NOVO RETRATO DA ECONOMIA O desequilíbrio na matriz de transporte, com grande dependência das rodovias, é um obstáculo para a expansão da economia brasileira. Ao lançar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – com o objetivo de melhorar a infra-estrutura do país e dar base ao crescimento econômico – , em janeiro último, o governo federal anunciou investimentos de 34 bilhões de reais para a malha rodoviária nacional até 2009. O valor é praticamente o mesmo que o Sindicato Nacional da Construção Pesada (Sinicon) considera necessário para que a rede de estradas de rodagem saia do atual estado de deterioração para uma situação entre razoável e boa. Para que as rodovias brasileiras fossem comparadas às dos países ricos, seriam necessários investimentos de 100 bilhões de reais, de acordo com cálculos da Confederação Nacional dos Transportes (CNT). As rodovias, que são o principal meio de transporte de passageiros e de cargas no Brasil, estão em estado precário. Um levantamento da CNT, feito em 2006, mostra que 78% das rodovias brasileiras são classificadas como péssimas, ruins ou deficientes. Isso quer dizer que há 65 mil quilômetros de estradas esburacadas no território brasileiro. Não por acaso, as dez melhores rodovias do país estão no estado de São Paulo e todas são administradas por concessionárias. Isso demonstra que, na parte que depende dos recursos públicos, a situação é crítica. A melhoria das rede rodoviária é, assim, um dos pontos fundamentais para garantir o sucesso do PAC e do crescimento contínuo da economia brasileira. Qualquer acréscimo, por mínimo que seja, no desempenho da economia brasileira pode esbarrar em sérios gargalos no escoamento das mercadorias, como é o caso dos produtos agrícolas. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 2007 terá uma safra de grãos de 123 milhões de toneladas. No ano passado, a safra foi de 116 milhões. O aumento previsto significa mais carga circulando por estradas em péssimo estado. Essa precariedade favorece o surgimento de problemas como atraso na entrega das mercadorias e encarecimento do frete de caminhões, com reflexo no preço final dos produtos. Por isso, produtores rurais e empresários do setor de transportes afirmam que os problemas da estrutura de transportes colocam em risco o desempenho do agronegócio e das exportações. (Atualidades 2008 – Economia Transportes)