UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO. CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CRISTINE FURSEL ROCHA O TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A ECONOMIA IJUÍ 2015 CRISTINE FURSEL ROCHA O TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL E SUA IMPORTÂNCIA PARA A ECONOMIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentadoao Curso de Ciências Econômicas do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação – DACEC, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI, na disciplina de Monografia II no 1º semestre de 2015, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas. Orientador: Professor Mestre José Valdemir Munchen IJUÍ 2015 Dedico este trabalho a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que ele se realizasse, principalmente minha mãe, irmãos. AGRADECIMENTOS Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ao longo de minha vida, е não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer. A esta universidade, seu corpo docente, direção е administração que oportunizaram а janela que hoje vislumbro um horizonte superior. Agradeço ao meu orientador Professor Mestre José Valdemir Munchen, pela compreensão e colaboração na execução desde trabalho. Agradeço а minha mãe Sueli Maria Fursel, heroína que me deu apoio e incentivo nas horas difíceis. Agradeço aos meus irmãos, que me ajudaram sempre que possível. A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito obrigado. RESUMO O Brasil possui uma diversificada rede de sistemas de transporte, que contribui com o desenvolvimento econômico e com a integraçãodo país, os modais de transporte aéreo, aquaviário, ferroviário e rodoviário se complementam, permitindo o escoamento de produtos entre as regiões. Cada um desses modais apresentam vantagens e desvantagem, sendo possível escolher o mais rentável conforme as necessidades. O modal de transporte rodoviário tem grande destaque na matriz de transporte brasileira, com importante contribuição para o crescimento do país e desenvolvimento econômico. No entanto, possui alguns problemas que prejudicam o desenvolvimento, sendo necessários investimentos estratégicos, entre eles, para melhorar a condição das rodovias e reduzir os roubos de cargas. O Transporte é um dos principais fatores de produção na economia. O principal modal para escoamento da produção é o rodoviário, mas observa-se um crescimento na escolha de outros modais. Entretanto, assim como no caso do modal rodoviário, o setor como um todo é prejudicado pela falta de investimentos. O custo do transporte é parte fundamental na formação do preço dos bens, por isso a baixa qualidade da infraestrutura de transporte impacta diretamente na sociedade de forma geral. O país necessita de investimentos constantes no setor, a fim de se adequar a oferta de transporte e as demandas previstas. Palavras-chave:Transporte; Logística; Investimento; Infraestrutura. ABSTRACT Brazil have a diverse transport system web, which contributes with the economic development and country union. Air, water, rail and road transport means complements themselves, allowing the production flow between regions. Each one of those means provide both benefits and harm, making possible to choose the one profitable according to ones need. The road type of transport has a big distinction in the Brazilian transport matrix, with important contribution to the growth and economic development. Nonetheless, have some development prejudicial problems, making strategic investments necessary between them, to improve the road conditions and reduce shipment theft. Transportation is one of the main production instruments in economy. The leading mean for flow production is the road one, but it is notable a growth at the choice of other means. Though, as road transportation, the entire department is prejudiced for the lack of investment. The transport cost is a fundamental part on the shaping of the goods price, that explains the low quality of the transport infrastructure directly affecting the whole society. The Country needs constant investment on the sector, in order to suit the transport offer and provided demands. Key-words:Transport; Logistics; Investment; Infrastructure. LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Matriz do transporte de carga - movimentação anual....................................20 Tabela 2 - Malha rodoviária - extensão em km...............................................................29 Tabela 3 - Extensão da malha rodoviária federal pavimentada por região - 2004 e 2014.................................................................................................................................37 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do Modal Rodoviário.........................................30 Quadro 2 - Vantagens e desvantagens do Modal Aquariário..........................................31 Quadro 3 - Vantagens e desvantagens do Modal Ferroviário.........................................32 Quadro 4 - Vantagens e desvantagens do Modal Aeroviário..........................................32 Quadro 5 - A cadeia produtiva no âmbito da Logística...................................................48 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Variação real do PIB agregado e do PIB de transporte.................................34 Gráfico 2 - Evolução da extensão das rodovias federais pavimentadas no Brasil de 2001 a 2014..............................................................................................................................36 Gráfico 3 - Densidade da malha rodoviária pavimentada por país..................................37 Gráfico 4 - Ranking de qualidade das rodovias dos países da América do Sul 2014.....38 Gráfico 5 - Custos de Transporte em relação ao PIB......................................................44 Gráfico 6 - Evolução Real da Produtividade do Trabalho - Setor de Serviços Numero Índice - Brasil 2005 a 2014..............................................................................................45 Gráfico 7 - Evolução da Produtividade do Trabalho - Países Selecionados - 2005 a 2013.................................................................................................................................46 Gráfico 8 - Ranking de competitividade para a qualidade da infraestrutura na America Latina...............................................................................................................................50 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................................10 1 TRANSPORTE NO BRASIL......................................................................................12 1.1 Histórico.................................................................................................................12 2 CARACTERIZAÇÃO DOS MODAIS DE TRANSPORTE.......................................20 2.1 Transporte Aéreo....................................................................................................21 2.2 Transporte Ferroviário............................................................................................22 2.3 Transporte Aquaviário............................................................................................24 2.3.1 Transporte Hidroviário...............................................................................26 2.3.2 Transporte Marítimo...................................................................................27 2.4 Transporte Rodoviário............................................................................................28 2.5 Vantagens e Desvantagens dos Modais de Transporte..........................................30 3 ANALISE DEASPECTOSRELEVANTES DOTRANSPORTE RODOVIÁRIO...33 3.1 Diagnostico Socioeconômico.................................................................................33 3.2 Condição das Rodovias..........................................................................................36 3.3 Roubo de Cargas....................................................................................................39 3.4 Aumento no valor do Combustível........................................................................41 4 IMPORTÂNCIA DO SETOR DE TRANSPORTE PARA A ECONOMIA...............42 4.1 Eficiência do Setor de Transporte e Logística........................................................44 4.2 Desempenho do Sistema de Transporte.................................................................47 4.3 Situação Atual dos Modais de Transporte..............................................................53 4.4 Perspectivas Futuras para o Setor de Transporte no Brasil....................................63 CONSIDERAÇÕES FINAIS..........................................................................................65 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................................67 ANEXOS.........................................................................................................................71 INTRODUÇÃO O desenvolvimento sustentável do país, no sentindo econômico, social e ambiental, depende de um sistema de transporte mais produtivo e com maior qualidade. O aumento do desempenho do transporte, no sistema como um todo ou por modais, necessita de regular revisão da infraestrutura, tornando-as mais apropriadas para as novas demandas. Diante disso, neste Trabalho de Conclusão de Curso (Monografia), será abordada a estrutura do setor de transporte e sua importância para a economia, procurando identificar as dificuldades do setor e apontar alternativas que poderiam potencializar o desenvolvimento do setor de transporte no Brasil. Buscou-se realizar um diagnóstico, apresentar a caracterização do setor de transportes e o estudo da eficiência econômica a partir de suas potencialidades, a fim de apresentar sugestões que possibilitem manter e melhorar a eficiência e rentabilidade desta atividade. Tem-se o objetivo de analisar a importância do sistema de transporte para o desenvolvimento econômico brasileiro, bem como compreender a estrutura do setor, analisar as principais características, verificar a eficiência do modal rodoviário e identificar a situação atual dos modais de transporte e alternativas para melhorar a infraestrutura. Esta pesquisaclassificasse como descritiva, pois estuda a realidade do setor de transporte e sua importância para economia, avaliando através dos dados coletados a realidade de cada modalidade. Através de uma pesquisa bibliográfica, que possibilitou a obtenção de dados referentes à infraestrutura dos transportes e a sua relação com a economia. A pesquisa foi realizada em livros, revistas, trabalhos acadêmicos, sites especializados, órgãos governamentais e artigos publicados com dados relativos ao assunto. Com isso, pretende-se identificar a atual situação do setor de transporte, analisando cada modalidade individualmente. O primeiro capítulo estuda o histórico do transporte no Brasil, buscando o entendimento quanto à formação atual do setor. O segundo capítulo apresenta a caracterização dos diferentes modais, com um estudo individual de cada modalidade, aéreo, ferroviário, aquaviário e rodoviário, apresentando também as principais vantagens e desvantagens. O terceiro capítulo aborda a analise de aspectos relevantes do transporte rodoviário, através de um diagnostico socioeconômico, buscando identificar as principais adversidades desse modal de transporte. O quarto capítulo apresenta a importância do setor de transporte para a economia, com um estudo sobre o desempenho, situação atual e eficiência dos modais de transporte. Por fim, apresentam-se as considerações finais. 12 1 TRANSPORTE NO BRASIL O Conhecimento da história dos transportes no Brasil possibilita a compreensão das origens e do desenvolvimento do setor. O transporte está diretamente ligado às diversas atividades econômicas, contribuindo para o desenvolvimento das cidades, regiões e do país. 1.1 Histórico No Brasil, o modelo de transportes utilizado é resposta do processo de colonização do país, onde a Europa determinava o seu desenvolvimento. Inicialmente, o transporte estava direcionado ao modal marítimo, que exportava os produtos primários da colônia. Em seguida, para impulsionar o modelo econômico exportador, foram construídas as primeiras ferrovias, que no Brasil tinham o único propósito de escoar produtos primários, essencialmente o café, diferente do sistema desenvolvido utilizado na Europa. Desta forma, o sistema ferroviário ficou desarticulado e voltado para os portos (BARAT, 1978 apud SCHMIDT, 2011). A partir da década de 1940, se aprofundou no Brasil o processo de industrialização, no momento em que o transporte ferroviário já declinava no mundo e a indústria automobilística ampliava seu poder e por isso tornava-se mais acessível, contribuindo com a formação da atual matriz de transporte do Brasil. Com efeito, desse processo, o transporte marítimo também passa a perder a disputa para o rodoviário, até nos deslocamentos longitudinais, próximos ao mar (SILVA JUNIOR, 2004 apud SCHMIDT, 2011). O sucateamento do sistema ferroviário apresentou um ritmo de modernização bastante lento, mesmo com os investimentos recebidos, o que aconteceu também ao setor portuário, que sofreu uma estagnação em função da legislação vigente que desestimulava inovações. Por essas razões, o Brasil passou por um período de grande crescimento industrial que se estendeu do pós Segunda Guerra até 1980, seguido pelo crescimento da infraestrutura rodoviária e do predomínio do transporte de mercadorias em caminhões (ANDREAZZA, 1981 apud SCHMIDT, 2011). 