1 TESES ISABEL CRISTINA FONSECA DA CRUZ Consulta de Enfermagem ao Cliente Hipertenso Universidade Federal do Rio de Janeiro 1989 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO REITOR HORÁCIO MACEDO SUB-REITOR DE ENSINO PARA GRADUADOS E PESQUISA PAULO ALCÂNTARA GOMES SUPERINTENDÊNCIA DA EDITORA LIGIA VASSALO MARIA EMÍLIA BARCELOS DA SILVA ENDEREÇO: PRÁDIO DA REITORIA – SALA 306 CIDADE UNIVERSITÁRIA – ILHA DO FUNDÃO CEP 21910-000 - RJ Cruz, Isabel Cristina Fonseca da Consulta de enfermagem ao cliente Hipertenso / Isabel Cristina Fonseca da Cruz – Rio de Janeiro: UFRJ, 1988. 96p.: 14,5 x 20,6 cm Tese (M.) – UFRJ CDD 616.132 1. Enfermagem. 2. Hipertensão arterial essencial. Pacientes. I. Título Reimpressão NEPAE – Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem / Universidade Federal Fluminense/ 2000 3 Tel (21) 719-4411 – E-mail: [email protected] Orair Fonseca da Cruz, minha mãe Miguel Brito Serbêto, meu filho Com todo o meu amor 4 O amor, o trabalho e a sabedoria são as fontes de nossa vida. Deviam também governá-la. Wilhelm Reich 5 SUMÁRIO CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO Considerações gerais 07 O problema 09 Objetivos 11 CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Consulta e o Processo de Enfermagem 12 Hipertensão Arterial Essencial 14 Intervenção de Enfermagem 18 CAPÍTULO III: MATERIAIS E MÉTODOS O campo da pesquisa 22 A população 22 A amostra 22 O instrumento 22 A coleta de dados 23 O tratamento estatístico 25 O critério de avaliação 25 CAPÍTULO IV: RESULTADOS As características da amostra 26 Os dados subjetivos 28 Os dados objetivos 29 O diagnóstico de enfermagem 30 As intervenções de enfermagem 32 O preenchimento do formulário 33 CAPÍTULO V: DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Características da clientela 34 Os dados subjetivos 36 Os dados objetivos 36 O diagnóstico de enfermagem 38 As intervenções de enfermagem 38 O instrumento proposto 41 CAPÍTULO VI: CONCLUSÕES A consulta de enfermagem 42 O instrumento 43 CAPÍTULO VII: SUGESTÕES 46 Referências bibliográficas 49 NOTAS 54 ANEXO I : O instrumento 55 ANEXO II : Modelo de sistema para a Consulta de enfermagem 57 ANEXO III : O guia de orientação Apresentação 58 Hipertensão Arterial Essencial 58 Técnica de verificação da PA 60 Intervenção de enfermagem 62 Conclusão 68 6 Resumo 69 Abstract 70 AGRADECIMENTOS A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. À minha família pelo estímulo e apoio dispensados. À Dra. Cleonice Vicente Ribeiro pela orientação segura no curso deste trabalho. Aos meus alunos por terem favorecido a integração ensinopesquisa. Aos enfermeiros do Hospital Clementino Fraga Filho pela colaboração. Aos companheiros de Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica e demais docentes da Escola de Enfermagem Anna Nery pelo incentivo e colaboração na divisão das atividades docentes. Às professoras Haldayr Frossard Luescher e Maria da Conceição Gonçalves, meu carinho e gratidão. Aos monitores do Laboratório de Informática do Centro de Ciência da Saúde e ao professor José Luciano de Souza Menezes do Centro de Tecnologia. 7 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO Considerações gerais: Consideramos a Consulta de Enfermagem (CE) como uma atividade que utiliza um procedimento, baseado no Processo de Enfermagem, através do qual o enfermeiro estabelece uma relação com o cliente, tendo por finalidade a prevenção e o controle dos desvios de saúde; e deve estar, preferencialmente, articulada com um grupo educativo. Concordamos com Castro1 quando diz que as atividades da Consulta, para se desenvolverem plenamente, necessitam de uma estrutura orgânica, de uma metodologia definida pelo Processo de Enfermagem. A Consulta de Enfermagem, por ser uma atividade final de um programa de assistência, quando incompleta corre o risco de tornar-se superficial e ineficaz. O relacionamento das etapas do Processo com as fases da Consulta pode minimizar ou suprimir esta falta de sistematização. Nesta relação, o Histórico corresponde à fase de levantamento de dados subjetivos e objetivos (entrevista, exame físico e laboratorial), a seguir se faz a interpretação conclusiva dos problemas de saúde, ou seja, o Diagnóstico. A partir do diagnóstico, há a elaboração do Plano de Cuidados. A Implementação compreende a execução das prescrições pelo enfermeiro e/ou agente de autocuidado. A Evolução contempla uma avaliação crítica da situação de saúde do cliente a partir dos dados subjetivos e objetivos, além das ações realizadas. A entrevista pura e simplesmente, acrescida ou não de um superficial exame físico, não deve ser considerada, no nosso entendimento, Consulta de Enfermagem. Em seu estudo, Nogueira2 descreve como fases da CE: a entrevista, o exame físico sumário, o diagnóstico, o regime de dados, o encaminhamento e a prestação de cuidados e orientações. Em sua pesquisa, Santos3 sugere como metodologia, para as CE de primeira vez, o Histórico, o Diagnóstico e o Plano Assistencial. Estes termos subentendem a utilização do referencial de etapas do Processo de Enfermagem na execução desta prática. 8 Mais recentemente, Costa4 concluiu que um dos referenciais da Consulta é a estrutura sistematizada, na forma de abordagem interativa com o cliente, levantamento de dados básicos/diagnóstico, plano assistencial/área de prescrição de enfermagem e avaliação terminal. A Consulta de Enfermagem pode ser um excelente instrumento para o controle de problemas crônico-degenerativos, tal como a Hipertensão Arterial Essencial (HAE). As doenças cardiovasculares constituem a principal causa de morte da população brasileira, estando a Hipertensão responsável por 40% dos óbitos decorrentes de complicações vasculares. A prevalência e a morbimortalidade desta patologia em adultos (de cada 6 brasileiros, um é hipertenso) fizeram com que o Ministério da Saúde estabelecesse normas para sua detecção e controle. Entre estas normas, destacamos a seguinte: “Todo indivíduo de 18 anos ou mais que procura um Serviço de Saúde deverá ter sua pressão arterial medida”5. No entanto, a política de controle da HAE deve não só ser extensiva, através de detecções de rotina, como também ser profunda, utilizando-se da Consulta de Enfermagem. A Hipertensão Arterial Essencial (HAE) é um grande e grave problema de saúde deste país. Cerca de 10.7% da população adulta brasileira maior de 20 anos é afetada por esta patologia. Dentro desta estimativa, só um pequeno percentual de hipertensos conhece o seu diagnóstico e/ou está sob tratamento clínico adequado6. A Hipertensão Arterial Essencial pode provocar, quando não tratada corretamente, lesões renais, cardíacas, cerebrais e, não raramente, causa a incapacidade para o trabalho. Segundo o Ministério da Saúde7 a HAE possui a maior média de dias de afastamento do emprego. Não obstante os danos físicos, os danos econômicos também são enormes haja vista os 326 milhões de dólares despendidos, em 1978, com licenças e aposentadorias causadas pela HAE. A morte prematura, óbitos ocorridos na faixa etária entre 20 e 49 anos, teve a HAE como causa em 24.3 dos casos. No sentido de minimizar este problema, não bastam apenas as medidas de extensão como as detecções de rotina. Há necessidade de seguimento dos hipertensos pela Consulta de Enfermagem. Torna-se necessário garantir um seguimento do cliente por profissionais com condições de prevenir as complicações decorrentes deste desvio de saúde. O enfermeiro, utilizando-se da CE, possui competência legal segundo a Lei n.º 7.498, de 25 de junho de 9 1986, para prestar assistência ao cliente com hipertensão arterial de modo independente e autônomo. Entretanto, consideramos que a competência legal se fortalece na competência intelectual, traduzida não só pelo corpo de conhecimentos adquiridos na formação, mas também pela atualização constante e pela experiência. O enfermeiro tem um papel fundamental na detecção, tratamento e controle da HAE, e a Consulta de Enfermagem se mostra como a atividade mais conveniente para identificação e o acompanhamento de doentes crônicos como o hipertenso. Concordamos com FINK8 quando observa que o enfermeiro, no ambulatório, tem a oportunidade de desenvolver uma relação de apoio duradoura, que possibilite a participação do cliente no cuidado e na manutenção da pressão arterial sob controle. O tratamento e o controle da HAE na Consulta de Enfermagem deve ser algo mais que a simples verificação da pressão arterial. A Consulta necessita melhorar a qualidade da assistência prestada, valendo-se de atividades sistematizadas que compreendam o Histórico (a entrevista, o exame físico e laboratorial), o Diagnóstico, o Plano Assistencial e a Evolução. Costa9 considera que a Consulta de Enfermagem no país tende a se expandir devido a atual Lei do Exercício Profissional e a política do Sistema Nacional de Saúde. Mas, para tanto, torna-se necessário um ordenamento científico da CE quanto à teoria, metodologia e abordagem para o desenvolvimento desta prática. Pensamos como UEBEL10, ao considerar a Consulta de Enfermagem uma atividade dinâmica que, como tal, precisa ser periodicamente avaliada com o fim de reajustar-se às condições da época, às características da região e da clientela. Desta forma, tornam-se necessários estudos que levem a seu maior desenvolvimento e melhor sistematização. O problema Um Hospital Universitário, na cidade do Rio de Janeiro, faz em torno de 800 consultas/dia no seu ambulatório, mas ao colher dados para este estudo, observamos que a composição de clientes com HAE não é vista separadamente. Este Serviço possui atualmente um consultório de enfermagem que presta atendimento à clientela portadora de Diabetes Mellitus e de Hipertensão Arterial, entre outros problemas. Do total de consultas neste ambulatório cabe à Enfermagem 0.4% dos atendimentos diários (em 10 média 3.5 consultas/dia). Há em torno de 240 clientes com hipertensão arterial inscritos no consultório de enfermagem. Esta situação, ou seja, o pequeno número de atendimentos, a nosso ver, decorre da operacionalização inadequada da política de assistência a pacientes externos, que não consegue absorver a demanda com a qualidade desejada. Costa11 observa que a fixação do número de enfermeiros nos setores de atendimento a pacientes não hospitalizados parece não se ajustar ao redirecionamento da Consulta. O Ministério da Saúde12 reconhece que a cobertura da população hipertensa é muito baixa e propõe, para a resolução do problema, a participação de pessoal não médico devidamente treinado. Ramsey, Mckenzie e Fish13, observam que os enfermeiros proporcionam uma assistência diferenciada ao hipertenso, favorecendo uma maior aderência ao tratamento. A aderência pode ser conceituada como um padrão de resposta, satisfatória ou aceitável, do cliente à terapêutica estabelecida, a partir de escolha de alternativas pelo cliente. Embora o número de enfermeiros que atualmente se dedicam a Consulta seja reduzido, a existência e o funcionamento do consultório representam um marco para a Enfermagem e corroboram as funções do enfermeiro neste serviço, tais como: a educação sanitária e o acompanhamento de pacientes com patologias cr6onicas. Segundo Nogueira14, a HAE é a patologia de maior prevalência nos pacientes ambulatoriais e 24% da clientela abandona o tratamento no primeiro ano. Entendemos que a assistência de enfermagem é prestada ao cliente e não à doença. Contudo, neste trabalho abordaremos apenas a clientela da CE portadora de Hipertensão Arterial Essencial. Mas, pelas observações realizadas no consultório de enfermagem, no atendimento aos clientes portadores de Hipertensão Arterial constatamos que as consultas, pela falta de um instrumento, são assistemáticas e, portanto, não observam a metodologia do processo de enfermagem, podendo ser classificadas de entrevistas, segundo Castro15. As consultas duram, em média, 43 minutos quando realizadas pelos alunos de graduação. Acreditamos que esta demora se deva também à inexistência de um instrumento que oriente a entrevista, o exame físico, o diagnóstico, o plano de cuidados, 11 as intervenções e a evolução de enfermagem, permitindo a abordagem do indivíduo como um todo e do seu desvio de saúde em especial. A falta de um instrumento próprio para a consulta ao cliente hipertenso neste consultório dificulta o levantamento de dados subjetivos e objetivos de modo adequado, prejudicando, assim, a elaboração do diagnóstico, do plano de cuidados e da evolução. A heterogeneidade quanto às condutas, por sua vez, acontece por não se ter definido (através de um guia de orientação, por exemplo) uma política de enfermagem para o atendimento do cliente hipertenso. Assim, as intervenções variam conforme o grau de preparo e informação de quem atende. Pela nossa observação, a pequena cobertura ao hipertenso agrava-se pela falta de sistematização da Consulta de Enfermagem “Consultas longas prejudicam a aderência por favorecerem o abandono”16, ocupam o profissional em demasia e impedem, assim, o