AS PERDAS DAS PRODUÇÕES AGRICOLAS

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AS PERDAS DAS PRODUÇÕES AGRICOLAS DEVIDO AO AQUECIMENTO
GLOBAL
Aline Cristina Leal
Luciléia Mary Santos de Matos
Márcia Cristina Carvalho
Talita Máira Biroqui
Profª M. Sc. Máris de Cássia Ribeiro
RESUMO
Orientando-se pelos dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre a Mudança
Climática) e estudos realizados por pesquisadores, o aquecimento global elevará a
temperatura do planeta em uma variação entre 1,4°C a 5,8°C assim como haverá
aumento de aproximadamente 15% no nível das chuvas o que trará conseqüências
drásticas para produção agrícola, com restrições de áreas cultiváveis de diversas
espécies de plantas e seu deslocamento para regiões de clima mais ameno e
aumento de fenômenos climáticos extremos. Uma possível solução além da
conscientização e conseqüente preservação da natureza como também tomadas de
atitudes corretivas será o uso da tecnologia genética para desenvolvimento de
variedade de plantas adaptadas a este novo cenário.
PALAVRAS-CHAVE: Aquecimento Global. Perda. Produção.
1. INTRODUÇÃO
Devido ao aquecimento global o clima está mudando cada vez mais e isso
está causando danos em todos os sentidos inclusive na produção agrícola. Essas
mudanças no planeta levaram a Organização Meteorológica Mundial (OMM) a criar
em 1988 o IPCC (Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática) e segundo
seu último estudo feito em fevereiro de 2007 a temperatura vai aumentar cerca de
3°C até o final do século XXI.
Conseqüentemente haverão muitas perdas nas produções agrícolas, devido
pouca resistência ao calor por parte das plantas, escassez de água potável e
aumento de fenômenos naturais catastróficos como furacões e ciclones,
ocasionando enchentes e erosões.
É importante investigar os efeitos do aquecimento também em pastagens e
animais para se tomar algumas iniciativas devido aos possíveis impactos, pois se
não houver um esforço conjunto as futuras gerações sofrerão com este
aquecimento.
Estão sendo desenvolvidas novas variedades de sementes mais resistentes a
esta temperatura que proporcionam maior produtividade. Existem várias maneiras
de evitar a perda na produção como: tornar o produto mais resistente ao calor,
deslocar o plantio para regiões mais frias e estudar possíveis efeitos que a mudança
climática pode causar na agricultura podendo assim se prevenir. Além disso, devese tentar reduzir as emissões de gases com as tecnologias já existentes utilizando
1
mais fontes alternativas, fontes renováveis e recuperar solos degradados para o
plantio ao invés de desmatar. Todas estas questões são relevantes para o combate
ao aquecimento global e o melhoramento da produção para os agricultores que
deverão se atualizar quanto a esta questão e descobrir o que poderá ser um
problema futuro ou imediato e encontrar soluções para tais situações.
O objetivo do artigo foi demonstrar os prejuízos causados pelo aquecimento
global na agricultura.
O artigo foi elaborado através de revisão bibliográfica onde foram abordados
os seguintes autores: ARINI (2007); ASSAD, PINTO, JUNIOR, ÁVILA (2004);
COSTA (2007); DANI (2007); LIMA (2005); MORAIS (2007); PINTO (2004); ROSSI
(2007); STEFANO (2007).
2. UMA VISÃO ABREVIADA SOBRE OS PREJUÍZOS CAUSADOS PELO
AQUECIMENTO GLOBAL NA AGRICULTURA.
Secas prolongadas e enchentes violentas devastam a economia de diferentes
partes do planeta. Os cientistas não têm dúvidas: essas catástrofes climáticas são
resultados do aquecimento global. A problemática das mudanças no clima global
levou a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e a UNEP (United Nations
Environment Programme) a criarem o IPCC (Painel Intergovernamental sobre a
Mudança Climática) em 1988.
Segundo o IPCC no século XX, houve um aumento de 0,65°C na média da
temperatura global, sendo este mais pronunciado na década de 90. Quanto à
precipitação, o aumento variou de 0,2% a 3% na região tropical, compreendida entre
10°C de latitude Norte e 10°C de latitude Sul. As causas dessas variações podem
ser de ordem natural ou antropogênica, ou uma soma das duas (IPCC 2004).