13 Os transportes ferroviários e aquaviários, após a Segunda Guerra, entram em declínio devido à escassez de investimentos, e o principal sistema brasileiro passou a ser orodoviário, associado ao privilégio da flexibilidade, atraindo fretes de cargas em geral, atendendo ao mercado interno que se encontrava em crescimento (BARAT, 1978 apud SCHMIDT, 2011). A consolidação do modal rodoviário como sistema preferencial de transporte, teve como determinante o seu custo de implantação por quilometro, e por ser o sistema que possibilita uma ampliação gradual de capacidade, atendendo a demanda conforme se apresenta. Mecanismos institucionais como a criação do Fundo Rodoviário Nacional - (FRN), firmaram o ritmo acelerado de crescimento da infraestrutura rodoviária no Brasil (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). Por isso, no período de 1950 a 1970, o sistema rodoviário teve um papel fundamental no crescimento econômico, momento em que foram efetuados grandes investimentos no setor. Influenciando a localização de atividades industriais, agrícolas e extrativas, um fator importante para o crescimento de uma região é o investimento em transporte. Apesar dos vários aspectos positivos, agrega um custo de tonelada transportada por quilometro percorrido mais elevado, e por trás desse crescimento incentivado, esta a indústria automobilística e de derivados de petróleo, que representavam parte importante da estratégia de crescimento na política econômica nacional, e estavam em processo de expansão com desenvolvimento de produtos que atendiam as necessidades de transportes em maior quantidade de carga com distâncias maiores (BARAT, 2007a apud SCHMIDT, 2011). A utilização de dois ou mais modais no transporte de mercadorias de modo complementar, diminui custos e perdas (BARAT, 2007b apud SCHMIDT, 2011). A concorrência e a desunião entre os modais é o grande problema desse setor. O Brasil gasta 20% por ano do PIB em logística, custo 50% maior que nos EUA. É essencial comandar todos os modais de transporte para existir uma estrutura logística, principalmente para conter custos e ampliar a eficiência logística (CNT, 2005). A importância do sistema de transporte no mundo se traduz em seu resultado e eficiência, pois é por ele que produtos essenciais chegam às mãos de seus 14 consumidores. Uma nação ficaria paralisada se houvesse bloqueio de seu sistema de transporte (TRANSPORTE, 2008 apud SCHMIDT, 2011). O transporte rodoviário encarece a produção de algumas mercadorias como o açúcar, milho, trigo, soja, minérios, adubo, cimento, combustíveis e café, nos deslocamentos de longa distância comparados aos modais ferroviário e hidroviário. Por outro lado, produtos como autopeças, confecções, eletroeletrônicos, papelaria, informática, alimentícios, industrializados, utilidades domesticas, medicamentos e cosméticos, o aumento de custo é relativo, uma vez que estes produtos demandam partidas constantes e fracionadas, que o transporte ferroviário e aquaviário não podemoferecer. Com o uso da intermodalidade ou da multimodalidade, esses aspectos poderiam ser solucionados através da reestruturação logística (ANDREZZA, 1981 apud SCHMIDT, 2011). A importância dos transportes para o desenvolvimento de uma nação constata-se através de características que demonstram o quanto dependente é desse segmento, ao exemplo de um segmento industrial, se para por algum tempo, a população se manterá com os estoques existentes, do mesmo modo, se algum setor de comercio entrar em crise, as pessoas poderão tratar diretamente com os produtores, mas se o setor de transportes parar, as mercadorias não poderão chegar até os consumidores, contudo, o transporte é um meio fundamental para qualquer economia (MELLO, 1984 apud SCHMIDT, 2011). O sistema de transporte também é um impulsionador da indústria, visto que sua configuração conta com veículos, navios, aviões, tubulações, portos, estradas, entre outros, que constituem toda uma cadeia de produção, gerando milhões de postos de trabalhos industriais, comerciais e de serviço. Sistema que realizando sua função de deslocar pessoas e mercadorias de um lugar a outro, corrige suas falhas, ajusta seus custos, buscando aperfeiçoamentos tecnológicos, de métodos e sistemas, para atender eficazmente sua demanda. (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). A economia depende da circulação de mercadorias e pessoas. Em países desenvolvidos, o setor de serviços, é geralmente prevalecente tanto sobre o industrial, quanto sobre o setor de exploração de recursos naturais, isto é, o setor terciário se sobrepõe ao primário e secundário. Refere-se a um dos mais importantes fatores de progresso humano, dado que quanto mais desenvolvido for seu sistema de circulação de 15 pessoas e mercadorias, mais desenvolvida será sua economia (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). As rodovias, ferrovias e vias navegáveis alem de servirem para a interligação entre as diversas regiões de um país, ainda compõe o meio de colonização e integração de diversas localidades com a comunidade nacional, proporcionando benefícios e evolução à nação, transformando-se em um elemento de integração nacional (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). Até a década de 70, o sistema de transporte terrestre apresentava-se bastante precário, não existindo ligações entre os locais de remessa e consumo das mercadorias, por isso, cerca de 90% do comercio existente entre os países sul-americanos adotaram a via marítima. Porem, o sistema naval não se desenvolveu satisfatoriamente, conservando entraves prejudiciais ao desenvolvimento, como o tempo nos processos de carga e descarga, as inspeções em demasia e a documentação exigida pelos órgãos responsáveis (ANDREAZZA, 1972 apud SCHMIDT, 2011). O rigor no transporte, e problemas que encarecem o serviço, como, roubos de mercadoria nos portos e nos navios, taxas e despesas exageradas, demora exorbitante nos portos em decorrência de falta de equipamentos ou equipamentos impróprios, além do excedente de burocracia, de perdas, destruição e danos de qualquer natureza nos produtos transportados, são problemas apresentados pela cabotagem¹ (BARAT, 2007c apud SCHMIDT, 2011). Após a segunda guerra, a navegação não foi capaz de disputar com o transporte rodoviário. Embora os investimentos recebidos no período colonial e a necessidade do transporte envolver o deslocamento de mercadorias dos grandes centros urbanos eindustriais localizados no litoral ou próximo dele o transporte marítimo não desempenhoupapel considerável no processo de industrialização do Brasil (BARAT, 2007c apud SCHMIDT, 2011). _____________________________ ¹ Transporte por vias aquáticas onde os deslocamentos se dão entre os portos marítimos de um mesmo país, ou entre estes e seus portos fluviais. 16 Em decorrência da crise do petróleo entre 1970 e 1980, o governo investiu na malha ferroviária sem que atingisse resultados relevantes em ganho de produtividade e eficiência. Não atendendo adequadamente a demanda existente, de modo a ajudar com a redução dos custos das mercadorias e fazer com que elas cheguem a todos os pontos de consumo. Entretanto, nos 30 anos que se seguiram a década de 1970, o sistema RFFSA alcançou densidades de trafego superiores a de países industrializados da Europa, isto é, a ineficácia, o elevado custo e a baixa produtividade do sistema não foram causados pelo pouco uso, nem pelo baixo nível de investimento, mas por imperfeições estruturais e falha de planejamento (BARAT, 2007c apud SCHMIDT, 2011). A história do desenvolvimento ferroviário de cada país evidencia as necessidades econômicas, o pensamento político da administração e a idealização nacional referente aos transportes (ANDREAZZA, 1972 apud SCHMIDT, 2011). Entre os impasses do sistema ferroviário nacional, o que não se limita apenas ao Brasil, encontrasse os déficits crônicos das ferrovias que alem de incorporar recursos que poderiam ser usados na melhoria do setor de serviços e nos fundos de reposição do capital de financiamento, impossibilitam novos investimentos na ampliação e aperfeiçoamento da malha ferroviária, tal como em outros setores da economia, para seremdesviados a titulo de subvenções para quitação desses déficits que compõe a efetiva causa de subcaptalização em economias cujo principal problema econômico é a formação de capital, fundamental para a vitória na batalha desenvolvimentista (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). O transporte de mercadorias por caminhões entre 1945 e 1980 esteve em ascendência a os motivos principais para este crescimento foram atribuídas inicialmente ao objetivo exportador do modal ferroviário. Seguidamente, devido a sua degradação em função de poucos investimentos, associado à baixa produtividade dos portos que foi provocada, entre outras, pela legislação desestimuladora que os cercava no sentido de não encorajar as inovações necessárias em organização e tecnologia, impossibilitando a competitividade, intensificou a escolha pelo transporte rodoviário (SILVEIRA, 2006 apud SCHMIDT, 2011). No entanto, outros fatores, considerados pela literatura como de menor relevância, viabilizam o crescimento acelerado do modal rodoviário: reduzido custo de implantação por quilômetro, prazo de maturação e prazo de retorno dos investimentos menores, adaptação gradual das estradas conforme as exigências da demanda e maior 17 agilidade de atendimento dos fluxos duplos de mercadorias territorialmente afastados (BARAT, 2007c apud SCHMIDT, 2011). Para um crescimento logístico competitivo a multimodalidade é fundamental. Um país consegue se desenvolver sem o transporte naval e até sem o ferroviário, mas não há como promover o desenvolvimento interior sem as rodovias. A coragem de caminhoneiros que muito enfrentaram no passado e enfrentam ainda hoje, quilômetros de estradas de terra em péssimos estados para se trafegar (SCHMIDT, 2011). Por diversas vezes, procura-se encontrar soluções prontas em países desenvolvidos, importando procedimentos, equipamentos e conhecimentos, pois o processo de globalização faz com que problemas e soluções migrem entre as nações, mas essas soluções nem sempre são adequadas à realidade do país. Nessa comparação de eficiência, é normal considerar o modal rodoviário como o mais caro e menos apropriado ao Brasil em razão de suas dimensões. Mas, recorda-se que a consolidação do processo de integração econômica da Europa baseou-se fortemente no transporte rodoviário, precisamente por sua flexibilidade e maior variedade de pares de origem e destino, representando 72,6% do total transportado em 2004, segundo dados da Oraganization for EconomicCooperationandDevelopment (OECD) (BATISTA; PAVAN, 2007 apud SCHMIDT, 2011). Um sistema eficiente e empresas nacionais estáveis são significativos para gerar vantagens competitivas e maior força de troca nas negociações internacionais. Mas, o falho desempenho da navegação aliado à baixa produtividade do sistema ferroviário e ao abandono do rodoviário, deixou o Brasil desamparado em termos de logística no contexto mundial, dado que, com o processo de globalização, a logística e o transporte operam como fatores decisivos nas trocas internacionais e no acumulo de valor as cadeias produtivas nacionais (BARAT, 2007b apud SCHMIDT, 2011). O sistema de transporte eficiente possibilita a produção em larga escala para extensos mercados e viabiliza maior racionalidade produtiva, ao apontar um maior mercado potencial, oportunizando uma produção em escala compatível com a produção mais eficiente economicamente, destacam Fair e Williams (1959). Sem a expectativa de uma demanda maior essa situação não seria possível. O que nos remete ao conceito de economia de escala, dado que a redução do custo unitário é resultante da produção em grande escala, causando uma divisão dos custos fixos sobre uma quantidade maior de unidades (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). 18 No comércio, o transporte esta vinculado ao escoamento da produção. A circulação de mercadorias tem no transporte uma dependência total, as leva do produtor ao consumidor, passando por um ou vários intermediários. A ampliação do comercio depende da agilidade no acesso da produção ao mercado consumidor, por isso, quanto maior a eficiência do sistema de transporte, maior a chance do comercio se expandir (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). A importância do sistema de transportes se potencializa, quando,em lugares onde a distancia que separa o local de produção, do mercado consumidor é bastante grande, visto que o custo representa ao custo do produto uma agregação de valor proporcional a distancia. Fazendo com que a produção seja determinada, entre outros, pela capacidade e custo de escoamento, existindo um sistema de escoamento eficaz, existira incentivo para o aumento da produção e mais competitivo será o produto se o custo do transporte for menor (GRACIANO, 1971 apud SCHMIDT, 2011). L’Huillier (1982 apud SCHMIDT, 2011) atesta que o transporte não agrega nada alem de despesas ao ciclo econômico, porem admite que estes custos são diminuídos pelo aumento da utilidade dos bens no tempo e no espaço, reconhecendo que o transporte tem a função de transferir bens de um ponto do espaço em que sua utilidade é relativamente baixa, para outro onde a utilidade é relativamente elevada, ligando os produtores aos consumidores. Para cada situação um dos meios de transporte apresentara um diferencial competitivo que justifique a escolha. Dessa forma, em alguns casos o modal aeroviário será o mais vantajoso, quando a questão tempo for fundamental, outros em que o transporte hidroviário será escolhido por apresentar custos menores em função da alta quantidade a ser transportada e o fator tempo não ser essencial no deslocamento. O trafego rodoviário, em alguns casos é estimulado devido aos custos elevados do transporte marítimo. No momento atual, na maioria dos países mais ricos, o modal rodoviário supera os outrosmeios de transporte na preferência do usuário, segundo VIANNA (2007 apud SCHMIDT, 2011). Sendo o caminhão um meio de transporte flexível, tem sido preferência aos três e navios, limitados por sua inflexibilidade e por exigir maior tempo e volume de carga. Os fatores tempo e funcionalidade são primordiais na escolha do modal de transporte em muitos casos. O que nesse caso o avião seria a melhor escolha, porem, nele o custo 19 operacional é bastante elevado e possui uma capacidade de carga bem menor, fazendo do caminhão, a melhor escolha na função de cumprir prazos e reduzir custos. Integrando totalmente os diferentes modais disponíveis, talvez fosse possível criar um sistema ideal de transporte, o aeroviário, dutoviário, hidroviário, ferroviário e rodoviário, para que houvesse um total aproveitamento das matrizes em cada circunstancia de transporte, na qual cada uma operasse com capacidade ideal, ocorrendo a complementação entre os sistemas e não a disputa, deixando que a concorrência aconteça entre as empresas de mesmo ramo e não entre modalidades. Ação que permitiria reduzir o preço do frete, estender os níveis de produção, ampliar os mercados consumidores, o que diminuiria os custos das mercadorias, favorecendo o crescimento e o desenvolvimento econômico e social (SCHMIDT, 2011). Quanto mais otimizados e competentes forem os meios de transporte, maior será a facilidade de integração socioeconômica e cultural, aproximando as diversas regiões, e reduzindo distancias econômicas, tornando-se mais favoráveis às condições do desenvolvimento e do progresso social (SCHMIDT, 2011). 20 2 CARACTERIZAÇÃO DOS MODAIS DE TRANSPORTE Com grande extensão territorial, o Brasil mantém uma vasta rede de sistemas de transporte que, acima de interligar cidades e regiões e aproximar pessoas, contribui para levar o desenvolvimento econômico aos locais mais distantes. Para integrar todo o País, cumprindo assim o seu objetivo, os modais de transporte rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário se complementam, possibilitando o escoamento de produtos entre as regiões, inclusive para o exterior (CNT, 2006). O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) é também impulsionado pelo sistema de transportes, ao movimentar as riquezas nacionais, facilitar exportações brasileiras e ligar áreas produtoras a mercados consumidores.Estimulando investimentos públicos e privados nos diferentes modais, com o próprio incentivo que o desenvolvimento do PIB oferece a expansão dos sistemas de transporte no país, se fecha esse círculo virtuoso (CNT, 2006). A Tabela 1 a seguia apresenta a participação dos diferentes modais na movimentação anual de carga. Tabela 1–Matriz do transporte de carga – movimentação anual Modal Milhões (TKU) Rodoviário 485.625 Ferroviário 164.809 Aquaviário 108.000 Dutoviário 33.300 Aéreo 3.169 Total 794.903 *TKU – Toneladas transportadas por quilômetro útil. Fonte: CNT, 2014. Participação (%) 61,1 20,7 13,6 4,2 0,4 100 Observa-se nessa tabela que o modal rodoviário, em 2014, foi responsável pela maior quantidade de transporte de cargas nacionais, com 61,1%, seguido do ferroviário com 20,7% e do aquaviário com 13,6% da movimentação anual. A participação do transporte ferroviário esta crescendo, podendo ser justificado pelo aumento dos investimentos nas ferrovias, e pelas péssimas condições de infraestrutura que o modal rodoviário tem apresentado. 