Aconselhamento em ITS/HIV/SIDA Conceito de Aconselhamento Aconselhamento é um processo de escuta activa, centrado no utente, respeitando as suas especificidades 2 Conceito Capacidade de estabelecer uma relação de confiança entre o conselheiro e o utente Tem como objectivo resgatar os recursos internos da pessoa O utente reconhece-se como sujeito de sua própria saúde 3 Objectivo Geral do Aconselhamento Ajudar o utente a reflectir sobre Sentimentos Pensamentos Formas de gerir sua situação 4 Objectivos específicos no contexto de ITS/HIV/SIDA Melhorar o nível de conhecimento sobre as IST/HIV/SIDA Disponibilizar apoio emocional Ajudar o utente a descobrir, perceber e ganhar uma visão interna acerca da sua situação, problemas ou dificuldades Melhorar a adesão ao tratamento Auxiliar na compreensão do status serológico e seu significado 5 Objetivos específicos no contexto de ITS/HIV/SIDA Reflectir sobre a percepção dos próprios riscos e adopção de práticas mais seguras Auxiliar na re-significação da doença e projecto de vida. Reforçar a importância do tratamento Ressaltar o carácter crônico da doença Proporcionar a comunicação e o tratamento de parceiros sexuais ou de uso de drogas Proporcionar segurança emocional e psicossocial ao utente em tempos de crise 6 Função do Aconselhamento Situação de aprendizagem Fortalecimento do sujeito Oferece subsídios para a tomada de decisões Envolve informações objectivas sobre um problema determinado Ajuda o indivíduo a lidar satisfatoriamente com problemas reais Fortalece a autonomia e envolvimento no tratamento 7 A quem se destina Às pessoas que desejam fazer o teste HIV Às pessoas com quadro clínico indicativo de infecção pelo HIV e seu(s) parcerio(s) sexual(s) e /ou de uso de drogas injectáveis Às pessoas com ITS Às gestantes em serviços de pré-natal Às pessoas em TARV 8 Quem realiza acções de aconselhamento em ITS/HIV/SIDA Profissionais de saúde capacitados em aconselhamento Membros da comunidade e de ONG que trabalham com SIDA, devidamente capacitados Profissionais de instituições diversas, devidamente capacitados 9 Requisitos importantes para um conselheiro Habilidades de Comunicação Conhecimento Técnico Livre de juízo de valor Postura ética Sensibilidade às questões sócio-culturais e emocionais Sensibilidade às demandas singulares de cada utente Atitude empática 10 Componentes do Aconselhamento Ética e sigilo Cuidado com o juízo de valores Escuta activa e aceitação do sujeito Apoio Emocional Apoio Educativo 11 Componentes do Aconselhamento Avaliação de riscos, reflexão sobre valores, atitudes e condutas Respeito às crenças e sentimentos Planeamento de estratégias de redução de risco e de danos Planeamento de estratégias para enfrentamento e resolução de um problema ou dificuldade 12 Componentes do Aconselhamento Educativo Emocional Avaliação de risco 13 Modalidades de Aconselhamento Aconselhamento pré-teste (colectivo ou individual) Aconselhamento pré-natal Aconselhamento pós-teste individual Resultado positivo Resultado negativo Aconselhamento préTARV Para início imediato Para seguimento Aconselhamento TARV Seguimento/adesão Atendimento na enfermaria 14 Aconselhamento Individual É um diálogo baseado em uma relação de confiança Deve proporcionar à pessoa condições para que: Avalie seus próprios riscos Tome decisões Encontre maneiras realistas de enfrentar seus problemas relacionados às ITS/HIV/SIDA.MS, 2003 15 Aconselhamento COLECTIVO + Informativo Maior público Demanda do grupo Não particulariza Desperta para autopercepção de riscos individuais INDIVIDUAL Demanda individual Complementa o colectivo Particulariza Suporte emocional Avalia riscos individuais Plano de redução de risco/danos 16 Aconselhamento Coletivo Individual 17 Qualidades de um Bom Conselheiro Bom Conselheiros usam Habilidades de Comunicação Eficientes Atendimento e Participação