Por meio de modelos matemáticos baseados em dados registrados dos
oceanos, biosfera e atmosfera, está previsto um aumento entre 1,4°C e 5,8°C na
temperatura média global até o final do século XXI (IPCC 2004). A magnitude de tal
previsão é ainda incerta, pois pouco se sabe sobre os processos de troca de calor,
de carbono e de radiação entre os diversos setores de sistema Terra. Segundo
Kalnay & Cai (2003), a temperatura poderá subir em até 0,088°C por década,
chegando próximo da situação mais otimista indicada no relatório do IPCC.
Segundo Fabiane Stefano o ano de 2006 foi o sexto mais quente nos últimos
150 anos. Essa onda de calor, que acaba tornando os verões mais quentes e os
invernos menos rigorosos, tem exigido mudanças no jeito de fazer agricultura em
todo o mundo. Em um futuro próximo, espera-se cenário de clima mais extremo com
secas, inundações e ondas de calor mais freqüentes. A elevação na temperatura
aumenta a capacidade do ar em reter vapor d água e conseqüentemente, há maior
demanda hídrica. Em resposta a essas alterações, os ecossistemas de plantas
poderão aumentar sua biodiversidade ou sofrer influências negativas.
De maneira geral, a elevação de temperatura deverá trazer mudanças,
algumas positivas, no curto prazo, mas a tendência é de que os aspectos negativos
sejam mais significativos à agricultura. Para tentar prevê-las, a equipe de
pesquisadores do Cepagri - Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas
Aplicadas à Agricultura, junto com a Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisa
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Agropecuária, começou a simular como o aumento de temperatura alteraria no Brasil
as áreas aptas ao cultivo de várias culturas.
O Relatório WGII - Summary for Policymakers - Impacts, Adaptation and
Vulnerability - do IPCC (2001) é extremamente vago ao avaliar os possíveis
impactos das alterações climáticas globais no comportamento dos cultivos agrícolas.
Com referência à adaptação das plantas nas médias latitudes e o reflexo na
produtividade, o relatório afirma apenas que a mudança climática levará as
respostas gerais positivas para variações menores do que alguns graus Celsius e
respostas gerais negativas para mais do que alguns graus Celsius. Análises
inconsistentes como essas, por parte do IPCC, induziram as críticas severas por
parte de Reilly et al (2001) e Webster et al (2001), a exemplo do que já acontecera
anteriormente com o relatório IPCC de 1995, avaliado por Gray (1997).
Considerando o cenário de aumento das temperaturas pode-se admitir que,
nas regiões climaticamente limítrofes àquelas de delimitação de cultivo adequado de
plantas agrícolas, a anomalia positiva que venha a ocorrer será desfavorável ao
desenvolvimento vegetal. Quanto maior a anomalia, menos apta se tornará a região,
até o limite máximo de tolerância biológica ao calor.
Por outro lado, outras culturas mais resistentes a altas temperaturas,
provavelmente, serão beneficiadas até o seu limite próprio de tolerância ao estresse
térmico. No caso de baixas temperaturas, regiões que atualmente sejam limitantes
ao desenvolvimento de culturas susceptíveis a geadas passarão a exibir condições
favoráveis ao desenvolvimento das plantas, com o aumento do nível térmico devido
ao aquecimento global.
O panorama da fruticultura brasileira também mudaria com o impacto
climático; frutas de clima temperado, como maçã, pêra e morango, perderiam
espaço para as tropicais, mais adaptadas ao calor. As regiões Sul e Sudeste, que
hoje são frias demais para o cultivo dessas frutas, estariam aptas a produzi-las, com
o aumento da temperatura.
O pesquisador da Embrapa, Eduardo Assad, acredita que a situação pode ser
revertida com o investimento em biotecnologia. "Se desenvolvermos cultivares
adaptados ao calor e à seca, o problema poderá ser contornado", diz. A maior parte
das propriedades agrícolas no Brasil, informa o pesquisador, apresentam déficit de
carbono, ou seja, emitem mais gás carbônico na atmosfera do que capturam, pois
passam longos períodos com a terra nua. A solução seria adotar o sistema de
plantio direto, que garantiria o superávit de carbono.