21 2.1 Transporte Aéreo O transporte aéreo tornou-se um dos setores mais ativos da economia mundial. Exerce papel significativo, estimulando as relações econômicas e o intercambio de pessoas e mercadorias,dentro do país e com outras nações. O acontecimento da globalização vem causando mudanças relevantes nos padrões da demanda por mobilidade em escala mundial e, mudado o comportamento de consumidores, acrescendo constantemente os níveis de trafego e conduzido a uma segmentação cada vez maior do transporte aéreo (CNT, 2006). Retraído, mas consistente, o transporte aéreo amplia seu valor na matriz brasileira de transportes, representando, por suas qualidades, uma opção cada vez mais relevante na escolha de pessoas e empresas por ser um meio de transporte rápido e confiável. Sento importante para a integração nacional, fator estratégico para um País que precisa melhorar seus meios de acesso a diversas localidades. No Brasil, o transporte aéreo responde por cerca de 0,31% da matriz de cargas e por 2,45% da matriz de passageiros, crescendo constantemente com a economia a partir de 1994 (CNT, 2006). O transporte aéreo deixou de ser apenas um meio para passageiros, fixando sua posição no setor de cargas, iniciando com o correio de longa distancia, para ingressar no campo das cargas com valor mais elevado, com dimensões e peso razoáveis, chegando a existir empresas dedicadas somente ao transporte de cargas, mesmo assim as de passageiros completam sua capacidade de transporte com cargas, como flores, frutas e aparelhos eletrônicos,no entanto, é a ultima modalidade oferecida ao serviço publico nos dias atuais. O sistema aeroviário envolve as aerovias, os terminais de passageiros e cargas e o sistema de controle de trafego aéreo. São intituladas de aerovias as vias de transporte do setor aéreo. Comparando-se ao transporte rodoviário, as aerovias são as “estradas” onde as aeronaves podem circular (CNT, 2006). São denominados aeródromos os locais de acesso ao sistema aeroviário, que são todas as áreas destinadas a pouso, decolagem e movimentação de aeronaves. Por isso, aeroportos são todos os aeródromos públicos que possuem instalações a recursos de 22 apoio ao embarque e desembarque de pessoas e cargas e as operações das aeronaves. Os principais centros do país em volume de cargas são São Paulo, (incluindo o aeroporto de Viracopos, em Campinas o 1º do país em carga aérea), Rio de Janeiro, Manaus, Brasília e Belo Horizonte (CNT, 2006). A Confederação Nacional do Transporte (CNT), em razão da grande importância do sistema Aeroviário para o desenvolvimento do País, produziu um mapa (anexo 01) onde estão representadas as aerovias, os aeroportos e as bases aéreas localizados em território nacional. 2.2 Transporte Ferroviário O transporte ferroviário é realizado sobre linhas férreas, as mercadorias transportadas neste modal são geralmente de baixo valor agregado e em grandes quantidades como o minério, produtos agrícolas, fertilizantes, carvão e derivados do petróleo. Grande parte da malha ferroviária do Brasil esta concentrada nas regiões sul e sudeste, em três estados: São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, com predominância para o transporte de cargas. Em 30 de abril de 1854, inaugurada pelo Imperador Dom Pedro II, a primeira ferrovia do Brasil tinha 14,5 km de extensão e ligava a Baía de Guanabara a Serra da Estrela, na direção de Petrópolis, no Rio de Janeiro. O Brasil, por iniciativa do Barão de Mauá, observou no transporte ferroviário uma forma de alavancar o desenvolvimento econômico. A partir desse momento houve a expansão dessa modalidade de transporte de forma acelerada. Em 16 de março de 1957, com a criação da rede Ferroviária federal (RFFSA), consolidou-se o investimento estatal no setor, e o processo de concessão da operação da malha ferroviária a iniciativa privada ocorreu entre 1996 e 1998 (CNT, 2006). O transporte ferroviário apresenta grande eficiência energética, ainda que, com um custo fixo de implantação e manutenção elevado. O transporte sobre trilhos, no Brasil, representa aproximadamente 19,46% da matriz de cargas e 1,37% da matriz de passageiros, considerando transporte metro e ferroviário (CNT, 2006). 23 A operação das malhas ferroviárias provindas da Rede ferroviária Federal S.A (RFFSA), a partir de 1996 começou a ser transferida, por concessão, a iniciativa privada. Desde então, a quantidade de carga movimentada nas ferrovias brasileiras aumentou em 55%. Entre 1997 e 2005, os investimentos possibilitaram um aumento da produção de transportes de 62%. Salienta-se que a malha ferroviária não foi privatizada, pois não aconteceu transferência de ativos, somente concessionada, condição em que empresas privadas tornam-se responsáveis pela operação ferroviária (CNT, 2006). Segundo a CNT (2006) grande parte da malha esta sobadministração da iniciativa privada, a parte equivalente ao Governo Federal esta sob-responsabilidade da Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT).Relacionando as condições recentes da malha ferroviária com o período anterior a desestatização, os índices indicam um crescimento da atividade ferroviária no País, com probabilidade de aumento de sua participação na matriz de transporte, principalmente a médio e longo prazo, em razão dos investimentos feitos pelas empresas concessionárias. No mapa da Malha Ferroviária (anexo 02), desenvolvido pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) estão evidenciadas todas as ferrovias em operação, assim como as malhas concessionadas. Características do transporte ferroviário de carga no Brasil (BIT, 2013): - Grande capacidade de carga; - Adequado para grandes distâncias; - Elevada eficiência energética; - Alto custo de implantação; - Baixo custo de transporte; - Baixo custo de manutenção; - Possui maior segurança em relação ao modal rodoviário, uma vez que ocorrem poucos acidentes, furtos e roubos; - Transporte lento devido as suas operações de carga e descarga; - baixa flexibilidade com pequena extensão da malha; - Baixa integração entre os estados; - Pouco poluente. 24 2.3 Transporte Aquaviário Este modal de transporte tem aproximado regiões e civilizações, desde a antiguidade, da época das grandes navegações marítimas, ate os dias atuais. Num País como o Brasil de grande território, com extensa costa marítima e, rico em bacias hidrográficas, o sistema aquaviário tem papel estratégico na integração regional, para o transporte de pessoas e mercadorias, especialmente nas regiões produtoras de grãos e na Região Amazônica. Constitui-se em um dos principais fatores para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, possuindo grandes extensões de vias navegáveis, entre 40.000 km, e 7.500 km de costa atlântica (CNT, 2006). Com características de transporte para grandes volumes e longas distancias, o sistema aquaviário inclui preservação ambiental e custos inferiores aos demais modais de transporte, também possibilita o comercio internacional de mercadorias. Incluindo o transporte fluvial, de cabotagem e de longo curso, o sistema aquaviário, no Brasil, responde por aproximadamente 13,8% da matriz de cargas transportadas. Segundo a CNT (2006), cerca de 22 milhões de toneladas de carga/ano são transportadas pelas hidrovias, do qual 81,4% pela bacia amazônica. Ainda que parte dos rios navegáveis esteja na Amazônia, por não existir nessa parte do País mercados produtores e consumidores de peso, o transporte nessa região ainda não tem grande peso econômico. O transporte fluvial tem parte importante no desenvolvimento da Amazônia, por ter a malha hidroviária mais extensa da região norte. Economicamente, mesmo apresentando menor movimento de carga, os trechos hidroviários mais significativos em operação encontram-se nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. Os caminhos pelos quais as embarcações trafegam em rios, lagos ou oceanos são representados por semelhantes definições, são elas, hidrovia, aquária, via navegável, caminho marítimo ou caminho fluvial (CNT, 2006).No Brasil, o transporte aquaviário, abrange a navegação interior, que utiliza as vias navegáveis interiores, e o transporte marítimo, que compreende a navegação em mar aberto. O transporte marítimo separa-se em quatro tipos de navegação: longo curso, cabotagem, apoio marítimo e apoio portuário². Na navegação interior, as vias navegáveis, abrangem rios, lagos, canais, lagoas, baías, angras, enseadas e áreas marítimas abrigadas, facilmente navegáveis ou 25 que conseguiram condição de navegabilidade através de intervenções, como balizamento, sinalização e drenagem. É composta por portos e terminais portuários, marítimos e fluviais, a infraestrutura aquaviária, para além da extensa faixa litorânea e das vias interiores (CNT, 2014). No mapa (anexo 03)do Sistema Aquaviário da Confederação Nacional do Transporte (CNT) estão representados as principais hidrovias, classificadas de acordo com o potencial de navegabilidade, e os principais portos brasileiros, fluviais e marítimos, classificados de acordo com a movimentação de carga (em milhões de toneladas). ________________________ ²A Lei no 9.432/1997 define a navegação de longo curso como aquela realizada entre portos brasileiros e estrangeiros. Define a navegação de cabotagem como aquela realizada entre pontos ou portos do território brasileiro, utilizando a via marítima ou essa e as vias navegáveis interiores. A navegação de apoio marítimo, por sua vez, é aquela realizada para o apoio logístico a embarcações e instalações em águas territoriais nacionais e na Zona Econômica, que atuem nas atividades de pesquisa e lavra de minerais e hidrocarbonetos. A navegação de apoio portuário, por fim, é aquela realizada exclusivamente nos portos e nos terminais aquaviários, para atendimento a embarcações e instalações portuárias. 26 2.3.1 Transporte Hidroviário O transporte hidroviário é o tipo de transporte aquaviário realizado nas hidrovias, que são percursos pré-determinados para trafego sobre águas. Hidrovias de interior podem ser rios, lagos e lagoas navegáveis que receberam algum tipo de melhoria, sinalização e balizamento para que um determinado tipo de embarcação possa trafegar com segurança. A presença de balizamento nos rios e manutenção de profundidade mínima ao longo do ano é o que define uma via aquática navegável como hidrovia. O balizamento é realizado com boias de auxilio a navegação que demarcam o canal de navegação e de placas colocadas nas margens dos rios para orientação dos navegantes, como sinalização (CNT, 2006). Através das hidrovias se consegue transportar grandes quantidades de mercadorias a grandes distâncias, por isso são de grande importância para este tipo de modal. Por elas são transportados produtos como minérios, cascalhos, areia, carvão, ferro, grãos e outros produtos não perecíveis. Segundo a CNT (2006), estima-se que o custo de transporte por quilometro em uma hidrovia seja duas vezes menor que o da ferrovia e cinco vezes mais baixo que o da rodovia. No entanto, são bastante altos os investimentos necessários para a transformação de um rio em hidrovia, por esse motivo, no Brasil a utilização do transporte fluvial ainda se encontra abaixo do potencial existente. Características do transporte hidroviário de carga no Brasil (BIT, 2013): - Grande capacidade de carga; - Baixo custo de transporte; - Baixo custo de manutenção; - Baixa flexibilidade; - Transporte lento; - Influenciado pelas condições climáticas; 27 - Baixo custo de implantação quando se analisa uma via de leito natural, mas pode ser elevado se existir necessidade de construção de infraestruturas especiais como eclusas, barragens e canais. 2.3.2 Transporte Marítimo O transporte marítimo é o tipo de transporte aquaviário realizado por meio de embarcações utilizando o mar aberto como via. Pede ser de cabotagem ou costeira, onde a navegação é realizada entre pontos da costa ou entre um ponto costeiro e um ponto fluvial, ou de navegação de longo curso, navegação entre portos brasileiros e estrangeiros. Os portos marítimos são os terminais onde acontece a maioria dos processos administrativos, operacionais e de fiscalização destas atividades. É o principal tipo de transporte nas comercializações internacionais e pode transportar diversos tipos de produtos como veículos, cereais, petróleo, alimentos, minérios e combustíveis. Até a década de 30, o transporte por cabotagem foi o principal modal utilizado para o transporte de carga a granel, quando ainda estavam em formação as malhas rodoviária e ferroviária. Com a economia estabilizada nos últimos anos, a preferência pela cabotagem se apresentou apropriada, e as empresas de navegação começaram a investir outra vez no setor, no esforço de ampliar a participação do modal aquaviário. Com índices de inflação e taxas de juro aparentemente estabilizados, as condições político-econômicas contribuem para o desenvolvimento do comercio, e a cabotagem passa a ocupar novos nichos de mercado, aumentando sua participação no transporte de carga (CNT, 2006). Para o transporte de mercadorias entre países é utilizada a navegação de longo curso, que no Brasil responde pela maior parte da movimentação de importação. As operações de navegação têm origem e destino em terminais portuários, peças fundamentais na logística das operações de comercio exterior. Os portos acumularam, nos últimos anos, grandes investimentos, pelo fato do transporte marítimo concentrar mais de 90% do volume da movimentação de cargas internacionais do País. Contudo, o crescimento das exportações, por vezes comemorado, acentua as deficiências ainda existentes, salientando a importância de investimentos no setor e de políticas administrativas conciliáveis (CNT, 2006). 28 Características do transporte marítimo de carga no Brasil (BIT, 2013): - Grande capacidade de carga; - Pode transportar cargas de grandes tamanhos; - Baixo custo de transporte para grandes distâncias; - Transporta diversos tipos de cargas; - Flexibilidade superior ao transporte hidroviário; - Transporte lento; - Necessidade de portos, alfândegas. 2.4 Transporte Rodoviário O transporte rodoviário é realizado sobre rodas nas vias e rodagem pavimentadas ou não, realizados por veículos automotores. Por possuir, na maioria dos casos, preço de frete superior ao hidroviário e ferroviário, é adequado para o transporte de mercadorias de alto valor ou perecíveis, produtos acabados ou semiacabados.No Brasil é o principal meio de transporte utilizado. Entretanto, em virtude de suas desvantagens em relação a outros modais, ocorreu uma mudança com o passar dos anos de pensamentos e ações que devem influenciar sua participação na matriz modal, o que propicia aos outros modais a contribuir de forma mais eficiente para o transporte de cargas no Brasil. As estradas como conhecemos hoje, apenas surgiram no Brasil do século XIX. A necessidade escoamento dos produtos e o crescimento do intercambio comercial entre regiões requeriam a abertura de rotas mais modernas. Por isso, em 1928 foi inaugurada no Brasil a primeira rodovia pavimentada, conhecida como Washington Luís, ligando a cidade do Rio de Janeiro a Petrópolis. Em meados do século passado, a instituição da indústria automobilística, foi condição determinante para a consolidação transporte rodoviário como o mais utilizado do Brasil (CNT, 2006). A Tabela 2 a seguir apresenta a extensão em km das rodovias brasileiras quanto à pavimentação. 