Dados: Fechamento em 22/07/2016. = :Tendência de alta/baixa/estabilidade em relação ao fechamento em 15/07/2016. SITUAÇÃO GLOBAL Malásia: corte nas taxas de juros A taxa anualizada de crescimento da Malásia foi de em 4,2% no primeiro trimestre de 2016, porém há tendência de desaceleração em todos os indicadores (investimentos, demanda doméstica, exportações). O Banco Central da Malásia surpreendeu analistas locais e internacionais e decidiu reduzir a taxa básica de juros, em resposta a quadro de desaceleração econômica e incertezas associadas ao desempenho da economia mundial. A taxa básica de juros malásia passou para 3%. Entre os motivos indicados para tal ação, o Comitê de Política Monetária apontou a recente incerteza sobre a performance da economia mundial, sobretudo européia, frente ao Brexit. Ademais, maior debilidade no setor externo das economias asiáticas e alta da liquidez internacional concorreram para a decisão. A redução da taxa de juros poderá contrarrestar a tendência de desaceleração do crescimento do país nos próximos meses. Novo pacote japonês de estímulo à economia Especula-se que, em reunião com autoridades governamentais japonesas na semana passada, o ex-Presidente do Federal Reserve dos EUA, Ben Bernanke, teria defendido o uso do "dinheiro de helicóptero". O Primeiro-Ministro do Japão, Shinzo Abe, recorre frequentemente a encontros privados com economistas não-ortodoxos internacionais, em particular durante momentos cruciais de definição de rumos da economia. O "timing" da visita de Ben Bernanke ao Japão coincidiu com o anúncio governamental de elaboração de novo pacote de iniciativas de estímulo econômico, o que gerou especulações sobre a possível adoção, pelo Japão, de medidas econômicas ainda mais ambiciosas do que as que já vêm sendo adotadas nos últimos anos. O Secretário-Geral do Gabinete de Ministros, Yoshihide Suga, teria mencionado que Bernanke acredita que o Banco do Japão ainda possui uma ampla gama de medidas de "monetary easing" à sua disposição, e que a instituição deveria coordená-las com medidas paralelas de cunho fiscal adotadas pelo Governo. O uso do "dinheiro de helicóptero", estratégia radical de flexibilização monetária, seria forma de evitar qualquer possibilidade de retorno à deflação. A expectativa criada tem sido positiva tanto para o mercado financeiro local quanto para a variação cambial do iene. Divergências Norte-Sul na Zona do Euro Para analistas, a polarização interna entre os países-membros do Norte e do Sul da Zona do Euro limita a capacidade de soluções coletivas aos desafios enfrentados pela moeda única europeia. Segundo analistas europeus, a crescente distância entre o Norte e o Sul da Zona do Euro acentuaria as não poucas dificuldades atualmente enfrentadas pelo bloco, especialmente no que se refere à adoção de medidas de política econômica. Representado por países como Espanha, Itália e Portugal, mas também a Irlanda e, por vezes, a França, o Sul vislumbraria a Zona do Euro como bloco onde deve haver compartilhamento de riscos financeiros, transferências fiscais e maleabilidade normativa na resolução de distúrbios das finanças públicas e bancárias (polo da solidariedade e flexibilidade). Os Estados do Norte, representados principalmente pela Alemanha, Áustria, Finlândia e Países Baixos, tenderiam a rejeitar partilha de riscos, prezariam pela disciplina fiscal e defenderiam a observância dos Pactos (polo da responsabilidade e credibilidade). Apesar dessa polarização, a população da zona do euro ainda se mostra favorável à moeda comum (70%, conforme a pesquisa de opinião do Eurobarômetro de novembro de 2015). BANCO CRIADO PELOS BRICS CAPTA RECURSOS VERDES Em 18 de julho, o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), criado pelos BRICS, sediado em Xangai, fez sua primeira captação