Parafraseamento Reflexão do sentimento Investigação Interpretação Confrontação Sumário 19 Um Bom Conselheiro Sempre tem o interesse do utente em mente O aconselhamento é direccionado ao utente 20 Valores direccionados ao utente Compreensão Validação Não julgamento Respeito e carinho Genuíno Sigilo e ética 21 Evite Estratégias Centradas no Conselheiro Dar conselhos Moralizar Discutir Pregar Contar historias 22 Resumo As habilidades de comunicação eficientes são um componente essencial do bom aconselhamento É importante reconhecer e apoiar as mudanças de comportamento nos clientes O foco deve ser no utente 23 “A característica mais marcante do aconselhador é a sua grande sensibilidade para ouvir as pessoas” Rollo May Saúde Mental e HIV Saúde mental e HIV O sofrimento psíquico é tão importante quanto o sofrimento físico Tem grande influência na qualidade de vida do indivíduo, bem como na evolução e no prognóstico do quadro de infecção pelo HIV É fundamental saber indentificar a presença de sofrimento psíquico e de transtornos mentais diversos nos utentes seropositivos 26 Queixas sugestivas de sofrimento psíquico ou de transtorno mental Solicitar que o utente ou familiar descreva os sintomas, sua intensidade, frequência e duração Observar atitudes e comportamentos Considerar sintomas clínicos associados: cefaléia, alterações do equilíbrio ou da marcha, dor crônica, disfunção sexual 27 Investigar • • • • • • Rede de suporte psico-social: Situação conjugal e filhos Com quem reside, Apoio familiar ou de amigos, Trabalho e fonte de renda, Como compreende sua condição de seropositivo, Quem conhece sua condição serológica 28 Ansiedade Ansiedade e angústia são sentimentos comuns nos pacientes seropositivos Manifestam-se em diferentes momentos Podem estar relacionados a fantasias e representações sobre HIV/SIDA Em decorrência de dúvidas e apreensões sobre a condição de seropositivo 29 Ansiedade Sentimento de medo: Ter contaminado parceiros e filho De exposição a situações desconhecidas da família De rejeição por familiares, amigos, empregadores De enfrentar a situação e as mudanças exigidas para o tratamento(sexo seguro, toma contínua de medicamentos) 30 Ansiedade Situações que podem gerar ansiedade Alterações nas contagens de CD4 Passagem da condição de seropositivo para doente Necessidade de iniciar ou alterar o TARV Internamentos e altas Convívio com uma doença crônica e com efeitos secundários do uso prolongado dos medicamento Mudanças nas realações com família, amigos, vizinhos e trabalho 31 Ansiedade Importante Ouvir cada pessoa e suas singularidades Compreender a doença na sua significação particular Permitir a participação da pessoa no processo do seu tratamento Colaborar com outros técnicos de saúde, discutindo os casos e encaminhando para avaliação especializada quando necessário 32 Depressão Observar se o utente apresenta alguns destes sintomas e com que freqüência: Mais triste Sem esperança Com muita vontade de chorar Mais irritado Inquieto ou mais lento Demora para pensar e responder Fica muito tempo na mesma posição Refere que a vida perdeu o sentido Sente-se culpado, arruinado Pensa em morrer Está sem interesse por tarefas que antes gostava de fazer Perdeu o prazer em realizar atividades que antes eram prazerosas Fica isolado Tem dificuldade para dormir Perdeu o apetite 33 Depressão A ocorrência da maioria desses sintomas durante a maior parte do dia, quase todos os dias, por 2 semanas ou mais seguidas pode indicar um quadro de depressão 34 Depressão O que fazer ? Acolhimento Oferecer uma escuta diferenciada Fornecer apoio psicológico Encaminhar o paciente para atendimento psiquiátrico ou técnico em psiquiatria 35 Risco de suicídio Idéias suicidas ou autodestrutivas, raiva extrema e agressividade dirigida a si ou a outros e tentativas de suicídio Fatores que contribuem: Depressão