ingresso de novos hipertensos no circuito. Desta forma, embora decorridos vinte anos desde o aparecimento do termo Consulta de Enfermagem e de estudos sobre a sua metodologia, ainda hoje preocupamonos em propor um instrumento que seja adequado às características do consultório de enfermagem na instituição estudada, que funciona também como campo de estágio para os estudantes de graduação. Consideramos importante a realização de uma pesquisa que contribua para melhorar a qualidade das atividades de ensino/aprendizagem e assitenciais. Objetivos Em vista da situação apresentada, pretendemos com este trabalho: a) propor um instrumento para a Consulta de Enfermagem, ao cliente portador de Hipertensão Arterial Essencial, que facilite ao enfermeiro o levantamento de informações, a formulação de um diagnóstico e a prescrição de ações que desenvolvam, no cliente, habilidades e atitudes específicas para o autocuidado; b) verificar se o instrumento possibilita o levantamento de informações sobre a clientela e orienta as ações do enfermeiro para o desenvolvimento de habilidades e atitudes específicas para o autocuidado, descrevendo a freqüência dos problemas identificados e dos cuidados de enfermagem prescritos; 12 c) elaborar um guia de orientação para o enfermeiro sobre as condutas e as intervenções apropriadas ao cliente com hipertensão arterial. CAPÍTULO II FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A Consulta e o Processo de Enfermagem Na tentativa de desenvolver e sistematizar a Consulta de Enfermagem e, assim, ajudar no tratamento de doenças crônico degenerativas como a Hipertensão Arterial Essencial (HAE), têm surgido vários estudos. Da mesma forma, têm se desenvolvido pesquisas sobre este importante problema de saúde e o procedimento de enfermagem mais adequado para tratá-lo. A revisão da literatura, neste capítulo, pretende estruturar os assuntos, visando uma compreensão mais abrangente. A enfermeira auxilia as pessoas a suprirem suas necessidades de autocuidado, realizando algumas medidas. Para tanto, a Enfermagem tem formalizado métodos e técnicas de prática, descrito modos de realizar ações específicas para que resultados previamente esperados sejam alcançados17. A consulta de Enfermagem (CE), segundo Araújo18, é uma atividade sistemática, contínua e de caráter independente, não necessitando de encaminhamento médico. Como a hipertensão pode e deve ser tratada em nível ambulatorial, pensamos ser a Consulta de Enfermagem a atividade adequada ao acompanhamento destes clientes crônicos. Mas, por ser a HAE uma patologia grave, a Consulta, como atividade final de um programa de assistência, sendo incompleta, se torna superficial e perigosamente inefetiva. Por ser a HAE uma patologia de grande prevalência nos pacientes ambulatoriais, segundo Nogueira19, ressalta-se ainda mais a sugestão do Comitê de Consulta de Enfermagem20 para que se dirija a consulta não só ao grupo materno-infantil, mas também a outros grupos com desvio de saúde crônico-degenerativo. Este comitê recomenda que a Consulta seja privativa do enfermeiro, como também comporte observação, diagnóstico e uma prescrição baseados em conhecimentos adquiridos pela formação profissional. Podemos depreender que o Histórico, o Diagnóstico e o Plano Assistencial formam o núcleo metodológico da Consulta. Em seu estudo sobre a função da enfermeira na assistência ao paciente não hospitalizado, Castro21 conceitua a CE como uma entrevista durante a qual se desenvolve 13 o Processo de Enfermagem (PE), mais especificamente o proposto por Horta. Contudo, Carvalho e Castro22 observam que o PE não deve ser percebido apenas como um instrumento de trabalho, mas como um conceito abstrato sobre uma sucessão de eventos que ocorrem no âmbito da relação de ajuda. Concordamos com Castro23 no que se refere ao Processo de Enfermagem para caracterizar a consulta. Mas, por outro lado, preferimos neste estudo não utilizar a metodologia proposta por Horta, conforme Castro sugere, devido à ambigüidade que permeia a definição das necessidades afetadas no cliente. No presente trabalho, adotamos o referencial de etapas do Processo de Enfermagem com algumas modificações, conforme descrito por Taylor e Cress24: a) Histórico: metodologia para a coleta de informações (subjetivas e objetivas) que identificam as reais ou potenciais necessidades de saúde; b) Diagnóstico: é um sumário, sobre os problemas de saúde do cliente, baseado nas informações colhidas durante a avaliação. c) Prescrição: o plano de cuidados ajuda o enfermeiro na assistência ao cliente. A prescrição se relaciona com três partes: o diagnóstico, os objetivos e as intervenções de enfermeiro; d) Implementação: caracteriza-se pela aplicação das terapias de enfermagem prescritas no plano de cuidados; e) Evolução: é compreendida como um exame crítico sobre o alcance ou não dos objetivos. Proporciona um feed-back sobre as ações realizadas. O enfermeiro deve familiarizar-se com estes conceitos e princípios para validá-los na prática. Segundo Orem25, os resultados das ações de enfermagem são benéficos na medida em que o autocuidado terapêutico acontece; as ações de enfermagem levam o cliente a assumir atitudes responsáveis quanto ao autocuidado e os membros da família se tornam envolvidos na assistência. Para Grancio: A essência da prática de enfermagem, no que se refere à hipertensão, é assistir ao cliente e à família no desenvolvimento de habilidades e atitudes que levem a 14 um autocuidado efetivo deste problema crônico de saúde26. Hipertensão Arterial Essencial A HAE deve ser estudada com profundidade, de modo a oferecer fundamentos para a aplicação do Processo de Enfermagem, que é a base da consulta. Neste trabalho, nos deteremos apenas na hipertensão arterial essencial. Esta patologia é definida como “a elevação da pressão sangüínea, para a qual não existe uma causa específica”27. Torna-se um verdadeiro problema de Saúde Pública, porque, em 95% dos casos de hipertensão, não é possível reconhecer uma etiologia. Aspectos clínicos A pressão arterial, em particular, é um produto do débito cardíaco (DC) e da resistência periférica (R). O débito cardíaco é determinado pela freqüência do coração (FC) vezes o volume sistólico (VS). A equação: PA = FC x VS x R define a pressão arterial. Mesmo que se altere a FC ou o VS, a hipertensão decorrerá, usualmente, do aumento da resistência vascular periférica total. Em seu estudo, Fink28 refere, como pontos limítrofes, 140 mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e 90 mmHg para a pressão arterial diastólica (PAD). A PAS reflete basicamente a força de contração cardíaca; enquanto a PAD, a resistência periférica, segundo Carvalho29. A hipertensão se caracteriza por valores iguais ou superiores aos citados. A pressão sangüínea elevada se classifica em essencial ou secundária. A Hipertensão Arterial Essencial (HAE), ou primária, tem causa ignorada e progride lentamente, de modo instável, até fixar-se num nível alto. Embora 95% dos hipertensos sofram de HAE, não se obteve, por enquanto, a sua etiologia. Vários fatores se relacionam com a pressão sangüínea, sendo que uma disfunção em um deles poderá desencadear a hipertensão, a saber: o mecanismo baroreceptor, a regulação do sódio e líquido extracelular, o mecanismo renina – angiotensina, a atividade simpática e os vasodilatadores endógenos. Os baro-receptores são terminações nervosas, localizadas no arco aórtico e seios carotídeos, que informam ao centro vasomotor as variações da pressão arterial (PA). Este 15 centro realiza as correções necessárias, quer seja na FC, quer seja na resistência periférica. Na HAE, supõe-se que este mecanismo de regulação esteja alterado de tal modo que os baro-receptores percebam um nível elevado da PA como normal ou baixo, provocando uma reação simpática inapropriada. Quando a pressão do sangue se encontra elevada, em situação normal, o sistema renal excreta Na e água em quantidade suficiente para trazer a pressão ao normal. Contudo, na HAE, acredita-se que a natriurese não ocorre, mantendo a pressão elevada. O defeito na excreção do Na pode ser hereditário ou ter relação direta com uma dieta rica em sal. Estudos recentes sugerem que as artérias dos hipertensos contêm mais Na, sendo sensíveis a nor-epinefrina (vasoconstritor) de modo mais intenso. Além disso, a troca de Na e cálcio (Ca) pela membrana das arteríolas pode estar modificada, permitindo a entrada de Ca na célula muscular lisa. O Ca é o responsável pela contração do músculo liso da arteríola. Quando há queda na PA, acarretando uma diminuição da perfusão renal, o rim estimula a produção de renina. Esta substância age sobre um substrato plasmático, libarando a angiotensina I e, posteriormente, através de uma reação enzimática, angiotensina II. Esta última regula a vasoconstrição e a retenção do Na. Alguns autores sugerem que o hipertenso possa ter uma sensibilidade imprópria neste sistema, mesmo em face de uma pressão sangüínea elevada. A atividade simpática, quando exacerbada, particularmente nos receptores alfaadrenérgicos, contribui para o aumento da resistência periférica em algumas pessoas. Os vasodilatadores endógenos, como por exemplo a prostaglandina, podem estar deficientes na HAE, segundo Phipps e outros30. Esta deficiência poderia causar a constrição de artéria e arteríolas, provocando a hipertensão. O cliente com hipertensão, em sua maioria, é assintomático, mas poderá manifestar queixas de cefaléia, rubor facial e, mais tardiamente, de fadiga, palpitação, epistaxe e dispnéia aos esforços. Atualmente, classifica-se a HAE tomando por base a PAD, como a seguir: Classificação PAD (mmHg) nível I 90 - 104 nível II 105 - 111 16 nível III > = 115 A expectativa de vida diminui quando a PAD se situa acima de 90 mmHg, segundo Fink31, e, à medida em que persiste elevada e sem tratamento, causa danos ao cérebro, rins, coração e arteríolas. A Organização Mundial de Saúde32 considera críticos os limites de 160/95 mmHg. A PAS também apresenta um risco cardiovascular, sendo a sua predominância em pessoas idosas. Nas normas preconizadas pelo Ministério da Saúde33, as condutas se baseiam no controle da elevação da PAD. A constrição generalizada e constante da rede vascular na HAE provoca uma hiperplasia da camada média das artérias, levando à formação de um tecido conectivo hialino e ai enrijecimento dos vasos. Em decorrência disto, diminui a perfusão tecidual e aumenta a concentração de Na e água circulante, causando edema na parede da artéria. Para se avaliar as lesões provocadas pela HAE nas artérias, examina-se a retina, por ser este o único lugar do corpo onde se pode, atualmente, visualizar as arteríolas. A presença de esclerose na retina também pode significar danos em outros órgãos. O vaso edemaciado, por sua vez, oferece maior resistência ao fluxo sangüíneo. Consequentemente, o ventrículo esquerdo precisa realizar uma força maior para se esvaziar por completo, tornando-se distendido e hipertrófico. No coração, o suprimento inadequado de oxigênio pelas coronárias pode provocar a angina pectoris ou o infarto do miocárdio. A HAE freqüentemente causa uma insuficiência cardíaca congestiva esquerda. O cérebro pode sofrer com a arteriosclerose e a isquemia. “Cefaléias matinais na região occipital pode ser uma queixa precoce”34. Com a hiperplasia das arteriolas renais, diminui-se a irrigação dos néfrons. Em conseqüência, o rim não consegue concentrar e formar a urina normalmente. Os sintomas, quando surgem, são a nictúria e a elevação da creatinina e uréia na corrente sangüínea. A mudança estrutural ocorrida na parede dos vasos propicia a perda de proteínas (proteinúria) em alguns clientes, o dano renal resulta em insuficiência crônica. Aspectos epidemiológicos: Outros fatores também se relacionam com a pressão alta, tais como: 17 a) idade: “a PA tende a se elevar com o passar dos anos, sendo que a morbimortalidade é maior nos jovens”35. A prevalência em adultos, assim como a incidência de complicações, incapacidade e mortalidade causadas pela doença, levaram o Ministério da Saúde36 a estabelecer normas para aumentar a cobertura dessa população, tais como: a detecção de rotina da pressão arterial de todo o cliente que busca um Serviço de Saúde, a referência dos hipertensos identificados para a consulta médica, o tratamentohigienodietético e/ou medicamentoso e o seguimento (o Ministério da Saúde ainda não reconheceu a importância da Consulta de Enfermagem para o seguimento do cliente com HAE). b) sexo: a prevalência de hipertensos ocorre mais freqüentemente no grupo masculino. c) raça: os negros são mais susceptíveis do que os brancos, porque, segundo Carvalho37, sofrem maior pressão social. d) obesidade: o peso corporal esta intimamente relacionado com a HAE. O excesso de calorias, levando a obesidade, pode ser um dos fatores nutricionais mais importantes na patogênese da HAE. Nogueira38 observou que a população de seu estudo era obesa e de baixa renda, o que sugeria problemas relativos aos