ESTUDO MORFOANATÔMICO DE FOLHAS E CAULES DE LIPPIA INSIGNIS Fábia de Araujo Lima¹; Tânia Regina dos Santos Silva² 1. Bolsista PIBIC/CNPq, Graduanda em Ciências Farmacêuticas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected] 2. Orientadora, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected] PALAVRAS-CHAVE: Plantas medicinais, Gênero Lippia, Características morfológicas INTRODUÇÃO As plantas medicinais vêm sendo cada vez mais utilizadas nas sociedades industrializadas, não somente pelo seu poder curativo, mas também por serem economicamente mais acessíveis. A desigualdade social faz com que a população busque alternativa e soluções para a promoção da qualidade de vida, principalmente entre as famílias mais carentes. A crença popular de que a utilização de plantas para tratar doenças obtinha resultados satisfatórios, aos poucos foi sendo substituída pelo uso dos remédios industrializados, que atraíam as pessoas com a promessa de cura rápida e total. Atualmente este panorama começa a ser modificado. Mesmo que as drogas sintéticas ainda representem a maioria dos medicamentos utilizados pela população, os fitoterápicos também têm conseguido espaço cada vez maior na farmácia caseira. O gênero Lippia compreende aproximadamente 200 espécies de árvore, arbustos e pequenas árvores. O Brasil é um dos maiores centro de diversidade do referido táxon, possuindo aproximadamente e 70-75% de todas as espécies conhecidas (SOARES, 2001). É importante considerar que atualmente, o emprego de plantas com propriedades terapêuticas não se baseia apenas no saber advindo do senso comum, construído culturalmente. Muitas delas estão sendo estudadas cientificamente, porém no caso da Lippia insignis não há relatos de estudos referentes a esta espécie que comprove sua atividade terapêutica. MATERIAIS E MÉTODOS As coletas de amostras da espécie Lippia insignis foram realizadas no Horto Florestal, localizado na cidade de Feira de Santana – Bahia, onde se encontram cultivadas. Uma coleta foi suficiente para a realização de todo estudo, visto que o material encontra-se conservado em álcool a 70%. As amostras foram analisadas com o auxílio de um microscópio óptico, no Laboratório de Taxonomia (TAXON) da Universidade Estadual de Feira de Santana. Foram descritas as características da morfologia externa com auxilio de lupa acoplada à câmara clara. A descrição anatômica da espécie em estudo foi realizada em folhas adultas a partir de secções transversais na região do bordo, terço mediano e nervura central da lâmina foliar, assim como também no caule. Os cortes foram feitos a mão livre, utilizando isopor como suporte, clarificados com hipoclorito de sódio 50%, e em seguida lavados com água destilada e corados com azul de Astra 1% e safranina 1% (9:1), e logo após montados entre lâmina e lamínula com glicerina 50%, e analisados ao microscópico óptico. Para estudos da epiderme e seus anexos, foram efetuadas seções paradérmicas, também a mão livre, usando isopor como suporte, nas duas superfícies da lâmina foliar, posteriormente coradas com safranina a 1%. RESULTADOS E DISCUSSÕES Figura 1 A B C Figuras 1.A a 1.C: microscopia óptica de corte transversal de caule de Lippia insignis. A.1 colêquima, A.2 epiderme uniestratificada, A.3 Pêlos tectores; B.1 floema em crescimento secundário; B.2 feixes de esclerênquima; C.1 parênquima fundamental, e C.2 xilema em crescimento secundário. Figura 2 A B C Figuras 2.A a 2.C: microscopia óptica de folha de Lippia insignis. A.1 pêlos tectores multicelulares, A.2 parênquima fundamental; a figura B representa a nervura central: B.1 floema, B.2 xilema, B.3 feixes de esclerênquima; C.1 epiderme, C.2 colênquima e C.3 parênquima clorofiliano do tipo paliçádico. Nos cortes tranversais do caule foi observado o sistema de revestimento ou epiderme uniestratificada superior (figura A.2) sem estômatos e com pêlos tectores multicelulares (figura A.3). Abaixo da epiderme temos uma camada de colênquima (figura A.1) cujas células se apresentam na cor branca e brilhante. Parênquima fundamental (figura C.1), feixes de esclerênquima (figura B.2), xilema em crescimento secundário (figura C.2) e floema em crescimento secundário (figura B.1). Nos cortes transversais da folha foi possível observar a presença de pêlos tectores multicelulares (figura A.1), parênquima fundamental (figura A.2). A figura B representa a nervura central, no qual se pode observar o floema (figura B.1), xilema (figura B.2), feixes de esclerênquima (figura B.3), epiderme uniestratificada (figura C.1), colênquima (figura C.2) e uma camada de parênquima clorofiliano do tipo paliçádico (figura C.3). Na espécie de Lippia insignis foi possível notar características comuns a muitos outros vegetais, podendo ser entendida como uma entidade organizada, na qual o desenvolvimento segue um padrão definido. A epiderme é o tecido mais externo dos órgãos vegetais. Por estar em contato direto com o ambiente, fica sujeita a modificações estruturais. Sua principal função é a de