29 Tabela 2 – Malha rodoviária – extensão em km Federal Estadual Municipal Rede Planejada Total: Pavimentada 66.647,7 119.691,0 26.826,7 Não Pavimentada 12.707,6 105.600,6 1.234.918,3 213.165,4 1.353.226,5 Total 79.382,3 225.291,6 1.261.745,0 154.195,0 1.720.613,9 Fonte: CNT, 2014. A matriz de transporte no Brasil é predominantemente rodoviária, representando aproximadamente 96,2% da matriz de transporte de passageiros e 61,8% da matriz de transporte de cargas. A rede rodoviária é parte fundamental nas cadeias produtivas, dado que, aproxima mercados promovendo a integração de regiões e estados. A partir da década de 30 a malha rodoviária recebeu grandes investimentos que viabilizaram sua rápida expansão, momento em que o foco começou a ser o desenvolvimento das regiões do interior do País. Nas décadas de 50 e 60, com a vinda da indústria automobilística, a política de desenvolvimento assumida estava praticamente estabelecida para o modal rodoviário. Por oferecer rapidez e agilidade, possibilitando coletas e entregas de mercadorias nas regiões mais distantes, o modo rodoviário passou a predominar no transporte do Brasil (CNT, 2006). Segundo a CNT (2006), assim como o setor ferroviário, os dois agentes públicos que atuam no setor rodoviário em relação à infraestrutura são a ANTT e o DNIT. No mapa da Malha Rodoviária (anexo 04), confeccionado pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), estão demonstradas toda a malha rodoviária federal pavimentada, estadual e as rodovias não pavimentadas. Características do transporte rodoviário de carga no Brasil (BIT, 2013): - Possui a maior representatividade entre os modais existentes; - Adequado para curtas e medias distancias; - Baixo custo inicial de implantação; - Alto custo de manutenção; - Muito poluente com forte impacto ambiental; - Segurança no transporte comprometida devido à existência de roubos de cargas; 30 - Serviço de entrega de porta a porta; - Maior flexibilidade com grande extensão da malha; - Transporte com velocidade moderada; - Os custos se tornam altos para grandes distancias; - Tempo de entrega confiável; - Baixa capacidade de carga com limitação de volume e peso; - Integra todos os estados brasileiros. 2.5 Vantagens e Desvantagens dos Modais de transporte 1- Transporte Rodoviário No Brasil, algumas rodovias ainda apresentam estado de conservação ruim, o que aumenta os custos com manutenção dos veículos. Também, a frota é antiga (aproximadamente 18 anos) e sujeita a roubo de cargas. O transporte rodoviário caracteriza-se pela simplicidade de funcionamento. Mas possui a menor capacidade de carga e maior custo operacional, comparado ao ferroviário ou aquaviário e a diminuição da eficiência das estradas em épocas de grandes congestionamentos. Quadro 1 – Vantagens e desvantagens do Modal Rodoviário Vantagens Desvantagens Capacidade de tráfego por qualquer rodovia. (flexibilidade). Limite do tamanho da carga/veículo Usado em qualquer tipo de carga. Alto custo de operação. Agilidade no transporte. Alto risco de roubo/acidentes. Não necessita de entrepostos especializados. Vias com gargalos gerando gastos extras e maior tempo para entrega. Amplamente disponível. O modal mais poluidor que há. Elimina manuseio entre origem e destino. Alto valor de transporte. Tem se adaptado a outros modais. Fácil contratação e gerenciamento. Fonte: Logística para todos. 2011. 31 Em que ocasião utilizar o Modal Rodoviário: Mercadorias perecíveis, mercadorias de alto valor agregado, pequenas distancias, trajetos exclusivos onde não há vias para outros modais, quando o tempo de transito for valor agregado. As tarifas de frete são estabelecidas individualmente por cada empresa de transporte e o frete pode ser calculado por peso, volume ou por lotação do veiculo. 2- Transporte Aquaviário Transporte através da água, podendo ser por mar, rios e lagos. Mar: Marítimo Rio: Fluvial Lagos: Lacustre Cabotagem: transporte dentro do país, entre portos locais. Longo curso: transporte entre diferentes países ou continentes. Quadro 2 – Vantagens e desvantagens do Modal Aquaviário Vantagens Desvantagens Transporte de grandes distâncias Depende de vias apropriadas. Transporte de grandes volumes É de gerenciamento complexo, exigindo muitos documentos. Mercadoria de baixo valor agregado. Depende de terminais especializados. Transporte oceânico. Tempo de trânsito longo Frete de custo relativamente baixo. Fonte: Logística para todos. 2011. Em que ocasião utilizar o Modal Aquaviário: Grandes volumes de carga, grandes distâncias a transportar, trajetos exclusivos (não há vias para outros modais), tempo de transito não é importante, encontra-se uma redução de custo de frete. 3- Transporte Ferroviário O transporte ferroviário é mais lento e não possui muitas vias de acesso como o rodoviário, no entanto é mais acessível, proporcionando menor frete, transporta maiores quantidades e sem enfrentar congestionamentos. 32 Quadro 3 – Vantagens e desvantagens do Modal Ferroviário Vantagens Desvantagens Alta eficiência energética. Tráfego limitado aos trilhos. Grandes quantidades transportadas. Sistemas de bitolas inconsistentes. Inexistência de pedágios. Malha ferroviária insuficiente. Baixíssimo nível de acidentes. Malha ferroviária sucateada Melhores condições de segurança da carga. Necessita de entrepostos especializados. Menor poluição do meio ambiente. Nem sempre chega ao destino final, dependendo de outros modais. Pouca flexibilidade de equipamentos. Fonte: Logística para todos. 2011. Em que ocasião utilizar o Modal Ferroviário: Grandes volumes de cargas, grandes distâncias a transportar, trajetos exclusivos (não há vias para outros modais). O frete ferroviário se baseia em dois fatores: a quilometragem percorrida, distância entre as estações de embarque e desembarque e o peso da mercadoria. 4- Transporte Aéreo Transporte adequado para mercadorias de alto valor agregado, volumes menores ou com urgência na entrega. Dispõem de algumas vantagens sobre os demais modais, por se mais rápido e seguro, possui custos reduzidos com seguro, estocagem e embalagem, apresentasse mais viável para remessa de amostras, brindes, bagagem desacompanhada, partes e peças de reposição e mercadoria perecível. Quadro 4 – Vantagens e desvantagens do Modal Aeroviário Vantagens Desvantagens Transporte de grandes distâncias. Limite de volume e peso. Tempo de trânsito muito curto. Frete elevado. Seguro de transporte é muito baixo. Depende de terminais de acesso. Está próximo aos centros urbanos. Fonte: Logística para todos. 2011. Em que ocasião utilizar o Modal Aéreo: Pequenos volumes de cargas, mercadorias com curto prazo de validade ou frágeis, grandes distancias a transportar, trajetos exclusivos (não há via para outros modais) e tempo de transito é muito importante. 33 3 ANALISE DE ASPECTOS RELEVANTES DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO O modal rodoviário tem liderado a matriz de transportes no Brasil e possui papel importante na contribuição para o crescimento da nação, colaborando com o desenvolvimento econômico e social. No Brasil, em 1861 inaugurava-se a primeira estrada de rodagem, dando inicio a história do transporte rodoviário brasileiro utilizando rodovias pavimentadas. Em 1940 as rodovias pavimentadas dispunham de apenas 423 km entre rodovias federais e estaduais. Em 1950 a malha rodoviária brasileira já contava com 968 km. Nas décadas seguintes ocorreu um grande crescimento das rodovias, que resultou na expansão do modal. 3.1 Diagnostico Socioeconômico O desenvolvimento do setor de transporte está diretamente relacionado ao desempenho da economia, principalmente com o crescimento do Produto Interno Bruto – PIB. Direta e indiretamente a atividade de transporte impacto no PIB. O setor contribui diretamente para a agregação de valor da produção nacional ao ofertar serviços de transporte. E de forma indireta, a prestação de serviço viabiliza a interação do mercado e estimula a realização de novos negócios que auxiliam para formação do PIB (CNT, 2014). A análise do comportamento do PIB contribui para o entendimento da demanda por serviços de transporte. No gráfico 1 é possível verificar as variações reais do PIB e do PIB do setor de transporte, no período de 2009 a 2013, percebe-se a relação coerente entre a economia brasileira e o setor de transporte. 34 Gráfico 1 – Variação real do PIB agregado e do PIB de transporte – Brasil/2009-2013(%). *Segundo dados do IBGE, o setor de transporte, armazenagem e correios contribuiu com R$ 219 bilhões para a formação do PIB de 2013. *Inclui armazenagem e correios. Fonte: CNT, 2014. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, em 2013, o crescimento do PIB foi de 2,49% enquanto o do transporte foi de 3,1%. O setor teve uma expansão media de 2,6% ao ano, de 2009 a 2013. O bom desempenho do setor de transporte em relação ao PIB deve-se ao fato do setor ser um serviço utilizado por todos os demais segmentos da economia, sendo assim beneficiado por aqueles em expansão de forma direta. A expectativa futura de expansão juntamente com o crescimento econômico e demográfico verificado nos últimos provoca um acréscimo na demanda por transporte, gerando maior demanda por infraestrutura, sobretudo por rodovias. Por isso é fundamental que se disponibilize vias adequadas ao volume de trafego e que garantam segurança e eficiência aos usuários (CNT, 2014). 3.1.1 Emissão de Poluentes Esta aumentando cada vez mais a emissão do principal gás de efeito estufa (GEE), dióxido de carbono, resultante do transporte de cargas. A eficiência energética do transporte tem grande relação com a emissão de CO2 pelos veículos rodoviários de cargas. Respondendo por 32% do consumo final do país, o setor de transporte é o 35 segundo maior consumidor de energia, atrás apenas do setor industrial. No setor de transporte a participação do óleo diesel destaca-se entre as fontes de energia, com 46,2% do total consumido, desse consumo 96,6% acontece no modal rodoviário (CNT, 2014). Segundo a CNT, com base no Plano Setorial de Transporte e de Mobilidade Urbana para Mitigação da Mudança do Clima – PSTM, elaborado em 2012, a estimativa é de que o setor de energia, no qual o transporte está incluído, continue sendo o segundo maior emissor de GEEs, aumentando de 15% em 2005 para 27% em 2020 sua participação. Este aumento ocorrerá principalmente no modal rodoviário de cargas. A emissão de CO2 para o transporte de cargas, segundo perspectivas, terá um aumento de 42% a 46,3% em 2020, em relação ao ano de 2010. Nas próximas décadas a maior parte do transporte de cargas permanecerá sendo realizada pelo modal rodoviário, mesmo com a redistribuição da matriz de transporte, e com o uso intensivo de combustíveis fósseis. Estima-se que em 2020 a frota de caminhões será responsável por 70,2% do consumo de óleo diesel no modal rodoviário. Com o objetivo de reduzir os impactos do uso dos combustíveis fósseis, desde 2008, o Brasil vem adotando a política de incorporação do biocombustível na matriz energética nacional e aumentando o percentual obrigatório de biodiesel presente no óleo diesel de origem fóssil. Outro aspecto que influência na eficiência energética do transporte rodoviário de cargas é a qualidade do pavimento, a autonomia de um veículo que transita em uma rodovia com pavimento em condições adequadas em relação a uma inadequada é em média 5,0% superior.A baixa qualidade das rodovias representa um aumento no consumo de combustível, refletindo direto nos custos das viagens e nas emissões de poluentes. A melhoria das condições das rodovias possibilitaria o aumento da segurança energética, e seria uma forma eficiente de atingir as metas de redução de GEE. Os investimentos em infraestrutura devem ser fixados como fatores estratégicos ambientais e também associados ao crescimento do país e da economia nacional. 36 3.2 Condição das Rodovias O modal rodoviário é predominante no deslocamento de bens e pessoas, porém, em relação á extensão total da malha rodoviária no país, observa-se que apenas uma parcela dela esta pavimentada. Segundo estudo realizado pela CNT, com dados do Sistema Nacional de Viação – SNV² de 2014, existem, 1.691.522 km de rodovias no país, onde apenas 203.599 km são pavimentados, ou seja 12,0% da malha. Das rodovias pavimentadas, 65.930 são federais, apenas 8,2% são de pista dupla (5.446 km) e 1,9% são vias em fase de duplicação (1.316 km), os 89,9% restantes são de pista simples. A existência de mais pistas duplas possibilitaria o aumento na capacidade de trafego e também mais segurança. A extensão da malha rodoviária federal pavimentada cresceu 13,8% nos últimos dez anos, em 2004 era de 57,9 mil km passando para 65,9 mil km em 2014, conforme gráfico 2. Gráfico 2 – Evolução da extensão das rodovias federeis pavimentadas no Brasil de 2004 a 2014 (Valores em mil km). Fonte: CNT, 2014. Na distribuição regional dessa malha, verifica-se que a região Nordeste tem a maior participação, com 30,1% da extensão federal pavimentada, porém, com o segundo menor índice de crescimento, 9,8%, nos últimos dez anos. Apesar da menor extensão, 20,5%, a região Norte apresentou o maior crescimento no período de 2004 a 2014, com 37,4%, e a região Centro-Oeste com 19,7%, conforme tabela 3. 37 Tabela 3 – Extensão da malha rodoviária federal pavimentada por região – 2004 e 2014. Fonte: CNT, 2014. O Brasil possui a menor densidade de malha rodoviária pavimentada, em comparação com os oito países de maior dimensão do mundo, com 23,9 km de infraestrutura para cada 1.000 km² de área, gráfico 3. Gráfico 3 – Densidade da malha rodoviária pavimentada por país - 2014 (valores em km/1.000 km²). Fonte: CNT, 2014. Segundo a CNT, conforme índice de competitividade global divulgado pelo Fórum Econômico Mundial em 2014, de 144 países analisados, a qualidade das rodovias brasileiras encontra-se na 122ª posição, ficando atrás de países como o Chile 31ª, Suriname 70ª, Uruguai 90ª, Bolívia 95ª, Peru 102ª e Argentina 110ª, todos localizados na America do Sul. Em relação ao índice de competitividade, que avalia a infraestrutura das rodovias utilizando notas que variam de 1 (extremamente 38 subdesenvolvidas) a 7 (extensa e eficiente) no período de 2013 a 2014, o Brasil recebeu a nota 2,8, gráfico 4. Gráfico 4–Ranking de qualidade das rodovias dos países da América do Sul 2014. Fonte: CNT, 2014. A falta de manutenção regularmente é o principal motivo da má qualidade das rodovias, que oferece riscos para todos os usuários, mas principalmente aos que trafegam com veículos de cargas perigosas. Resulta também em custos mais elevados nas operações dos veículos e restauração dos pavimentos, para reverter esse cenário decorrente de um processo de deterioração é preciso soluções técnicas mais solidas e custosas. Devido à importância do transporte rodoviário no Brasil, para a movimentação de bens e pessoas, é fundamental que existam investimentos contínuos, para a manutenção, recuperação e ampliação da malha rodoviária pavimentada (CNT, 2014). Conforme a pesquisa de Rodovias realizada pela CNT em 2014, na qual foram avaliados 98.475 quilômetros de rodovias pavimentadas em todo país, da extensão total pesquisada, 62,1% encontra-se com algum tipo de deficiência no pavimento, na sinalização ou na geometria da via. Apresentaram condições satisfatórias 37,9% dos trechos, sendo 27,8% classificados como Bom e 10,1% como Ótimo. Em boa parcela da malha rodoviária pavimentada foram identificados problemas, sendo 38,2% classificados em estado Regular, 17,0% Ruim e 6,9% Péssimo. A rodovia com pavimento em Ótimo estado não gera aumento dos custos operacionais, com Bom estado resulta em um acréscimo de 18,8% e as rodovias com Péssimo estado do pavimento podem aumentar em até 91,5% os custos. Como exemplo, 39 um transporte realizado em um pavimento Ótimo teria o custo de R$ 100,00 em determinada quilometragem, já em uma rodovia com Péssimo estado, percorrendo a mesma distância teria um custo de R$ 191,50. 