de recursos financeiros com a emissão de bônus “verdes” no mercado chinês. A emissão, no valor total de 3 bilhões de renminbis (aproximadamente 450 milhões de dólares), teve prazo de pagamento de 5 anos e taxa de juros nominal de 3,07%, comparável à do melhor banco estatal chinês. A procura pelo título foi três vezes maior do que a oferta. Os recursos alavancados por essa emissão de títulos serão usados para o financiamento de projetos no Brasil, na Índia, na China e na África do Sul. O NBD tem conceito "AAA" para emissões na China, de acordo com agências chinesas de "rating", e a emissão de títulos foi garantida pela consultoria "Ernst & Young Hua Ming LLP". PUBLICAÇÕES DE ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS "World Economic Outlook" – July update (FMI) Na última semana, o Fundo Monetário Internacional publicou a atualização periódica do “World Economic Outlook - WEO”. O relatório do Fundo concentrou-se nos efeitos do "Brexit" para a economia mundial. Da perspectiva macroeconômica, o "Brexit" implica aumento substancial das incertezas econômicas, políticas e institucionais, com efeitos negativos especialmente para as economias europeias. De acordo com o FMI, o "Brexit" poderá comprometer 0.1% da média do crescimento mundial – na revisão atual, as estimativas de crescimento do PIB mundial para 2016 e 2017 foram rebaixadas para 3,1% e 3,4% respectivamente. Mas a incerteza do cenário pós-"Brexit" tem potencial de afetar ainda mais a performance econômica global, inclusive com previsão de limitação do crescimento em 2,8% (igual ao crescimento de 2015) no cenário mais adverso. A atualização de julho do WEO contém, ainda, indicação de melhora no cenário econômico brasileiro, com previsão de retomada do crescimento em 2017, a depender da estabilização do quadro político no Brasil. <http://www.imf.org/external/pubs/ft/weo/2016/update/02/pdf/0716.pdf> Desenvolvimento Econômico na África 2016 (UNCTAD) O Relatório de 2016 da UNCTAD “Desenvolvimento Econômico na África – Dinâmica do Endividamento e Financiamento ao Desenvolvimento na África” passa em revista os diferentes esforços nacionais e internacionais de financiamento do desenvolvimento no continente africano (com custo anual estimado entre USD 600 bilhões a 1,2 trilhões), em contexto de progressiva substituição da ajuda oficial ao desenvolvimento por fluxos privados e mobilização doméstica de recursos. O relatório concentra-se especificamente no cenário corrente de endividamento dos países africanos, marcado pela rápida alta da dívida externa (de 7.8% PIB em 2006-2009 para 10,2% em 2011-2013); e oferece sugestões de políticas públicas com potencial de maximizar os recursos recebidos e encontrar equilíbrio entre os fluxos de financiamento ao desenvolvimento e a sustentabilidade da dívida, como o foco em parcerias públicoprivadas e maior esforço no combate aos fluxos financeiros ilícitos. <http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/aldcafrica2016_en.pdf> "The Economic Outlook after the UK Referendum (Comissão Europeia) A Comissão Europeia (CE) publicou uma primeira avaliação dos impactos do "Brexit" na Zona do Euro e na própria União Europeia. Para a CE, o "leave" gerou volatilidade nos mercados, mudanças bruscas no valor do Euro e um grande aumento das incertezas. Nesse contexto, as perspectivas para a economia europeia sofrem especialmente pela falta de definição sobre padrões de comércio, mobilidade de bens, serviços e mão de obra, e o roteiro a ser seguido para a saída do Reino Unido da UE. A CE identifica deterioração das estimativas de crescimento da UE em 2016 (1,5-1,6%) e 2017 (1,3-1,5%) . As incertezas fazem com que essas estimativas ainda sejam passíveis de revisão, provavelmente para baixo. <http://ec.europa.eu/economy_finance/publications/eeip/pdf/ip032_en.pdf>