hábitos nutricionais, tais como a utilização de alimentos altamente calóricos, mas de baixo valor proteico, à base de amido. Também a quantidade de bebidas alccólicas e de gorduras saturadas na dieta tem demonstrado uma relação direta com os níveis pressóricos característicos da HAE39. Contexto sócio-econômico Aguiar40 revela-nos que o custo direto por cliente com HAE foi da ordem de US$ 102.5/ano. O abandono do tratamento foi de 68.8%, e apenas 32,9% dos pacientes estavam com a pressão arterial normalizada em sua última consulta. Laboratório Aguiar41 considera os exames indispensáveis para avaliação e acompanhamento do hipertenso: EAS (proteína, sangue e glicose), hematócrito, potassemia, uréia ou creatinina e o eletro-cardiograma. Medidas de controle Um programa de controle da HAE deve compreender as seguintes etapas: 18 1) detecção, confirmação e referência; 2) diagnóstico; 3) seleção e iniciação da terapia; 4) manutenção da terapia. Neste estudo, nos ateremos às medidas preconizadas para as fases de iniciação e manutenção da terapia, por entendermos que nelas a Consulta de enfermagem é a atividade adequada, quando utiliza o referencial de etapas do Processo de Enfermagem com a ajuda de um instrumento, para o seguimento do cliente portador da HAE. No tratamento da HAE, já se demonstrou que a utilização de medicamentos de modo sistemático e um extensivo acompanhamento do cliente são eficientes na redução da mortalidade e morbidade causadas por esta patologia42. Cabe ressaltar que o ideal é a redução da PAD sem a utilização de medicamentos hipotensores. Deve-se, em princípio, conforme o caso, estabelecer um conjunto de intervenções higieno-dietéticas que auxiliem a redução dos níveis pressóricos sangüíneos. Neste sentido, pensamos que a Consulta de Enfermagem é apropriada para o seguimento de clientes com hipertensão em terapia higieno-dietética especialmente. Intervenção de enfermagem As ações de enfermagem, não só para o cliente hipertenso, devem estimular a responsabilidade pelo autocuidado. No tratamento deste problema de saúde, algumas intervenções se tornam necessárias para manter os níveis pressóricos estáveis e para auxiliar o cliente e a família a conviver bem com este desvio. As intervenções se referem, essencialmente, às modificações dietéticas, à redução do estresse, às terapias comportamentais, aos exercícios físicos e, quando necessário, à terapia medicamentosa. O controle de sódio (menos de 500mg/dia), calorias e a redução do peso diminuem a pressão arterial em alguns clientes. No que trata de modificação dietética, sabe-se que uma dieta com restrição moderada de sódio (4-5g de NaCl) pode ser feita limitando a ingestão de conversas, amendoins e evitando o acréscimo de sal durante as refeições. A redução do peso, por sua vez, tem sido considerada como uma das primeiras medidas no tratamento do hipertenso. Recomenda-se também uma dieta rica em fibras e 19 potássio como coadjuvante da terapia da hipertensão arterial. Carvalho43 cita que um alto consumo de potássio favorece o aumento da eliminação de sódio. As fibras contribuem na redução do nível de colesterol. Quanto à redução de estresse, através de uma abordagem individual, o enfermeiro deve auxiliar o cliente a encontrar mecanismos que evitem ou diminuam as atividades causadoras de ansiedade, conforme observa Phipps e outros44. Sobre as terapias comportamentais, tem surgido, recentemente, o interesse por práticas de relaxamento, yoga, meditação, entre outras, como medidas auxiliares na redução da HAE. Fink45 (1981) declara que alguns estudos obtiveram êxito num curto espaço de tempo. Preferencialmente, estas práticas devem ser ensinadas aos clientes numa estrutura de grupo e não na Consulta, devido ao tempo que ocupam e por requererem um local mais adequado. Mas, conforme as necessidades emergentes do cliente, o ensino de determinados procedimentos poderá acontecer no espaço da Consulta. Os exercícios físicos, quando feitos regularmente, propiciam a redução dos níveis pressóricos nos clientes hipertensos, pois o condicionamento físico leva à diminuição do tônus simpático, da freqüência cardíaca, da resistência periférica e do peso46. A terapia medicamentosa tem sido particularmente eficiente na redução de complicações como a hipertrofia cardíaca, baixando o índice de mortalidade nestes casos em 70%. Na escolha dos anti-hipertensivos, pode-se fazer uma abordagem individualizada ou por etapas que passam pelos diuréticos, agentes do sistema nervoso, até os vasodilatadores47. Segundo Phipps e outros48, o enfermeiro deve observar dois aspectos em relação à terapia medicamentosa. Em princípio, o cliente deve saber como e quando tomar os medicamentos. Posteriormente, o cliente deve ser informado quanto aos possíveis efeitos colaterais, embora sejam passageiros e ocorram numa pequena porcentagem das pessoas. É importante que o cliente estejas orientado para estes fatos para que não haja a interrupção súbita dos medicamentos, como o risco de uma crise hipertensiva em alguns casos. 20 Não só na detecção, mas também no controle deste grave problema de saúde, já está reconhecido o inestimável valor do enfermeiro como recurso para o tratamento da hipertensão49. Grim50 considera importante que o enfermeiro treine e supervisione os membros ocupacionais da equipe que fazem a verificação da pressão arterial. No controle da hipertensão, não só os medicamentos e as intervenções são necessários, mas também um bom modelo de técnica que ganhará valores pressóricos acurados e reais. Neste estudo, seguimos a técnica de medição da pressão arterial apresentada por Hill51. Resumidamente, esta técnica compreende dois momentos: primeiro, a verificação da PAS aproximada, pelo método palpatório; em seguida, pelo método ausculatório, a verificação de ambas as pressões. Ao planejar estratégias que permitam o acompanhamento do cliente, Foster e Kousch52 sugerem que a enfermeira primeiro considere as intervenções que garantam o cuidado do cliente e depois as ações que levem ao cumprimento do regime prescrito (verificação da aderência e controle dos efeitos colaterais dos medicamentos). No que se refere ao exame físico do cliente com HAE, Radolph e Silberstein 53 sugerem a investigação da pressão arterial (em diferentes posições), peso, altura, edema, pulsos periféricos, das condições dos aparelhos cardiovascular, renal e neurológico. Deve-se buscar os sinais e sintomas da HAE. Após o exame físico, o diagnóstico de enfrmagem deve ser formulado. As autoras descrevem em seu trabalho sete áreas do diagnóstico para o hipertenso, tais como: a) comprometimento da nutrição (obesidade, desequilíbrio na ingestão de calorias, ingestão excessiva de sódio, ingestão insuficiente de potássio e desequilíbrio hídrico); b) comprometimento da atividade física (sedentarismo, exercício físico irregular ou impróprio); c) mau uso de drogas (medicamentos não prescritos, álcool etc.); d) inaderência à supervisão médica; e) inaderência à medicação; f) inaderência à dieta; g) déficit no potencial de saúde (estresse, alcoolismo etc.). 21 Grim54 , Foster e Kousch55 .recomendam ainda a utilização do “SOAP”(dados subjetivos, objetivos, avaliação e plano) como forma de abordagem e registro, mas também de avaliação organizada e sistemática dos problemas e do plano de cuidado. Segundo Ward, Bandy e Fink56, o cliente hipertenso requer um extensivo programa de orientações que o ajude a entrar e a permanecer em tratamento. Estas orientações devem considerar os valores, sentimentos, necessidade de aprendizagem e de suporte familiar. A cada oportunidade, a educação do cliente é repetida ou reforçada. Os programas de educação para a Saúde devem ser conduzidos, segundo Randolph e Silberstein57, pelos seguintes tópicos: o que é a HAE, medicação, dieta, tabagismo, exercícios e técnicas de relaxamento. Durante os encontros, um sentimento de progresso deve ser criado, além de estratégias que o auxiliem a lembrar-se de tomar os medicamentos, de retornar às consultas e de identificar problemas e efeitos colaterais. O esclarecimento de dúvidas contribui para o aumento da confiança do cliente. é importante obter auxílio financeiro para que se mantenha adequadamente a terapia. No combate à hipertensão arterial, objetiva-se principalmente uma maior cobertura sem comprometimento da qualidade da assistência prestada. Embora já se reconheça, em muitos países, a importância do enfermeiro na prevenção e controle da HAE, no Brasil, as normas e modelos de atendimento traçados pelo Ministério da Saúde para o atendimento do hipertenso ignoram o potencial do enfermeiro, preferindo fazer referências a “pessoal de saúde treinado”. A HAE constitui um dos principais problemas de Saúde Pública58, merecendo, portanto, uma atenção compatível com a sua magnitude e gravidade. Pela análise da literatura, constatamos que o enfermeiro, através da Consulta, tem plenas condições de realizar o seguimento do hipertenso, além de detectar os casos desconhecidos, ampliando, desta forma, a cobertura. Este estudo pretende, pois, oferecer subsídio para a melhoria das intervenções junto ao cliente hipertenso através da Consulta de Enfermagem. 22 CAPÍTULO III MATERIAIS E MÉTODOS O Campo da pesquisa O presente estudo, para a testagem do roteiro de Consulta de Enfermagem ao cliente com hipertensão, foi realizado num consultório de enfermagem localizado em um hospital universitário, na cidade do Rio de Janeiro. Neste capítulo, apresentamos o material e a metodologia utilizada. A população A população deste trabalho é composta por 240 clientes com Hipertensão Arterial Essencial em tratamento ambulatorial, no hospital universitário, inscritos no consultório de enfermagem. A amostra A amostra foi planejada aplicando-se as fórmulas para dados discretos por tratarse de elementos (clientes) indivisíveis, sendo representados por números inteiros59. O tamanho determinado foi de 70 clientes. Os critérios estabelecidos para a escolha da amostra foram os seguintes: a) ter o diagnóstico de Hipertensão Arterial Essencial. Na hipertensão arterial, a forma primária ou essencial constitui 95% dos casos por não ser possível o reconhecimento de uma etiologia orgânica; b) ser cliente da Consulta de Enfermagem. O instrumento O roteiro proposto (vide Anexo I) foi elaborado a partir das sugestões de Grim60 e contém 4 partes relacionadas aos dados subjetivos, objetivos, diagnóstico, intervenção e evolução de enfermagem. O preenchimento dos campos do formulário teve por convenção marcar um “X” quando “presente” o problema avaliado e um “0” na ausência do problema. 23 Os dados subjetivos se referem às informações fornecidas pelo cliente e/ou familiar através de entrevista. Foram colhidas informações sobre as medicações em uso, a dieta hipossódica, patologias concomitantes, história social, sinais e sintomas da HAE. Os dados objetivos foram obtidos através do exame físico e laboratorial. Neste estudo, foram considerados relevantes os seguintes dados: pressão arterial (sentado e deitado), os sons respiratórios e cardíacos, pulsos apical e periféricos, condições do abdômen e extremidades. Os exames laboratoriais de interesse nosso, para o controle da HAE, restringiram-se à uréia, creatinina, glicemia, aos “elementos anormais e sedimentos” (EAS) da urina, ao hematócrito, potássio e eletrocardiograma. Quanto aos exames, a atualização ou não deles também era uma informação importante. Neste estudo, o diagnóstico de enfermagem foi compreendido como um sumário, sobre os problemas de saúde do cliente, feito a partir da avaliação dos dados subjetivos e objetivos colhidos. A intervenção de enfermagem se refere à terapias prescritas pelo enfermeiro, ou seja, o plano de cuidados para o tratamento dos problemas de saúde identificados. A intervenção deve estimular o autocuidado preferencialmente. Neste trabalho, a intervenção é entendida como uma ação, prescrita pelo enfermeiro, para o cliente e/ou familiar realizar no seu domicílio. A evolução pretendeu proporcionar uma crítica sobre o estado do cliente e as ações realizadas, que se corporifica no registro. Entendemos que a evolução não deve ser interpretada apenas como um registro, já que este pode ocorrer em qualquer etapa. A abordagem e o registro dos procedimentos, neste estudo, observaram a forma do “SOAP” (dados subjetivos, objetivos, avaliação e plano). Objetivando a unidade das intervenções de enfermagem, elaborou-se um guia de orientação. O guia aborda, principalmente, a técnica de verificação da pressão arterial e os medicamentos mais comuns no tratamento do hipertenso. As intervenções de enfermagem, na fase de seguimento, referem-se, especialmente, à dieta, à abolição do fumo, à redução dos fatores estressantes e à promoção da aderência ao regime. A coleta de dados A coleta de dados foi precedida por um teste piloto com um grupo de 20 clientes para revisão. Este grupo não fez parte da amostra. 