Outro aspecto a ser analisado no contexto do aquecimento global refere-se ao
efeito direto nas plantas do aumento da concentração de dióxido de carbono na
atmosfera, que tem sido intensamente estudado pelos especialistas em fisiologia
vegetal. É bem conhecido o funcionamento, no que diz respeito à atividade
fotossintética, da concentração do dióxido de carbono no crescimento das plantas. A
concentração do CO2 na atmosfera, sendo próxima de 300 ppm está bem abaixo da
saturação para a maioria da plantas. Níveis excessivos, próximos de 1.000 ppm,
passam a causar fitotoxidade. Nesse intervalo, de modo geral, o aumento do CO2
promove maior produtividade biológica nas plantas. Assad e Luchiari (1989),
utilizando modelos fisiológicos simplificados, mostraram que essas variações são
significativas nos cerrados brasileiros. Por exemplo, a temperatura média durante a
estação chuvosa nessas regiões - de outubro a abril - é de 22ºC, tendo um máximo
de 26,7ºC e um mínimo de 17,6ºC. Supondo que um aumento da concentração de
CO2 provocasse um aumento de 5ºC na temperatura, as plantas do tipo C4, como o
milho e o sorgo, aumentariam a produtividade potencial em pelo menos 10 kg/ha/dia
3
de grãos secos. Para as plantas tipo C3 - soja, feijão e trigo - esse aumento seria
menor, da ordem de 2 a 3 kg/ha/dia de grãos secos.
No Brasil, poucos estudos foram feitos sobre o reflexo das mudanças
climáticas e seus impactos na agricultura. Assad e Luchiari Jr. (1989) avaliaram as
possíveis alterações de produtividade para as culturas de soja e milho em função de
cenários de aumento e de redução de temperatura.
Siqueira et al (1994 e 2000) apresentaram os efeitos das mudanças globais
na produção de trigo, milho e soja para alguns pontos do Brasil.
Lavouras em xeque
Situação atual da produção de soja e milho no país e simulações do impacto da
temperatura
SOJA
Hoje
+3º
+5,8º
Pode ser cultivado na
O cultivo torna-se
Boa parte do território
maior parte do país, com praticamente inviável na
brasileiro passa a ser
exceção de parte do
região Sul e leste do MT, inapto para a soja; áreas
Nordeste e de algumas maior estado produtor, que aptas estarão restritas ao
áreas no Norte do país. É começa a ser afetado.
norte do país.
uma cultura muito
resistente.
MILHO
4
Hoje
+3º
+5,8º
Com a atual temperatura Parte do estado de Mato Aumentaria a área inapta
no país, a região apta se
Grosso do Sul seria
em Mato Grosso do Sul e
encontra principalmente
prejudicado, e o cultivo
o oeste de São Paulo se
no Centro-Oeste; boa
nessas regiões já correria tornaria uma região com
parte do Rio Grande do
certos riscos.
restrições à cultura.
Sul já apresenta riscos
no cultivo.
Apto
Com restrições
Inapto
Uma primeira tentativa de identificar o impacto das mudanças do clima na
produção regional foi feita por Pinto et al (1989 e 2001), onde foram simulados os
efeitos das elevações das temperaturas e das chuvas no zoneamento do café para
os Estados de São Paulo e Goiás. Observou-se uma drástica redução nas áreas
Condição
Apto
Atual
+ 1 °C
+ 3 °C
+ 5,8 °C
Apto com
Irrigação
Rest.
Geadas
Restr. temp.
elevadas
Inapta
97.848km2 706km2
57.428km2
39.604km2
53.013km2
39,4%
23,1%
15,9%
21,3%
74.426km2 40km2
17.394km2
54.387km2
102.389km2
30,0%
7,0%
21,9%
41,1%
37.153km2 0,0km2
0,0km2
38.240km2
173.211km2
14,9%
0,0%
0,0%
15,4%
69,7%
2.738km2
45km2
0,0km2
5.516km2
240.301km2
1,1%
0,02%
0,0%
2,2%
96,7%
0,3%
0,01%
com aptidão agroclimática, condenando a produção de café nestas regiões.
Procurando avaliar o efeito da variação das temperaturas sobre a agricultura
nos próximos 100 anos, de acordo com as conclusões do IPCC 2001, tomou-se
como exemplo a cultura do café no Estado de São Paulo. Foram feitas simulações
considerando variação nas áreas de cultivo consideradas como potencialmente
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aptas ao café arábica nas condições climáticas atuais, com temperaturas médias
1ºC, 3ºC e 5,8ºC acima da média de 1990 e chuvas 15% maiores.