3.3 Roubo de Cargas Conforme estudo realizado pela NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de cargas e Logística), com base nos dados informados pelas Secretarias de Segurança dos Estados, empresas do mercado segurador, gerenciadoras de riscos e transportadoras, o número de roubos de cargas registrado nas rodovias brasileiras em 2013 é o maior dos últimos 16 anos. Em 2013 as ocorrências registraram alta de 5,5% em relação a 2012. Verificaram-se 15,2 mil casos, que representa um prejuízo de R$ 1 bilhão para o setor. O maior registro foi na região Sudeste, com 81,29% dos casos, as ocorrências foram nos Estados de São Paulo com 52,5% e do Rio de Janeiro com 23,3%. Em 2014 o transporte rodoviário continuou sofrendo com grandes prejuízos, os transportadores perderam R$ 2,2 bilhões, incluindo mercadorias e veículos não recuperados. Foram contabilizados no total, 17,5 mil casos de cargas roubadas no país, e a maior concentração dos roubos continuam sendo na região Sudeste, com 85%. Sendo 48% dos casos em São Paulo, e 33% das ocorrências no Rio de Janeiro, número 10% maior que o registrado em 2013. O maior problema do setor é a legislação branda para criminosos envolvidos no roubo de cargas, segundo Paulo Roberto de Souza, assessor de segurança da NTC&Logística. “Pela lei nº 12.403/2011, que modificou o Código Penal, esse crime é considerado de menor potencial ofensivo, situação em que o acusado é indiciado, paga fiança e espera o processo em liberdade. No novo Código Penal, que tramita no Congresso Nacional, estamos trabalhando para agravar a pena desse tipo de crime.” Alguns Estados têm praticado legislações especificas para reduzir esse tipo de ação. Em São Paulo, a lei nº 15.315 aprovada em 2014, estabelece a cassação da inscrição no cadastro de contribuintes do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação) das empresas que possuírem em seus estoques algum 40 produto proveniente de carga roubada. Goiás e Paraná também adotaram leis semelhantes (CNT, 2015). Conforme Souza, em São Paulo existem dois tipos de roubo de carga, os realizados pelo crime organizado, efetuados por quadrilhas especializadas que contam com o suporte de grandes receptores e priorizam o roubo de equipamentos eletrônicos, produtos farmacêuticos e pneus, e o conhecido como roubo de oportunidade, onde os principais alvos são os veículos de entrega urbana de carga, de menor volume e valor, que representa aproximadamente 80% dos casos registrados no estado de São Paulo. Para o setor de transporte, e para a sociedade, existem dois impactos fundamentais desse tipo de crime. O primeiro refere-se ao fator humano, como o caso do motorista, vitima da violência, que sofre com o roubo de cargas, passa por um grande trauma, podendo o tratamento psicológico de recuperação demorar bastante tempo. O segundo é o prejuízo material que as transportadoras sofrem, mesmo com o seguro, pois tem o aumento do seguro nas próximas cargas, devido ao incidente. Os três segmentos operacionais: o embarcador, a transportadora e a seguradora formam o ciclo operacional de carga, no instante que esses sofrem um prejuízo com o roubo de carga, perda da carga ou aumento do valor do frete devido ao seguro mais alto, isso afeta também a sociedade, pois o repasse do custo adicional precisa ser feito para algum dos três segmentos, caso contrário, as empresas não se manteriam (CNT, 2015). São dois os perfis dos criminosos em ação: os que circulam nos grandes centros urbanos, que atuam nos crimes de oportunidades, são pequenos grupos que atacam veículos de menor carga, normalmente com produtos de primeira necessidade, e os que atingem os depósitos de cargas ou caminhões grandes em rodovias, caracterizado como crime organizado, as quadrilhas contam com o uso de armamento pesado, são grupos estruturados, escolhem o alvo certo, e sabem aonde e quando abordar suas vitimas (CNT 2015). Para prevenir e evitar os roubos, as empresas de cargas devem melhorar os processos de gerenciamento de risco, tanto no que diz respeito à tecnologia, com aquisição de equipamentos para veículos, proteção dos depósitos com sistema de vigilância e guaritas, como na gestão de recursos humanos, investindo em treinamento de pessoal, fixar rotas e normas de gestão, se possível viajar sempre em dois, não dar carona, não parar em pontos que não estejam acordados e não viajar a noite. Outro meio de contribuir com a redução de roubos são os sistemas de rastreamento e monitoramento 41 que permitem, em tempo real, que seja identificado o que ocorre com o veículo (CNT, 2015). Contudo, cresce a preocupação com as formas de abordagem dos assaltantes, nas rodovias, ocorrem tanto por meio de obstáculos na pista quanto com o caminhão em movimento. Jammer, é um aparelho que tem sido bastante usado por assaltantes, funciona como um rastreador via satélite que anula o sinal de GPS do veículo temporariamente, bloqueando a comunição do motorista, impedindo que ele avise que está sendo roubado. Infelizmente, o aparelho pode ser facilmente adquirido pela internet, existe uma legislação quanto ao uso do aparelho, porem não há fiscalização (CNT, 2015). 3.4 Aumento no valor do Combustível O aumento no preço dos combustíveis tem impacto direto no setor de transporte. A elevação da arrecadação com os impostos do diesel e da gasolina, por decisão do governo federal, afeta significativamente a prestação do serviço de transporte. Sendo o principal insumo do setor, no Brasil os custos do transporte têm ligação direta com o valor do diesel. O preço do frete é afetado por esse aumento. A atividade sente o reflexo, toda vez que o combustível sobe. Na área de cargas, aproximadamente 37% dos custos estão relacionados ao diesel (CNT, 2015). A movimentação de cargas a um custo mais elevado causa vários reflexos negativos, como no caso do consumidor, que já sentia no bolso o alto preço dos combustíveis vendido nos postos do país, é afetado novamente, pois com a alta do frete, ocasionado pelo aumento do diesel, leva ao encarecimento de alguns produtos transportados. No comercio exterior, o reflexo também é negativo, pois faz com que o Brasil perca competitividade, ficando em desvantagem em relação aos concorrentes. No entanto, a elevação das alíquotas do PIS (Programa de Integração Social) e do COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), não é garantia de que a maior arrecadação será revertida para melhorias na infraestrutura de transporte (CNT, 2015). A CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), que começou a ser arrecadada em maio, teria de ser usada em projetos de infraestrutura de transporte, 42 porém, de 2002 a 2012, a CIDE arrecadou R$ 76 bilhões, mas apenas R$ 37,6 bilhões foram para a infraestrutura de transporte. Na realidade, o governo federal aumenta a arrecadação com o combustível, prejudica o transporte de cargas, mas o setor que é diretamente atingido, provavelmente, não receberá os benefícios desse aumento dos impostos. O custo elevado do diesel é uma preocupação antiga dos transportadores, que se sentem intimidados pelos rumos da economia e pelos impactos do preço do combustível em suas atividades (CNT, 2015). 4 IMPORTÂNCIA DO SETORDE TRANSPORTE PARA A ECONOMIA A importância do setor para o país é maior que apenas servir como ligação entre a zona produtora e consumidora. O transporte é um dos essenciais fatores de produção na economia e incentivador de riqueza e desenvolvimento. O setor de transporte além de gerar empregos, auxilia para melhorar a distribuição de renda e diminui a distancia entre a zona rural e urbana, proporcionando melhor qualidade de vida para a população. As empresas dependem do transporte para receber os insumos de seus fornecedores e levar seus produtos ate os consumidores. As mercadorias são movimentadas de uma região a outra, por meio de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, criando emprego e renda. O principal modal para escoamento da produção ainda é o rodoviário, mas verifica-se um crescimento na escolha de outros modais como o ferroviário (CNT, 2012). Devido a maior participação do Brasil no comercio internacional, a demanda por produtos como minério de ferro e soja aumentou nos últimos anos, incrementando a utilização do modal rodoviário, dado que as ferrovias movimentam principalmente mercadorias de baixo valor agregado e grande quantidade. Essencialmente relacionado ao desempenho do comercio internacional também esta o modal de transporte aquaviário, a navegação de longo curso tem notável participação no comercio exterior brasileiro, das exportações, próximo de 96%, em volume, são transportados por navios. As deficiências e gargalos do setor no país estão se manifestando devido a pressões sobre o sistema portuário nacional em função da maior participação do país no cenário internacional (CNT, 2012). 43 Mesmo com a clara importância do transporte para a economia e sua função estratégica no plano de crescimento econômico, o setor é bastante prejudicado pelo pequeno nível de investimento no país. O governo federal investiu ate novembro de 2011, aproximadamente R$ 10 bilhões em infraestrutura de transporte. Com redução do volume de recursos destinados ao investimento em melhorias e ampliação do sistema no país, o valor é 8% menor que o registrado no mesmo período de 2010. Essa conduta se torna incoerente com o atual plano do país de crescimento e desenvolvimento. A redução dos investimentos causa preocupação, pois pode ter como resultado o agravamento do gargalo logístico. A infraestrutura tem consequência direta sobre o custo do transporte, a má qualidade e a ausência de estrutura adequada aumentam os custos, que inevitavelmente é repassado ao consumidor (CNT, 2012). Segundo a CNT o custo do transporte é parte importante na formação do preço dos bens. Na proporção em que os custos de transporte diminuem os preços dos bens também diminuem, aumentando rapidamente o comercio, a produção da indústria aumenta ocorrendo o crescimento econômico. Quando a infraestrutura de transporte é de baixa qualidade, com falta de manutenção e investimentos, ocasiona perdas aos produtores e também para a sociedade de forma geral. Os custos de transporte no Brasil representam 6,9% do PIB de 2008. Esses custos significam 5,4% do PIB em relação aos EUA (gráfico 5). Esses dados evidenciam a importância do setor para a economia, mas ao mesmo tempo confirmam a ineficiência do transporte brasileiro. O Brasil poderia economizar ate 1,5% do PIB, se o setor de transporte fosse eficiente como o norteamericano. Considerando o PIB do Brasil para 2010, isso significaria uma economia de R$ 56,6 bilhões de reais. Mas para que isso seja possível, é fundamental investimento considerável de forma a superar os entraves existentes na atual oferta de infraestrutura de transporte. Segundo o plano CNT de Logística 2011 o investimento mínimo seria de R$ 405 bilhões de reais. 44 Gráfico 5 – Custos de Transporte em relação ao PIB *Percentual em relação ao PIB de 2008 de cada país. Fonte: CNT, 2012 (Instituto ILOS 2010). O presente cenário da economia mundial e a retração da economia, tanto no mercado interno como no externo, requer alguns cuidados. A probabilidade é de pequena atividade econômica, consequentemente menor movimentação de bens. Contudo, não significa a redução dos investimentos, a fase é propícia para planejar os investimentos, do governo e das empresas, de modo a reorganizar o país para uma nova fase de crescimento. É fundamental aproveitar a maior participação do país no cenário internacional e crescer com planejamento. A melhoria na gestão dos investimentos possibilitara que o país possua uma melhor infraestrutura de transporte e resgate seu potencial competitivo, perdido com o alto custo do transporte (CNT, 2012). 4.1 Eficiência do Setor de Transporte e Logística A evolução da eficiência de um setor pode ser medida pela produtividade, ela determina quanto de produção é gerada com a mesma quantidade de insumos e a sua alteração positiva indica o aumento da eficiência. O aumento da produtividade gera incentivos relevantes para que sejam realizados mais investimentos em um setor, uma maior produtividade se caracteriza como parte importante para o crescimento 45 sustentável de um país. A produtividade do trabalho mede quanto de riqueza (valor adicionado) um trabalhador produz, quanto maior a produtividade, maior será a eficiência deste trabalhador. Ela é definida em termos agregados, como a razão entre o PIB e o numero de trabalhadores empregados na produção do serviço. É um melhores indicadores de desempenho, através dela pode-se verificar a produção e o grau de eficiência e eficácia de uma empresa ou setor, auxiliando os agentes econômicos na tomada de decisão. Verifica-se no Gráfico 6 a evolução da produtividade do trabalho entre 2005 e 2014, considerando apenas o crescimento do setor de serviços. Gráfico 6 – Evolução Real da Produtividade do Trabalho – Setor de Serviços Numero -Índice – Brasil 2005 a 2014. Fonte: CNT, 2015. Verifica-se a elevação da capacidade de produção por trabalhador em quase todas as atividades econômicas. As oscilações ao longo das curvas estão associadas às crises econômicas que o país passou, a crise financeira internacional de 2008, que repercutiu ate 2010 no Brasil e pela estagnação da atividade econômica em 2014. É possível observar que em 2014 no setor de Transporte e Logística ocorreu uma queda de produtividade, levando o setor ao mesmo patamar de 2010. Os números demonstram 46 que a crise atual esta afetando de forma contraria o setor, de modo que os ganhos apropriados nos últimos quatro anos foram anulados em poucos meses (CNT, 2015). Segundo a CNT, o setor de transporte e logística apresentou um crescimento médio anual de 2.38% de produtividade entre 2005 e 2014. Isso provoca um aumento da capacidade de produção por trabalhador de 23,61% em 10 anos. Em 2005 eram necessários 17 trabalhadores para produzir R$ 1 milhão de PIB pelo setor do transporte, já em 2014 o numero era de 14 trabalhadores. A tendência é que com melhores condições de infraestrutura