06 de Dezembro de 2016 Análise XP Como o Referendo Italiano impacta o Brasil? Quando investidores pensavam no cenário de 2016 em janeiro, se deparavam com uma alta volatilidade nos mercados ocasionados por desconfianças em torno da economia chinesa, o candidato azarão Donald Trump seguia vitorioso nas primárias do Partido Republicano, e as pesquisas de opinião apontavam, com grande margem de segurança, uma derrota do Referendo do Reino Unido, o Brexit, e uma vitória do Referendo Italiano. O ano se encerra com a China sendo o menor dos problemas no ano, entregando uma desaceleração organizada, Trump se tornou o novo presidente dos Estados Unidos, o Brexit passou, derrubando o antigo primeiro ministro David Cameron, e no último domingo o Referendo Italiano foi rejeitado com uma, surpreendente, folga (Gráfico 1), também motivando a provável renúncia do primeiro ministro Matteo Renzi. Fonte: Bloomberg Tendo esse pano de fundo, fica mais compreensível a apreensão de investidores com o evento, no qual a rejeição ao Referendo foi preferida por 59% dos eleitores. Não cabe aqui tratar o Referendo em si, mas analisar as possíveis consequências que o evento traz, muito mais simbólicas do que imediatas, ao que tudo indica a transição será suave, sem a convocação de eleições gerais, o que levantaria questionamentos sobre a força do partido 5 estrelas, defensor da saída da Itália da zona do euro. Mais uma vez um movimento anti-establishment se mostra vitorioso no ano, sendo que o evento ocorre em um país importante economicamente, com o agravante que a Itália faz parte da Zona do Euro (usufrui de uma moeda comum, o euro), enquanto o Reino Unido, ainda, é parte apenas da União Europeia. O risco temido por muitos é que a onda crescente de insatisfação chegue ao ponto de provocar a desintegração do bloco europeu. Particularmente, o Referendo Italiano não aparenta ser o caso. A crise dos bancos italianos tem um potencial muito maior de conflito interno na região, embora seja possível estabelecer uma relação de causa e efeito da crise dos bancos com o resultado do Referendo. Por outro lado, a derrota de Renzi fortalece o discurso dos partidos espalhados na Europa que defendem que seus respectivos países requisitem a saída do bloco europeu, ao acreditarem que estão sendo prejudicados ao permanecer nele. Nessa ponta reside a ligação com o Brasil. Eleições 2017 A parte política europeia vem sendo muito acompanhada pelo mercado, pois nada menos do que 75% do PIB da Zona do Euro tem, ou teve neste domingo (Gráfico 2), alguma decisão que afeta a autoridade máxima de seu respectivo país. Em 2017 teremos três eleições de grandes países na Europa, Alemanha (esperado para setembro) , França (23 de abril e um possível segundo turno em 17 de maio) e Holanda (15 de março). Por enquanto as pesquisas de opinião apontam que os países da situação, ou alinhados com as ideais da situação, devem sair vitoriosos. No entanto, após os resultados do Referendo Italiano, do Brexit e a vitória de Trump, dificilmente algum investidor ficaria tranquilo em encarar o apontado nas pesquisas como muito provável. Devemos ter partidos com discursos anti-europeus fortes nas disputas eleitorais, e mesmo que não saiam vencedores, sua força deve ser suficiente para impactar as políticas implementadas nos próximos anos nesses países. Gustavo Cruz Analista, CNPI Fonte: CNN Relatório XP 06 de Dezembro de 2016 Ainda na discussão política, o domingo trouxe uma notícia positiva para quem defende a união do bloco, com a derrota na Áustria do partido de extrema direita, que defendia a saída da zona do euro. Outro ponto vem da própria Itália, onde as pesquisas mostravam a população contrária ao Referendo, mas apenas 15% favoráveis a saída do euro, e 67% se colocando como favoráveis ao euro. Banco Central Europeu Outro ponto que vem gerando conflitos na região é a ascendente divisão entre norte e sul da Europa quanto a atuação do Banco Central Europeu, com o norte (Alemanha, Holanda, Bélgica, entre outros) criticando muito a postura da instituição de prolongar os estímulos monetários, que julgam ser boas apenas para países inadimplentes do sul, junto ao temor de que isso desencadeie em uma inflação descontrolada na região. Do outro lado temos países do sul (Espanha, Itália, Grécia, entre outros), exigindo o prolongamento e ampliação do pacote, por acreditarem que o formato atual ainda não atingiu a meta de estimular a inflação na região, contribuindo para a aceleração do crescimento do bloco. Atualmente a inflação do bloco está em 0,6% (Gráfico 3), quando a meta é de 2,0%, por um lado bem distante, mas por outro o BCE iniciou seu pacote no primeiro trimestre de 2015, quando o indicador rondava o campo da deflação. Fonte: Bloomberg Nesta quinta-feira a instituição se comprometeu a divulgar as perspectivas do pacote de estímulos, que atualmente se encerra em março de 2017, e grande parte dos investidores acreditam que o pacote será prolongado. Em pesquisa recente da Bloomberg foi apontado um consenso de que o programa será prolongado quinta-feira para além de março de 2017, mas com alguma divergência quando ao ritmo de compra, onde 70% apontam em uma manutenção do ritmo, 15% acreditam em uma redução e o restante acredita em uma elevação. O sentimento do mercado converge para o prolongamento do pacote para além de março de 2017, mas com alguma redução no ritmo de compras do pacote ainda no mesmo ano. Conclusão Com esse ponto chegamos a relação direta entre o evento italiano e o Brasil. Atualmente o Brasil se beneficia da situação de maior liquidez internacional proporcionada por importantes bancos centrais, como o japonês e o europeu. A derrota do referendo, além de aumentar diretamente a aversão a risco com o risco de partidos anti-europeus vençam as eleições de 2017, também pode trazer uma pressão maior em torno da atuação do Banco Central Europeu. Ligando os pontos do relatório, a maior incerteza em torno de uma eleição da Alemanha, por exemplo, poderia se unir ao sentimento interno já insatisfeito com o estímulos, considerados excessivos, provocando uma pressão para que o vencedor das eleições pressione o Banco Central Europeu em sua atuação. Isso levaria a condições de liquidez menos favoráveis para as economias emergentes, ou seja, os investidores ao alocarem seus ativos tomariam menos risco, colocando menos recursos em países como o Brasil. Outra consequência indireta é uma volatilidade maior no câmbio brasileiro com a maior incerteza externa, a pressão da desvalorização no câmbio pode afetar diretamente a trajetória da curva de juros, com o Banco Central menos propício a cortar mais a taxa de juros com um câmbio mais desvalorizado, pois isso dificulta a convergência da inflação para a meta. Ainda é bem incerto se 2016 ficará na história como o início de um movimento maior, com a população se voltando contra os partidos políticos tradicionais, e possivelmente algum desses movimentos individuais se tornando o embrião que levará a ruptura da Zona do Euro. A outra possibilidade é que 2016 fique isolado como uma ascensão de movimentos que fizeram muito barulho, mas foi rapidamente reprimido nos anos seguintes. O certo é que 2016 foi um ano que frustrou cenários tidos como certos, e isso aumentará a cautela daqui para frente. 06 de Dezembro de 2016 Disclaimer 1) O atendimento de nossos clientes é realizado por empregados da XP Investimentos CCTVM S/A (“XP Investimentos ou XP”) ou por agentes autônomos de investimento que desempenham suas atividades por meio da XP, em conformidade com a ICVM nº 497/2011, os quais encontram-se registrados na Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários – ANCORD. 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