Falta de aceitação e apoio por familiares Falta de perspectivas Trajetória de vida com perdas sucessivas Desconhecimento sobre a doença Fatores psicológicos antecedentes 36 Infecções oportunistas do Sistema Nervoso Central- SNC Prestar atenção no aparecimento recente de: Confusão mental Alterações de personalidade e comportamento Delírios e falta de coerência Agitação ou lentificação Retraimento social Mania * associados ou não a sintomas clínicos como febre, cefaléia, rigidez de nuca, paresias, convulsão 37 Fluxo de Aconselhamento e Proposta de Conteúdos de Sessões de Aconselhamento Quem acolhe? As unidades sanitárias Recepção Trabalhadores da saúde Os educadores de pares Os activistas 39 Acolhimento da Unidade Receber o utente Ouvir seu problema e apoiar Explicar como é o funcionamento da Unidade Sanitária Fluxo Equipe Localização dos serviços (laboratório, consultórios, direcção) 40 PVHS Abertura do Processo Dia 0 Identificação do Paciente 1ª Semana Teste CD4+ Consulta médica para resultado* Se qualificar, seguir preparação Preparação para TARV 2ª Semana 3ª Semana 2ª sessão de Aconselhamento TARV 3ª sessão de Aconselhamento TARV Apresentação do Confidente Diagnóstico de Preparação TARV 1ª sessão de Aconselhamento TARV *Resultados •CD4 < 200 •Estadio III / CD4 < 350 •Estadio IV •Karnofsky ≥ 40 Pré-requisitos •Consultas regulares nas últimas 4 •4 semanas de profilaxia CTX Não Sim 4ª Semana Comité TARV Consulta Médico, Conselheiro (4ª sessão), Farmacêutico** Início TARV **Consultas para: •Receita do TARV •Explicação do TARV ao paciente •Assinatura do formulário de consentimento •Entrega dos medicamentos Aconselhamento: Primeira Sessão (1) Ouvir como o utente se sente com relação a ter sido encaminhado ao HdD Identificar o que compreendeu sobre o diagnóstico Explicar porque a análise foi pedida Explicar sobre o HIV e SIDA Esclarecer o diagnóstico 42 Aconselhamento: Primeira Sessão (2) Considerar a possibilidade de repetir o teste (se necessário) Avaliar como se sente frente ao resultado Pesquisar rede de apoio Colocar-se à disposição Agendar retorno Dar seguimento ao fluxo de atendimento Iniciar avaliação psicossocial 43 Aconselhamento: Segunda Sessão (1) Ouvir como o utente se sente nesse momento Realizar avaliação da situação psicológica e condições sociais Pesquisar sua situação familiar e de saúde Verificar se tem dúvidas sobre o HIV/SIDA Informar o resultado do CD4 Pesquisar como se sente com relação ao tratamento Pesquisar possíveis dificuldades para adesão Aconselhamento pré-TARV Prosseguir com avaliação psicossocial 44 Aconselhamento colectivo: Pré-TARV (1) Informativo Atende maior número de pessoas Não particulariza Desperta para auto-avaliação de adesão Ajuda na percepção que existem mais pessoas na mesma situação Participam apenas as pessoas que têm indicação para iniciar o tratamento 45 Aconselhamento colectivo: Pré-TARV (2) Informações sobre o tratamento anti-retroviral Medicamentos disponíveis Acção dos medicamentos Orientações sobre a toma Horários O que fazer em caso de náuseas e vômitos Possíveis efeitos colaterais Incentivar reflexão sobre a motivação de iniciar o tratamento Informar sobre as vantagens de ter um confidente Estimular a reflexão sobre a escolha do confidente Benefícios do tratamento Esclarecer dúvidas sobre o tratamento 46 Aconselhamento: Terceira Sessão Desenvolvimento do plano individual de tratamento Apresentação do confidente (se desejo do utente) Esclarecer dúvidas do utente e do confidente Conversar sobre o papel do confidente como estratégia de apoio ao tratamento Reflectir sobre estratégias para lembrar da toma Discutir estratégias de prevenção Oferecer a possibilidade de participação nos grupos de apoio 47 Primeiro Aconselhamento de Seguimento: 15 dias após início do tratamento Ouvir como o utente está neste momento Pesquisar como tem sido