e melhor qualificação de mão de obra, se reduza ainda mais esse numero. O aumento da produtividade indica um fato interessante dos transportadores do país, os empresários conseguiram agregar mais valor ao seu produto em praticamente todos os anos, mesmo com más condições da infraestrutura brasileira. Um indicativo que as empresas do setor estão investindo em tecnologia e na qualificação de mão de obra. Apesar disso, mesmo o setor de transporte e logística apresentando bons números na evolução nacional, quadro geral da economia brasileiro na comparação internacional fica bastante diferente. No Gráfico 7 é possível observar a evolução da produtividade do trabalho da economia do Brasil e de outros países em relação aos Estados Unidos da America (produtividade do trabalho dos EUA igual a 1,00). Gráfico 7 – Evolução da Produtividade do Trabalho – Países Selecionados - 2005 a 2013 Fonte: CNT, 2015. A comparação da produtividade é realizada em relação à produtividade dos Estados Unidos, isso causa provável estagnação de desempenho da produtividade do Brasil, observada no gráfico. Entre 2205 e 2013, a produção de riqueza por trabalhador 47 no Brasil apresentou um crescimento médio anual de 1,41%. Os EUA aumentaram sua produtividade em 1,08% por ano em media, no mesmo período. É possível observar que o Brasil esta apresentando taxas de crescimento de produtividade próximas das de economias desenvolvidas, como é o caso dos EUS e da Alemanha, com media anual de 0,54%. O esperado é que o Brasil, mesmo sendo um país ainda em desenvolvimento, apresente ganhos expressivos de produtividade, como exemplo da China, com aumento médio de 9,64% ao ano, da Índia com 5,89% e da Rússia com 2,86%. Para um país alcançar níveis mais elevados de desenvolvimento econômico, precisa crescer mais do que as economias já desenvolvidas para que se reduza o hiato entre eles. A comparação internacional mostra a limitação do país no processo de crescimento econômico (CNT, 2015). De acordo com a CNT, com a atual situação das rodovias, portos e terminais, o investimento em melhorias e extensão dessas estruturas tente a gerar saltos significativos de eficiência para o setor. As condições das rodovias são responsáveis por aumentos de custos operacionais de 26,0% em media para o país. A melhoria das rodovias possibilitaria um aumento imediato de produtividade do setor. Sendo um fator importante de crescimento econômico, é imprescindível que se adote políticas econômicas focadas na expansão da produtividade para colocar o país em condições competitivas internacionais, permitindo alcançar um crescimento econômico sustentável no longo prazo. 4.2 Desempenho do Sistema de Transporte A cadeia produtiva, motivada pela demanda de bens, envolve a aquisição de matéria-prima, a produção e beneficiamento, a distribuição e comercialização, e o consumo dos produtos. O movimento de insumos e produtos, nessa cadeia, estabelecidos segundo critérios de maior eficácia na utilização dos recursos disponíveis. Alguns dos aspectos mais significativos são a distancia e o tempo. As definições de posicionamento das diferentes atividades que compõe a cadeia produtiva estão relacionadas entre si e influenciam-se reciprocamente, segundo os critérios expostos. A alocação e o dimensionamento das infraestruturas e dos serviços de transporte são orientados pelo posicionamento dessas atividades. Esta oferta de transporte, infraestrutura e serviços, regula a alocação das atividades, aproximando-as na medida 48 da convivência. Tratando-se de um ciclo constante de mutua influencia (CNT, 2014). Segundo a CNT (2014), outros fatores, também condicionam as decisões referidas, como o valor agregado e a perecibilidade, no caso dos bens, a diversidade de modais disponíveis, no caso do transporte, e a concorrência com outros mercados. Dessa maneira, é possível obter ganhos de escala, de escopo e de localização, por meio de ações coordenadas. Nessa perspectiva, a logística é estabelecida como o processo de planejamento, implementação e controle dos fluxos de insumos e produtos na cadeia produtiva, de forma que as mercadorias possam ser transportadas, da origem aos destinos, em tempo ágil correspondendo com as necessidades de quem as demanda (quadro 5). Sendo incluídos nessa definição os fluxos com origem e/ou destino nos mercados externos de importação e exportação, bem como a chamada logística reversa de coleta e restituição de resíduos sólidos para o reaproveitamento no mesmo ciclo produtivo ou em ciclos produtivos diversos. Quadro 5 – A cadeia produtiva no âmbito da Logística Fonte: CNT, 2014. 49 Ao longo de toda cadeia produtiva, são atribuídos ao transporte, custos e restrições de naturezas diversas, são elas fiscais, legais, institucionais e burocráticas. Assim, no contexto da logística, a maior parcela dos custos totais para as empresas, corresponde aos custos do transporte. Calcula-se que em 2008, no Brasil, os custos de transporte corresponderam a 59,8% dos custos logísticos totais, que por outro lado, representam um grande peso para as economias nacionais. Os custos logísticos totais em 2008 representaram 11,6% do PIB. Comparando com os Estados Unidos da America no mesmo período, os custos logísticos totais corresponderam a 8,7%,em relação ao PIB. A execução das operações logísticas associa-se, para alem dos custos referidos, com a eficiência da gestão e com a qualidade da oferta de infraestrutura viária, de terminais e de veículos (CNT, 2014). A falta de eficiência nas infraestruturas de transporte é determinada por sua disponibilidade nos locais e nas condições em que são demandadas e pela forma como se adéquam as finalidades que foram projetadas. Quando essas situações não podem ser observadas, as ineficiências consequentes acarretam impactos negativos em toda a cadeia de transporte, tanto para os operadores, quanto para a população economicamente ativa ou para o ambiente. Esses impactos contribuem para o chamado Custo Brasil³, que envolvem o aumento dos prazos de entrega, dos custos de frete, do tempo de viagem, do numero de perdas, do risco de avarias nas cargas, do preço final do produto a ser comercializado e do índice de emissão de poluentes (CNT, 2014). ________________________ ³O Custo Brasil é um termo genérico que abrange os diversos constrangimentos legais, institucionais, burocráticose de infraestrutura, entre outros existentes no país, que condicionam as atividades econômicas e sociais em seusmais diversos aspectos, restringindo ainda o crescimento econômico e impondo impactos negativos à sociedadeem geral. 50 No Brasil, a oferta inadequada de infraestrutura, é identificada como o fator mais problemático para a realização de negócios, inibindo a competitividade global do país. A qualidade da infraestrutura no Brasil, em um ranking do Fórum Econômico Mundial com 148 países (gráfico 8), situa-se em relação aos demais países em 114º lugar, a qualidade das estradas em 120º lugar, a da infraestrutura ferroviária em 103º lugar, a da infraestrutura portuária em 131º lugar e a da infraestrutura de transporte aéreo em 123º lugar. A competitividade do país situa-se abaixo da media dos países com semelhante nível de desenvolvimento socioeconômico. Em comparação aos demais países da America Latina, a qualidade geral da infraestrutura no Brasil situa-se em 13º no ranking de competitividade, à frente apenas da Argentina, Colômbia, Haiti, Honduras, Paraguai e Venezuela (CNT, 2014). Gráfico 8 – Ranking de competitividade para a qualidade da infraestrutura na America Latina – 2014. *Quanto menor o índice, mais competitivo é o país. Fonte: CNT, 2014. As deficiências no planejamento integrado, no desenvolvimento de projetos, no investimento de recursos em infraestrutura e na capacidade de execução em conformidade com os projetos e os seus cronogramas são os diversos fatores que fomentam a baixa competitividade. Desequilíbrios na matriz de transporte, com níveis diferentes de eficiência na operação dos modais, a disparidade entre regiões e a dificuldades de circulação de bens e pessoas, têm sido conduzido pelas lacunas no planejamento e no desenvolvimento de um sistema de transporte integrado. Tanto no 51 transporte de passageiros como no de cargas, mesmo com predomínio de alguns modais em relação aos outros, são encontrados problemas que exigem intervenções prioritárias em todos os modais (CNT, 2014). O transporte aéreo tem encarado problemas resultantes de deficiências na gestão e entraves institucionais e regulatórios, que repercutem na capacidade operacional e no controle do trafego aéreo. Em 2010, segundo o Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), entre os 20 principais aeroportos brasileiros, 14 já operavam acima da capacidade, com uma taxa de ocupação media de 187%. Outros três aeroportos encontravam-se em situação preocupante, com uma taxa de ocupação superior a 80%. Um dos fatos concretos do quadro de deficiências e dificuldades são os atrasos nas obras de ampliação dos terminais aeroportuários. O considerável aumento da demanda, com a ampliação do mercado interno de aviação e a excepcionalidade dos grandes eventos esportivos, adiciona complexidade aos desafios enfrentados pelo setor. Uma crise de confiança no sistema por parte do publico em geral, tem sido conduzida devido à baixa qualidade percebida pelos usuários, consequente de atrasos e cancelamentos de voos. O transporte rodoviário, apesar de sua predominância na repartição modal, aponta em sua infraestrutura problemas resultantes de deficiências no planejamento, na execução e na manutenção. Deficiências que foram extensamente identificadas na Pesquisa CNT de Rodovias 2013, onde ficou clara a extensão dos problemas das rodovias brasileiras, em termo de pavimento, sinalização e geometria. A comparação com países de dimensões semelhantes, tanto da extensão de rodovias pavimentadas como da extensão de rodovias com mais de uma faixa por sentido, constata que o Brasil apresenta uma grande desvantagem competitiva em relação aos países em questão, ficando abaixo dos valores médios para o conjunto de países. O grande número de rodovias em condições precárias de conservação e funcionalidade, como a idade media da frota rodoviária elevada, aumentam os riscos de acidentes e de danos nos veículos, tendo como consequências significativas o elevado numero de vitimas e a emissão de poluentes. O transporte ferroviário, mesmo com sua capacidade para o transporte de grande quantidade de mercadorias, como minérios e grãos, por longas distancias, devido às características físicas e econômicas do país, ainda necessita de significativos e contínuos investimentos.Esses investimentos, necessários para a ampliação da malha e aquisição 52 de equipamentos e material rodante, deparam com dificuldades no acesso as fontes de financiamento, contratos de concessão pouco claros e excessiva tributação. Constata-se nesse modal, uma demanda contida pelo transporte de produtos industrializados. Fatores que ainda dificultam sua competitividade, especialmente com o transporte rodoviário, é a regulamentação do setor e a pequena flexibilidade da malha. O custo do frete, a confiança dos prazos de entrega e a disponibilidade de vagões especializados, são algumas das características do transporte ferroviário que devem ser melhorados para o seu maior aproveitamento. Nas grandes áreas urbanas, onde a resolução é da responsabilidade do poder publico, alguns dos problemas enfrentados são o progresso da urbanização irregular sobre áreas de jurisdição da ferrovia e a ocorrência de passagens de nível critica, com resultados negativos na qualidade do serviço ferroviário, na velocidade desenvolvida e na segurança (CNT, 2014). O transporte marítimo defronta-se com impasses relacionados à pressão da urbanização sobre as infraestruturas portuárias, com consideráveis impactos em sua expectativa de expansão e na união a outros modais. O crescimento dos cais e das áreas portuárias é limitado pelas ocupações populacionais, ocasionando assim o acréscimo de custos a sua expansão. É limitado por restrições, usualmente chamada gargalos, o fluxo de cargas por meio dos acessos terrestres, de e para os portos, associadas à infraestrutura, a regulamentação e aos procedimentos burocráticos. No contexto das instalações portuárias, há pequena disponibilidade de terminais e insuficiente profundidade em algumas áreas de acesso e de atracação de navios. Requerem-se investimentos em tecnologia e equipamentos e na capacitação dos profissionais que atuam nesse setor. A frota necessita ser renovada, com maior oferta de navios com bandeira nacional. A tributação elevada, a burocracia complexa, o marco regulatório pouco flexível e sem clareza jurídica, impõe custos que devem ser diminuídos. Um dos problemas visíveis é a dificuldade no escoamento da produção agrícola, com as constantes filas de caminhões nas rodovias que transportam ate os portos (CNT, 2014). 53 4.3 Situação Atual dos Modais de Transporte Retrata uma perspectiva geral para cada modalidade de transporte, aéreo, aquaviário, ferroviário e rodoviário. Dados do Plano CNT de Transporte e Logística 2014, que realisou estudados para cada modalidade, suas características operacionais, a abrangência no território, a evolução da demanda e da oferta, o quadro institucional e regulatório, as dificuldades na sua infraestrutura e os principais desafios ao seu desenvolvimento. 4.3.1 Transporte Aéreo O transporte aéreo, no Brasil, possui uma infraestrutura com 66 aeroportos, sendo 61 operados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), e opera 31 terminais de logística de carga. Os aeroportos de Brasília, Campinas, e Guarulhos foram concessionados a iniciativa privada em fevereiro de 2012, os aeroportos do Galeão (Rio de Janeiro/RJ) e de Confins (Belo Horizonte/MG) foram também concedidos, em novembro de 2013. Segundo a Infraero, em 2012, a participação desses aeroportos no movimento operacional total, foi de 30,1% do numero de passageiros, de 54,9% da carga aérea (em toneladas) e de 19,3% do numero de aeronaves. Os aeroportos do Galeão e de Confins, em comparação aos outros aeroportos brasileiros, encontram-se nessa ordem em 2º e 5º lugares quanto ao transporte de passageiros, e em 4º e 13º lugares quanto ao transporte de carga aérea e correios. Os desafios impostos pela notável expansão do mercado de aviação nos anos recentes, no Brasil, esta relacionada com a concessão de parte da gestão aeroportuária a agentes privados. No período de 2003 a 2012, o crescimento médio da quantidade de carga paga transportada, em toneladas, foi de 4,6% ao ano no mercado domestico, e de 6,5% ao ano no mercado internacional. Dinâmica que pode ser atribuída ao crescimento da economia brasileira, a distribuição de renda no país e a concorrência do setor. De acordo com a Anac, em 2012, o setor de carga aérea teve um decréscimo de 9,1% tento sido transportadas 1,1 milhão de toneladas, segundo a Infraero. De acordo com a International Civil AviationOrganization (ICAO), o transporte aéreo de carga no 54 mundo, equivale a 49,2 milhões de toneladas-quilômetros, teve um decréscimo de 1,1% no período, em parte se refere à redução da demanda por bens importados nos países da zona Euro. Os preços dos combustíveis são também um obstáculo ao crescimento do transporte aéreo, que pode ser diminuído através do desenvolvimento e da aquisição de aeronaves com maiores níveis de eficiência energética. Em dezembro de 2012, o governo federal lançou um conjunto de ações para o setor aeroportuário, que compreendem a já referida concessão a gestores privados dos aeroportos internacionais do Galeão (RJ) e de Confins (MG), com investimentos estimados em R$ 9,2 bilhões, a reorganização da rede de aviação regional brasileira, com investimentos superiores a R$ 7,3 bilhões em 270 regionais. Encontra-se em desenvolvimento os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com investimentos públicos previstos em infraestrutura de energia, transportes e logística. Integram projetos para os diversos modais de transporte, especialmente para a expansão da capacidade aeroportuária no Brasil, através de obras de ampliação, modernização ou construção de infraestruturas, como os terminais, pistas, pátios, torres de controle e sistemas operacionais. A Copa do Mundo de Futebol de 2014 foi o motivo pela demanda acrescida, justificando os projetos de adequação da oferta. O que gerou transtornos, devido aos atrasos, com reduzidos percentuais de execução física concluída e reprogramação das datas para a conclusão das obras. 