O SENHOR LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, um alerta geral ecoou no mundo todo através de relatório preliminar sobre o clima na Terra do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC), que foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial e pelo Programa Ambiental da ONU para orientar as políticas globais sobre o aquecimento. Se nada for feito nos próximos anos, o aquecimento global fará com que milhões de pessoas passem fome por volta de 2080 e causará grave falta de água na China, na Austrália e em partes da Europa e Estados Unidos. Segundo o novo estudo sobre o clima mundial, até o final do século as alterações climáticas farão com que a escassez de água afete entre 1,1 e 3,2 bilhões de pessoas, com um aumento médio de temperatura na ordem de 2 a 3 graus Celsius. O relatório preliminar do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática, cujo texto final será divulgado em abril, diz ainda que outros 200 a 600 milhões de pessoas enfrentarão falta de alimentos nos 70 anos seguintes, enquanto inundações litorâneas podem tragar outras 7 milhões de casas. De acordo com o australiano Graeme Pearman, um dos responsáveis pelo relatório, a mensagem é que cada região da Terra terá uma exposição ao aquecimento. Ex-diretor de clima Organização da Comunidade Científica e de Pesquisa Industrial, principal órgão australiano do setor na Austrália, países como a China, o mais populoso do mundo, vão perder precipitações pluviométricas consideráveis em suas áreas agrícolas. Segundo ele, países pobres, como os da África e Bangladesh, seriam os mais afetados, por serem os menos capazes de lidarem com secas e inundações litorâneas. Até 2100 a previsão é de que temperatura média do mundo estará de 2 a 4,5C acima dos níveis pré-industriais, sendo que a estimativa mais provável é de 3C, gerando conseqüências terríveis em todo o nosso planeta. No Brasil, sem falar da floresta amazônica. uma das regiões mais afetadas será o Centro-Oeste, o que pode colocar em risco o bioma do cerrado, não só uma das vegetações mais ricas em diversidade da Terra, mas a principal e talvez mais promissora fronteira agrícola na produção de grãos do mundo. O efeito estufa e as constantes agressões ao meio ambiente estão na raiz do problema do aquecimento global. Os países em desenvolvimento, entre eles a China, são apontados como os maiores poluidores do planeta. São vários os fatores, apontados por ecologistas e cientistas, que provocam essas mudanças climáticas. Além do efeito estufa, há ainda o buraco na camada de ozônio, poluição atmosférica e aumento na produção de gás carbônico. A principal conseqüência do aquecimento é o aumento da temperatura dos oceanos e o derretimento das geleiras. Entre previsões apocalípticas e a realidade pode haver uma grande distância, mas projeções com modelos matemáticos que agora estão vindo a público provam de fato que o planeta está ficando cada mais quente e o nível do mar está subindo, o que pode produzir danos de curto prazo na qualidade de vida no planeta. Cientistas como Pearman dizem que ainda há muito que se pode fazer para lidar com o aquecimento. Segundo ele, as projeções no relatório do IPCC se baseiam na pressuposição de que somos lentos em reagir e que as coisas continuam mais ou menos como no passado. Evitar os efeitos catastróficos do aquecimento global precisa fazer parte dos esforços de todos os países, tanto ricos como pobres. Como disse com muita propriedade a ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, é preciso acabar com o "jogo de empurraempurra" e tomar medidas efetivas para enfrentar o problema. Acima de tudo, torna imperativo que a variável ambiental seja preponderante no processo de desenvolvimento dos países. Sem isso, estaremos construindo um futuro de trágicas configurações para os nossos filhos. Que o alerta do estudo do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática seja ouvido pelos governantes de todo o mundo e desperte para uma nova consciência ambiental. Era o que a dizer, senhor Presidente. Muito obrigado.