disponibilidade de fósforo e crescimento de plantas de pinhão manso

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DISPONIBILIDADE DE FÓSFORO E CRESCIMENTO DE PLANTAS DE
PINHÃO MANSO
Leandro Mariano Da Silva1(IC), Ricardo Felicio1(IC), Vitor Alves Amorim1(IC), Frederico Da
Costa Mendes Silva1(IC), Patrícia Sousa Da Silveira1(PG), Fábio Santos Matos1(PQ).
1Universidade
Estadual de Goiás (UEG), Campus de Ipameri-GO, Rodovia: GO 330, Km 241 Anel
Viário s/n, Ipameri-GO, CEP: 75780-000, E-mail: [email protected]
Resumo: o presente estudo tem como objetivo avaliar o efeito da adubação fosfatada no crescimento
de plantas de pinhão manso. O experimento foi conduzido no campo experimental da Universidade
Estadual de Goiás, Campus Ipameri. Foram utilizadas plantas de pinhão manso que foram
implantadas em outubro de 2014 no espaçamento 4x2 m em sistema irrigado. O experimento foi
montado em blocos casualizados em arranjo fatorial 5x2 com cinco doses de fósforo (0, 75, 150, 225
e 300 Kg ha-1), em dois anos de avalições (2015 e 2016) com duas repetições por parcela. As
avaliações foram realizadas no mês de março de cada ano com análise das seguintes variáveis:
Altura de planta, número de folhas, diâmetro do caule, diâmetro de copa, concentrações de clorofila e
carotenoides totais, número de estômatos nas epidermes abaxial e adaxial, teor de fósforo foliar. De
maneira geral a adubação fosfatada proporcionou um incremento significativo em todas as variáveis
de crescimento, principalmente no segundo ano de avaliação. O incremento na adubação fosfatada
eleva a produtividade, alcançando o máximo na dose de 214 kg ha -1 ano-1 de P2O5. O pinhão manso
pode ser considerada uma espécie responsiva à adubação fosfatada.
Palavras-chave: Adubação. Produtividade. Biodiesel.
Introdução
O aumento de gases que intensificam o efeito estufa na atmosfera terrestre
em decorrência de ações antrópicas como queima de combustíveis fósseis e usos
do solo, tem comprometido os recursos naturais e provocado eventos (seca,
inundações e aumento de temperatura da superfície terrestre) que comprometem as
civilizações. A produção de biocombustível a partir da exploração comercial de
espécies energéticas torna-se opção viável e sustentável para substituição parcial
e/ou total de combustíveis fósseis.
O programa nacional de produção e uso do biodiesel é alicerçado na soja que
destaca-se como a principal oleaginosa destinada a produção de biodiesel. Para
maior segurança da cadeia produtiva e geração de riqueza em diferentes regiões da
federação, é necessário diversificar a matéria prima cultivando várias oleaginosas e,
dentre estas, destaca-se o Pinhão Manso (ARRUDA et al., 2013).
Segundo FREIRE, et al., (2011) o pinhão manso apresenta algumas vantagens
como à tolerância ao estresse hídrico e adaptação às condições adversas, porém,
para uma maior produtividade é necessário uma atenção redobrada com relação à
adubação, manejo de irrigação e uniformidade de maturação.
O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma espécie perene e monóica, que
pertence à família Euforbiácea, a mesma da mamona (Ricinus sp.), mandioca
(Manhiotsp.) e seringueira (Hevea spp.) (LAVIOLA e DIAS, 2008). A semente de
pinhão manso contém de 30 a 40 % de óleo que pode ser convertido em biodiesel
(PARAWIRA, 2010). O óleo produzido pelas sementes do pinhão manso possui alto
teor de ácido oleico, resultando em biodiesel com boa estabilidade para
comercialização em regiões de clima temperado e tropical (MARTINS et al., 2010).