24 A aplicação do instrumento foi realizada pela autora, ajudada pelos alunos do 5º período da graduação em enfermagem que, sob sua supervisão, cumpriam estágio curricular neste consultório. A utilização do guia e dos formulários pelos alunos foi precedida de nove aulas teórico-práticas complementares, ministradas pela autora, sobre a HAE e seu controle. Estas aulas visavam também à colaboração dos estudantes para a realização deste estudo. As nove aulas foram divididas em três blocos com três aulas cada. O primeiro bloco teórico tratou do seguinte tema: “O papel do enfermeiro na detecção, tratamento e controle da HAE”. Três aulas teóricas práticas abordaram a importância do exame físico no histórico de enfermagem. Nesta aulas foram ministradas conhecimentos sobre as técnicas de execução do exame, especialmente a percussão e ausculta pulmonar e cardíaca. O último bloco compreendeu uma demonstração sobre a Consulta de Enfermagem ao hipertenso, utilizando o instrumento proposto. Nesta oportunidade foram esclarecidas as dúvidas sobre o roteiro e a realização do exame. Estas aulas não só prepararam e incentivaram os graduandos para esta pesquisa, assim como auxiliaram a mudar a conotação do exame físico, realizado pelo enfermeiro segundo a nossa percepção. A coleta de dados foi efetuada pela autora com o auxílio dos alunos, através da utilização do instrumento (anexo I), no consultório de enfermagem de um Hospital Universitário, na cidade do Rio de Janeiro, e abrangeu um período de dois meses, setembro e outubro de 1987, de 8 às 12hs., de segunda à sexta-feira. Pode-se observar, informalmente, que tanto os alunos quanto os clientes tiveram oportunidade de vivenciar novas experiências. Os alunos, além de estar participando de uma pesquisa, adquiriam novas habilidades. Os clientes, por sua vez, manifestavam a sua satisfação com a atenção e o tipo de exame que estava sendo realizado. As respostas aos itens foram obtidas com o cliente, exceto aquelas que se referiam ao último registro da PA e aos resultados de exames. Estes eram completados após a leitura do prontuário. Cada cliente foi submetido a uma Consulta de Enfermagem com a duração, em média, de 30 minutos. A Consulta consistia, basicamente, de uma entrevista, onde eram exploradas as queixas, percepções e colhidos os dados subjetivos e de um exame físico 25 completo, com a inspeção, palpação, percussão e ausculta do tórax e abdômen principalmente. Embora os alunos se sentissem ansiosos e inseguros no início, a realização do exame físico ocorreu de modo satisfatório, sendo as dúvidas esclarecidas pela autora. A partir da entrevista e do exame físico, elaborava-se o diagnóstico de enfermagem e o plano de intervenções, seguidos de esclarecimentos e orientações para o autocuidado. Ao deixar o consultório, o cliente levava consigo uma receita, em impresso do próprio hospital, na qual estavam registrados os valores de sua PA, as prescrições de enfermagem para a resolução do seu problema de saúde e a data da reconsulta. Finalmente, registrava-se o procedimento, em prontuário, utilizando-se o “SOAP”. Entre as limitações encontradas, apontamos que o serviço onde se realizou este estudo não possuía uma estrutura de grupo para a educação da clientela. Por outro lado, a Consulta carecia de folhetos e material educativo que servissem de reforço às orientações dadas. Tratamento estatístico Neste estudo, procedeu-se da seguinte forma: foi realizada a computação manual dos dados coletados, e, após a apuração, fez-se a tabulação e a disposição dos dados em tabelas, adotando-se, como tratamento estatístico, o emprego de números absolutos e percentuais. Critério de avaliação O critério de avaliação do preenchimento dos 62 campos do formulário proposto considerou significativo o resultado igual ou superior a 70%, ou seja, o preenchimento mínimo de 44 campos, classificando desta forma: a) satisfatório: 90% a 100% b) bom: 70% a 89% c) regular: 60% a 69% d) insatisfatório: menos de 59% 26 CAPÍTULO IV RESULTADOS A apresentação dos resultados foi feita em número absolutos e percentuais obtidos a partir do estudo sobre a consulta de enfermagem à clientela portadora de hipertensão arterial essencial (HAE). – Características da amostra: Tabela 1 Distribuição da população segundo a idade Idade (anos) N* %** (–) -- 30 – – 31 -- 40 3 4.2 41 -- 50 10 14.2 51 -- 60 20 28.6 61 -- (+) 37 53.0 70 100.0 Total: *N = freqüência absoluta **% = freqüência relativa A tabela 1 apresenta a distribuição da população de hipertensos inscritos no consultório de enfermagem de um Hospital Universitário. Os dados desta tabela revelam que 53.0% da amostra se situa acima de 60 anos; uma parcela significativa (28.6%) é maior de 50 anos e a totalidade da amostra está acima de 30 anos. Tabela 2 Distribuição da população segundo a atividade econômica Atividade Prendas domésticas N % 37 53.0 27 Aposentado 13 18.5 Outros 20 28.5 Total 70 100.0 A tabela 2 mostra a distribuição da população de hipertensos segundo a atividade econômica. Nesta tabela, a maioria (53.0%) exerce as suas atividades econômicas no âmbito doméstico; uma parcela significativa é de aposentados e um pouco menos de um terço da amostra (28.5%) é economicamente ativo. Esclarece-se ainda que, dentro de outros, foram incluídas ocupações, tais como: pedreiro, eletricista, auxiliar de enfermagem, etc. Tabela 3 Distribuição da população segundo o sexo Sexo N % Feminino 50 71.5 Masculino 20 28.5 Total 70 100.0 A Tabela 3 apresenta a distribuição da população de hipertensos conforme o sexo. Os dados relativos mostram que grande parte dos clientes atendidos eram do sexo feminino; menos de um terço da amostra era composta por homens (28.5%). Entretanto, a fundamentação teórica aponta os homens como os mais atingidos. Tabela 4 Distribuição da população segundo a cor Cor N % Branca 37 52.8 Parda 17 24.2 Preta 14 20.2 s/referência 02 2.8 Total 70 100.0 28 A tabela 4 mostra a distribuição da população de hipertensos quanto à cor da pele. Por esta tabela, 52.8% da clientela hipertensa é branca e apenas 20.2%, negra. Os pardos constituem menos de um quarto da amostra e, mesmo somados aos negros, não se aproximam da maioria branca, o que difere da literatura encontrada. Preferiu-se a utilização do termo cor para evitar bias, ao invés de raça (branca, negra e amarela), porque, na aplicação do teste piloto, houve grande dificuldade, por parte dos observadores, em definir o que era negro. Tabela 5 Distribuição da população quanto aos fatores de risco Fatores de risco Obesidade Sedentarismo Tabagismo Elitismo N % N % N % N % Presente 24 34.3 40 57.0 14 20.0 6 8.5 Ausente 46 65.7 30 43.0 56 80.0 64 91.5 Total 70 100.0 70 100.0 70 100.0 70 100.0 A tabela 5 apresenta os resultados do nosso estudo quanto à incidência dos fatores de risco na amostra. Cabe ressaltar o sedentarismo como o problema que afeta a maioria dos clientes atendidos (57.0%). Observa-se que, nesta tabela, a maioria apresenta problemas relativos à obesidade, ao tabagismo e ao elitismo. Tabela 6 Distribuição da população segundo a terapêutica Terapêutica Dieta hipossódica Medicação Outros N % N % N % Sim 59 84.3 67 95.7 22 31.5 Não 11 15.7 03 4.3 48 68.5 Total 70 100.0 70 100.0 70 100.0 29 A Tabela 6 mostra a distribuição da população segundo o plano terapêutico utilizado. Para o controle da HAE, a maioria faz uso de uma dieta hipossódica e de medicamentos. Esclarece-se que outros refere-se a hipoglicemiantes, tuberculostáticos, etc. Tabela 7 Distribuição da clientela conforme as queixas Queixa principal N % Não refere 19 23.3 Cefaléia Occipital 09 10.5 Parestesia 06 7.0 Lipotímia 04 4.8 Insônia 04 4.8 Cansaço 04 4.8 Dor Precordial 04 4.8 Ansiedade 03 3.5 Obesidade 01 1.1 Pressão Alta 01 1.1 Outros 17 20.0 S/ Resposta 13 15.3 Total 85 100.0 Obs.: Nesta tabela coube mais de uma resposta. A tabela 7 mostra a distribuição dos clientes hipertensos quanto às queixas apresentadas. A sua leitura revela que uma parcela significativa da amostra não apresenta queixas (22.3%). Entre os que referem algum tipo de problema, temos a cefaléia occipital (10.5%) e a parestesia (7.0%) com maior freqüência. Foram incluídos na categoria de outros: alegria, prurido, palpitação, resfriado, etc. Dados objetivos: 30 Tabela 8 Distribuição da população segundo a PAD (deitado) Período Último Registro Registro Atual PAD (mmHg) N % N % = < 90 45 64.5 45 64.5 91 - 104 16 23.0 16 23.0 105 - 114 05 7.0 04 5.5 > = 115 03 4.0 03 4.0 S/referência 01 1.5 02 3.0 Total 70 100.0 70 100.0 A tabela 8 mostra a distribuição da população, segundo a PAD, na posição deitada. Preferiu-se a indicação desta devido à dificuldade em se verificar a PA de pé. Os valores pressóricos diastólicos se encontram em níveis satisfatórios na maioria dos clientes (64.5%). Embora os números acima delineiem o perfil de uma clientela aderente, ressaltamos a presença de uma parcela significativa de clientes com valores diastólicos acima de 90 mmHg. (23.0%). Tabela 9 Distribuição dos clientes segundo a atualização dos exames Exames Laboratorias N % Desatualizados 50 71.4 Parcialmente Atualizado 19 27.1 Sem Informação 01 1.5 Total 70 100.0 31 A tabela 9 apresenta a distribuição da população quanto à atualização dos exames laboratoriais. Os dados mostram que os exames laboratoriais se encontram desatualizados na maioria da clientela (71.4%), isto é, possuíam mais de seis meses. Os exames parcialmente atualizados (27.1%) se relacionam aos clientes que os possuíam incompletos. Diagnóstico de Enfermagem. Tabela 10 Distribuição da população conforme o diagnóstico de enfermagem Diagnóstico de Enfermagem N % Obesidade 02 1.5 Edema 08 5.8 Pressão alta 05 3.6 Lipotímia 01 0.7 Tabagismo 03 2.1 Sibilo 01 0.8 Relacionamento familiar inefetivo 01 0.8 Necessidade de apoio emocional 01 0.8 Aderência 45 32.8 Inaderência 15 10.9 Sedentarismo 01 0.8 Insônia 01 0.8 Diminuição da acuidade visual 01 0.8 Sobre a doença 07 5.1 Ansiedade 05 3.6 Outros 40 29.1 137 100.0 Déficit de conhecimento Total Obs.: Nesta tabela cabe mais de uma resposta. A tabela 10 mostra a distribuição da população conforme o Diagnóstico de Enfermagem da maneira como foram aplicados. 32 Pela observação da tabela, grande parte da clientela (32.8%) recebeu como Diagnóstico de Enfermagem aderência à terapia. Uma parcela expressiva (10.9%), por motivos não explicitados, não cumpre de forma alguma as orientações terapêuticas, tendo sido, portanto, considerada inaderente. Foram incluídos em outros diagnósticos, tais como: escabiose, varizes, dor etc. Intervenções de Enfermagem Tabela 11 Distribuição da população segundo o conteúdo das Intervenções de Enfermagem - Rio de Janeiro, 1987 Prescrição Sim Não Conteúdo das Intervenções de Enfermagem N % N % Reduzir o sal da dieta 52 74.3 18 25.7 Realizar exercícios físicos 52 74.3 18 25.7 Manter o regime medicamentoso 34 48.6 36 51.4 Reduzir o peso corporal 25 35.7 45 64.3 Elevar os membros inferiores 21 30.0 49 70.0 Retornar à Consulta de Enfermagem 20 28.6 50 71.4 Verificar a pressão arterial 17 24.3 53 75.7 Aumentar o Potássio na dieta 14 20.0 56 80.0 Aumentar a ingestão hídrica 14 20.0 56 80.0 Aumentar as fibras na dieta 14 20.0 56 80.0 Reduzir o estresse 15 21.4 55 78.6 Orientar sobre a terapêutica 24 34.3 46 65.7 Evitar o tabagismo 05 07.1 65 92.9 Encaminhar à emergência 02 02.9 68 97.1 Outras 12 17.1 58 82.9 Total 70 100.0 70 100.0 A tabela 11 apresenta a distribuição da população de hipertensos de acordo com os conteúdos da intervenções de enfermagem prescritas. 33 Observamos que as intervenções foram, em sua maioria (74.3%), no sentido de controlar o Sódio na dieta. O sedentarismo foi tratado em 74.3% das Intervenções. A promoção da aderência, através do uso correto das medicações (48.6%), a redução da obesidade apareceram com uma freqüência significativa (35.7%). Esclarece-se que dentro de outras foram incluídas: encaminhar a outros profissionais, fazer curativo, lubrificar a pele etc. Preenchimento do formulário Tabela 12 Preenchimento dos campos do formulário Preenchimento do formulário N % Satisfatório 68 97.0 Bom 01 1.5 Regular 00 00.0 Insatisfatório 01 1.5 Total 70 100.0 A tabela 12 mostra o preenchimento dos campos do formulário. Neste estudo também temos por objetivo verificar a aplicabilidade do roteiro proposto. Nota-se, pelos dados obtidos nesta tabela, que o preenchimento dos 62 campos do formulário foi satisfatório em 97.0% e insatisfatório em 1.5%. 