seu tratamento Possíveis dificuldades Efeitos colaterais Doses perdidas Receios, preocupações Estratégias desenvolvidas para apoiar a adesão Trabalhar as demandas identificadas Marcar retorno em 30 dias Reforçar a oferta de participação no grupo de apoio 48 Segundo Aconselhamento de Seguimento: Fase inicial (1 a 3 meses) Verificar Se o utente mostra-se inseguro com o tratamento ou se apresenta alguma dificuldade Se tem alguma dúvida sobre os ARV. Se tem um confidente e/ou uma rede de apoio. Apoiar O plano de toma dos medicamentos: Horário e doses a serem tomadas e como criar o hábito Como lembrar o horário e as doses, indicações escritas Reconhecer os efeitos severos e que fazer quando estes se apresentam. Encorajar participação nos grupos de apoio e buscar ajuda. 49 Demais Aconselhamento de Seguimento: Após 3 meses em TARV Verificar: Como se sente desde o último controle? Tem sentido apoio para fazer o tratamento? Tem participado de algum grupo de apoio ou acompanhamento psicológico? Tem alguma dificuldade em tomar os medicamentos ARV? Como é que toma os medicamentos? Esqueceu de tomar algum medicamento na última semana? Quantas doses? Como faz para se lembrar de tomar os medicamentos? Reveja com o utente a dosagem e horário. 50 Demais Aconselhamento de Seguimento: Após 3 meses em TARV Reforçar as intervenções segundo os problemas de adesão encontrados. Colocar-se a disposição para ajudá-lo nas dificuldades Reforçar a importância de buscar apoio (familiares, amigos e/ou grupos de apoio). Identificar necessidades e encaminhar: Apoio alimentar Assistência jurídica Acompanhamento psicológico Agendar retorno de acordo com a necessidade identificada 51 Monitoria da Adesão Discutir e organizar sistema de monitoria da adesão Envolver todos os membros da equipa Estratégias de identificação de faltosos e busca de casos Registo de informações de não adesão 52 Aconselhamento TARV Aconselhamento TARV (1) O aconselhamento TARV é um processo de: Escuta activa dinâmica Confiança entre profissional e utente O utente recebe ajuda para: Poder tomar decisões Modificar seu comportamento, se necessário 54 Aconselhamento TARV (2) O conselheiro deve Criar uma relação forte com o utente Conversar de maneira aberta sobre preocupações e dificuldades Usar o tempo com os utentes eficientemente para discutir quaisquer problemas estejam a enfrentar 55 Aconselhamento TARV (3) O conselheiro também deve... Ajudar a desenvolver, com o utente, maneiras de superar as dificuldades Ajudar o utente reflectir sobre os seus sentimentos, pensamentos, e as formas de gerirem as suas situações 56 Resumo (1) O que precisam os conselheiros do TARV Ajudar o utente a esclarecer os seus conhecimentos, crenças e valores relacionados com a infecção e o tratamento Ajudar na re-organização da vida diária do utente em torno do tratamento 57 Resumo (2) O que precisam os conselheiros do TARV Para melhorar a adesão, o conselheiro precisa de ajuda do utente para identificar escolhas pessoais em termos de adesão e não- adesão ao TARV Identificar novas necessidades e dificuldades durante o tratamento Ajustar plano de cuidado para nova realidade 58 Resumo (3) O que precisam os conselheiros do TARV Ajudar utente a manter um controlo sobre a sua vida Dificuldades com a família, problemas económicos, vida sexual, desejo de ter filhos O tratamento TARV muda as perspectivas no futuro O conselheiro terá que ajudar a pessoa a re-definir diferentes cenários de vida (pessoais, sociais, afectivos, profissionais). 59 Resumo (4) O que precisam os conselheiros do TARV Avaliar sistematicamente o que significam os efeitos secundários para o utente. Um bom balanço precisa ser feito entre: Informar demais sobre os possíveis efeitos secundários Não informar nada Discutir a questão da construção da qualidade de vida envolvendo a equipa, utente e a família 60