O pouco conhecimento agronômico disponível limita a exploração comercial
do pinhão manso, pois não há um consenso na literatura a respeito de práticas
agronômicas básicas e o manual de adubação para a cultura ainda não está
disponível. Segundo SAIKAEW et al., (2014) e MATOS et al., 2014, as informações
sobre fertilizantes para melhorar o rendimento do pinhão manso são muito escassas,
a recomendação utilizada é baseada em espécies da mesma família como a
mandioca e mamona.
Grande parte dos estudos desenvolvidos com adubação limita-se apenas ao
nitrogênio,
ficando
os
demais
macro
e
micronutrientes
sem
adequada
recomendação. O fósforo é um nutriente essencial para as plantas, pois faz parte de
compostos e reações vitais da planta e na sua ausência a planta não consegue
completar seu ciclo de vida (ALMEIDA JUNIOR et al., 2009).
Segundo FREIBEGER et al., (2014), a falta da adubação fosfatada para o
crescimento inicial do pinhão manso é tão limitante quanto a ausência simultânea da
adubação e correção do solo, e que a dose indicada para o crescimento inicial do
pinhão manso é de 57 mg dm-3 P. Segundo LIMA et al., (2011), a adubação fosfatada
favoreceu o crescimento de raízes e área foliar e proporcionou um aumento no teor
de macronutrientes, exceto o cálcio. MATOS et al., (2014), observaram que a
aplicação de 40 gramas por planta não influenciou no crescimento vegetativo e na
produção de sementes. Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo
avaliar o efeito da adubação fosfatada no crescimento de plantas de pinhão manso.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no campo experimental da Universidade
Estadual de Goiás, Campus Ipameri (17067’90” S, 48019’59” W e altitude de
805 m), Ipameri, Goiás, Brasil. É uma região de clima tropical com inverno seco e
verão úmido (AW), de acordo com a classificação de Köppen. Há duas estações
bem definidas: a chuvosa, que vai de outubro a abril, e a seca, que vai de maio a
setembro. O solo é classificado como latossolo vermelho-amarelo (EMBRAPA
SOLOS, 2013).
Antes da adubação amostras de solo foram coletadas na camada de 0 a 20
cm, para determinação dos atributos químicos do solo. Os resultados foram: pH em
CaCl2 = 4,9; matéria orgânica = 3,9 dag kg-1; P-Mehlich = 13,2 mg dm-3; K-Mehlich =
103 mg dm-3; Al = 0,1 cmolc dm-3; H + Al = 3,4 cmolc dm-3; Ca = 3,4 cmolc dm-3; Mg
= 0,9 cmolc dm-3; saturação de bases = 57,29%.
Não houve necessidade de aplicação de calcário. Em todas as parcelas do
experimento foram realizadas cinco aplicações de 5 g de cloreto de potássio e 5 g
de ureia, totalizando 25 g por planta-1 ano-1.
Foram utilizadas plantas de pinhão manso que foram implantadas em outubro
de 2014 no espaçamento 4x2 m em sistema irrigado. O experimento foi montado em
blocos casualizados em arranjo fatorial 5x2 com cinco doses de fósforo (0, 75, 150,
225 e 300 Kg ha-1), em dois anos de avalições (2015 e 2016) com duas repetições
por parcela. O superfosfato triplo foi utilizado como fonte de fósforo (P2O5), as doses
de fósforo foram parceladas em cinco aplicações por ano. As avaliações foram
realizadas no mês de março de cada ano com análise das seguintes variáveis:
Altura de planta, número de folhas, diâmetro do caule, diâmetro de copa,
concentrações de clorofila e carotenoides totais, número de estômatos nas
epidermes abaxial e adaxial, teor de fósforo foliar.
Os dados foram submetidos ao teste de F e quando significativos, ao teste de
regressão a 5% de probabilidade. Todas as análises estatísticas foram realizadas
utilizando o software SISVAR 5.3 (FERREIRA, 2011).
Resultados e Discussão
O pinhão manso apresenta características ideais para produção de biodiesel,
pelo alto teor de óleo de suas sementes, alta rusticidade e tolerância a condições
adversas e baixa exigência nutricional, porém, a espécies encontra-se carente de
informações científicas, principalmente em relação a adubação.