34 CAPÍTULO V DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Neste capítulo, pretendemos discutir os resultados encontrados com a aplicação do instrumento proposto, relacionados à clientela e à Consulta. A realização de um estudo sobre a consulta de enfermagem ao cliente portador de HAE mostrou-nos que esta atividade não necessita somente de um roteiro. A CE deve também estar inserida num sistema onde seja precedida por detecções de rotina, tendo como apoio uma estrutura de grupo. Além da utilização de um instrumento, baseado nas etapas do Processo que a sistematize, há necessidade de ampliar a cobertura através de detecção e seguimento, pois os hipertensos não devem permanecer desconhecidos pelas instituições de Saúde que pretendem tratá-los. Quanto às características da clientela, levantadas pelo instrumento proposto, vimos que a amostra deste estudo se constitui de idosos, em sua maioria mulheres. No que se refere à cor, a maioria era proposta de brancos, embora a literatura afirme que os negros são mais susceptíveis. Por outro lado, não podemos afirmar que tanto negros quanto brancos tiveram as mesmas condições de acesso ao serviço de saúde. Pensamos ser importante a realização de investigações orientadas para este aspecto social. Sobre a idade da clientela, é interessante ressaltar que apenas três pacientes possuíam menos de 40 anos. Em seu estudo, Santos61 mostra que, dos 653 clientes da CE, apenas 3.7% tem menos de 25 anos e 7.0% possuem entre 25 e 35 anos, sendo também a grande maioria de mulheres. Os dados da tabela 2 revelam que apenas os inativos e as donas de casa se beneficiam com o atendimento ambulatorial diurno e/ou dissociado do local de trabalho. Os resultados obtidos junto aos clientes com hipertensão quanto à idade e à atividade, confrontados com a literatura, sugerem que o horário atual de funcionamento da CE e a sua localização não permitem ampliar a cobertura a trabalhadores jovens, que certamente têm dificuldade em compatibilizar a sua jornada com o horário e o local do ambulatório. 35 Atendendo a inativos e idosos em sua maioria, a CE cobre apenas uma diminuta parcela da população susceptível a HAE. Concordamos com Coleman62, Alderman e Schoenbaum63, quando afirmam que contribuiria para a diminuição da prevalência da HAE em adultos jovens e trabalhadores a assistência ao cliente em seu local de trabalho. Consideramos não excludente às sugestões de Alderman e Coleman a criação de um terceiro turno no ambulatório, ou o seu funcionamento aos sábados, a fim de facilitar o acesso de trabalhador ao Serviço de Saúde, que não precisaria faltar para poder ser atendido. O pequeno número de adultos, jovens, negros e trabalhadores encontrados nesta pesquisa demonstra que a população de hipertensos permanece desconhecida, conseqüentemente, sem tratamento e, provavelmente, desenvolvendo as complicações pertinentes a essa patologia. Este desconhecimento se deve ao abandono da prática de detecção de rotina, ou seja, da verificação da PA de todo o cliente que procura um serviço de saúde64, juntamente com a orientação, a referência e o acompanhamento, quando necessário. A realização de um desses procedimentos, ou de nenhum, faz com que a população de risco continue sem cobertura. A detecção de rotina, segundo o relatório do US Departament of Health and Human Services65, faz decrescer a prevalência de hipertensos sem diagnóstico na comunidade. O Ministério da Saúde66 cita um estudo onde, nas consultas médicas de primeira vez em adultos, por não se verificar rotineiramente a pressão arterial, deixava-se de identificar 18 pacientes hipertensos para cada 100 examinados. Em seu estudo, Matos67 encontrou números semelhantes aos apontados pelo Ministério da Saúde. Entre os doadores de sangue, 19% apresentava uma PAD de 120 mmHg após a doação. Neste caso, vemos pessoas supostamente sadias, com um elevado nível da PA, passar apenas pelas detecção de rotina e não receber orientação nem referência para uma instituição que faça ou confirme o diagnóstico de hipertensão e o seu acompanhamento. Ainda sobre as características da clientela, observamos que a nossa amostra não acompanha as características da população da XX Região Administrativa, relatadas por Nogueira68, no que se refere à obesidade. A nossa clientela não é obesa, sendo acompanhada também pela Nutricionista. Ramsay, McKenzie e Fish69 verificaram que 36 os enfermeiros obtêm mais sucesso, em relação aos médicos, ao tratar a obesidade, garantindo, assim, um melhor controle da hipertensão. As autoras apontam 2 motivos para tal: as consultas de enfermagem são mais freqüentes e os enfermeiros estão mais mobilizados para o cuidado do paciente. Os fatores de risco estão ausentes para a maioria da clientela estudada, com exceção do sedentarismo. Mas, considerando a média de idade elevada da nossa amostra, estes dados não surpreendem. Infelizmente, a prática de exercícios físicos ainda não está muito difundida entre as pessoas da terceira idade. Prevalece a concepção de que quem “sofre do coração” não pode fazer esforço. Há necessidade de mudar esses conceitos errôneos que prejudicam grandemente a saúde. Seria interessante que os serviços dispusessem de um programa de condicionamento físico para os seus clientes, fossem eles hipertensos, diabéticos ou idosos. Quanto aos dados subjetivos, levantados pelo instrumento proposto, vemos que uma significativa parcela não refere queixas. Mas, dos problemas arrolados, percebe-se que se relacionam, em sua maioria, à sintomatologia da HAE. A dieta hipossódica é utilizada pela grande maioria dos clientes para o controle da hipertensão. Igualmente majoritário é o uso de medicamentos anti-hipertensivos com os mais diversos esquemas. Quanto aos dados objetivos, levantados com o auxílio do instrumento proposto, observamos sobre a normalização dos valores diastólicos, ao contrário de Aguiar70, que a nossa amostra apresenta, em sua maioria, valores iguais ou abaixo de 90 mmHg. Isto se deve, supostamente, à utilização de dieta hipossódica, de medicação para o controle da HAE e à freqüência às Consultas de Enfermagem, na nossa opinião. Diante dos resultados satisfatórios sobre a PAD, na maioria, podemos inferir que o atendimento freqüente pela CE promove a aderência ao regime terapêutico, diminuindo o abandono. As consultas de enfermagem, entre as consultas médicas, permitem um acompanhamento do cliente no sentido de observar o cumprimento da dieta e dos exercícios de detectar, precocemente, o aparecimento de sintomas, complicações e efeitos colaterais e de prevenir desvios na terapêutica como, por exemplo, a auto-prescrição medicamentosa. 37 No entanto, os exames laboratoriais, imprescindíveis para a detecção precoce de complicações, encontram-se desatualizados em toda a amostra. Esses dados sugerem que esses exames não recebem a devida importância no tratamento da HAE, não sendo, portanto, solicitados com a freqüência desejada. Aderman & Schoenbaum71 descrevem um programa onde os enfermeiros possuem autonomia também para solicitar os exames complementares, tendo obtido excelentes resultados. Finnerty72, Barnes73 e Runyan74 consideram que os enfermeiros, quando bem preparados, são mais capazes de motivar o cliente para a dieta e medicamentos, de identificar e de tratá-lo, no seguimento. Após o levantamento e a análise dos dados subjetivos e objetivos, passava-se à segunda fase do Processo de Enfermagem, isto é, a elaboração do diagnóstico do cliente hipertenso. Embora a American Nursing Association75, defina a enfermagem como o diagnóstico e o tratamento das respostas humanas aos problemas de saúde reais ou potenciais, em nosso estudo, sentimos que ainda há dificuldades quanto à aplicação do diagnóstico de enfermagem devido à ausência, impropriedade ou variedade de termos e interpretações, conforme o caso. O roteiro propiciou a aplicação de diagnósticos de enfermagem. Utilizamos, por vezes, taxonomia, proposta pela Sétima Conferência Bienal da Associação NorteAmericana, sobre Diagnóstico de Enfermagem (NANDA) apresentada por Taylor e Cress76. Entretanto, apareceram também termos que não devem ser entendidos como diagnósticos de enfermagem, tais como: escabiose, varizes, etc. mas, neste estudo, optamos por arrolar os termos conforme eles surgiam, objetivando suscitar mais estudos orientados para este tema especificamente. Os diagnósticos relacionados neste estudo, compatibilizam-se com as áreas propostas por Randolph e Silbustein77 para hipertensos: comprometimento da nutrição; da atividade física; mau uso de drogas; inaderência e déficit no potencial de saúde. Acrescentaríamos, no entanto, uma nova área: Déficit de Conhecimento sobre a Doença, sendo esta uma terminologia já aceita pela NANDA, porque este problema, quando não tratado, pode levar à inaderência. 38 No que se refere ao controle da HAE, nossa clientela foi diagnosticada, em sua maioria, como “aderente”. Na realidade, a NANDA propõe a aplicação do diagnóstico “inaderência” como um padrão de resposta que envolve a escolha de alternativas, estando relacionado ao sistema de valores do cliente. Independentemente do termo a ser adotado, é interessante verificar que a maioria segue a terapêutica, quando inexiste, neste ambulatório, o componente formal de educação para saúde, com atividades planejadas que visem à mudança voluntária de comportamento. Supões-se que este índice de aderência deva-se à freqüência dos encontros e às informações fornecidas aos clientes durante a Consulta de Enfermagem. Há quem alegue que, durante as Consultas, são dadas as devidas orientações, não precisando, por isso, existir grupos educativos. Neste sentido, concordamos com Clark78 quando considera que instruções sobre a terapêutica (dieta, medicamentos, etc.) consomem muito tempo da consulta. Desta forma, o tempo não é distribuído adequadamente, pois os clientes têm que esperar muito para serem atendidos por alguns minutos. Isto os leva a ficarem ressentidos, passando à falta e a não cumprir o regime prescrito (inaderência ao tratamento). O programa de assistência de enfermagem ambulatorial, descrito por Santos79, prevê três atividades finais: a Consulta de Enfermagem, educação em grupo e chamada de faltosos. A estrutura do grupo, como parte deste tripé, torna-se, assim, fundamental para apoiar a Consulta. Nestes grupos, o cliente aprende sobre a sua doença e tratamento, além de deter um espaço para verbalizar seus sentimentos e compartilhar experiências com outros hipertensos. Gilliland80, ao comparar 2 programas de educação do cliente, um individual e outro em grupo, constatou que o programa em grupo era mais efetivo, citando como prováveis razões as seguintes: o ensino realizado por enfermeiras instrutoras, melhor preparadas didaticamente, conteúdos estruturados e interação grupal. Norris81 também considera o grupo fundamental para ajudar o cliente a se auto-cuidar. Embora a maioria possa ser considerada aderente, notamos que há ainda um número significativo de clientes com a PAD entre 91 a 114 mmHg que, somados, praticamente alcançam um percentual de 30% (vide tabela 8). Entendemos que esta situação não é satisfatória. Devemos, portanto, traçar ações de enfermagem que contribuam para uma maior aderência. Pierin82 concluiu em seu estudo, que, no grupo 39 onde houve orientação sistematizada feita pela enfermeira, foi maior a aderência ao tratamento, tendo ocorrido alterações quanto ao hábito de fumar e às atividades físicas. Com o diagnóstico de enfermagem estabelecido, passava-se à fase da prescrição das ações, isto é, à elaboração do plano de cuidados. No que trata sobre as intervenções de enfermagem, vimos que estas procuraram, de um modo geral, manter o controle da HAE, tais como: a redução do sal na dieta, a realização de exercícios físicos, a manutenção do regime medicamentoso e o controle do peso corporal. as intervenções foram, em sua maioria, pertinentes com os diagnósticos aplicados e as condutas propostas na guia de orientação. Algumas intervenções ficaram prejudicadas por não funcionar, em paralelo, um grupo educativo onde as orientações pudessem ser mais detalhadas e os clientes supervisionados na execução destas prescrições. Em razão disto, as recomendações sobre os exercícios físicos se restringiram à caminhada diária, por ser mais fácil o esclarecimento no exíguo espaço de tempo da consulta. A fase de implementação das ações de enfermagem prescritas cabia ao próprio cliente e/ou familiar executar. Segundo Norris83, o autocuidado é definido como um processo que permite ao cliente/família tomar iniciativa, assumir responsabilidade e atuar efetivamente no desenvolvimento do seu próprio potencial de saúde. A fim de facilitar o cumprimento da prescrição, os clientes saiam do consultório com uma receita contendo informações sobre o valor da sua PA, os cuidados de enfermagem a ser implementados e a data de retorno à próxima consulta. Observou-se informalmente, no decorrer da pesquisa, que muitos clientes não conheciam os valores normais da PA nem possuíam informação sobre os valores da sua pressão. Só sabiam que era alta, nada mais. Assim, quando faziam o controle em sua residência, não tinham um parâmetro que lhes permitisse avaliar a hipertensão. Neste estudo, partimos do princípio de que o cliente é responsável pelo seu tratamento e entendemos que ele deve ter conhecimento sobre os resultados encontrados para assim decidir melhor sobre a conduta a ser tomada. Quanto a constar na receita a data do retorno à CE, deve-se ao fato de que a marcação de uma reconsulta é, na realidade, uma prescrição. Conforme o estado de saúde 40 do cliente, a CE deverá ser mais ou menos freqüente segundo as orientações do