O estudo realizado sobre a produção de café, em São Paulo, retrata bem
essa situação. Hoje, a região apta para plantio está no centro do estado, onde não
há excesso térmico nem geadas. Segundo as projeções mais extremas, em 40 anos
deve ocorrer um acréscimo de 3 graus na temperatura. Nesse cenário, o processo
de floração dos pés de café seria severamente prejudicado. Em português claro:
eles não dariam frutos. O aumento do calor representaria perda de 70% da área
para plantio da cultura no estado.
Pode-se observar em simulações realizadas que as áreas de inaptidão para a
cultura cafeeira em função das temperaturas máximas suportadas pelas plantas 23ºC de média anual - aumentam significativamente até o final do século,
deslocando a cultura progressivamente para o Sul e para áreas mais elevadas, em
busca de clima mais ameno.
A incidência de geadas, por outro lado, diminui drasticamente. A Tabela 1
mostra que o potencial atual de cultivo econômico de café arábica no Estado de São
Paulo corresponde a uma área de 97.848 km2, ou seja, 39,4% da área do Estado.
Tabela 1. Áreas em km2 e porcentagem, disponíveis ao plantio de café no estado de
São Paulo com condições climáticas distintas, atuais e simuladas para 15% de
aumento das chuvas e de 1 °C, 3 °C e 5,8 °C na temperatura.
Fonte: Revista SANEAS, agosto 2004, página 36.
São consideradas como restritas, por geadas, áreas correspondentes a
57.428 km2 e por temperaturas elevadas, 39.604 km2. Supondo 1ºC de aumento
médio da temperatura e 15% nas chuvas, a área apta para o café passa a ser de
74.426 km2, ou cerca de 10% menor do que a atual. Área restrita por geadas passa
a ser de 17.394 km2 e por temperaturas elevadas aumenta para 54.387 km2. No
caso de aumento de 3ºC, as áreas com restrição diminuem para 38.240 km2, mas a
faixa inapta cresce para 173.211 km2. No caso extremo considerado pelo IPCC, de
5,8ºC de aumento da temperatura e 15% de chuvas, a área apta fica sendo de
apenas 2.738 km2, ou 1,1% do Estado. As áreas restritas por temperaturas elevadas
são caracterizadas por temperaturas médias anuais acima de 23ºC. Estes resultados
e a importância que o agronegócio, tem atualmente no cenário sócio-econômico
nacional incentivam a continuidade e o aprofundamento das análises sobre os
efeitos de possíveis mudanças climáticas na agricultura brasileira, querem elas
aconteçam ou não. Por esta razão, avaliação semelhante à que já foi apresentada
para o café está sendo feita também para outras culturas agrícolas economicamente
importantes para o Brasil, tais como milho, soja, trigo, arroz e feijão.
O Brasil, com sua dimensão continental, possui uma considerável
heterogeneidade climática, tipos de solo e topografia. Na pecuária, os efeitos do
aquecimento global nos animais incluem redução drástica na produção de leite,
aumento no numero de abortos e, nas aves, a produção de ovos sem casca. O fator
principal causador dessas perdas seria a diminuição do regime de chuvas, tornando
secas e talvez desérticas áreas tropicais que atualmente são agrocultiváveis.
Segundo Magda Lima, da equipe de pesquisas da Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária), outra das prováveis conseqüências do
aquecimento global associado ao aumento da concentração de Gás Carbônico, será
o aumento da ocorrência de chuvas pesadas, acompanhadas de tempestades e
ciclones (Fonte IPCC).
Esses fenômenos poderão causar prejuízos a diversos tipos de plantações. O
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aumento da seca em algumas regiões fará com que se desenvolvam novas espécies
mais resistentes a essa realidade. A pesquisadora acredita que algumas variedades
deverão sofrer uma espécie de melhoramento genético, de modo que possam se
adaptar a um novo tipo de clima. Poderá haver o deslocamento de algumas culturas
para áreas mais favoráveis ao seu desenvolvimento.