revestimento. A disposição compacta das células impede a ação de choques mecânicos e a invasão de agentes patogênicos, além de restringir a perda de água. O parênquima, tecido constituído de células vivas, é considerado potencialmente meristemático, pois conserva a capacidade de divisão celular, inclusive após suas células estarem completamente diferenciadas. Em razão disso, é grande a sua importância no processo de cicatrização ou regeneração de lesões. Os tipos de parênquima observados no material em estudo foram o parênquima fundamental e o clorofiliano do tipo paliçádico. O parênquima fundamental é formado por células variáveis - poliédricas, cilíndricas ou esféricas - e contêm cloroplastos, amiloplastos, cristais e várias substâncias secretadas. O clorofiliano é fotossintetizante, em razão da presença dos cloroplastos, converte energia luminosa em energia química, armazenando-a na forma de carboidratos. A forma das células do parênquima clorofiliano pode ser variável, dependendo do órgão e da espécie em que ele está presente e do ecossistema a que a planta pertence. Suas células podem dispor-se de modo a favorecer uma grande superfície de contato com outras células, facilitando a captação de energia luminosa e dos elementos gasosos necessários à realização da fotossíntese. O parênquima clorofiliano do tipo paliçádico é constituído de um ou mais estratos celulares, com grande quantidade de cloroplastos e poucos espaços intercelulares. As células deste parênquima são mais altas que largas, e o termo paliçádico é aplicado pela semelhança deste tecido com a paliçada, que é um tapume feito com estacas fincadas na terra formando uma cerca. O colênquima é constituído de células vivas, este tecido origina-se do meristema fundamental e a plasticidade da parede celular possibilita o crescimento do órgão ou do tecido até atingir a maturidade. A parede celular do colênquima possui celulose, grande quantidade de substâncias pépticas e água. Quando observadas ao microscópio, in vivo, suas células apresentam paredes de cor branca e brilhante. O colênquima é um tecido que apresenta a função de sustentar as regiões e órgãos da planta que possuem crescimento primário, ou que estão sujeitos a movimentos constantes, geralmente, este tecido se encontra em regiões mais tenras e mais facilmente atacadas por herbívoros e microorganismos, levando a necessidade de cicatrização e regeneração celular. Essas alterações ocorrem porque o colênquima pode voltar a se dividir e formar uma camada de cicatrização. O esclerênquima é um tecido que se caracteriza pela presença de paredes secundárias espessadas, lignificadas ou não, havendo espessamento homogêneo e regular da parede celular. O esclerênquima é um tecido de sustentação, presente na periferia ou nas camadas mais internas do órgão. As células do esclerênquima às vezes funcionam como camada protetora ao redor do caule, sementes e frutos imaturos, evitando que os animais e insetos se alimentem deles. Parte desta proteção é devida à presença da lignina, a qual, por não ser digerida pelos animais, constitui uma forma de defesa para a planta. O tecido vascular da planta é formado pelo xilema e floema. O xilema é o tecido responsável pelo transporte de água e solutos à longa distância, armazenamento de nutrientes e suporte mecânico. O floema é o principal tecido de condução de materiais orgânicos e inorgânicos em solução nas plantas vasculares. CONCLUSÃO O conhecimento profundo da maneira correta de se manipular uma planta medicinal é essencial às pessoas que têm preferência em consumir produtos naturais. O número de pesquisas nesse âmbito vem se tornando cada vez maiores, uma vez que o uso de plantas medicinais é de baixo custo e está acessível a todos os níveis sociais. Esses estudos contribuem para que a população possa fazer uma utilização desses produtos naturais de maneira mais segura e eficaz, já que seus efeitos farmacológicos se tornarão conhecidos. As características morfológicas referentes à espécie Lippia insignis são comuns a de outras espécies pertencentes ao mesmo gênero, não apresentando características relevantes que a diferencie das demais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FOGLIO, Mary Ann; et al. Plantas medicinais como fontes de recursos terpêuticos: um modelo multidisciplinar. Multiciência. Out, 2006. GLÓRIA, Beatriz Appezzato-da; Guerreiro, Sandra Maria Carmello. Anatomia vegetal. 2.ed. Viçosa: editora UFV, 2006. MACIEL, Maria Aparecida M. et al. Plantas medicinais: a necessidade de estudos multidisciplinares. Química Nova. São Paulo, vol.25, n.3, maio de 2002. OLIVEIRA, Fernando de; SAITO, Maria Lucia. Práticas de morfologia vegetal. São Paulo: Atheneu, 2006. PEREIRA, Marli Candido; DEFANI, Marli Aparecida. Plantas medicinais: modificando conceitos. Maringá, 2007. SAMPAIO, Fernanda. Hipóteses filogenéticas de espécies sul americanas do gênero Lippia SPP. (Verbenaceae) com base em sequências nucleotídicas. 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