O teor de fósforo (P) disponível no solo utilizado no experimento foi
classificado como alto (ALVAREZ et al., 1999). A aplicação de P nesse solo
influenciou a altura de planta e número de folhas apresentando comportamento
quadrático para os dois anos de avaliação (figura 1). As maiores doses para se obter
a maior altura de planta e o maior número de folhas foram 150 e 221 kg ha-1 ano-1 de
P2O5, para o primeiro ano e 159 e 199 kg ha -1 ano-1 de P2O5, para o segundo ano,
respectivamente. O ganho na altura de planta e número de folhas corrobora com
resultados encontrados por FREIRE et al., (2011), onde verificaram que as doses de
P aplicadas no solo proporcionaram aumentos, de forma quadrática, na altura das
plantas e no número de folhas. Esses resultados estão coerentes com o papel
preponderante do P, em relação ao crescimento da parte aérea, em razão de seu
papel como transportador e transdutor de energia química, além de outras funções
na planta (EPSTEIN e BLOOM, 2004).
A altura da planta e o número de folhas são importantes indicadores da
capacidade de sobrevivência da planta, uma vez que refletem o desenvolvimento
radicular e capacidade de adaptação as condições adversas de campo.
320
2º Ano
1º Ano
2º Ano
1º Ano
300
500
400
260
240
300
220
200
200
Número de Folhas
Altura de Planta (cm)
280
180
160
100
140
0
120
0
75
150
225
Doses de P2O5 (kg ha-1)
300
0
75
150
225
300
Doses de P2O5 (kg ha-1)
Figura 1. Equações de regressão para altura de planta de pinhão manso avaliadas no primeiro ano
(Y= 152,5750 + 0,2703x – 0,0009x2, R2= 0,993**) e no segundo ano (Y= 241,5250 + 0,3405x –
0,0011x2, R2= 0,997**), equações para número de folhas de plantas de pinhão manso avaliadas no
primeiro ano (Y= 158,3403 + 0,5204x – 0,0014x2, R2= 0,97**) e no segundo ano (Y= 177,2586 +
2,4466x – 0,0070x2, R2= 0,96**) **= regressão significativa (p. 0,01).
A aplicação de P também influenciou a densidade estomática abaxial e
adaxial das folhas de pinhão manso, apresentando comportamento quadrático para
os dois anos de avaliação (figura 2). As maiores densidades estomáticas Abaxial do
primeiro ano (208,00) e do segundo ano (272) foram obtidas nas doses de 207 e 192
kg ha-1 ano-1 de P2O5, respectivamente. As maiores densidades estomáticas Adaxial
do primeiro ano (163) e do segundo ano (216), foram obtidas nas doses de 225 e
224 kg ha-1 ano-1 de P2O5, respectivamente.
Uma maior quantidade de estômatos por unidade de área foliar pode conferir
as plantas uma alta adaptabilidade a ambientes secos ou de pouca disponibilidade
de água (DE OLIVEIRA e MIGLIORANZA, 2014). Em trabalho com seringueira DINIZ
et al., (2010), também verificaram aumento da densidade estomática utilizando
fósforo e micorrizas.
260
2º Ano
1º Ano
350
2º Ano
1º Ano
240
220
300
200
180
250
160
200
140
120
150
Densidade Estomática Adaxial (mm2)
Densidade Estomática Abaxial (mm2)
400
100
100
80
0
75
150
225
300
0
Doses de P2O5 (kg ha-1)
75
150
225
300
Doses de P2O5 (kg ha-1)
Figura 2. Equações de regressão para densidade estomática Abaxial de plantas de pinhão manso
avaliadas no primeiro ano (Y= 152,4216 + 0,6784x – 0,0019x2, R2= 0,977*) e no segundo ano (Y=
177,0078 + 1,13x – 0,0033x2, R2= 0,978**), equações de regressão para densidade estomática
Adaxial de plantas de pinhão manso avaliadas no primeiro ano (Y= 97,1557 + 0,7239x – 0,0019x2,
R2= 0,991**) e no segundo ano (Y= 151,0429 + 0,6512x – 0,0016x2, R2= 0,974**) *= regressão
significativa (p. 0,05) **= regressão significativa (p. 0,01).