No Brasil, ela afirma que a região Amazônica poderá sofrer um fenômeno
conhecido como savanização, ou seja, a provável seca que virá com o aquecimento
poderá transformar a floresta amazônica em área de cerrado. Na Região Nordeste, a
cientista afirma que o principal efeito será a diminuição da oferta de água, como já
ocorre há alguns anos. Para tentar evitar o cenário descrito, ela orienta que as
pessoas usem os recursos naturais de forma racional, utilizando fontes alternativas
de energia, evitando as queimadas, entre outras ações. As adaptações à mudança
do clima podem ser mais ou menos vulneráveis, como mudanças no balanço físicoquímico e biológico, crescimento de patógenos (fungos e bactérias) causando
doenças na plantas.
A região que mais sentirá o efeito negativo derivado da mudança de clima
será a região Centro-Oeste, onde predominam os cerrados, enquanto a Sul seria
moderadamente beneficiada pelo aquecimento.
É só uma questão de consciência da sociedade por que
todos nós fazemos parte do planeta, e se nós não fizermos
um esforço conjunto, as futuras gerações realmente
sofrerão os impactos mais severos desse aquecimento global.
Afirma a autora Magda Lima (2005)
Sobre a previsão de impactos ressalta-se a importância da integração de
zoneamentos ecológicos e dafoclimáticos que sinalizem para o uso sustentável dos
recursos naturais e dos ecossistemas com apoio de uma equipe interdisciplinar que
compreenda a dinâmica dos sistemas agrícolas e de possíveis impactos da
mudança de clima, bem como estratégias de adaptação.
Outro pesquisador da EMBRAPA Fabio Marin afirma que o aumento da
temperatura terá como conseqüência fenômenos climáticos extremos com chuvas
cada vez mais fortes derretimento de geleiras, secas, ondas de calor, trombas
d água e intensos ciclones como exemplo ele cita dois episódios extremos em
Janeiro: as chuvas causaram prejuízos para os agricultores do Sudeste, e 75% da
produção de laranja da Califórnia, nos EUA, foi destruída com as geadas. Em 2080,
cerca de 700 milhões de pessoas passarão fome devido a diminuição da produção
de cereais e entre 1,1 bilhão e 3,2 bilhões não terão água potável. A quantidade de
chuvas nas zonas subtropicais, como a região Sul, deve diminuir em torno de 20%
até 2100. Mas deve crescer nas maiores latitudes, onde está a maior parte do
território nacional.
O aumento das chuvas não será suficientes
para compensar as altas temperaturas diz Marin.
À agricultura sofrerá de forma ímpar o efeito da combinação de enchentes e
secas.
As mudanças climáticas também estão interferindo na cultura do vinho. Os
efeitos do aquecimento global já são perceptíveis. Alteração das uvas e a migração
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dos vinhedos são algumas das conseqüências observadas pelo aumento das
temperaturas. As mudanças podem inclusive levar países frios como a Polônia e a
Dinamarca, por exemplo, a se tornarem produtores de vinho. Teme-se, inclusive,
que regiões tradicionais de produção, como a Bourgogne na França, fiel à uva pinotnoir, tenha que adotar outras castas ou que a irrigação de vinhedos classificados
como apelação de origem tenha que ser autorizada. Tudo isso pode alterar as
características atuais de grandes vinhos.
Para analisar o fenômeno, foi organizado na cidade de Dijon, no leste da
França, pela Universidade da Bourgogne, o Colóquio Aquecimento Global: impactos
prováveis para os vinhedos. Um estudo apresentado durante o evento revela que
em 27 regiões produtoras do mundo as temperaturas subiram quase dois graus
entre 1950 e 2000. Mais calor significa uvas com mais açúcar e vinhos com teores
altos de álcool. Na Califórnia, por exemplo, 75% dos vinhos produzidos no Vale do
Napa devem ser trabalhados para retirar o excesso de álcool. Mas o aumento das
temperaturas pode também trazer conseqüências positivas em algumas regiões
setentrionais do planeta, dando origem a vinhos mais ricos e gerando um maior
rendimento. São os vinhedos localizados nas regiões mais quentes do planeta que
sofrerão as conseqüências mais negativas.
Na Índia, o Grupo Consultivo de Pesquisa em Agricultura Internacional
(CGIAR) está desenvolvendo uma variedade de arroz onde o grão sobrevive
submerso por varias semanas, em regiões alagadas está o arroz híbrido o qual
produz o dobro. Este projeto engloba a maneira de realização da fotossíntese e nos
lugares onde as temperaturas são superiores a 25°C há uma dificuldade da enzima
rubisco ajudar na conversão de CO2 em açúcar, reduzindo a eficiência da reação da
fotossíntese.
