes de dolares de 1929) 120 110 111 109,1 104,4 103,2 100,9 100 96,4 90,5 90 88,4 97,3 98,5 95,1 91,4 89,5 85,8 80,8 80 74,2 70 75,8 73,2 76,4 74,2 71,6 60 Fonte: Temin 1976 50 1919 1920 1921 1922 1923 1924 1925 1926 1927 1928 1929 1930 1931 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 1939 A euforia e seus problemas Nem todos os setores Setores fora da expansão: carvão, ferrovias, agricultura: preços não se recuperam depois da deflação de 21, Dificuldade mais de ¼ da população “Pobreza negra” Euforia – contamina a bolsa e outros ativos Bolhas: imobiliária (Florida) Valorização das ações lucros enormes no processo e existência de crédito Efeito riqueza – cria circulo viciosos (virtuoso ?) perspectiva que isto não tem limites: não percepção de risco e afastamento dos fundamentos Grande numero de bancos comerciais: dificuldade do FED em regular ou supervisionar Não alcance; Não dispõe de instrumentos 1928 especulação continua mesmo com aumento dos juros e maior cautela dos bancos Da euforia ao pânico Grande mudança de perspectiva em poucos meses otimismo desenfreado vira pessimismo desenfreado Percepção de excesso de capacidade produtiva e de estoques excessivos Construção civil: inflexão no crescimento anterior Queda no investimento bruto Ritmo de expansão do consumo diminuiu sensivelmente Características de inovações de produtos se esgotam, expansão agora é reposição, desgaste. Consumidores saciados (diminui inovações) Não acompanhamento de crescimento da renda agrícola (falta parte dos consumidores) EUA: Investimento e construção civil 1919 - 1939 (em bilhões de US$ de 29) 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 1919 1920 1921 1922 1923 1924 1925 1926 1927 1928 1929 Investimentos 1930 1931 construção 1932 1933 1934 1935 1936 1937 1938 1939 Crise de 30: Keynesianos x monetaristas Motivos e Política econômica Declínio “autônomo” da demanda agregada: (visão keynesiana) reversão do crescimento anterior investimentos (Robert Gordon) ou consumo (Peter Temin) Crise de sobre-investimento, superprodução, insuficiência de consumo Esgotamento das oportunidades de investimento e deslocamento da demanda por investimento (IS para esquerda-baixo) Dificuldades com a economia privada com algumas explicações estruturais: progresso técnico poupador de mão de obra, que reduziu a massa salarial que poderia sustentar o consumo Diminuição da geração de progressos técnicos (inovação de produto) redução da taxa de crescimento da população e redução da demanda agregada em geral e em particular no setor habitacional e na indústria automobilística; não incorporação de parte da população ao american way of life: Problemas com agricultura o Queda (e não recuperação) de preços agrícolas: falências (inclusive bancarias) no meio-oeste e problemas internacionais (países exportadores) Qual o papel da Crise da Bolsa (1929) Causa ou aprofunda crise ? Aprofunda crise: Crise é anterior mas Transforma marola em tsunami Pq crise ?: otimismo transformado em pessimismo com sinais de reversão econômica Crise financeira: problemas de regulação/prudenciais Importância da quebra da bolsa: Efeito riqueza, bancos e liquidez Efeito riqueza – contração do consumo Perdas com o crash foram significativas na riqueza de bancos, corporações e famílias em função da valorização fictícia anterior Diminuição da disposição a consumir tb significativa Crise de liquidez (contração de crédito) - Atrofia base do sistema de gasto Bancos quebram Bancos problemas reagem diminuindo empréstimos e buscando liquidez Deflação Empresas - buscam desovar estoques Famílias - vendas de ativos Efeito confiança – contração do “animal spirit” Debate em torno da política econômica Qual papel da política monetária ? Friedman: responsabiliza política monetária por crise (visão monetarista) antes da crise FED adota política monetária contracionista: aumento de juros e diminuição de M1; (LM para esquerda-cima) Objetivo: combater especulação Falência de bancos e omissão de socorro – acentua crise monetária Conseqüência: pequena recessão transformada em uma depressão Temin: enxugamento monetário é conseqüência da crise (não causa). o Se fosse política monetária – juros teriam subido, mas na verdade caíram (?) Até onde era possível fazer política monetária contra cíclica (até onde ela seria eficiente ?) o “Pode-se levar o cavalo para a água mas não obrigá-lo a beber” Expansão Monetária (queda dos juros) seria pouco eficiente (IS inclinada, LM achatada) Grande problema de política econômica é demora em uma política fiscal agressiva Consenso: depois da crise: Política monetária é tardia e tímida (não recupera liquidez do sistema) A política econômica e seus problemas FED (e governo americano) não agiu de forma acertada, debate sobre se é a: Causa da crise Causa do aprofundamento da crise Causa da demora na recuperação da crise Debate em torno de por que agiram equivocadamente: (in)competência técnica das autoridades monetárias, (in)adequação dos arranjos institucionais no âmbito do sistema, (in)existência de um corpo teórico que pudesse dar sustentação a decisões diferentes das que foram tomadas, compromisso com objetivos incompatíveis tais como o controle da especulação financeira, a preservação das reservas internacionais, o equilíbrio do balanço de pagamentos, a solvência do sistema bancário, a oferta de liquidez, etc. A Crise fora dos EUA