Nut. Nara Lúcia Andrade Lopes EMTN Hospital Copa - SBNPE-RJ

Propaganda
Nut. Nara Lúcia Andrade Lopes
EMTN Hospital Copa D'Or; Presidente do Comitê de Nutrição SBNPE-RJ; Especialista TN
pela SBNPE ; Docente do curso de Pós-graduação de TNP e TNE da SCM-RJ
A prevalência da desnutrição no ambiente hospitalar é elevada. O IBRANUTRI, estudo
brasileiro publicado em 1999, demonstrou que aproximadamente 50% dos pacientes
internados em hospitais do SUS evidenciavam algum grau de desnutrição, sendo que desses,
14,7%
apresentavam desnutrição grave. O ELAN, estudo publicado em 2003, que avaliou a
desnutrição nos hospitais da América Latina, identificou 37,6% dos pacientes
internados com desnutrição moderada e 12,6% com desnutrição grave.
Entre as complicações relacionadas à desnutrição destaca-se a dificuldade na cicatrização
das feridas. Em 2005 Thompson apresentou os fatores não relacionados com o estado
nutricional, que também podem interferir no processo de cicatrização:
_ Idade avançada
_ Temperatura do ambiente > 30º
_ Anti-inflamatórios
_ Quimioterapia
_ Doença crônica
_ Curativos
_ Corpo estranho na ferida
_ Hipóxia
_ Incontinência de esfíncteres
_ Restrição ao leito
_ Distúrbios metabólicos
_ Tecido necrótico na ferida
_ Radioterapia
_ Sepse
_ Técnica cirúrgica inadequada
_ Câncer
Vários estudos sugerem haver uma correlação positiva entre a desnutrição e o risco do
desenvolvimento de úlceras de pressão, que são lesões cutâneas desenvolvendo-se em áreas
de proeminências ósseas. São provocadas pela constante ação da pressão, do cisalhamento, da
fricção ou da combinação desses três fatores.
Um levantamento realizado por Meehan (1994), observou a prevalência de 11,1% das úlceras
de pressão dentre os pacientes avaliados em 177 hospitais. Brandeis (1990) em uma análise
prospectiva feita com 20 mil idosos admitidos em empresas de assistência domiciliar, mostrou
que 17,4% já apresentavam úlceras de pressão na admissão e estes apresentaram a taxa de
mortalidade 88,1% maior que os pacientes sem úlceras.
Segundo Horn (2004), a associação da perda da massa corporal magra, das alterações da
capacidade funcional e conseqüentemente a maior restrição ao leito, além da redução do
panículo adiposo comprometendo a integridade da pele, associados à resposta imunológica
alterada, aumentam em 74% o risco do aparecimento de úlceras de pressão.
Uma revisão feita pelo National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP), dos artigos
publicados entre 1990 e 2000, mostrou a incidência de úlcera de pressão de 0,4 à 38% em
pacientes críticos, 2,2 à 23,9% em pacientes hospitalizados por longo tempo e restritos ao
leito, e à 17% em pacientes sob cuidados domiciliares. A incidência de úlceras de pressão
em idosos com fratura de fêmur pode chegar a 66%.
Esses dados refletem a magnitude do problema, que atinge tanto pacientes hospitalizados
como
domiciliares, trazendo dor e sofrimento aos pacientes e seus familiares, além da piora da
qualidade de vida, o aumento do tempo de internação, o aumento das taxas de mortalidade e
morbidade e, consequentemente o aumento dos custos do tratamento.
Após a avaliação do estado nutricional, é fundamental estabelecer as estratégias
terapêuticas de acordo com a classificação do estado nutricional e/ou estágio da úlcera de
pressão. O tratamento deve envolver os profissionais treinados, para que os cuidados sejam
rigorosamente aplicados: a mobilização regular do decúbito, a utilização de colchões
especiais, o tratamento tópico (curativo), a utilização de drogas que podem interferir na
cicatrização (corticóides) e a terapia nutricional adequada .
Thompson (2005) considerou como objetivos da intervenção nutricional aos pacientes com
úlcera de pressão: facilitar a cicatrização das úlceras, reduzir o risco de infecções,
manter ou repor os estoques de nutrientes e garantir a tolerância ao regime nutricional
escolhido. Dessa forma deve-se propor:
_ Prover a quantidade de energia adequada para maximizar a retenção de nitrogênio e
facilitar a cicatrização da úlcera;
_ Prover a quantidade adequada de proteína para favorecer o balanço nitrogenado positivo;
_ Fornecer 100% da RDA ou a ingestão adequada de vitaminas e minerais diariamente;
_ Tratar as deficiências, confirmadas ou suspeitadas, de vitaminas e minerais, especialmente
as vitaminas A e C, e o zinco;
_ Monitorar a administração dos nutrientes para evitar os excessos ou as deficiências;
_ Manter o estado de hidratação e de perfusão tecidual adequados para a cicatrização dos
tecidos;
_ Manter o controle glicêmico adequado;
_ Monitorar a adequação da ingestão dos nutrientes;
_ Ajustar o plano de cuidados nutricionais à necessidade do paciente, para obter os
resultados esperados.
A Terapia Nutricional desempenha um papel fundamental no processo de cicatrização das
feridas, tendo cada nutriente sua função específica.
Portanto o acompanhamento pela Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional, aos
pacientes em riscos nutricionais ou desnutridos, com ou sem a presença de úlceras de pressão
, é de grande importância para a melhora da qualidade de vida desses pacientes, minimizando
o tempo de internação e conseqüentemente a redução do custo dessas internações.
Download