O teor de P foliar apresentou comportamento linear nos dois anos de
avaliação (figura 3), os teores de P aumentaram de acordo com o aumento das
doses de adubo, alcançando 1,61 mg L-1, no primeiro ano e 1,90 mg L-1 no segundo
ano, esse comportamento também foi encontrado por Lima et al., (2011), onde
constataram que o teor de P foliar aumenta de acordo com a disponibilidade do
nutriente no solo, além de favorecer a absorção de outros macronutrientes.
O aumento do P é consequência direta da maior disponibilidade deste
nutriente no solo e pela importância do P para a fisiologia da planta, principalmente
em processos demandantes de energia como a absorção e assimilação do
nitrogênio.
A produtividade total de grãos apresentou comportamento quadrático para os
dois anos de avaliação, ocorrendo um aumento significativo principalmente no
segundo ano de avaliação (figura 3). A maior produção no primeiro ano (140,82 kg
ha-1) ocorreu na dose de 208 kg ha-1 ano-1 de P2O5, e no segundo ano a maior
produção (598 kg ha-1) ocorreu na dose de 214 kg ha-1 ano-1 de P2O5.
Apesar da produtividade não ter sido tão expressiva na primeira avaliação, já
que corresponde aos valores obtidos no primeiro ciclo reprodutivo, ficou evidente
que as plantas de pinhão-manso responderam expressivamente a adubação
fosfatada. No segundo ano de avaliação o incremento da dose de P aumentou à
produção atingindo um máximo de 598 kg ha -1, de acordo a equação ajustada na
dose de 214 kg ha-1 ano-1 de P2O5, Saraiva et al., (2013), verificaram que com a
adição de P houve um aumento de 54,89% na produtividade do pinhão manso.
O fósforo é um importante participante na transformação, estocagem e
aquisição energética das plantas. Em relação às sementes não é diferente, pois o
fósforo migra das folhas mais velhas para esses órgãos, já que as sementes,
geralmente, são ricas em proteínas. Além disso, o trifosfato de adenosina (ATP)
promove atividades metabólicas celulares através das enzimas, que se tornam
maiores no período reprodutivo (Taiz e Zeiger, 2013).
800
2.4
700
2.0
600
1.8
500
1.6
400
1.4
300
1.2
200
1.0
Produção de Grãos (kg/ha-1)
2.2
Teor de P2O5 foliar (mg L-1)
2º Ano
1º Ano
2º Ano
1º Ano
100
0.8
0
0.6
0
75
150
225
300
0
75
150
225
300
Doses de P2O5 (kg ha-1)
Doses de P2O5 (kg ha-1)
Figura 3. Equações de regressão para teor de P2O5 foliar de plantas de pinhão manso avaliadas no
primeiro ano (Y= 0,95 + 0,0022x, R= 0,989 **) e no segundo ano (Y=, 1,0653 + 0,0028x, R= 0,987**),
equações de regressão para produção total de grãos de plantas de pinhão manso avaliadas no
primeiro ano (Y= 93,8141 + 0,5384x – 0,0015x2, R2= 0,961**) e no segundo ano (Y= 430,8771 +
1,8942x – 0,0052x2, R2= 0,988**) **= regressão significativa (p. 0,01).
Considerações Finais
A adubação fosfatada apresenta melhores resultados no segundo ano de
aplicação, com incremento em todas as variáveis de crescimento.
O incremento na adubação fosfatada eleva a produtividade, alcançando o
máximo na dose de 214 kg ha-1 ano-1 de P2O5.
O pinhão manso pode ser considerada uma espécie responsiva à adubação
fosfatada.
Agradecimentos
Ao CNPq, Universidade Estadual de Goiás e ao Grupo de pesquisa Fisiologia
da Produção Vegetal.
Referências
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