As mudanças climáticas geram impactos que dificultam a redução da pobreza
em função da diminuição da produção de alimentos, há estudos que prevêem uma
redução de 51% na oferta de terras apropriadas para o cultivo do trigo na Índia.
Uma saída será o deslocamento do plantio para regiões mais frias ou tornar o
produto mais resistente ao calor.
No Brasil uma das chances para reverter esse cenário são as
variedades de plantas adaptadas às mudanças climáticas. Com o melhoramento
genético, podemos garantir que não ocorram grandes alterações na área plantada ,
afirma Eduardo Assad também pesquisador da EMBRAPA. Essa adaptação
acontece por meio do cruzamento das espécies comerciais, como a soja, com
plantas do cerrado, escolhidas por serem resistentes a extremos de calor e seca. O
cerrado é a esperança de salvação para o agronegócio , diz. Precisamos preservar
esse ecossistema para buscar plantas nativas que vão garantir a agricultura. O
cerrado, no entanto, é hoje a área mais visada para expansão da soja e dos
canaviais. Dois terços de sua vegetação original já desapareceram. O esforço de
preservação tem que começar logo.
3. CONCLUSÃO
Através do já exposto, pode-se concluir que o aquecimento global trará
diversos malefícios para as produções agrícolas, conseqüentemente acarretará
graves prejuízos à economia mundial.
A agricultura sofrerá de forma ímpar o efeito desse aquecimento, como
enchentes e secas bem como o deslocamento geográfico, o que mudará muito as
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características dos campos atuais.
Baseando-se nos dados dos relatórios emitidos pelo IPCC é possível
perceber que já não pode-se evitar as perdas que ter-se-a na agricultura e sim
amenizá-las com um conjunto de medidas como: conscientização da população da
importância da reciclagem, o uso de combustíveis provenientes de fontes
renováveis, o investimento das empresas no exercício de sua responsabilidade
sócio ambiental, acordos entre todos os países do mundo para menor emissão de
poluentes no meio ambiente através de leis ambientais mais severas e fiscalizações
mais eficazes, assim como, medidas simples que cada um pode tomar no seu
microuniverso como economia de energia elétrica, água, recusa na compra de
produtos que não sejam ecologicamente corretos, etc.
Embora haja pesquisas que demonstram um grande problema para
agricultura devido ao aquecimento, existem algumas plantas que terão seu cultivo
beneficiado, por precisarem de um ambiente mais quente que o normal, e por isso
as áreas que deixarão de servir para o plantio de determinadas espécies poderão
ser beneficiadas com outras. Mas, este laudo não pode ser considerado como uma
solução para este grave problema e sim como uma alternativa para amenizar os
danos causados na agricultura.
Porém, cabe ressaltar que há um consenso entre os cientistas, que a saída
mais viável para a agricultura são as pesquisas, é preciso investir muito para
alcançar as soluções, pois o processo poderá ser menos problemático se forem
criadas outras variedades mais resistentes ao calor, seca, aumento descontrolado
de chuvas tempestivas e fenômenos catastróficos.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Abril de 2007, n. 463, p.62-69.
ASSAD, E. D; ET AL. Impacto das mudanças climáticas no zoneamento
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v.39, n.11, p.1057-1064.
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DANI, A. C; Aquecimento Global Ameaça a Produção de Vinho.
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LIMA, M; Mudança de temperatura. Mudança do Clima, Caderno NAE Março
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MORAIS, L.; O Planeta Esquentou. Revista Dinheiro Rural, Março 2007, a.
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PINTO, H. S; ET AL. O Aquecimento Global e a Agricultura. Saneas, Agosto
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http://portalexame.abril.com.br/ae/economia/m0122074.html
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SOARES, G; ET AL. O aumento da temperatura global pode trazer graves
conseqüências à produção de alimentos; a saída está na biotecnologia e na
diminuição da emissão de carbono.
http://revistagloborural.globo.com/GloboRural/0,6993,EEC1510058-1641,00.html
STEFANO, F; Os desafios de um mundo mais quente. Revista Dinheiro
Rural, Janeiro 2007, a. 4, e. 027.
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