Doença de Parkinson Flávia de Andrade e Souza Mazuchi Doença de Parkinson DEFINIÇÃO: Enfermidade neurodegenerativa progressiva crônica do SN, envolvendo os núcleos da base e resultando em perturbações do tônus, posturas anormais e movimentos involuntários. Doença crônica progressiva do SN, caracterizada pelos sinais cardinais de rigidez, acinesia, bradicinesia, tremor e instabilidade postural. (Sullivan, 2004) Doença de Parkinson • Médico inglês = James Parkinson (1817); EPIDEMIOLOGIA • Surgimento insidioso e progressão lenta; • Paralisia agitante; • Ocorre em cerca de 1% da população acima de 55 anos; • Quanto > a idade - mais comum = 2,6% (na população com ±85 anos); • ↑ da proporção com a população idosa aumentando Doença de Parkinson EPIDEMIOLOGIA • Idade média de surgimento – 58 a 62 anos, mas a maioria surge entre 50 a 79 anos; • Pode ser precoce – antes dos 40 anos; • > em homens. Doença de Parkinson ETIOLOGIA • Termo PARKINSONISMO – usado em referencia a um grupo de distúrbios que produzem anormalidades na função dos núcleos da base (NB); • A doença de Parkinson, ou parkinsonismo primário – Causa mais comum; – Afeta 78% dos pacientes. • O parkinsonismo secundário – Resulta de inumeras causas (distúrbios hereditários e neurodegenerativos adquiridos) • Síndromes parkinsonismo-plus – Condições em que a sintomas de degeneração de múltiplos sistemas. Doença de Parkinson ETIOLOGIA • A doença de Parkinson, ou parkinsonismo primário : – Etiologia idiopática; – Conhecida como DP verdadeira ou paralisia agitante; – Descrita inicialmente como “paralisia com tremor” – James Parkinson (1817); – Dois subgrupos: • Um grupo - sintomas dominantes são instabilidade postural e distúrbios da marcha; • Outro grupo – sintoma principal é o tremor. – esses demonstram menos problemas com bradicinesia ou instabilidade postural. Doença de Parkinson ETIOLOGIA • O parkinsonismo secundário – PARKINSONISMO PÓS-INFECCIOSO – é rara; acomete pessoas com condições encefalíticas (meningite criptocóccica e doença de Jacob-Creutzfeldt); – PARKINSONISMO TÓXICO – exposição a certos venenos industriais e produtos quimicos (manganes, dissulfeto de carbono, monóxido de carbono, cianida, metanol); Doença de Parkinson ETIOLOGIA • O parkinsonismo secundário – PARKINSONISMO FARMACOLÓGICO – disfunção extrapiramidal que se assemelha aos sinais da DP. As drogas interferem nos mecanismos dopadrenérgicos no nível pré ou pós sinápticos. Incluem: • drogas neurolépticas (clorpromazina – Thorazina), haloperidol (Haldol), tioridazina (Mellaril) e tiotixeno (Navane)); • Drogas antidepressivas (amitriptilina (Triavil), amoxapina (Asendin) e trazodona (Desyrel)); • Droga anti-hipertensiva (metildopa (Aldomet) e reserpina) A retirada desses agentes geralmente reverte os sintomas após poucas semanas. – CAUSAS METABÓLICAS – distúrbios do metabolismo do cálcio (calcificação dos núcleos da base), hipotiroidismo, hiperperetiroidismo, hipoparatiroidismo e doença de Wilson (disfunção genética que provoca um acúmulo excessivo de cobre no organismo – afeta cérebro e fígado). Doença de Parkinson ETIOLOGIA • Síndromes parkinsonismo-plus – SÍNDROMES ACINÉTICAS/RIGIDAS COM CARACTERÍSTICAS PARKINSONIANAS – Grupo de doenças neurodegenerativas que podem afetar a subs. Negra (sinais e sintomas = parkinson); – Não apresenta melhora com a administração de medicamentos anti-Parkinson (teste de apomorfina); – Progride com outros sinais neurológicos que o diferem da DP. Doença de Parkinson ETIOLOGIA CAUSAS DO PARKINSONISMO Doença de Parkinson Idiopática drogas Toxinas Tumores cerebrais Trauma Encefalite Doença encefalovascular (estado lacunar) Síndrome