4.3.2 Transporte Aquaviário Sua expressiva participação na movimentação total de mercadorias destaca a importância estratégica do setor portuário para a economia do país. O setor movimentou, em toneladas, no ano de 2013, 98,3% das exportações e 90,4% das importações, movimentando no total 931 milhões de toneladas, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comercio Exterior e da Agencia Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). O sistema portuário brasileiro é formado por 37 portos públicos, localizados em 16 Unidades da Federação, sendo 34 marítimos e3fluviais, e 130 terminais de uso privado. Apesar de sua importância para a economia nacional, o transporte marítimo, tem apresentado pequena competitividade em relação ao dos demais países. Ao longo do século XX, no Brasil, a navegação de cabotagem, foi 55 marcada por frequentes ciclos de expansão e estagnação. Destaca-se a falta de continuidade de planejamento e de ações, o que tem trancado o pleno desenvolvimento do setor. Na década de 1990, foram implementadas algumas alterações, como a privatização e a extinção de estatais, que tiveram como resultado uma forte desregulamentação, possibilitando assim a abertura do mercado, a entrada de empresas estrangeiras, acarretando na falência dos armadores nacionais. A Lei 10.233, de 2001, reestruturou os setores de transporte aquaviário e terrestre, passando a ser regulamentadas por agencias independentes. Assim, foram criados o Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes Terrestres (ANTT), a Agencia Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit). A criação da Secretaria de Portos (SEP), em 2007, vinculada a Presidência as República, Sendo-lhe incumbida a formulação de diretrizes e políticas para o desenvolvimento das infraestruturas de portos e instalações portuárias, objetivando o aumento da segurança e da eficiência. Foi desenvolvido o Plano Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária (PND), iniciado em 2007, no intuito da melhoria das condições de operação. No Plano Geral de Outorgas (PGO), de 2009, foi previsto a possibilidade de abertura do setor portuário a investimentos privados. Segundo a Antaq, no Brasil, as navegações de longo curso e de cabotagem, movimentaram em 2013, 890,5 milhões de toneladas. Desse montante, 73,9%, o que significa 658 milhões de toneladas, corresponde a navegação de longo curso, correspondendo os restantes 21,7%, 193,4 milhões de toneladas, a navegação de cabotagem. A navegação de longo curso teve um crescimento de 2,07% em relação ao ano anterior, enquanto a navegação de cabotagem cresceu 1,7 no mesmo período. Foi o granel sólido,a natureza da carga predominante na navegação de longo curso, em 2013, com 75,2% do total movimentado, seguido da carga geral, com 15,0%, e o granel líquido, com 9,7%. Em 2013, do total embarcado por grupo de mercadorias, com 60,4% o minério de ferro se destaca dos demais itens. No total desembarcado, no mesmo período, predominaram os combustíveis e óleos minerais e produtos 25,5%, contêineres 25,4%, e fertilizantes e adubos 15,4%. Em 2013, para a navegação de cabotagem, com 78,3% do total movimentado, a natureza da carga predominante foi o granel liquido seguido do granel sólido, com 11,6%, e a carga geral, com 10,0%. Com 75,5% 56 destacaram-se os combustíveis e óleos minerais e produtos, do total transportado por grupo de mercadorias, em 2013. De acordo com a Antaq, em 2013, as navegações de apoio marítimo e apoio portuário, tiveram uma participação de 0,4% e 0,2% respectivamente na tonelagem total de mercadorias movimentadas. Devido a intensificação da exploração do pré-sal no período, o apoio marítimo apesar da sua pequena expressão na tonelagem total, teve um significativo aumento, de 147,5% em relação ao ano anterior. Em 2013, quanto aos locais de embarque e desembarque, a movimentação de cargas nos portos organizados, representou 36,3% da tonelagem total, já nos terminais de uso privado representou 63,7%. Concentram cerca de 70% do total de cargas, em toneladas, os cinco portos mais movimentados, Santos (SP), Itaguaí (RJ), Paranaguá (PR), Rio Grande (RS) e Itaqui (MA). Com 29,5% das cargas movimentadas na totalidade dos portos, o porto de Santos teve a movimentação mais significativa. Isso porque, em 2013, a carga conteinerizada teve um crescimento considerável de 12,2% em relação ao ano anterior, sendo especialmente relevante na navegação de cabotagem, 22,5% em relação a 2012. O transporte marítimo no Brasil defronta-se com um conjunto de entraves ao seu desenvolvimento, na Pesquisa CNT do Transporte Marítimo 2012, os principais deles foram identificados nas seguintes áreas: infraestrutura portuária e de acesso, oferta de navios de bandeira nacional, marco regulatório pouco flexível e sem clareza jurídica, burocracia e quantidade de atores envolvidos no setor, tributação e qualificação da mão de obra. Foram identificados na Pesquisa CNT do Transporte Aquaviário de Cabotagem 2013, para a navegação de cabotagem, os seguintes entraves: a baixa prioridade dada à cabotagem em relação à navegação de longo curso quanto ao uso da infraestrutura portuária, tendo como resultado o elevado tempo de espera nos portos, os custos com a tripulação, pertinente a falta de mão de obra, a carência de integração modal, a complicação de acesso ao credito para renovação da frota e a exagerada tributação em razão de não ter sido implantada ainda o acordo com a navegação de longo curso. Os elevados encargos sociais, a escassez de alguns tipos de serviço, a carência de navios e contêineres, fronte a demanda, o custo do combustível, a carência de novas rotas e a redução dos recursos investidos no setor, são mais alguns dos problemas. Esses problemas explicam porque a cabotagem brasileira tem um ritmo modesto de crescimento, mesmo com as inerentes vantagens econômicas e ambientais e do grande potencial representado pela extensa faixa litorânea. Em comparação com a 57 navegação de longo curso, que no período de 2010 a 2013 teve um crescimento de 11,0%, a quantidade transportada através da cabotagem, em toneladas, no mesmo período, teve umcrescimento de somente 7,9%. Em comparação aos demais modais, a navegação interior, distingui-se pela grande capacidade de carregamento e pelo reduzido custo do frete por toneladaquilômetro, e também, pela baixa velocidade, disponibilidade e frequência. Indicado ao transporte de mercadorias homogenes, de baixo valor agregado, não perecíveis e de grande peso especifico, especifico a granel. Obtêm-se ganhos neste modal por meio do transporte de um grande volume de carga por longas distancias. Essa oferta condiz as características econômicas e físicas do país, devido a grande extensão da sua rede hidroviária estar localizada em regiões que oferecem consideráveis produções de mineral e agrícola. De acordo com a Antaq, calcula-se que somente 50,3% (20.956 km) da extensão de vias navegáveis sejam economicamente navegáveis, sendo 19.764 km utilizados para o transporte de carga e 6.360 km para o transporte de passageiros. Ate então 1.192 km são utilizados unicamente no transporte de passageiros e 5.168 km para o transporte misto (carga e passageiro). No Brasil, o transporte hidroviário, apesar de seu grande potencial, tem uma participação pouco significativa, com cerca de 7% no total de carga transportada no país, considerando navegação interior e cabotagem, segundo Pesquisa CNT da Navegação Interior 2013. O transporte de cargas por meio da navegação interior movimentou 80,3 milhões de toneladas em 2013, de acordo com a Antaq, o que significa um crescimento de 7,9% em relação a 2010, mesmo com um decréscimo de 0,8% em relação a 2012. Os graneis sólidos foi o tipo de carga com a maior representatividade, com 69,1% das cargas totais, em toneladas, destacando o minério de ferro, a soja e combustíveis e óleos minerais e produtos. Após, segue os graneis líquidos com 15,7%, a carga geral conteinerizada com 8,0% e a carga geral solta com 7,3%. Em 2013 a região Amazônica destacou-se com a maior quantidade de carga transportada na navegação interior, com 55,1% das cargas totais em toneladas, seguida da região Tocantins-Araguaia com 24,8%. Em 2012, a movimentação de cargas, em linhas mistas (passageiros e cargas) e apenas cargas, correspondeu a 4,6 milhões de toneladas, com previsão de crescimento de 12,7% para 2022. Constata-se que o transporte fluvial em embarcações mistas, de passageiros e cargas, mesmo com os problemas identificados para esse modal, como o 58 baixo nível de serviço oferecido nos terminais e a fraca integração com os demais modais de transporte, continua a ser à base do transporte ao longo do eixo do Rio Amazonas e de seus afluentes. Os principais gargalos enfrentados pelos usuários na navegação fluvial no Brasil foram identificados pela Pesquisa CNT da Navegação Interior 2013: particularidades das embarcações e dificuldades no seu financiamento, burocracia exagerada e grande numero de órgãos envolvidos, dificuldade de obtenção de licenças ambientais, regime jurídico complexo e genérico, sem regras especificas para esse modo de transporte, conflito com o setor elétrico, quanto à construção de eclusas e a manutenção de profundidades mínimas para a navegabilidade, excesso de tributos e insuficiente capacitação de profissionais. O ritmo de realização dos investimentos tem estado abaixo tanto das necessidades do setor como dos valores que tem sido planejados e autorizados. O Plano Nacional de Logística e Transporte (PNLT), que institui os investimentos realizados entre 2008 e 2013, apresentou para o período de 2008 a 2011 investimentos de R$ 7,2 bilhões em navegação interior. No entanto, ate 2011 foram executados apenas R$ 1,6 bilhões, 22% dos investimentos recomendados para o setor até aquele ano. 4.3.3 Transporte Ferroviário Através de concessões a investimentos privados, que se realizaram os primeiros projetos ferroviários no Brasil, ao longo do século XIX e no inicio do XX. Em 1922, o modal se apresentou como o mais apropriado ao escoamento da crescente produção agrícola em direção ao litoral e teve uma considerável expansão, o sistema ferroviário brasileiro dispunha de aproximadamente 29 mil quilômetros de extensão. O setor foi atingido por dificuldades financeiras, ao longo da primeira metade do século XX, e inúmeras empresas finalizaram atividades ou foram nacionalizadas. Com o propósito de potencializar o investimento estatal, melhorar a gestão, a manutenção, e ampliar a malha existente, foi criada em 1947, a rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), que aglutinou 18 ferrovias controladas pelo governo federal, com uma extensão total aproximada de 37 mil quilômetros, de acordo com a ANTT. A situação da malha ferroviária na primeira metade da década de 1980 evidenciava que o propósito não tinha sido alcançado. 59 Esta atribuída desde 2001 a Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a regulação das atividades de prestação de serviço publico de transporte ferroviário, a exploração da sua infraestrutura e o acompanhamento da execução do contrato. Em 2013, a malha ferroviária nacional relativa às operadoras reguladas pela ANTT, contava com uma extensão total de 28.190 km, sendo 22.219 km - 78,8% em bitola estreita (1,00 m), 5.461 km - 19,4% em bitola larga (1,60 m) e 510 km – 1,8% em bitola mista. Essa malha atravessa 22 Unidades da Federação, em todas as Regiões. O total de carga transportada em 2012 por todas as concessionárias correspondeu a 459.947 toneladas uteis (TU), o que significa um crescimento de 18,2% em relação a 2006.A produção de transporte em toneladas-quilômetros útil (TKU) foi de 301.653, um crescimento de 26,5% em relação a 2006. Nesse período, a quantidade de locomotivas em circulação teve um aumento de 44,2% e de vagões aumentou 44,9%. E o numero de acidentes por milhão de trem-quilômetro teve uma redução de 43,4%. De acordo com a ANTT, no período de 2006 a 2012, os investimentos acumulados praticados pelas concessionárias corresponderam à soma de R$ 22,10 bilhões, preço corrente. Investimentos que foram destinados basicamente à via permanente 38,3% do investimento total, e ao material rodante 37,2%. Em relação à natureza de mercadoria transportada, em 2011, o minério de ferro se destacou com a maior participação em toneladas uteis 75,2%, seguido da soja e do farelo de soja 5,0%. Os investimentos privados têm orientado à melhora do serviço prestado no transporte ferroviário, bem como a um melhor aproveitamento da vocação desse modal para o transporte de uma grande capacidade de mercadorias através de longas distancias. Mas apesar dos desenvolvimentos realizados no transporte ferroviário, e dos resultantes ganhos em segurança e eficiência e no aumento da demanda, nos últimos anos, muito ainda precisa ser feito. No entanto, são necessários mais que apenas investimentos, é preciso também alterações no quadro legal e burocrático, perante os desafios que se impõe ao setor. Segundo a Pesquisa CNT de Ferrovias 2011, foram identificados alguns dos entraves ao desenvolvimento do sistema ferroviário nacional, entre eles: invasões das faixas de domínio, passagens em nível criticas, gargalos físicos e operacionais, falta de integração da malha, restrições a aquisição de nova tecnologia e de materiais, marco regulatório inconsistente e complexo e dificuldades na obtenção de financiamentos.Entre as intervenções recomentadas pelo estudo, esta a unificação das 60 bitolas (de bitola estreita para bitola larga), a construção de ferrovias estruturantes, a integração de ferrovias existes, a integração com portos marítimos e hidroviários e a construção de contornos ferroviários. No modo ferroviário, perante o transporte de mercadorias, o transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, tem uma expressão bastante reduzida, no Brasil. Há uma grande demanda reprimida em relação a esse tipo de serviço, por isso esta em curso o desenvolvimento do Projeto Trens Regionais, que pretende promover a serviço regular de transporte de passageiros, em trens de media velocidade. Segundo o Ministério dos Transportes, estão previstosno projeto, 19 trechos em 11 unidades da Federação com uma extensão media em torno de 135 km, os trechos para passageiros estão atualmente em fase de estudos de viabilidade econômica e financeira e de consultas publicas, tendo como base o aproveitamento de trechos de ferrovias de carga existentes. 