guia (anexo III). No que se refere ao acompanhamento do cliente com hipertensão pelo enfermeiro na Consulta de Enfermagem, o roteiro proposto possibilitou o levantamento de dados subjetivos e objetivos, a aplicação de diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem., Isto está demonstrado no preenchimento dos campos do formulário que em apenas 1.5% foi insatisfatório. Utilizou-se uma seqüência de exame físico conforme Grim84, Randolph e Silberstein85, o que forneceu um maior número de dados objetivos, fundamentou o diagnóstico de enfermagem e propiciou um estreitamento da relação com o cliente, aumentando, neste, a confiança no profissional. Notamos que, por diversas vezes, os clientes manifestaram a sua satisfação com o tipo de exame realizado, alegando que nem nas consultas com outros profissionais recebiam tal atenção. Pode-se perceber que tanto o roteiro como o guia de orientação contribuíram bastante para a qualidade das atividades de ensino/aprendizagem. Participar de uma pesquisa, realizar um exame físico mais aprofundado e prestar assistência de acordo com recentes recomendações científicas foram ações que incentivaram a aprendizagem. O roteiro contribuiu não só para a sistematização da consulta, como também possibilitou uma melhor avaliação do cliente hipertenso, além de favorecer o estabelecimento de uma interação mais efetiva. Por outro lado, não reduziu muito o tempo de consulta devido, principalmente, ao detalhamento do exame físico (inspeção, palpação, percussão, ausculta, etc.). Quanto ao tempo gasto, em média 30 minutos, percebe-se pela literatura que este tempo ainda é razoável. Santos86 apresenta uma média igual e propõe o atendimento de 8 e 10 clientes por dia. Por considerarmos a HAE um problema grave e complexo, esperávamos que a sistematização da Consulta diminuísse o tempo de atendimento, caso o consultório e o enfermeiro fossem apenas para o atendimento dos hipertensos. Por não ser assim no momento, supomos que um grupo educativo também contribuiria para a redução do tempo do cliente no consultório de enfermagem. 41 Diante dos resultados obtidos, consideramos que o instrumento é passível de aplicação aos clientes de primeira vez, inaderentes ou a cada seis meses para controle. Fora destas situações, seria conveniente a utilização de um instrumento mais simplificado, especialmente na primeira parte referente aos dados subjetivos. A análise deste estudo sugere-nos que a Consulta de Enfermagem ao cliente hipertenso deve, preferencialmente, ser um sistema. A entrada neste sistema (vide anexo II) acontece através de detecções de rotina e/ou por encaminhamentos. Uma vez dentro deste sistema, o cliente/família não sai mais. Não há cura, ainda, para a hipertensão, portanto, não existe, atualmente, a possibilidade de alta. Só a transferência para outro sistema igual ou de menor complexidade, quando o cliente é aderente ao tratamento, ou o óbito. Este sistema estaria integrado a um sistema maior de tratamento do hipertenso dentro da instituição e teria o apoio de um grupo educativo e de um serviço de chamada de faltosos, além de se utilizar de encaminhamentos a outros profissionais (nutricionista, psicólogo, médico, etc.) e referência a outras instituições. Diante dos resultados, entendemos que a Consulta de Enfermagem deve procurar inserir um número cada vez maior de clientes neste sistema, sem prejuízo da qualidade da assistência e estimulando neles a participação ativa na terapêutica. 42 CAPÍTULO VI CONCLUSÕES Os resultados do estudo realizado com 29.1% dos clientes hipertensos inscritos no Consultório de Enfermagem de um hospital universitário conduziram a várias conclusões sobre esta atividade. Quanto à Consulta de Enfermagem como uma atividade independente e exclusiva do enfermeiro, observamos que se utiliza de um procedimento importante, baseado nas etapas do processo, necessitando, por isso, estar inserida numa política definida de atendimento à clientela. A CE deve fazer parte de um sistema efetivo de detecção, tratamento, educação e seguimento com autonomia plena e em articulação com outros profissionais. A detecção de rotina, por sua vez, propiciaria, além da descoberta da população de hipertensos, a alimentação do subsistema que é a Consulta. O tratamento do hipertenso deve ser o mais simples possível a fim de promover a aderência. Muitos hipertensos conseguem manter a hipertensão sob controle apenas com medidas higieno-dietéticas. A CE pode ser o acompanhamento de excelência para estes casos. O controle da hipertensão pelo enfermeiro, através da CE, precisa avançar no que se refere à solicitação dos exames laboratoriais. Uma avaliação de qualidade requer um mínimo de exames e o enfermeiro, se quer assumir o acompanhamento de clientes com problemas crônico-degenerativos, não pode prescindir de mais esse instrumento. A correção dos desvios medicamentosos tem de ser rápida para evitar o aumento da hipertensão, o aparecimento de efeitos colaterais indesejados e o abandono da terapia. Conforme o grau de preparo e a especialização do enfermeiro e a sua integração com a equipe médica, estes desvios poderiam ser acertados no próprio consultório. 43 Caso, em nível institucional, não haja consenso sobre o grau de participação do enfermeiro no controle medicamentoso e de exames laboratoriais, pensamos ser importante o encaminhamento ao clínico num curtíssimo espaço de tempo. Ainda sobre a consulta ao cliente com HAE, concluímos que a Consulta de Enfermagem não é uma atividade simples e que assumir o acompanhamento de problemas de saúde dos clientes requer responsabilidade e preparo por parte do profissional. Concordamos com Alderman e Schoenbaun87 que o preparo e a atualização dos enfermeiros colaboram para a eficácia da Consulta. A utilização de um instrumento que observasse as fases do Processo de Enfermagem possibilitou a sistematização da Consulta, e isto é fundamental. Mas a utilização do Processo deve estar associada a um aprofundamento de suas fases, tais como o histórico, onde há necessidade de se realizar um e4xame físico detalhado, através de técnicas de inspeção, palpação, percussão e ausculta. O histórico, deste modo, permite não só um conhecimento maior sobre a situação de saúde do cliente, subsidiando as fases seguintes do Processo, como também uma melhor interação. Guedes88 concluiu, em seu trabalho junto a gestantes, que a CE proporciona um conhecimento mais profundo do cliente com suas necessidades básicas, além das específicas ao seu estado fisiológico. Partilhamos da opinião desta autora quando diz que a CE também favorece uma maior proximidade ou um relacionamento mais profundo entre enfermeiro e paciente. Durante o desenvolvimento deste trabalho, sentiu-se a necessidade de mais estudos sobre o diagnóstico de enfermagem, visando à criação de uma taxonomia que facilite a comunicação entre os enfermeiros. Campdelli89 também observou que os tipos de problemas dois clientes não variavam entre as enfermeiras, embora estas utilizassem um vocabulário diversificado. A autora alerta para a necessidade de se definir um vocabulário próprio e uniforme. A sistematização de uma atividade visa a tornar a CE eficiente, utilizando o menor espaço de tempo possível. A sua sistematização requer um instrumento baseado no Processo, mas, se a Consulta não possui também o suporte de um grupo educativo, o seu tempo aumenta na tentativa de se fornecer as explicações sobre a terapêutica. 44 Possivelmente, a inexistência de um grupo de educação diminui a eficiência da Consulta de Enfermagem, porque, neste grupo, os clientes receberiam as informações complementares necessárias para o autocuidado, através de estratégias de ensinoaprendizagem apropriadas. Uma estrutura de grupo possibilita a aderência à terapia, por vias da orientação e do partilhamento das experiências. No grupo, o enfermeiro, segundo Barros90, pode auxiliar o cliente a visualizar a inter-relação de fatores emocionais com os sintomas físicos. Por vezes, as orientações durante a Consulta não se esgotam e, assim, o preparo efetivo para o autocuidado necessita de um espaço e tempo próprios, diferente do consultório. O autocuidado implica em decisão e escolha para o desempenho de certas atividades, segundo Neves91. Em nossa opinião, o grupo de educação seria o local mais apropriado para o desenvolvimento de habilidades para o autocuidado. Entretanto, não estamos excluindo da Consulta as orientações que se fizerem necessárias ao atendimento do cliente. sem o suporte de um grupo educativo, todos os esclarecimentos são, atualmente, fornecidos na Consulta. Mas, desta maneira, as orientações complexas são dadas rápida e superficialmente. Não há tempo, nem o espaço é adequado, para a exploração do nível de conhecimento, dos sentimentos e das potencialidades do cliente e da família. concordamos com Clarck92 quando afirma que o tempo longo gasto em uma consulta desmotiva os outros clientes de esperar, fazendo-os abandonar o tratamento. Tivemos a oportunidade de observar este fenômeno durante a realização desta pesquisa. Assim como um instrumento para a Consulta de Enfermagem contribuiu para a sua sistematização, o guia de orientação, por sua vez, favoreceu a unidade das informações e intervenções para a clientela. A uniformidade assume uma importância especial num hospital universitário, por onde passam vários alunos, porque possibilita a continuidade e a pertinência das intervenções na fase de seguimento do cliente. Contribui, igualmente, para o esclarecimento ao cliente sobre as suas condições de saúde e tratamento e para o fornecimento de uma receita com as prescrições de enfermagem para o autocuidado. 45 Quanto ao levantamento de informações, vimos que o instrumento de entrevista favorece o levantamento de dados subjetivos, a elaboração de diagnósticos, intervenções e registros de enfermagem. Neste estudo, os problemas apontados são relativos, em sua maioria, à capacidade de “troca” (padrão de resposta humana que envolve o dar e receber mútuos) e “decisão” (padrão que envolve a escolha de alternativa), conforme classificação proposta pela NANDA e apresentada por Taylor e Cress93. Os padrões de troca compreendem, principalmente, alterações relacionadas às necessidades fisiológicas, tais como nutrição, circulação, oxigenação, etc. O padrão de decisão se refere a alterações na participação do indivíduo na terapia. Neste trabalho, os termos aderência e inaderência foram diagnósticos de enfermagem utilizados para definir o padrão de decisão do cliente. As intervenções de enfermagem, em grande parte, basearam-se nas sugestões do guia de orientação para o atendimento ao cliente com HAE. As intervenções não estabelecidas deveram-se às particularidades de cada caso. Diante dos resultados obtidos, consideramos que o roteiro proposto (anexo I) é passível de aplicação na Consulta de Enfermagem ao cliente hipertenso, principalmente aos de primeira vez e aos inaderentes. Mesmo os clientes aderentes devem ser submetidos a um exame rigoroso semestralmente. A afirmação da Consulta como atividade independente do enfermeiro não se consolida apenas com uma legislação específica. Há necessidade, ainda, de estudos que discriminem as suas fases, metodologia, conteúdos, etc. a fim de que se possa prestar melhor assistência aos nossos clientes. 46 CAPÍTULO VII SUGESTÕES A Consulta de Enfermagem ao cliente hipertenso é uma atividade complexa, que necessita ser sistematizada com base nas etapas do Processo de Enfermagem e requer do enfermeiro preparo e atualização a fim de que as decisões sobre as intervenções propiciem mudanças favoráveis à saúde do cliente. A Consulta deve refletir uma política de atendimento ao cliente através de ações continuadas, uniformes, integradas e interligadas a outros serviços e profissionais. Destacamos, especialmente, o grupo de educação para a saúde e o serviço de chamada de faltosos. A Consulta de Enfermagem deve utilizar 8instrumentos que propiciem o levantamento das informações sobre o cliente, a elaboração de diagnósticos, o planejamento de intervenções e a evolução. Os registros, mais do que burocracia, comprovam e demonstram a qualidade da assistência prestada e devem seguir, preferencialmente, o modelo do “SOAP”. Diante do exposto neste estudo, sugerimos que a Consulta de Enfermagem esteja inserida numa política de atendimento ao paciente externo, com plena autonomia para funcionar. Apresentamos, como sugestão, o estabelecimento, nos Serviços de Saúde, de um sistema multiprofissional de detecção, tratamento, educação e seguimento do cliente hipertenso, onde o enfermeiro tenha participação efetiva. 