acinética/rígida com caracterísícas parkinsonianas Doença de Parkinson FISIOPATOLOGIA • Núcleos da Base (NB) – coleção de massas núcleares de substância cinzenta interligadas, localizadas profundamente no cérebro: – – – – – Caudado striatum Putamen Globo pálido Núcleo subtalamico Substancia negra • Função importante na produção dos movimentos voluntários e controle dos ajustes posturais associados com movimentos voluntários. Doença de Parkinson FISIOPATOLOGIA • CIRCUITO BÁSICO DO CORPO ESTRIADO – circuito em alça córticoestriado-tálamo-cortical + Caudado e Putamen Córtex cerebral - + Tálamo Globo pálido - Trato córtico-espinal GABA = ácido γ aminobutírico Doença de Parkinson FISIOPATOLOGIA • CIRCUITOS SUBSIDIÁRIOS DO CORPO ESTRIADO – – Circuito nigro-estriato-nigral – Circuito pálido-subtálamo-palidal Córtex cerebral + Tálamo Caudado e Putamen + - Globo pálido Substância negra Trato córtico-espinal - + Núcleo subtalamico Doença de Parkinson FISIOPATOLOGIA A dopamina (proveniente da subst. negra) afeta as vias estriatais ↓ a inibição dos neuronios talamocorticais e facilitam os movimentos iniciados pelo comando cortical. Doença de Parkinson FISIOPATOLOGIA Lesão dos NB hipercinéticos movimentos excessivos ou anormais: •Coréia; •Discinesias; •Distonias. Distúrbios motores hipocinéticos Movimentos lentos ou falta de movimento: •Acinesia; •Bradicinesia. Doença de Parkinson FISIOPATOLOGIA Doença de Parkinson Degeneração dos neurônios dopaminérgicos (que produzem a dopamina) – na subst. negra = ↓ a produção de dopamina depleção de dopamina no estriado leva a dificuldade de movimento atividade nos núcleos de saída ↑, consequentemente ↑ a inibição dos neurônios talamocorticais que normalmente facilitam a iniciação do movimento Doença de Parkinson Doença de Parkinson Doença de Parkinson MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • RIGIDEZ: resistencia ao movimento passivo (não depende da velocidade) = espasticidade plástica; – Desigual: músculos proximais (ombros e pescoço) para distais (face e membros) Roda denteada – resitencia brusca 2 tipos de rigidez Rigidez em cano de chumbo – resistencia constante Doença de Parkinson MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • ACINESIA E BRADICINESIA: – ACINESIA = dificuldade de iniciar movimento (pode haver congelamento); • Representa déficit na fase preparatória do controle de movimento – BRADICINESIA = lentidão e dificuldade para manter o movimento • HIPOCINESIA = redução na velocidade, alcance e amplitude – MICROGRAFIA = escrita menor, não dá para ser lida. Doença de Parkinson MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • TREMOR: – Sintoma inicial e ocorre em 50% dos pacientes; – Tremor de repouso (desaparece ao movimento voluntário); – Manifesta tremor de movimentos circulares do indicador e do polegar; – Pode apresentar tremor de pés, lábios, língua e mandíbula; – Pode apresentar tremor postural (diminui pelo esforço voluntário e desaparece durante o sono); – Nos estágios iniciais o tremor é unilateral e leve e em estágios mais avançados é grave e impede funcionalidade. Doença de Parkinson MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS • INSTABILIDADE POSTURAL: – Anormalidade postural e equilibrio; – Base de apoio se estreita; – Fraqueza dos músculos extensores e adoção de postura fletida. Doença de Parkinson COMPLICAÇÕES E COMPROMETIMENTOS INDIRETOS • Pobreza de movimento – diminuição dos graus de liberdade; • Fadiga – muito comum; • Características faciais – face em máscara; • Alterações musculoesqueléticas – perda de força e flexibilidade (encurtamentos e cifose, escoliose); • Distúrbios