4.3.4 Transporte Rodoviário No Brasil, o transporte rodoviário tem uma participação prevalecente na matriz de transporte de cargas e de passageiros. Segundo dados do Geipot, no transporte regional de cargas, em milhões de TKUs (tonelada por quilômetro útil) sua participação é de aproximadamente 61,1%, seguida do ferroviário com 20,7%, do aquaviário com 13,6%, do dutoviário com 4,2%, e do aéreo com 0,4%. O transporte rodoviário encontra problemas que prejudicam o seu desempenho, principalmente no nível das infraestruturas, como, deficiências de projeto, má gestão e falta de manutenção, causando desperdício de tempo e impactos com custos elevados, como acidentes, poluição e danos nos veículos. As rodovias brasileiras apresentavam uma extensão total de 1.713.885 km, em 2013, sendo a maioria delas 1.358.793 km não pavimentada, um total de 79,3%, seguida das pavimentadas 202.589 km, 11,8% do total, e das planejadas 152.503 km, 8,9% do total. Entre as rodovias pavimentadas 54,7%, 110.842 km, são estaduais e 32,1%, 64.921 km, são federais. Nas rodovias federais pavimentadas, prevalecem as rodovias de pista simples com 58.342 km, 89,9% da extensão total. Referente à distribuiçãono território, à malha rodoviária federal pavimentada tem a sua maior extensão na Região 61 Nordeste29,7%, seguida das Regiões Sudeste 22,3%, Sul 18,1%, Centro-Oeste 17,2% e Norte 12,7%. De 2004 a 2013, a extensão da malha rodoviária federal teve um crescimento de 12,1%, mas na oferta de transporte, essa ampliação pode ser considerada pouco significativa, se comparada com a evolução de alguns indicadores que afetam a demanda por serviços de transporte, como o Produto Interno Bruto e a frota total de veículos, que dobrou nesse período. Destaca-se também, a baixa densidade da malha rodoviária pavimentada do Brasil, 23,8%/1.000 km², quando comparada com a de outros países de dimensão similar, como os Estados Unidos, 445,2 km/1.000 km², China, 359,9 km/1.000 km² e Austrália, 46,0 km/1.000 km² (considerando que 18% do território desse país são desertos). Conforme a pesquisa CNT de Rodovias 2013 analisou, em 96.714 km de rodovias, com a totalidade da malha federal e as principais estatais pavimentadas, as características: Estado geral da via, pavimento, sinalização e geometria da via. Essas características foram identificadas segundo um dos critérios: Ótimo, Bom, Regular, Ruim ou Péssimo. Em relação ao estado geral, contatou-se que 36,2% (35.002 km) das rodovias possuem condições satisfatórias, Ótimo ou Bom. Do total de rodovias pesquisadas, em 63,8% foram identificados problemas no pavimento, na sinalização e na geometria da via, indicando as situações Regular (34,4%), Ruim (21,4%) e Péssimo (8%). Referente ao Estado Geral, as Unidades da Federação que apresentam os maiores percentuais de trechos com condições satisfatórias são, São Paulo com 82,2%, Rio de Janeiro com 65,0% e Paraná com 62,8%.Já as Unidades da Federação com os menores percentuais de rodovias em condições satisfatórias são Acre 0,0%, Pará 5,2% e Amazonas 10,4%. Confirma-se, dessa maneira, que as rodovias pavimentadas alem de terem uma pequena participação na malha total, apresentam condições insatisfatórias em uma considerável parcela da sua extensão. Os gargalos físicos decorrentes disso, ao aumentar o Custo Brasil, prejudicam todo o sistema logístico, e dificultam a competitividade do país, no que diz respeito a sua infraestrutura. Constata-se que parte dos investimentos públicos autorizados a cada ano, acaba não sendo realmente realizada, diferença que tem se tornado bastante significativa nos últimos anos. Como percebido, nas ultimas décadas, onde ocorreu uma significativa redução do investimento publico em infraestrutura de transporte, em 0% do PIB, de 62 1,8% em 1976 para 0,3% em 2013. Em 2013, dos R$ 19,1 bilhões autorizados para as infraestruturas de transporte, somente R$ 12,5 bilhões foram efetivamente pagos. Tal situação ocorre devido à dificuldade de execução e de gerenciamento dos investimentos por parte do governo. Em 1995, iniciou-se um programa de concessões de estradas federais a operadoras privadas, em seguida também foram concedidas algumas rodovias estaduais. No período de 1995 a 2013 os investimentos acumulados, correspondentes a 33,7 bolhões, foram investidos principalmente em rodovias estaduais de São Paulo 53,3%, em rodovias federais 28,8% e em rodovias estaduais do Paraná 9,3%. Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2013, indicou que 80.841 km (83,6%) estão no momento sobgestão publica e 15.873 km (16,4%) sobgestão concedida. Os trechos classificados como satisfatórios (critérios Ótimo ou Bom) nas estradas concedidas correspondem a 84,4% do total, este valor corresponde a apenas 26,7% nas estradas publicas. Destacase, o incremento na qualidade percebida pelos usuários das rodovias concedias, através da ampliação da capacidade e de uma cuidadosa manutenção da malha rodoviária. A execução dos investimentos privados deve acontecer em um ambiente econômico seguro, com estabilidade contratual e, objetivos definidos claramente. Segundo o Departamento Nacional de Transito (Denatran), no período de 2004 a 2013, o numero de veículos no país, passou de 39,2 milhões para 78,8 milhões, representando um crescimento de 101,0%. De acordo com a Associação nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no Brasil, apenas em 2013, foram fabricados e licenciados 3.767.370 veículos, desses 73,4% foram automóveis, 21,7% comerciais leves, 4,1% caminhões e 0,9% ônibus. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Bicicletas e Similares (Abraciclo), o numero de motocicletas vendidas em 2013, foi de 1.592.677 unidades, que corresponde a um crescimento de 55,5% em relação aos valores de 2005. Esse crescimento tem tido um significativo impacto na gestão da mobilidade urbana. Segundo a Pesquisa CNT de Rodovias 2013, de 2007 a 2013, o licenciamento de veículos rodoviários de carga, caminhões, caminhões tratores, reboques e semirreboques, teve um crescimento de 16,9%, o que demonstra um aumento acréscimo da demanda de serviços de transporte rodoviário e uma maior pressão sobre as rodovias. Mesmo com esse crescimento, no Brasil, a idade media da frota de caminhões ainda é bastante alta. Conforme o Registro Nacional de Transportadores de Carga, os 63 caminhões de empresas têm idade média de 8,5 anos, e os de autônomos tem 21 anos em media. A frota de veículos rodoviários de carga do país em 2013 correspondia a 4.890.018 unidades, e a frota de ônibus correspondia a 204.798 veículos, segundo dados levantados pelo Boletim Estatístico CNT. Sendo 17.309 ônibus interestaduais e internacionais, 57.000 intermunicipais, 23.489 habilitados para fretamento e 107.000 prestam serviços urbanos. 4.4 Perspectivas Futuras para o Setor de Transporte no Brasil O Governo Chinês, anunciou em maio de 2015, durante visita do primeiro ministro Li Keqiang em Brasília, que pretende investir aproximadamente US$ 53 bilhões no Brasil, um total de 52 obras. A cerimônia aconteceu no Palácio do Planalto, onde foram assinados 35 atos bilaterais em diversas áreas, entre eles o Plano de Ação Conjunta 2015-2021. Serão oito projetos para a área de transporte, no total, sendo outros setores também contemplados, como a agricultura e pecuária, energia, relações exteriores, comunicação, meio ambiente, ciência e tecnologia, esportes e planejamento (CNT, 2015). Também esta prevista a criação de um fundo de US$ 50 bilhões entre o ICBC (Banco Industrial e de Comércio da China) e a Caixa Econômica Federal, podendo ultrapassar de US$ 100 bilhões de investimentos, no entanto, ainda não foi divulgada a forma de financiamento dos projetos. Ficou definido, após o encontro entre a presidente Dilma Rousseff e o primeiro-ministro, que os governos dos dois países têm 60 dias para apresentar os detalhes dos projetos. O memorando de entendimento para estudos de viabilidade da Ferrovia Transoceânica Brasil-Peru, que interligara os oceanos Atlântico e Pacífico, cruzando o país de leste a oeste, esta entre os atos assinados (CNT, 2015), A estrada de ferro terá 4,4 mil km, sairá de Goiás passando pelos estados de Mato Grosso, Rondônia e Acre e atravessara os Andes, chegando aos portos do Peru. Integra-se a malha da ferrovia Transcontinental, no Brasil, ate o porto de Açu no Rio de Janeiro. O projeto abrira uma saída pelo Oceano Pacífico, o que facilitara e reduzira os custos com o escoamento do minério, da soja e demais produtos de exportação.Os 64 estudos de viabilidade serão feitos até meio de 2016, conforme acordo bilateral assinado, só então,se terá conhecimento dos custos do empreendimento (CNT, 2015). A Confederação Nacional do Transporte, em 2014, abriu um escritório em Pequim, com o propósito de estreitar a relação entre os empresários chineses e brasileiros, e melhorar a infraestrutura de transporte e logística do Brasil. a China anunciou fortes investimentos, e a CNT esta trabalhando para intensificar as parcerias. Conforme o diretor da CNT, o Brasil esta passando por um momento em que precisa de investimentos, e a parceria com estrangeiros representa uma alternativa para a melhoria da infraestrutura do país. As intervenções propõem uma visão sistêmica do transporte, com obras que envolvem todos os modais (CNT, 2015). De acordo com a CNT, referente aos projetos em transporte, os atos assinados foram: - Memorando de entendimento sobre estudos de viabilidade do projeto ferroviário Transcontinental; - Acordo de financiamento sobre a compra de 40 aeronaves da Embraer; - Memorando de financiamento sobre projeto de compra de 24 navios de minério de ferro de 400 mil toneladas; - memorando de entendimento para aquisição de quatro navios carregadores de minério de grande porte; - Acordo para transporte marítimo de minério de ferro; - Contrato de financiamento de leasing operacional para a Azul Linhas Aéreas; - Acordo para a ampliação da cobertura e do sinal na região do centro do Rio de janeiro e na região do Porto Maravilha. 65 CONSIDERAÇÕES FINAIS O setor de transporte é muito importante para o desenvolvimento da nação, pois é através dele que os produtos chegam às mãos de seus consumidores. O setor é motivador da indústria, pois sua estrutura necessita de veículos, navios, portos, estradas, entre outros, que constituem a cadeia produtiva, gerando assim muitos postos de trabalho, tanto no setor industrial, quanto comercial e de serviços. Um sistema de transporte eficiente, talvez fosse possível, com a integração dos diferentes modais, o que possibilitaria o aproveitamento total das matrizes para cada circunstancia de transporte, havendo a complementação entre os setores ao invés de disputa, ação que possibilitaria diminuir custos e melhorar a qualidade dos serviços, contribuindo também para o desenvolvimento econômico. O estudo dos diferentes modais possibilita verificar as características, bem como as vantagens e desvantagens de cada modalidade, dados que auxiliam na escolha do meio mais adequado para determinado tipo de operação ou produto, analise dos custos, capacidade de transporte, segurança e rapidez. O modal rodoviário tem grande destaque na matriz de transporte brasileira, devido a sua grande participação na movimentação de cargas, no entanto, observa-se a necessidade de uma infraestrutura mais adequada que permita o melhor desenvolvimento do país. A malha rodoviária pavimentada equivale a uma pequena parcela da malha rodoviária total, e tem apresentado crescimento moderado nos últimos anos, devido a pouca ação em relação à manutenção e melhoria da qualidade das rodovias pavimentadas, comprometendo a produtividade. Um dos entraves do transporte rodoviário é o roubo de cargas, que aumentando a cada ano, e a forma de abordagem dos assaltantes é uma das grandes preocupações, pois estes estão cada vez mais “capacitados”. A fim de prevenir que os roubos acontecem, as empresas precisam investir para melhorar o processo de gerenciamento de riscos, também o sistema de rastreamento e monitoramento. O setor de transporte também sofre com o aumento no valor dos combustíveis, o que afeta diretamente a prestação do serviço, o custo mais elevado na movimentação de cargas tem reflexos negativos, tanto para as empresas, como para os consumidores. 66 As infraestruturas de transporte são elementos importantes para o desenvolvimento econômico e social do país. Devido a sua relação com todos os outros setores produtivos. O fluxo de pessoas e bens depende do seu desempenho, no próprio território como para alem das fronteiras. Necessita-se que sejam minimizados os custos do transporte, que correspondem a uma significativa parcela do Produto Interno Bruto, diminuindo o impacto na economia. Essa diminuição depende da qualidade da oferta das infraestruturas de transporte, assim como a integração dos seus modais e a eficiência da gestão. No Brasil, observa-se um quadro de carência nessa oferta, ao estagio que a cadeia produtiva e os mercados consumidores se encontram em crescimento e requerem mais e melhores serviços. A oferta de infraestruturas de transporte no Brasil é insatisfatória quando comparada a sua extensão com as malhas de países de dimensões similares. A colocação do Brasil nesse setor, em comparação com os outros países, evidência um quadro de aparente desvantagem. Em um ambiente cada vez mais globalizado, a competitividade do país depende em grande parte do adequado desempenho das suas infraestruturas. Uma considerável parcela da infraestrutura de transporte, de todas as modalidades, esta ultrapassada, inadequada ou por construir. Algumas estão operando no limite ou ate acima da sua capacidade, e outras necessitam de manutenção, o que dificulta o crescimento do país e provoca reações negativas, como no tempo de viagens, no custo, no numero de acidentes e nos níveis de emissão de poluentes. Nos anos recentes, o restabelecimento dos investimentos públicos em infraestruturas de transporte, não tem sido o bastante para adequar a oferta de transporte às demandas atuais e esperadas. A realização dos investimentos tem estado abaixo dos valores planejados e autorizados. Nos próximos anos, com a necessidade de modernização dos sistemas de transporte do país, presume-se a necessidade de expressivos e constantes investimentos, conforme uma lógica de integração dos diversos modais. 67 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARAT, Josef. A evolução dos transportes no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE/IPEA, 1978. SILVA JUNIOR, Roberto França da.Geografia de redes e da logística no transporte rodoviário de cargas: fluxos e mobilidade geográfica do capital. 2004. 270 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Geografia, Departamento de Pos-graduação, Unesp, Presidente Prudente, 2004. ANDREAZZA, Mário. Os transportes no Brasil: Planejamento e Execução. Rio de Janeiro: Cia Brasileira, 1981. 63 p. 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