47 Sugerimos também que os enfermeiros que atuam na Consulta de Enfermagem utilizem o roteiro proposto neste estudo, nas consultas de primeira vez ou quando o cliente requerer um controle mais amiúde ou anualmente, nas situações com boa estabilidade. Este instrumento está voltado para o problema de saúde da clientela relacionando a HAE e contempla as etapas do processo. Nas consultas para o seguimento dos clientes, este mesmo instrumento poderá ser aplicado, mas observamos, principalmente, a supressão de algumas partes afetadas aos dados subjetivos. A aplicação do Processo de Enfermagem, seja na Consulta ou numa unidade de internação, encontra dificuldade no histórico, no momento de se realizar um exame físico que vá além da simples inspeção. As dificuldades continuam na fase do diagnóstico, quando constatamos que não há ainda uma taxonomia de enfermagem. Encontramos, na literatura, conceitos ou propostas que ainda não se validaram na prática. Após a realização do histórico, há dificuldade para sintetizar os problemas encontrados em palavras que sejam universais para a enfermagem especificamente. Considerar o diagnóstico de enfermagem apenas como grau de dependência, no nosso entendimento, limita e não esclarece muito em termos de problema a ser resolvido. Por outro lado, quando cada enfermeiro levanta os problemas do paciente e os entende como um diagnóstico, pode utilizar termos que variem de profissional para profissional quanto à forma, conteúdo e conduta terapêutica. Na fase de planejamento, não é menor o embaraço. Há necessidade de se definir terapias de enfermagem para a resolução de problemas de saúde. Até por ser um processo, quando uma fase não se desenvolve de modo apropriado, as subseqüentes ficam também prejudicadas. Sendo a Consulta de enfermagem uma atividade independente, onde o enfermeiro exerce a sua autonomia e, a partir das considerações feitas, sugerimos que sejam realizados estudos sobre procedimentos e práticas que funcionem como terapêutica de enfermagem. Em nosso entendimento, estas dificuldades são barreiras à implantação nas instituições e à utilização pelos enfermeiros do Processo de Enfermagem e, portanto, limitações à compreensão da Consulta. 48 Neste sentido, sugerimos que também sejam realizados estudos sobre a metodologia do Processo, principalmente quanto às fases de histórico e diagnóstico. No que se refere ao histórico, sugerimos que os programas curriculares de graduação desenvolvam conteúdos sobre as técnicas de exame físico (inspeção, palpação, percussão e ausculta). Quanto ao diagnóstico, sugerimos que sejam realizados estudos que contribuam para a criação de uma taxonomia de enfermagem. Quanto ao planejamento, sugerimos que, preferencialmente, a partir de uma taxonomia de enfermagem, sejam propostas terapias de enfermagem para a resolução dos problemas de saúde diagnosticados. Devido à dificuldade de se orientar adequadamente o cliente durante a consulta, conforme foi por nós observado, recomendamos que a Consulta trabalhe associada a uma estrutura de grupo, onde os clientes possam discutir e compartilhar a sua vivência enquanto hipertensos e receber as informações sobre o seu problema de saúde, sobre a terapia e os recursos disponíveis para o controle do problema. Percebemos, no decorrer desta pesquisa, que não está sendo divulgada a técnica atual de verificação da PA e nem as condutas para o seguimento do hipertenso. Visando à correção destes problemas, sugerimos que os enfermeiros divulguem as condutas quanto à HAE e que façam treinamentos e cursos de atualização periódicos junto à equipe de enfermagem. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, G.R. Hipertensão arterial: importância clínica dos custos. Dissertação de mestrado, Rio de Janeiro, UFRJ, 1984. ALDERMAN, M.H. & SCHOENBAUM, E.E. Detection and treatment of hypertension at the work site. 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BOYER & KASH DE & 53. CONSULTA DE ENFERMAGEM (1979) 21. 22. CASTRO (1977) & CASTRO & DEPARTAMENT OF HEALTH apud AND HUMAN SERVICES (1982) p. 72 CARVALHO (1935) 66. BRASIL (1986) p. 3 47. HUTCHINS (1981) 67. MATOS (1987) p. 71 48. PHIPPS et alii (1983) 68. NOGUEIRA (1985) p. 41 (1979) 49. IBIDEM p. 1179 69. RANSAY; MAcKENZIE & 23. CASTRO (1977) 50. GRIM (1981) 24. TAYLOR & CRESS (1987) 51. HILL (1980) 70. AGUIAR (1984) p. 68 p.v 52. FOSTER & KOUSCH (1981) 71. ALDERMAN 25. CARVALHO ALDERMAN SCHOENBAUM (1975) OREM (1971) p. 156 FISH (1982) SCHOENBAUM (1975) & 55 72. FINNERTY (1975) 81. NORRIS (1979) 89. CAMPDELLI. IBIDEM 73. BARNES (1983) 82. PIERIN (1986) 90. BARROS (1987) 74. RUNYAN (1975) 83. NORRIS (1979) 91. NEVES (1987) 75. ROSMAN (1985) p. 10 84. GRIM (1981) 92. CLARCK (1976) 76. TAYLOR & CRESS (1987) 85. RANDOLPH 93. TAYLOR & CRESS (1987) p. X-XII 77. SILBERSTEIN (1982) RANDOLPH & SILBERSTEIN (1982) 78. CLARCK (1976) 79. SANTOS (1983) 80. GILLILAND (1981) & 86. SANTOS (1983) 87. ALDERMAN p. V-VI 94. BRASIL (1983) & SCHOENBAUM (1975) 88. GUEDES apud CAMPDELLI (1986) p. 4 ANEXO I Proposta de roteiro para a C. E. ao cliente hipertenso. UFRJ - .C.S. - E.E.A.N. - H.U.C.F.F. DATA: ___/___/___ * Dados subjetivos: – nome: _____________________________________ - sexo: M( ) F ( ) – prontuário: _____________________ - profissão: __________________ – idade: ______________ - cor: preta ( ) parda ( ) branca ( ) – queixa principal: _____________________________________________ ÚLTIMO REGISTRO DA PA: __________________ data: _____________ – dieta hipossódica? ( ) sim ( ) não *** marque ) em caso negativo e X positivo – medicações em uso: ( ) anti-hipertensivos: __________________________________________ ( ) diuréticos: ________________________________________________ ( ) potássio ( ) esteróides ( ) tuberculostáticos ( ) contraceptivos orais ( ) anti-tiroideanos ( ) insulina/ hipoglicemiantes ( ) salicilatos – patologias concomitantes: ( ) doença renal ( ) diabetes ( ) doença cardíaca ( ) acidente vascular encefálico 56 ( ) disfunção tiroideana ( ) asma brônquica – situação atual: ( ) dor precordial ( ) dispnéia aos esforços ( ) claudicação ( ) cãimbras ( ) lipotimia ( ) visão turva ( ) epistaxe ( ) nictúria ( ) constipação ( ) diarréia – história social – tabagismo: S ( ) N ( ) – etilismo: S ( ) – exercícios: S ( ) N ( ) – habilidade para ler: S ( ) N ( ) N ( ) * Dados objetivos: – altura: ___________ – peso: _________ – obesidade: S ( ) N ( ) – PRESSÃO ARTERIAL (braço direito) – sentado: ______________________ – deitado: ____________________ *** marque ) em caso negativo e X positivo Aparelho respiratório: ( ) sibilos – FR: ________________________ ( ) crepitações Aparelho circulatório: ( ) ritmo de galope ( ) pulsos periféricos presentes – pulso apical: _________________ – pulso radial: __________________ Abdômen: ( ) massas Extremidades: ( ) edema ( ) maciez ( ) cianose – Resultados de exames (até 6 meses) ( ) urinálise: ( ) proteinúria ( ) hematocrito ( ) hematúria ( ) 38 ( ) glicosúria ( ) 50% ( ) potássio ( ) 4,0 mEq/1 ( ) 6,0 mEq/1 ( ) uréia ( ) 20 mg % ( ) 2,0 mg % ( ) creatinina ( ) 1,0 mg % ( ) 2,0 mg % ( ) glicemia ( ) 120 mg % ( ) ECG ( ) normal * Diagnóstico de enfermagem: (questão aberta) ( ) alterado 57 * Plano de cuidados de enfermagem: (questão aberta) – Intervenções: * Evolução: (questão aberta) ANEXO II Sistema de Consulta de Enfermagem para o Seguimento do Hipertenso Detecção de rotina Consulta médica Chamada de faltosos ENTRADA Dados subjetivos objetivos Fonte primária: – o cliente Fonte secundária: – a família Análise dos dados Diagnóstico de enfermagem Plano de cuidados Implementação do plano de cuidados educação em grupo Encaminhamento 58 Evolução Reconsulta SAÍDA * * Como não se dá alta ao cliente hipertenso, por ser esta uma doença crônica, a saída do sistema só ocorre em casos de óbito ou transferência do cliente para outro sistema semelhante. ANEXO III Guia de Orientação Apresentação Este guia sobre assistência de enfermagem ao cliente hipertenso, em nível ambulatorial, tem por objetivo subsidiar as atividades do enfermeiro no acompanhamento deste importante desvio de saúde. Atividades estas já reconhecidas como fundamentais para o controle da HAE. Entendemos que uma política de detecção e controle da HAE deve atingir todo o cliente que procura o serviço de saúde deste hospital, conforme, inclusive, preconiza o ministério da Saúde94. Para tanto, é aconselhável a verificação da pressão arterial antes ou durante qualquer consulta e visita domiciliar. De acordo com o resultado encontrado na medição, sugerimos uma série de encaminhamentos e ações de enfermagem neste guia de orientação. Este trabalho surgiu da necessidade do estabelecimento de uma política de enfermagem para o acompanhamento do hipertenso, procurando, através deste guia, entre outras coisas, dar unidade às condutas. Traçamos os seguintes objetivos: – apresentar as recomendações para a equipe de enfermagem sobre a detecção, o controle e o seguimento do hipertenso; – descrever a técnica atualizada para a verificação da pressão arterial; 59 – sugerir condutas e terapias de enfermagem para o tratamento do hipertenso, relacionando os medicamentos anti-hipertensivos mais utilizados com as implicações para o enfermeiro; – oferecer subsídios para a atualização e o treinamento dos profissionais para o controle da HAE. A Hipertensão Arterial Essencial (HAE) A pressão arterial é um produto do débito cardíaco e da resistência periférica. a pressão arterial diastólica (PAD) reflete a resistência das artérias, sendo, por isso, observada para o diagnóstico da hipertensão. A HAE é uma patologia definida como uma elevação constante da pressão sangüínea sem uma causa específica. Na hipertensão, ocorre usualmente uma diminuição do calibre das arteriolas e, por tanto, um aumento da resistência periférica. A hipertensão se caracteriza por uma PAD igual ou superior a 90 mmHg. Na medida em que persiste elevada e sem tratamento, causa danos ao cérebro, rins, coração e arteriolas. Embora alguns programas só incluam no sistema os clientes com PAD maior ou igual a 95 mmHg, consideramos vital a inserção de clientes com a PAD de 90 no sistema de Consulta de Enfermagem, isto porque estes clientes sem uma profilaxia já estão sujeitos aos danos acima citados. Cerca de 10.7% da população adulta é afetada por esta patologia, muitos sem saber, porque a HAE é assintomática. A prevalência em adultos e a morbi-mortalidade causadas pela doença levaram o Ministério da Saúde a estabelecer normas para aumentar a cobertura dessa população. a principal delas é que toda pessoa que procura um serviço de saúde deve ter a sua pressão arterial verificada e, acrescentamos, ser informada sobre os valores encontrados e receber as orientações pertinentes. Recomendações na Detecção e Controle da Hipertensão Arterial Todos os Adultos Todos os Adultos sistólica (max) diastólica (min) Diastólica 120 ou maior Intervenção 160/ 95 ou maior Confirmar 01 (Mês) Orientação terapêutica TERAPIA IMEDIATA 60 Consulta Médica Abaixo de 50 Anos 140/ 90 até 160/ 95 Verificar de 3/3 meses Orientação terapêutica Consulta de Enfermagem Acima de 50 Anos 140/ 90 até 160/ 95 Verificar de 6/6 meses Orientação terapêutica Consulta de Enfermagem Todos os Adultos DIASTÓLICA MENOR QUE 90 mmHg CONTROLE ANUAL Toda pessoa deve ter sua pressão arterial verificada pelo menos uma vez ao ano. Isto deve ser realizado por pessoal treinado, observando que: a) o cliente deve estar sentado confortavelmente, tendo o braço direito apoiado à altura do coração. b) a verificação das pressões sistólica e diastólica deve ser efetuada por duas vezes, com um intervalo de um a dois minutos entre as verificações. A pressão diastólica é obtida quando desaparecem os batimentos (5º som de Korotkoff). c) o cliente deve ser informado sobre o resultado obtido e orientado, conforme as recomendações, para a detecção e o controle da hipertensão. A técnica de verificação da pressão arterial. Para se obter um valor acurado sobre a pressão arterial, são necessários um esfigmomanômetro e estetoscópio apropriados, uma técnica precisa e um observador treinado (profissional ou não). O esfigmomanômetro a) o manguito inflável deve ser longo o suficiente para envolver o braço com um excedente de 20%. A fixação deve ser feita com auxílio de “velcro”; b) o manômetro deve estar calibrado. Recomenda-se o manômetro de mercúrio, ao aneróide, por ser aquele econômico e sujeito a menor variação. O estetoscópio Aconselha-se o que possui a campânula, por ser esta apropriada para a ausculta de ruídos de baixa freqüência. 61 A técnica (método indireto): a) Posicione o cliente confortavelmente, com o braço direito fletido e apoiado sobre uma superfície firme, à altura do coração. * use as seguintes abreviações quando registrar a pressão arterial: BD (braço direito), BE (braço esquerdo), S (sentado) e D (deitado). b) Coloque o manômetro de mercúrio ao nível dos olhos e a 90 cm de distância. O manômetro aneróide deve ser olhado diretamente. c) Selecione o manguito apropriado. FAIXA ETÁRIA TAMANHO DO MANGUITO (cm) * recém-nato 6-13,5 pré-escolar 10-19,5 escolar 18-28,7 ADULTO 25-41,7 adulto obeso 33-50,8 coxa 46-61,5 * varia conforme a marca. d) Palpe a artéria branquial. e) Posicione o manguito. * identifique o centro da bexiga que está dentro do tecido. ATENÇÃO: o centro não é entre os dois tubos nem na metade do manguito. * coloque o centro da bexiga sobre a artéria, dois centímetros acima do espaço ante-cubital, e fixe o manguito sem comprimir ou deixar folga. f) Verifique a pressão sistólica (método palpatório). * palpe a artéria radial ou braquial, infle o manguito e observe em que nível o pulso desaparece. Desinfle o manguito rápida e completamente. Aguarde 30 segundos. 