da marcha – marcha festinada, marcha propulsiva, marcha retropulsivas; Doença de Parkinson COMPLICAÇÕES E COMPROMETIMENTOS INDIRETOS • Disfunção de deglutição e comunicação; – Difagia; – Sialorréia; – Disartria hipocinética (redução do volume de voz, fala monotona, articulação imprecisa ou distorcida); – Mutismo. • Distúrbios visuais e sensoriomotores • Disfunção cognitiva e comportamental – demencia e bradifrenia (lentidão de pensamento); • Disfunção autonomica – anormalidade termorreguladora; Doença de Parkinson COMPLICAÇÕES E COMPROMETIMENTOS INDIRETOS • Disfunção cardiopulmonar – Hipotensão ortostática; – Alterações circulatórias nos MMII – estagnação venosa; – Descondicionamento cardiopulmonar; Doença de Parkinson DIAGNÓSTICO • Difícil obter precocemente; • História e exame clínico; – Amostras da escrita à mão; – Análise da fala; – Perguntas sobre desenvolvimento da sintomatologia (detectar 1ª manifestações da doença): • Pelo menos 2 dos 4 sinais cardinais Doença de Parkinson DIAGNÓSTICO • História e exame clínico; – Excluir Parkinson-plus; – Presença de sinais extrapiramidais • Simétricos bilaterais • Não respondem a L-dopa e agonistas de dopamina. – Testes laboratoriais e procedimentos de neuroimagem – normais. Doença de Parkinson CURSO DA DOENÇA • Lentamente progressiva (geralmente) – 20 a 30 anos de período subclínico; • Antes da L-dopa – 28% ficavam gravemente incapacitados (dependentes); • Tremor predominante (surgimento precoce da doença) – menor comprometimento funcional e progressão benigna; • Instabilidade postural e transtornos da marcha – pior funcionalmente e prognóstico ruim. Doença de Parkinson CURSO DA DOENÇA • Estadiamento – estima gravidade e estágios da doença – ESCALA DE CLASSIFICAÇÃO DE INCAPACIDADE DE HOEHN-YAHR: ESTÁGIO CARÁTER DA INCAPACIDADE I Mínima ou ausente; Se presente, unilateral II Envolvimento mínimo bilateral ou da linha média. Equilíbrio não comprometido. III Reflexos de endireitamento comprometidos. Instabilidade ao virar ou levantar da cadeira Algumas atividades são restritas, mas o paciente pode viver independentemente e continuar em algumas formas de profissão. IV Todos os sintomas presentes e graves Ficar em pé e andar é possível somente com assistencia. V Confinado ao leito ou à cadeira de rodas. Doença de Parkinson TRATAMENTO MÉDICO • Terapia sintomática e individualizada; • Considerar o tratamento nutricional; • TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – Dividido em: • Terapia protetora – no início; • Tratamento sintomático – estágios médio e tardio. Doença de Parkinson TRATAMENTO MÉDICO • TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Classe da droga Exemplo Efeitos colaterais Anticolinérgicas (moderar o tremor) Triexifenidil Boca seca, tontura, embaçamento da visão Bentropin Taquicardia, boca seca, náusea, vômito , confusão Reposição de dopamina Levodopa /carbidopa (Sinemet) (Sinemet CR) Distonia Movimentos involuntários Náuseas, vômikto Confusão Agonistas de dopamina Pergolida Nervosismo, discinesia, insonia, alucinações, náusea, confusão Amantadina (melhora notremor, rigidez e bradiscinesia) – usada quando L-dopa não faz tanto efeito – fase tardia) Bromocriptina Náusea, cefaléia, tontura, fadiga, cãibras/constipação, confusão, fibrose pulmonar/peritoneal MAOI –B (inibidor da monamina oxidase-B) – retarda o ínicio da introdução da L-dopa) Selegilina Náuseas, sonhos, alucinações, confusão, discinesias. Doença de Parkinson TRATAMENTO MÉDICO • TRATAMENTO FARMACOLÓGICO – Levodopa (L-dopa) – é o fundamento para a terapia da DP: • Precursor da dopamina – cruza a barreira hematoencefálica; – ↑ nível de