62 ATENÇÃO: com esta manobra tem-se uma aproximação da PAS e reduz-se a chance de perder o espaço auscultatório. g) Posicione o estetoscópio. * palpe a artéria braquial e, sobre a mesma, coloque a campânula do estetoscópio em contato apenas com a pele. h) Infle o manguito, rapidamente, até 30 mmHg acima da pressão sistólica aproximada (palpatório). i) Desinfle o manguito lenta e regularmente (2-4 mmHg/s). j) Observe a pressão arterial sistólica (máxima) e a diastólica (mínima). * a PAS é determinada pelo ponto no qual surge o primeiro batimento. * a PAD é dada pelo valor onde os batimentos desaparecem completamente. ATENÇÃO: quando os batimentos arteriais não desaparecem, a PAD é considerada no nível em que ocorre o abafamento (fase IV dos sons de Korotkoff). * após 30 mmHg de silêncio, o manguito pode ser desinflado rapidamente. * ATENÇÃO: não interrompa nem reinfle o manguito para checar a leitura. Além de ser desconfortável para o cliente, esta manobra resulta num valor alterado. 1) Registre a pressão sistólica e diastólica encontradas nesta seqüência. * aguarde 2 minutos antes de repetir o procedimento no mesmo membro. O observador O treinamento do observador é um aspecto fundamental na detecção e controle da pressão alta. Ele deve ter boa acuidade visual e auditiva, destreza manual, concentração e coordenação. É importante atentar para erros de interpretação, tais como: preferência por certos números (geralmente terminados em 0 ou 5) e pré-julgamento sobre o valor que se espera encontrar (por ex., valores altos em pessoas obesas). Quem verifica deve levar em consideração os fatores ambientais (ruídos, calor, frio, etc.) e biológicos (exercícios, ansiedade, febre) que interferem na pressão arterial. Intervenção de enfermagem As ações de enfermagem, não só para o cliente hipertenso, devem estimular a responsabilidade pelo autocuidado. No tratamento da HAE, algumas ações específicas 63 tornam-se necessárias para manter os níveis pressóricos estáveis e para auxiliar o cliente e a família a conviver bem com este desvio. CONDUTA DE ENFERMAGEM NO SEGUIMENTO DO HIPERTENSO Situação Conduta SINTOMÁTICA ou PAD >= 115 mmHg Encaminhar ao médico imediatamente Agendar C. E. mensal PAD >= 94 mmHg Dar Orientação Terapêutica Verificar a P.A. de 3/3 meses Agendar C. E. de 6/6 meses 95 =< PAD =< 104 mmHg Encaminhar ao Médico Dar Orientação Terapêutica Agendar C. E. de 3/3 meses 105 =< PAD =< 115 mmHg Encaminhar ao Médico Dar Orientação Terapêutica Agendar C. E. mensal SISTÓLICA 160 até 220 mmHg Encaminhar ao Médico Agendar C. E. mensal * os clientes de primeira vez, que estão iniciando terapia farmacológica ou nãoaderentes ao tratamento, devem ter consultas mensais por três meses consecutivos até que a pressão estabilize, no objetivo fixado. 64 No controle da HAE, o enfermeiro deve implementar ações que considerem as medidas não-farmacológicas, a observação do regime prescrito e os efeitos colaterais dos medicamentos. MODIFICAÇÕES DIETÉTICAS A dieta hipossódica é sempre recomendada. O enfermeiro, em conjunto com o nutricionista, pode auxiliar o cliente na adoção e manutenção do limite de sódio. A orientação dietética deve levar em conta os recursos financeiros do cliente. Para muitos clientes, um plano, onde a ingesta de sal seja reduzida gradualmente, pode ser realista e exeqüível. Portanto, sugere-se: a) evitar o uso do saleiro de mesa. b) reduzir o sal utilizado no preparo dos alimentos. c) evitar alimentos salgados (carne-seca, bacalhau, etc.), defumados e embutidos (bacon, salsicha, etc.), enlatados, queijos salgados, molhos e temperos industrializados. d) evitar o uso abusivo de adoçantes artificiais que contém sódio. e) observar que certos medicamentos possuem sódio, tais como: antiácidos, antitussígenos, laxativos e analgésicos. ALIMENTOS RICOS EM SÓDIO mostarda enlatados bacon manteiga azeitona catchup queijo presunto amendoim salgado lingüiça margarina c/ sal pipoca leite (+ de 2 copos/dia) pizza batata frita carne-seca O potássio é um eletrólito que contribui na redução da pressão arterial. Tanto a retenção de sódio, assim como o uso de diuréticos tiazídicos, contribuem para a hipocalemia. O cliente ser orientado quanto a: a) reconhecer os sintomas sugestivos de deficiência potássica, a saber: cãimbras, fadiga muscular, náusea, perda do apetite e insônia. b) contactar o médico ou a enfermeira caso sinta um destes sintomas. c) adicionar à dieta alimentos ricos em potássio (caso não esteja em uso de espironolactona), tais como: bananas, laranja, tomate, feijão e vegetais ricos em fibras. 65 A relação entre obesidade e hipertensão é muito grande. Torna-se imperioso um programa de redução do peso neste caso. A nutricionista, mais do que a enfermeira, deve ter a responsabilidade primária de auxiliar o cliente na adoção e manutenção de um programa de controle do peso. Ao enfermeiro cabe o acompanhamento deste programa a fim de reforçar as orientações e observar o cumprimento. O cliente deve ser orientado quanto as seguintes atitudes: a) aumentar a ingesta de hortaliças, frutas e legumes (crus, de preferência). b) evitar o uso de açúcar, refrigerantes e doces. c) evitar frituras, carne e leite gordos. d) reduzir o consumo de ovo. ABOLIÇÃO/ REDUÇÃO DO TABAGISMO O fumo moderado não eleva a hipertensão, mas como o tabagismo é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, deve ser desencorajado. Recomendações para a redução do fumo: a) pergunte ao cliente sobre os seus hábitos tabagísticos. – Você fuma? Quantos cigarros por dia? Quando você começou a fumar? Você já tentou parar? Você quer parar de fumar? b) diga-lhe que é importante que ele pare de fumar. c) chegue a um acordo sobre a data em que o fumo será interrompido. a) avalie o progresso do seu cliente a cada consulta. O cliente deve ser orientado quanto a: b) usar substitutos orais do cigarro (goma de mascar, palitos, balas). c) escovar os dentes ou caminhar imediatamente após as refeições. d) respirar profundamente, por 5 a 10 vezes, sempre que sentir forte desejo de fumar. e) evitar álcool, café e outras bebidas associadas ao cigarro. EXERCÍCIOS FÍSICOS AERÓBICOS REGULARES – SUGESTÕES Os exercícios aeróbicos (andar, correr, nadar, etc.) contribuem para a diminuição dos fatores de risco, como por exemplo: a obesidade, o colesterol sérico e talvez a hipertensão. 66 As orientações de enfermagem devem ser neste sentido, preferencialmente: a) realizar exercícios aeróbicos por 20-30 minutos, três a cinco vezes por semana. b) evitar exercícios isométricos (levantamento de peso, musculação). c) caminhar rápida e diariamente. d) esclarecer que exercícios físicos, em demasia, não trazem benefícios clínicos. e) esclarecer que os exercícios devem ser precedidos de um aquecimento. REDUÇÃO DOS FATORES ESTRESSANTES Os efeitos do estresse devem ser considerados como variáveis que participam na patogênese desta desordem multifatorial, a hipertensão. Em razão disto, técnicas de relaxamento podem ser incluídas no cuidado destes clientes. Os clientes certamente necessitam de algum tipo de terapia psicológica ou comportamental. O enfermeiro deve garantir ao cliente um apoio neste sentido. Na redução do estresse, pode-se orientar o cliente para: a) praticar ioga, meditação transcendental e relaxamento muscular progressivo. b) evitar as situações de tensão. c) praticar o seguinte exercício, uma ou duas vezes ao dia, em horários distantes das refeições: – sente-se em local silencioso e confortável. – feche os olhos. – relaxe todos os seus músculos, iniciando pelos pés e progredindo até a face. – mantenha os músculos profundamente relaxados. – respire pelo nariz. Preste atenção no ato de respirar. Enquanto você expira, pronuncie, silenciosamente, a palavra “um”. – faça isso por vinte minutos. Você pode abrir os olhos para controlar o tempo, mas não use alarme. Quando você terminar, permaneça de olhos fechados por alguns minutos. ADERÊNCIA AO REGIME 67 Contribuir para a aderência do cliente ao regime prescrito, os preferencialmente acordado, é uma importante função do enfermeiro dentro deste processo de controle da hipertensão. No que se refere ao cuidado direto do cliente, deve-se: a) proporcionar feed-back sobre o atual valor da pressão arterial e a meta terapêutica pretendida; b) estabelecer estratégias que auxiliem o cliente a lembrar-se de tomar os medicamentos; e c) informar ao cliente sobre o seu progresso ou estabelecer objetivos mais realistas em caso de fracasso. TERAPIA MEDICAMENTOSA Nunca é demais repetir que o cliente deve saber como e quando tomar os medicamentos, além de estar informado sobre os efeitos colaterais dos mesmos. Os clientes devem ser advertidos a não interromper a terapia sem consultar o médico, especialmente quando faz uso de metildopa, clonidina e beta-bloqueadores. DROGA MEDICAMENTOS PARA A HIPERTENSÃO ARTERIAL ESSENCIAL MECANISMO DE AÇÃO EFEITOS COLATERAIS DIURÉTICO hidroclorotiazida furosemida Inibe a reabsorção de Hipocalemia Na e água. Promove a Hiperuricemia excreção de K e uma Hiperglicemia vasodilatação Hiponatremia Potente, rápida e curta ação. espironolactona É um antagonista da Ginecomastia aldosterona. Age no Metrorragia tubulo distal inibindo trianterene a reabsorção de Na e a Hipercalemia excreção de K e H. AÇÃO NO SNC metildopa guanetidina Interfere na síntese Hipotensão postural, de norepinefrina. Bradicardia, diarréia, impotência, anemia, depressão. Bloqueia a liberação Hipotensão postural 68 propranolol de norepinefrina nas diarréia, impotência, terminações adrenérgicas ou perda da ejaculação Bloqueia os receptores Distúrbios gastro– beta no coração. intestinais ICC, asma, febre, bradicardia. Mascara a hipoglicemia. Relaxa as arteriolas. Cefaléia, vômitos, Reduz a resistência angina, fraqueza. VASODILATADOR hidralazina vaso-renal. Conclusão: Todos os procedimentos descritos anteriormente são propostas de assistência de enfermagem ao cliente portador de hipertensão arterial. Nunca é demais ressaltar que o atendimento é individualizado e que a prioridade é o cliente e sua família, não a doença. O seguimento do cliente hipertenso será bem sucedido quando as ações propostas o levarem, juntamente com sua família, a: a) explicar as modificações dietéticas (redução de Na). b) descrever a medicação e o regime terapêutico. c) demonstrar habilidade na auto-verificação da pressão arterial. d) explicar o programa de manutenção da saúde. A realização destas atitudes reflete um aprendizado que certamente não acontece só e unicamente na Consulta de Enfermagem. Muito mais do que aqui foi sugerido pode ser desenvolvido numa estrutura de grupo a fim de apoiar a terapêutica proposta na Consulta. 69 RESUMO Este estudo sobre Consulta de Enfermagem ao cliente hipertenso tem por objetivos propor um instrumento para o desenvolvimento da Consulta, baseado no referencial de etapas do Processo de Enfermagem, e elaborar um guia de orientação para o enfermeiro. O instrumento foi aplicado no Consultório de Enfermagem de um Hospital Universitário, na cidade do Rio de Janeiro, e a amostra se constituiu de 70 clientes, em sua maioria idosos, de cor branca, aposentados e mulheres. Os dados levantados relacionam-se, principalmente, com a sintomatologia da Hipertensão, sendo que a pressão diastólica da maioria se encontrava normalizada. O diagnóstico de enfermagem de maior aplicação foi o de aderente. As intervenções prescritas foram orientadas para a redução do sal na dieta, a realização de exercícios físicos e o controle do peso corporal. Concluiuse que a Consulta de Enfermagem deve fazer parte de um amplo sistema para o controle do hipertenso que o instrumento proposto para sistematizar a Consulta é passível de aplicação e que o guia de orientação favoreceu a unidade das intervenções para a clientela. 70 ABSTRACT This study about Nursing Consultation to the hypertensive client has the purpose to offer na instrument to be applied during this procedure and to develop a guide for nurses which can help control High Blood Pressure in the Ambulatory Service at na University Hospital. The target population was composed of 70 clients aged, white, retired and women. The data collected was related to the hypertension sintomatology altough the diastolic blood pressure was normalized for the majority. The nursing diagnostic of adherence was utilized with high frequency. The nursing interventions were directed for salt reduction, exercises and control of obesity. The conclusions were that Nursing Consultation must be a part of a whole system for the Hypertension control; the instrument proposed, based on the Nursing Process, can be applied to the consults and the guide provide na unicity of interventions.