dopamina estriatal nos NB; • Tentativa de corrigir o desequilíbrio neuroquímico; • Fenomeno “on-off” – para o uso maior de 2 anos – flutuações – “off” = imobilidade Doença de Parkinson TRATAMENTO CIRURGICO • Palidotomia: – Lesão cirurgica nos NB (globo pálido interno) – reduz a atividade inibitória excessiva que resulta na hipoatividade talamica. • Talotomia: – Lesão destrutiva no tálamo – reduz tremor contralateral; • Estimulação Cerebral Profunda (ECP) – implante de eletrodos no cérebro (tálamo) Doença de Parkinson • Inserção de eletrodo definitivo ou marca-passo. – utilizado para redução do tremor. Doença de Parkinson TRATAMENTO CIRURGICO • TRANSPLANTE de células capazes de emitir dopamina dentro do estriado: – Experimentação; – Células tronco. Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • Redução das limitações funcionais e incapacidades, promoção de saúde; • Qualidade de vida – equipe multidisciplinar; • Deve seguir a progressão da doença; Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • AVALIAÇÃO: – Cognição; – Atividade afetiva e psicossocial; – Integridade sensorial; – Dor; – Função visual; – ADM; – Postura; – Desempenho muscular; – Função motora; – Bradicinesia; – – – – – – – – Tremor; Instabilidade postural Marcha Disfagia e comprometimento da fala; Alterações autonômicas; Resistencia cardiorrespiratória; Integridade da condição de pele; Estado funcional Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • OBJETIVOS E RESULTDOS ALMEJADOS: – ↑ da habilidade para realizar AVD’s e AIVD’s; – ↓ incapacidades da DP; – ↓ dos riscos de comprometimentos secundários – Manutenção da integridade e mobilidade articular; – ↑ da força, e resistencia física; – Melhora do controle postural e função motora; – Melhora da marcha e equilíbrio. Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • INTERVENÇÕES: – Exercícios de relaxamento; – Exercícios de flexibilidade; – Exercícios de mobilidade; – Atividades de equilíbrio; – Treino de marcha; – Estratégias de aprendizado motor; – Aptidõesfuncionais; Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • INTERVENÇÕES: – Exercícios respiratórios – Condicionamento aeróbio; – Exercícios em grupo e em casa; – Educação do paciente e da família. Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO EM CADA ESTÁGIO DA DOENÇA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO ESTÁGIO INICIAL INICIAL MÉDIO CARACTERÍSTICAS Completamente funcional Pode ter tremor unilateral, rigidez Sintomas bilaterais, bradicinesia, rigidez AGENTES FARMACOLÓGICOS Anticolinérgicos (tremor) Selegilina (possível neuroproteção) Levodopa / carbidopa Selegilina FÍSICOS PSICOSSOCIAIS Programas de exercícios preventivos Informações educacionais Programas de exercíicio corretivos Aconselhamento Grupo de suporte Monitoração da depressão Doença de Parkinson TRATAMENTO DE REABILITAÇÃO • CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO EM CADA ESTÁGIO DA DOENÇA: CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO ESTÁGIO CARACTERÍSTICAS AGENTES FARMACOLÓGICOS FÍSICOS PSICOSSOCIAIS AVANÇADO MÉDIO Todos os sintomas pioram porém é independente nas AVD’s Pode precisar de pequena assistencia Problemas de equilíbrio Levodopa / carbidopa Agonistas de dopamina Selegilina Antidepressivos Exerc compensatórios e corretivos Fonaldiologia Terapia ocupacional Problemas para o atendente (medicamentos e mobilidade) Monitoração para demencia Levodopa / carbidopa Agonista de dopamina Antidepressivos Exerc compensatórios Preocupações com dieta Cuidados: pele, higiene Função pulm Demencia e depressão AVANÇADO Gravemente incapacitado, comprometido Dependente nas AVD’s